BAIXE O E-BOOK GRÁTIS: I TOMO DAS BRUXAS: DO VENTRE À
VIDA
Por Marta Cortezão
O Projeto Enluaradas,
neste dia festivo de 15 de novembro de 2022, congratula-se com todas as autoras
poetas pela publicação da Coletânea Enluaradas III: I Tomo das Bruxas – do Ventre à Vida, em versão e-book, fechando assim esta trilogia iniciada com a Coletânea Enluaradas I: Se Essa Lua Fosse Nossa (Ser MulherArte Editorial, 2021) e seguida
pela Coletânea II: uma Ciranda de Deusas (Sarasvati Editora, 2021). A
versão do livro físico já foi encaminhada via correios a todas as autoras
participantes. Temos os lançamentos presenciais confirmados na Bienal Internacional
do Livro do Ceará, 18/NOV/2022, às 15h e no 5º Encontro Nacional do
Mulherio das Letras – João Pessoa/PB, 25 de novembro, às 19h30, na Usina
Cultural Energisa – Tenda 3.
DO
PERCURSO RUMO A UMA LUA TODA NOSSA
A abertura do edital da Coletânea Enluaradas I: Se Essa Lua Fosse Nossa aconteceu em 01/01/2021. Naquele momento em que vivíamos uma assustadora pandemia, recebemos uma expressiva adesão de escritoras/poetas. Foram mais de 200 (duzentas) inscrições, das quais 168 (cento e sessenta e oito) foram selecionadas para compor o livro digital. O e-book possui temática livre, mas faz reverência à força da Deusa Selene, essa “lua toda nossa”, uma metáfora-lugar que desenhamos, juntamente com as autoras enluaradas, neste espaço poético-virtual que aninhou as angústias do nosso mundo real. Esta primeira coletânea teve lançamento virtual no dia 21/04, quarta-feira, via canal do YouTube Banzeiro Conexões, às 17h30m (BSB), com a participação de autoras via depoimentos gravados que foram ao ar, em transmissão ao vivo, com muita música e muita poesia:
Elizabete Nascimento: [...] A
“Coletânea enluaradas” apresenta a escrita poética de várias mulheres
escritoras de diversos países e, que, na maioria das vezes, não têm a
oportunidade de publicação. Então, no meu olhar, o projeto se constitui como um
exercício de travessia e tem como foco a efetiva ação, vamos dizer assim,
implícita, do vocábulo sororidade. Então compreendo que, ao nos dá as mãos,
especialmente no cenário contemporâneo, nós provocamos algumas rupturas no
sistema, nos tornamos mais fortes e exercemos alguns princípios éticos e
estéticos que fazem o ser e o estar no mundo com os outros ou com as outras
coisas do mundo. E com isso, nos tornamos, de certa forma, juntas, a ponte, a
água, a luz rumo a um mundo, a uma sociedade com equidade, porque “Juntas somos
as Enluaradas”!
Eunice Tomé: [...] Uma lua jogou
sua luz sobre minha cabeça/ em tempos que não julgávamos possível olhar para o
céu e contemplar os astros. Uma mutação aconteceu e foi por esta inspiração que
me fez escrever poesia e acreditar que a beleza não se esconde nas nuvens e
vendavais por mais que estejamos cegos e descrentes. Na adesão de revisitar a
lua, partindo de uma centena e mais de outras vozes femininas, o universo se
abriu e deixou entrar uma força vulcânica em gritos de amor e de sublimação.
Passei a contemplar a lua e suas estações em noites de insônia e aprender com
ela os gestos divinos. Foi assim que surgiu em mim o “Projeto Enluaradas” e
julgo que a forma livre e aberta de tantas vertentes literárias encontrou um
espaço sem fim no céu com outras tantas estrelas de muita luz. Que venham
outras coletâneas tão bem organizadas e coordenadas por suas idealizadoras.
Juntas somos as Enluaradas!
Daiana Pasquim: [...] Estou me
sentindo extremamente feliz porque a Coletânea Enluaradas me inaugurou no útero
das poesias [...] Essa coletânea significa um entrelaçamento, um
“congressamento” com as mulheres, as lobas, as inspiradas pela lua. São
mulheres do mundo inteiro. Juntas Somos as Enluaradas!
Roberta Gasparotto: […] para mim, ter
participado da Coletânea Enluaradas 2021, foi um respiro, um refresco em meio a
tantas notícias tristes que a gente vem recebendo diariamente e, em meio a
tanto sofrimento que o mundo, de uma maneira geral e o Brasil em particular,
estão passando nesse momento. E até [...] pela temática da lua, pela magia da
lua e, principalmente, pelo projeto de vanguarda que a Marta Cortezão e a
Patrícia Cacau, que são as idealizadoras do projeto. Elas tiveram a
sensibilidade de fazer um projeto que, além de uma coletânea de poemas de
mulheres, que ficou lindo, a coletânea ficou maravilhosa! – elas também fizeram
lives com cada uma das participantes que quiseram participar [...].
Então, assim, a Patrícia e a Marta, elas colocaram em prática uma palavra que
hoje em dia é muito usada, mas que a gente não coloca tanto em prática quanto a
gente usa essa palavra, que é sororidade. Então assim, é um projeto belíssimo,
conheci mulheres maravilhosas, porque tive a grande alegria de além de
participar da live enquanto escritora, participar também entrevistando
essas mulheres maravilhosas. E estou muito feliz [...]. gratidão, Marta e
Patrícia. Juntas somos as enluaradas!
Edna Almeida: [...] O projeto
Enluaradas foi sedutor [...] foi inclusivo, foi libertador, foi verbalizar, um
resgate da poesia feminina e o e-book ele vem assim num cenário literário
contemporâneo com um grande presente pra humanidade, uma grande lição de amor e
altruísmo, uma alavanca de leitura, onde o sexto sentido se multiplica. Estou
ainda vivendo essa ciranda das enluaradas. Se, enquanto as bombas caiam, na 2ª
guerra mundial, os franceses faziam amor; na pandemia, nós fazíamos lives
poéticas. Juntas somos as Enluaradas!
Rita Queiroz: [...] Participar do
Projeto Enluaradas “Se Essa Lua Fosse Nossa” foi um presente nos dado por Marta
Cortezão e Patrícia Cacau. Eu já acompanho o projeto desde o final do ano
passado, quando foi lançado no Facebook com aquelas lives das
enluaradas, eu sempre acompanhei, sempre me deliciei muito com as lives.
E quando a Marta e a Patrícia lançaram a coletânea, em janeiro, eu [...] já
mandei mensagem no Instagram dizendo “eu quero participar” [...] porque
é um projeto que agrega, que agregou e que vai agregar mais e mais. E um
projeto que se diferencia dos outros projetos porque houve um entrelaçamento
entre essas enluaradas. As enluaradas se conheceram, se integraram e, a partir
desse projeto, outros projetos estão surgindo. Então foi uma grande satisfação
participar desse projeto e apostar nesse projeto e acreditar no projeto e,
querendo já o número 2, número 3, número 4, infinitamente porque Somos
Enluaradas!
Tainá Oliveira: [...] Eu tenho muito
orgulho de dizer que sou uma das 168 autoras que fazem parte da coletânea “Se Essa
Lua Fosse Nossa”. Um projeto muito especial, um projeto que na minha vida em
particular, foi um divisor de águas porque é a primeira vez que meus poemas
saem lá da pastinha da criatividade e levantam voo e vão ganhar o mundo aí
afora. Então eu tenho muito orgulho de fazer parte dessa Coletânea [...] Gosto
de frisar que ela é um afago na nossa alma, em período ainda de pandemia, tão
complexo, mas poder fazer conexão com outras escritoras, com outras mulheres
que dividem o mesmo sonho [...] foi maravilhoso, foi uma experiência incrível.
E creio que ele (o projeto) é um marco também para nossa literatura nacional
porque está abrindo portas para novas escritoras, para novas obras. Então eu
vejo muita importância nele, no cenário literário e é uma honra fazer parte
disso tudo e poder dizer “Juntas somos as Enluaradas!”
Vânia Perciani: O que dizer sobre o
Movimento Enluaradas? Vamos dar a palavra para as idealizadoras, as
fomentadoras do projeto, desse processo de escrita feminina. Marta Cortezão,
num comentário muito interessante “ser casulo para entender-se. Ser lagarta
para saber-se [...] ser borboleta para voar livre”. E Patrícia Cacau
complementa “Se meter no caminho incerto [...] a alma livre com botas novas,
com coragem, com fé para criar um mundo novo”. Quais de nós, mulheres, poetas e
escritoras, não temos essas vozes chacoalhando, gritando em nosso coração?
Queremos espaços nas prateleiras das bibliotecas, queremos ser lidas, queremos
ser ouvidas. Esse é o desafio e essa é a promessa que permeia a coletânea que
nós fizemos. “Coletânea Enluaradas Se Essa Lua Fosse Nossa”, essa lua está se
tornando nossa. Quando uma loba uiva para a lua, a alcateia responde a uma só
voz: Juntas Somos as Enluaradas!
Rosangela Marquezi: [...] ter participado
do Projeto Enluaradas, organizado pela Marta e pela Patrícia, as quais agradeço
de coração, foi para mim uma mistura de emoções à flor da pele, de alegria de
sentimento e coletividade, de luta por igualdade e, principalmente,
oportunidade de soltar a minha própria voz. Vejo o “Projeto Enluaradas” como um
fortalecimento coletivo de mulheres que precisam ser mais ouvidas, mais lidas e
mais vistas. A poesia ela não se constrói somente a partir dos cânones, ela
também se faz a partir de pequenas manifestações diárias poéticas em que muitas
vozes se unem e se tornam potência. É isso: Juntas somos as Enluaradas!
Stéphanie Gomes: [...] Sou uma das 168
participantes da “Coletânea Enluaradas Se Essa Lua Fosse Nossa”, uma coletânea
maravilhosa idealizada pela Marta Cortezão e pela Patrícia Cacau. Então assim,
gente, me sinto muito lisonjeada por estar fazendo parte dessa Coletânea junto
com todas essas mulheres aí, magníficas que também integram [...] esse elenco
[...] Eu acredito que quando nós temos algo dentro de nós que é bom, nosso
dever é partilhar, compartilhar com outras pessoas e eu acredito sim e espero
que essa coletânea alcance muitas pessoas. Agora imagina aí você lê uma
coletânea com 168 cabeças pensantes, diferentes; cada mulher dessa mostrando,
através da poesia, as suas ideias, a sua visão (de mundo). Será que essa lua
pode ser só minha? Ou pode ser só sua? Pode ser nossa, essa lua é nossa, até
porque Somos todas Enluaradas!
Ale Heidenreich: Hoje eu estou
aqui, nesse dia tão especial para nós, o encerramento da nossa “Coletânea
Enluaradas” e quero aproveitar e falar da importância da nossa coletânea no
cenário literário contemporâneo. A nossa coletânea, ela veio como um marco, ela
chegou resgatando, auxiliando, dando apoio a muitas mulheres, resgatando suas
identidades ou até talvez (revelando) uma identidade nova para muitas delas.
Ela veio acolhendo mulheres de todas as classes de nossa sociedade, escritoras
e não escritoras. Ela veio humana, ela veio inovadora, ela veio divertida e é
isso que a gente deve levar. E vai ficar pra mim, pra minha vida. Tenho a
influência de muitas de vocês. Nossa querida Frida Kahlo, ela diz “onde não
puderes amar, não te demores”, eu quero ficar aqui, aqui está bom demais,
infelizmente eu sei que não dá, mas a gente vai se encontrar em outras
coletâneas, em outros projetos. Então fica aqui meu agradecimento, de todo o
coração, Patrícia Cacau, Marta Cortezão e cada uma de vocês.
Missandra Almeida: [...] E a antologia
Enluaradas, pra mim, é um ajuntamento de mulheres maravilhosas, de mulheres
lusófonas (e brasileiras) espalhadas pelo mundo de mãos dadas buscando e
mostrando a força da mulher e da sua poesia, o encanto e todas as
possibilidades de potência e de existência. E também é a possibilidade de
experimentar esse lugar de publicação. Que lugar é esse? [...] Um lugar de
existência, um lugar de voz, de visibilidade, mas também de acesso à leitura.
Sabendo da dificuldade que nosso país tem de ofertar acesso à leitura, de
valorizar a criação e a leitura como prioridade para a educação. Sabendo disso
e, nesse momento, eu estar participando de uma antologia que foi oferecida ao
público gratuitamente, pra mim, é extremamente especial, é muito significativo.
Janete Manacá: [...] Participar do Projeto “Se Essa Lua Fosse Nossa”
foi uma oportunidade única de poder estender as mãos a mulheres de diversos
lugares do planeta e mover essa ciranda encantada com palavras sábias e letras
mágicas. Essa coletânea, com certeza, é um legado de amor a gerações futuras.
Salve, Marta! Salve, Cacau! Vida longa às Enluaradas! Tim-tim!
Antes do lançamento da Coletânea
Enluaradas I: Se Essa Lua Fosse Nossa, no encontro Enluaradas: Dia Internacional da Mulher, realizada dia 08/03/2021, via canal do Youtube
Banzeiro Conexões, a saudosa amiga Enluarada Vânia Alvarez, pesquisadora,
pensadora moderna, escritora e poeta paraense, afirmou, em seu discurso
emocionado A poética contemporânea das Enluaradas que as autoras
participantes do Projeto Enluaradas estavam “construindo a chamada Arte
Contemporânea” e ela assentava as primeiras colunas sólidas deste movimento que
nascia, com seu olhar observador de quem enxerga do lado de fora e de dentro,
explicando o seguinte:
Não
basta uma escrita definir-se como feminina, é preciso designar a fala das
mulheres. Colocar-se no lugar do feminino, requer uma posição que implica
ver-se no outro. E esse “ver-se no outro” vai construir esse projeto de
contemporaneidade, uma contemporaneidade ocidental, racional, evolutiva e
disjuntiva.
Para Vânia Alvarez, o Enluaradas se
define como este coletivo de reflexo, não apenas o que se reflete a si mesmo,
aquele eu solitário, mas o que em si vê a imagem da outra se refletindo e a
que, olhando para a outra, vê o próprio reflexo de si. É a humana conjugação da
ação de outrar-se. A alma de Vânia Alvarez, poeta humanamente visionária,
enxergou a fina essência que fortalece este projeto – formado por mulheres de
luta que resistem pela força da palavra –, afirmando que somos
poetas engajadas ao contemporâneo,
que falam por si e que reinterpretam as muitas vozes [...] e a lua aparece
influenciando o sentimental [...] Somos mulheres, somos enluaradas, somos um
projeto contemporâneo vitorioso, porque “água mole em pedra dura tanto bate até
que fura” e nós, mulheres, furamos o cerco [...] porque somos um coletivo, já
não estamos sós e estamos apenas no começo.
(“A poética
contemporânea das enluaradas”, 08/03/2021)
O curioso deste projeto foi que ele teve início como uma simples chamada para uma coletânea e, no decorrer do processo, se constituiu num movimento agregador, literário e poético denominado “Enluaradas”. Hoje, para além de continuarmos nos designando Projeto Enluaradas, somos um coletivo feminino que vem vingando por causa da participação e da interatividade das autoras que o integram. Somos uma rede de apoio que tem dado muitos frutos, resultando em parcerias entre as próprias autoras Enluaradas, que vêm revolucionando, de forma particular e poética, o mundo da escrita de cada umas das participantes através de parcerias, de participação em outras coletâneas, entrevistas e eventos literários e, principalmente, muitas autoras nos têm falado do quanto este movimento foi importante para estimular a escrita, que estava há bastante tempo estacionada. Conjugamos o verbo ESCUTAR em todas as suas modalidades de vida nas “Enluaradas Live” (ações da primeira coletânea) que realizamos, onde as participantes da coletânea contavam de seus projetos literários, enquanto uma ciranda de mulheres, nossa “egrégora lunar”, comentava, aplaudia e se via refletida de alguma maneira em cada discurso. E, naquele momento, passaram por lá (@enluaradas2022) cento e vinte (120) autoras falando sobre sua trajetória literária, de seus medos, de seus sonhos e da alegria de fazer parte do Projeto Enluaradas. Um espaço "lunar" que abraça, praticando a escuta e a sororidade.
DAS MÃOS QUE SE UNEM PARA UMA CIRANDA DE DEUSAS
Na Coletânea II: uma Ciranda de Deusas, cujo edital foi lançado dia 21/05, numa sexta-feira de muitas expectativas, iniciamos várias ações dentro do projeto, como: Ciranda de Deusas, que foram lives realizadas, em diferentes dias da semana, tanto pela plataforma do Instagram quanto pelo canal Youtube Banzeiro Conexões, e que consistia em leituras poéticas através das quais divulgamos a literatura lusófona de mulheres de estados brasileiros e países estrangeiros. No total, foram 26 (vinte e seis) encontros (Cirandas de Deusas) realizados: 14 (catorze) via plataforma Instagram, 04 deles, em parceria com o Mulherio das Letras, a convite de Silvia Schmidt, no perfil @livrariamulherio; 11 (onze) via canal Banzeiro Conexões. Tivemos também o quadro Nas Teias do Poema, com a realização de 14 (catorze) episódios, nos quais as autoras participantes da Coletânea Enluaradas II: uma Ciranda de Deusas apresentavam poemas de sua produção autoral para falar sobre o processo criativo literário e das “teias” que envolvem esse processo do “fazer poético”. Todos os episódios do “Nas Teias do Poema” eram acompanhados de uma publicação prévia para fomentar o pensamento sobre a práxis do fazer literário do poema que antecedia cada encontro. Relaciono os links dos episódios caso haja interesse para rememorar nossas leituras:
1º) Nas Teias do poema I: CARNE E TECIDO POÉTICOS – Anna Liz, Artane Inarde e Maria Alice Bragança;
2º) Nas Teias do poema II: DAS ESCREVIVÊNCIAS QUE NOS HABITAM - Ale Heidenreich, Aline
Galvão e Vania Clares;
3º) Nas Teias do poema III: O (IN)CORPÓREO DA PALAVRA – Adriana Teixeira, Cris Mesquita e Janete Manacá;
4º) Nas Teias do poema IV: ENTRE FIOS E METÁFORAS – Heliene Rosa, Isa Corgosinho e Lucila Bonina;
5º) Nas Teias do poema V: NOS FIOS DA
'ALQUIMIA DO VERBO' – Dani Espíndola, Elizabete Nascimento e Maria
da Paz Farias;
6º) Nas Teias do poema VI: DOS MATIZES DA LINGUAGEM – Lindevania Martins, Malu Baumgarten e Raquel
Basilone;
7º) Nas Teias do poema VII: TECENDO EPIFANIAS POÉTICAS – Belise Campos, Carolina Ferreira, Flavia Ferrari
e Jéssica Iancoski;
8º) Nas Teias do poema VIII: ENTRE PERCEPÇAO E MEMÓRIA – Maria do Carmo Silva, Marta Cortezão e Patrícia
Cacau;
9º) Nas Teias do poema IX: NO MEIO DO POEMA, O(A) LEITOR(A) – Margarida Montejano, Rita Queiroz e Rosangela
Marquezi;
10º) Nas Teias do poema X: NÃO SOMOS AS MESMAS DE ONTEM – Elisa Lago, Hydelvídia Cavalcante e Tânia
Alves;
11º) Nas Teias do poema XI: INDOMÁVEL E EFÊMERA CRIAÇÃO DO BICHO-POEMA – Ana Mendes, Cris Arantes e Heloisa
Helena Garcia;
12º) Nas Teias do poema XII: UMA LITERATURA ENGAJADA – Cátia Castilho Simon, Frahm Torres e Marina Marino;
13º) Nas Teias do poema XIII: DA FORÇA PERENE DA PALAVRA – Joelma Queiroz, Glafira Menezes Corti e Valéria
Pisauro;
14º) Nas Teias do poema XIV: ENLUARADAS E A POÉTICA DO ESPAÇO – Carla Sà De Morais, Neli Germano e Patrícia
Cacau.
Tanto as ações
literárias Ciranda de Deusas quanto o Nas Teias do Poema foram
divulgadas pelo blog Feminário Conexões através de textos e comentários que foram/vão
construindo o itinerário literário e histórico do Projeto Enluaradas, que só
tem razão de ser graças à participação de todas as poetas Enluaradas que somam
conosco na realização e construção desta Literatura Contemporânea Enluaradas. Lembramos
também dos artigos literários das autoras Isa Corgosinho, Carla De Sà Morais, Elizabete Nascimento (texto 1 e texto 2) e Margarida Montejano sobre as ações do projeto também publicados neste blog. Outro evento significativo para o projeto foi o 1º FLENLUA (Festival
Literário Enluaradas), realizado nos dias 03, 04 e 05 de dezembro, com a participação
da maioria das 87 (oitenta e sete) autoras/poetas. Transcrevo aqui alguns fragmentos das falas
que bem ilustram o primeiro festival literário e que vale muito a pena tê-los
em conta:
“trazer cada vez
mais mulheres para a escrita, para a publicação, segurar na mão, cirandar [...]
é parte bastante importante da militância feminista que, para mim, é uma forma
de estar no mundo [...] A nossa situação como mulheres é complexa (digamos assim,
para não dizer triste), no mundo inteiro. Todo o espaço que a gente tem é um
espaço ganho, é lutado, nada nos é dado e nada continua a não ser pela nossa
luta. [...] Este é meu lugar de mulher, é o lugar de todas as mulheres. Quem
não for feminista que não use calça comprida, que devolva o passaporte, que
devolva a carteira de motorista, que não vote, porque tudo é fruto desta luta.”
{Maria Alice
Bragança (RS), Abertura do FLENLUA, 03/12/2021}
“O que eu percebo
nesse grande movimento, em que as mulheres, sobretudo nesse processo criativo
da literatura, das artes, é essa necessidade de se colocar mesmo como
protagonistas. Eu percebo neste projeto essas dimensões muito atadas, muito
“dialogizadas”, que é a questão do estético, dessa procura do processo criativo,
inovador, constitutivo e também a questão social, ética, moral, no momento de
distopias, de isolamento, de pandemia, de refluxos, de bandeiras do social.”
{Isa Corgosinho
(PB), Abertura do FLENLUA, 03/12/2021}
“Estou aqui para
falar com que força surgiu esse movimento, porque ele já nasceu empoderado e
empoderando [...] E de poetas, num estalar de dedos, nós viramos deusas, as
deusas da poesia. E isso mostra o quanto o Projeto Enluaradas veio para nos
fortalecer nesse meio literário, para fortalecer a nossa escrita e a nossa
poética.”
{Marina Marino
(SP), Abertura do FLENLUA, 03/12/2021}
“Talvez a gente
nem tenha noção do que é que nós estamos fazendo dentro desse coletivo, agora
uma coisa eu tenho certeza, ele veio para fazer a diferença, eu não estou
falando de vaidade, eu estou falando de necessidade da gente buscar sim o
arquétipo dessas deusas que há muito tempo adormeceu [...] (O Projeto
Enluaradas) vem com afetos, as inclusões, os acolhimentos e traz à tona a
poética que nos habita. É um trabalho bem socrático, a maiêutica que reconhece
que você tem dentro de você o conhecimento, só precisa de alguém para ajudar
nesse parto de luz.”
{Janete Manacá
(MT), Abertura do FLENLUA, 03/12/2021}
“Estou muito feliz
por fazer parte deste movimento [...] (que) tem levado o trabalho de todas nós,
conhecidas, desconhecidas, sem distinção. Isto é realmente o que eu chamo
Literatura, que é dar oportunidade a todas, não só a uma parte, como se
considera a elite,”
{Ana Mendes
(Suíça), Abertura do FLENLUA, 03/12/2021}
“Lembrei da menina
mulher que fui e quanto faria a diferença se eu tivesse encontrado mãos
acolhedoras e agregadoras como nós temos agora e, para mim, não foi só um livro
a mais, eu recebi a certeza de que é possível um mundo novo onde cada mulher,
assumidamente poeta, entende o que é entrar numa ciranda, dar as mãos [...]
dividindo a força, e todas sem medo de expor sua fragilidade e grandeza nesse
universo de poesia”
{Vania Clares
(SP), Abertura do FLENLUA, 03/12/2021}
“Eu sinto que eu
pertenço à essa família, que eu encontrei o meu lugar, poeticamente falando, e
isso é tão raro hoje em dia [...] não sei se elas (Marta e Cacau) têm a
dimensão da história que elas estão fazendo na arte contemporânea, mas elas
estão deixando um legado pós-moderno, reunindo o que há de melhor das
escritoras que compõem esta coletânea.”
{Aline Galvão
(AM), Mesa 1 do FLENLUA, 03/12/2021}
“A luta só
começou; a gente já consegue votar, já consegue dirigir, já consegue escrever
com nosso próprio nome, mas ainda tem muito que se lutar, e os nossos espaços
vão ser ocupados por nós e pela próxima geração porque uma hora nós também
seremos legado da próxima geração. [...] Não quero a literatura só para mim, eu
preciso de um coletivo, eu preciso de mulheres que girem comigo, eu preciso de
mulheres que tenham esse sentimento de não querer a literatura só para si, as
oportunidades só para si.”
{Patrícia Cacau,
Mesa 2 do FLENLUA, 04/12/2021}
“Esse projeto
[...] me diz muito, me diz demais. Eu também me confesso não feminista, no
sentido mais ativo dessa palavra, mas porque eu acho que não me foi dada essa
oportunidade que eu vim a ter quando conheci esse projeto. Isso para mim
representa muito”
{Dalva Lobo, Mesa
2 do FLENLUA, 04/12/2021}
“A palavra Ciranda
tem tantos significados, assim como passagem do tempo, aquilo que vai passando,
o transcurso dos dias, na ciranda dos dias. E a primeira acepção da palavra, se
você vai para o dicionário [...] ciranda é uma peneira grossa que serve para
joeirar, separar os materiais, as impurezas [...] Eu acho que nesta Ciranda com
tantos significados, nos faz tirar as impurezas da vida, aquilo que não serve
mais [...] que caia por terra”
{Rosangela
Marquezi (PR), Mesa 2 do FLENLUA, 04/12/2021}
“Nós sabemos que
exclusão é uma questão de patriarcado, segregação é uma questão de patriarcado,
concentração de riqueza é uma questão de patriarcado e nós precisamos,
mulheres, todas nós somos maioria, ter consciência do nosso papel. É muito
importante essa consciência começar a explodir dentro de nós e nos fazer
realmente participativas e transformadoras [...] Que as mulheres pensem muito,
repensem, estudem, participem de lives, penetrem mesmo na discussão
política tão em voga e que veio à tona com uma força muito grande depois do
golpe que vivemos, para que vocês votem certo, conheçam seus candidatos, se
aprofundem na política. Tudo é também uma questão política [...] A poesia é uma
ferramenta de transformação [...] é uma ferramenta política.”
{Teresa Bendini
(SP), Mesa 4 do FLENLUA, 04/12/2021}
“Eu trabalho com a
temática das mulheres há mais de 20 anos [...] e me encontrar com esse projeto
(Enluaradas), para mim foi assim uma luz mesmo no meu caminhar, porque essas
produções coletivas de mulheres, elas oportunizam um conjunto de vozes
silenciadas. Nós somos tantas mulheres que, individualmente, não conseguiríamos
publicar [...] essas escritas que são revolucionárias, e aqui eu quero retomar,
na minha fala, a fala de nosso amigo Sidnei que acho que foi muito propícia
mesmo, toda vez que uma de nós constrói um verso, compõe um verso, grita esse
verso para a humanidade, uma algema do patriarcado se quebra porque nós,
mulheres, trazemos a revolução na nossa poesia, nas nossas vozes, somos nós com
os nossos poemas, com a nossa sensibilidade que vamos construir um mundo mais
humano.”
{Heliene Rosa
(MG), Fechamento do FLENLUA, 05/12/2021}
QUANDO AS BRUXAS CRIAM ASAS
Na Coletânea III: I Tomo das Bruxas – do Ventre à Vida, tivemos o edital
aberto de 10 de fevereiro a 22 de maio de 2022. Não foi um tema muito bem
aceito e nos custou mais trabalho e tempo de divulgação; mas graças à adesão de nossas
parceiras poetas foi possível alcançar o número expressivo de 106 (cento e seis) participações. No entanto, esta possível resistência havia sido cogitada no decorrer do processo, pois sabe-se que houve um projeto de extermínio
para que as mulheres comuns, campesinas, as que conheciam o saber curativo das ervas, as ditas bruxas, fossem expurgadas da
sociedade, e que todos estes conceitos e parâmetros negativos, gestados pelo patriarcado, nos foram legados
e absorvidos estruturalmente. O projeto editorial desta coletânea procura
trazer para o centro do discurso esta história de dor, sofrimento e perseguição
através da analogia à estrutura tripartida do livro Malleus Maleficarum
(Martelo das Feiticeiras), escrito em 1.487, do diálogo com as autoras Michelle
Perrot (filósofa), Maria Teresa Horta (escritora, poeta), Clarissa Pinkola
Estés (psicóloga) e de todo “um compêndio poético de subjetividades e vivências,
tecido pela historicidade, ativismo e progressiva visibilidade das mulheres nas
suas lutas e conquistas nos âmbitos público e privado” que se fazem presente no discurso poético desta coletânea.
No percurso de construção desta coletânea, realizamos,
via Instagram, 22 (vinte e dois) episódios do quadro (Com)Pulsão Poética, para
os quais contamos com o apoio imprescindível das poetas Enluaradas Ale Heidenreich,
Carollina Costa, Lucila Bonina e Flavia Ferrari na mediação dos encontros. O objetivo do quadro foi celebrar o poder transformador
da Poesia, aquele que nos leva à realização dos sonhos, à compulsão, ao desejo
de dar vazão à palavra. Esta palavra em estado de pulsão poética, que lateja,
que anseia viver e sentir-se viva, esticando as asas semânticas do verbo por
campos outros para desaguar em rios profundos de ardente pulsões...
Destaco aqui dois pontos importantes que marcaram a
História das Mulheres pela repressão da sociedade patriarcal: a negação ao
saber, eternizada na curiosidade maliciosa de Eva que nos foi herdada como
'castigo' em todos os tempos
e, a partir daí, a diabolização do corpo objetificado da mulher, seu sexo insaciável propenso a vícios e às mais cruéis violências. Michelle Perrot,
historiadora francesa, em seu livro Minha História das mulheres, pergunta e responde: “O que querem as
mulheres? Assim como Eva, elas querem morder a maçã, mas sem serem expulsas do
Paraíso.”
E, em pleno século XXI, continuamos perseguindo a maçã das possibilidades e o direito de permanecer no Paraíso. E este continua sendo o nosso
desejo, e o fazemos com pulsão, com força poética, com a força de todos os silêncios herdados; esse é o
anelo das Bruxas, eu disse 'anelo' para contrapor a 'martelo das bruxas' (Malleus
Maleficarum), uma obra, escrita no século XV que justificou o assassinato,
a perseguição (planejada e calculada) de bruxas e hereges durante séculos, onde
encontramos afirmações como: “Eva nasceu de uma costela torta de Adão, portanto
nenhuma mulher pode ser reta”. E aqui deixo mais três anelos: mulheres, pesquisemos
nossa História, involucremo-nos com pautas feministas e busquemos razões para continuar a dura luta, pois o Feminismo
é a grande declaração de amor que se pode fazer à Humanidade! Vamos conferir os episódios:
1º) (Com)Pulsão Poética I: Lucila Bonina Simões, Carollina Costa e Ale Heidenreich
– mediação de Marta Cortezão (06/JUN/2022);
2º) (Com)Pulsão Poética II: Dilma Barrozo, Alyne Castro e Sueli Salles – mediação
de Ale Heidenreich (08/JUN/2022);
3º) (Com)Pulsão Poética III: Cecília Rogers, Janine Carvalho e Simone
Santos Guimarães – mediação de Lucila Bonina Simões (10/JUN/2022);
4º) (Com)Pulsão Poética IV: Giselle Pretti, Lilian Rocha e Deyse Ribeiro – mediação
de Carollina Costa (12/JUN/2022);
5º) (Com)Pulsão Poética V: Verônica Oliveira, Cândida Carneiro e Magalhe
Oliveira – mediação de Marta Cortezão (13/JUN/2022);
6º) (Com)Pulsão Poética VI: TidaFeliz, Amanda Pereira Santos e Rozana
Gastaldi Cominal – mediação de Ale Heidenreich (15/JUN/2022);
7º) (Com)Pulsão Poética VII: Fátima Soares, Hydelvídia Cavalcante e Marina
Neder Monteiro – mediação de Lucila Bonina Simões (17/JUN/2022);
8º) (Com)Pulsão Poética VIII: Valéria Pisauro – mediação de Carollina Costa
(19/JUN/2022);
9º) (Com)Pulsão Poética IX: Vânia Perciani, Tati Vidal e Rita Alencar – mediação
de Flavia Ferrari (20/JUN/2022);
10º) (Com)Pulsão Poética X: Amélia Costa, Helena Terra e Dorlene Macedo – mediação
de Ale Heidenreich (22/JUN/2022);
11º) (Com)Pulsão Poética XI: Sandra A. Santos, Tainá Vieira e Lucirene
Façanha – mediação de Lucila Bonina Simões (24/JUN/2022);
12º) (Com)Pulsão Poética XII: Célia Oliveira, Fátima Sá Sarmento e Karla
Castro – mediação de Carollina Costa (26/JUN/2022);
13º) (Com)Pulsão Poética XIII: Neli Germano, Amana Assumpção e Noélia Ribeiro
– mediação de Flavia Ferrari (27/JUN/2022);
14º) (Com)Pulsão Poética XIV: Malu Baumgarten e Carla De Sà Morais – mediação
de Ale Heidenreich (29/JUN/2022);
15º) (Com)Pulsão Poética XV: Rilnete Melo, Lisieux Beviláqua e Érika
Foresti – mediação de Lucila Bonina Simões (01/JUL/2022);
16º) (Com)Pulsão Poética XVI: Giulia Nogueira, Maria da Paz Farias e
Heloisa Helena Garcia – mediação de Carollina Costa (03/JUL/2022);
17º) (Com)Pulsão Poética XVII: Cláudia V. Lopes, Sandra Santos e Adriana
Bandeira – mediação de Flavia Ferrari (04/JUL/2022);
18º) (Com)Pulsão Poética XVIII: Rozana Nascimento, Cíntia Colares e Aline
Leitão – mediação de Ale Heidenreich (06/JUL/2022);
19º) (Com)Pulsão Poética XIX: Wilma Amâncio, Lígia Savio e Lua Lopes – mediação
de Lucila Bonina Simões (08/JUL/2022);
20º) (Com)Pulsão Poética XX: Araceli Sobreira, Patrícia Cacau e Jeane Bordignon
– mediação de Carollina Costa (10/JUL/2022);
21º) (Com)Pulsão Poética XXI: Aurora Castro Mourão, Marta Cortezão e Rita
Queiroz – mediação de Flavia Ferrari (11/JUL/2022);
22º) (Com)Pulsão Poética XXII: Eloísa Aragão, Chris Lafayette e Rai Albuquerque
– mediação de Ale Heidenreich (13/JUL/2022);
Entretanto, não paramos apenas nestas (com)pulsões poéticas,
realizamos também o quadro Caldeirão Literário, via canal do Youtube Banzeiro
Conexões. Neste quadro, o objetivo foi celebrar a escrita de autoria feminina, discorrendo
sobre as obras autorais das poetas, escritoras convidadas. Cada episódio abraçava uma temática para temperar o caldeirão das Bruxas. Foram 4 episódios,
cujos textos eram publicados, aqui, no Feminário Conexões. Vamos a eles:
1º) Caldeirão Literário I: DAS FLORES QUE PERFUMAM O CAMINHO – Maria Alice
Bragança, Teresa Bendini, Clara Athayde, Cátia Castilho Simon e Dani
Espíndola (11/JUN/2022);
2º) Caldeirão Literário II: DA FORÇA DOS SONHOS QUE NOS MOVE – Isa Corgosinho,
Margarida Montejano, Elisa Lago, Maria do Carmo Silva e Tânia Alves (18/JUN/2022);
3º) Caldeirão Literário III: DAS PULSÕES SUBVERSIVAS DA LINGUAGEM – Liana Timm,
Cris Mesquita, Dalva Lobo, Flavia Ferrari e Lindevania Martins (02/JUL/2022);
4º) Caldeirão Literário IV: DO PEDREGO(ZO)SO CAMINHO DA ESCRITA – Heliene Rosa,
Marina Marino, Patrícia Cacau, Manuela Lopes Dipp e Heliana Barriga
(09/JUL/2022).
Mas a história não acaba aqui. É apenas uma pequena pausa. Estamos escrevendo!