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domingo, 10 de janeiro de 2021

A ESCRITORA POR TRÁS DA PERSONA: ENTREVISTA COM CIDA AJALA, POR ROBERTA GASPAROTTO


ENTREVISTA COM CIDA  AJALA/02

MEU TREM BALA NÃO PARA

POR ROBERTA GASPAROTTO


No meio da conversa com a compositora e escritora paulista, Cida Ajala, lembrei daquela frase de Clarice Lispector: “eu tenho medos bobos e coragens absurdas”. Conversamos durante mais de uma hora por vídeo, Cida estava linda, toda de vermelho, incluindo batom, chapéu e esmalte. “Amo vermelho”. Não é para menos, vermelho é a cor que mais simboliza a vida, e se tem algo que essa bela mulher de sessenta e nove anos tem de sobra, é uma enorme vivacidade. 

Cida cresceu em uma família de músicos, de modo que desde quando se entende por gente, esteve cercada por instrumentos. Com seu tio, muito pequena aprendeu a tocar violão. E depois, viola, e depois, harpa. Aos doze anos, compôs sua primeira letra de música, para o seu então namorado, que viria a se tornar marido. 

Para ela o processo de escrita e o arranjo da melodia, acontecem  simultaneamente. À medida que escreve, a melodia ganha forma e a música é composta. Na sua concepção, escrever é uma forma de louvar e agradecer a Deus, por isso, suas letras sempre tocam em temas pungentes, como a natureza, os animais e o amor.

A vida de shows começou quando tinha  cinquenta e nove anos, e de lá para cá, não parou mais. Cida e sua banda percorrem várias cidades, em especial, interior de São Paulo e Mato Grosso. Canta todos os estilos, mas seus xodós são o sertanejo de raiz e a música latina. Um momento de grande emoção foi apresentar-se na famosa festa de Barretos, "meus músculos pulavam igual pipoca". Em todas as apresentações, canta um hino de louvor a Deus. Costuma cantar “Quão Grande és tu”. Nesse momento, muitos da plateia se emocionam. “Certo dia, após um show em minha cidade, um homem grande, forte e todo tatuado, veio falar comigo... Parecia um bebê chorando, ficou muito emocionado”. 

Para essa mulher de ideias fervilhantes, nem a pandemia foi motivo de calmaria: idealizou e pôs em prática o projeto Musicando sua Poesia, com a presença de dezoito escritores. Para ela, a maior alegria foi perceber o contentamento dos participantes ao verem seus poemas transformados em linguagem musical. Um deles, começou a dançar, tamanha era sua alegria. Outro projeto realizado durante a pandemia é o “live em família”, onde as pessoas a contratam para cantar músicas que gostam. Um  sucesso garantido é a música “beijinho doce”. Casais dançam, se abraçam, rolam beijinhos pra lá e pra cá. 

Perguntei sobre algum momento especial que a marcou, “ foi num encontro, lá no Ministério da Música, em Jaciara, no Mato Grosso. Chegando na igreja, havia na porta alguns moradores de rua. Um deles, me vendo com violão, disse que já tinha sido maestro e perguntou se poderia tocar. Ele não só tocou belamente, como me emocionou profundamente. Após, fui fazer meu show dentro da Igreja, e no meio da apresentação, vi um homem bem vestido, sorrindo para mim. Ao final, fui até ele e, para minha surpresa, era o maestro que, horas antes, estava na porta da Igreja. Esse encontro marcou  a minha vida”. 

Ao final da nossa deliciosa conversa, Cida me presenteia, cantando a música “Aleluia”. Momento divino! E eis que, esse mulherão que parece não ter medo de nada, me faz a seguinte revelação: “tenho medo do escuro, e sempre durmo com uma luzinha ligada”. Gente de verdade, é assim, tem medos bobos, e coragens absurdas!  

Sua frase: “para Deus, nada é impossível, tem que sonhar, acreditar, ter fé e agir”. (Lucas I, 37)


FILHO DA NATUREZA 


Gosto de viver nos campos

Ouvindo o cantar dos pássaros 

Gosto do amanhecer

Sentindo o cheiro de mato


Gosto de ver animais

Estrelas noites de luar

Gosto da brisa da noite

E do sol quente que esquenta a gente


Gosto de dormir tranquilo 

Ouvindo o cantar dos grilos

Gosto do alvorecer

Olhando tudo florecer


Gosto das águas dos rios

Que correm calmas cristalinas

E ver as plantas brotando

Nos campos e nas colinas


Amanheço e anoiteço 

Sempre com muita alegria 

Trabalho todos os dias não sei o que é monotonia


Olho o sol nascer sozinho 

E a noite que vem de mansinho

E a chuva que cai no chão 

É uma benção para plantação 


Eu gosto tanto de viver

Em contato com a natureza

No meio de tanta beleza 

Eu nunca sei o que é tristeza


Não me importo 

Que me chamem

De caipira ou bicho do mato

Somente afirmo com certeza

Sou filho da natureza. 


***


NOSSA HISTÓRIA DE AMOR


Quando eu te conheci

Foi num domingo

Bem no cinema

Eu fui te encontrar

Você olhou para mim

E eu fiquei

Apaixonada a te esperar


Então o filme iniciou

E sorridente me perguntou

Posso sentar-me 

Aqui do seu lado?

Já tem alguém? Ou está ocupado?


E o corpo tremia!

O que dizer não sabia!

E foi tanta emoção!

Ao pegar minha mão!

Nosso primeiro beijo!

Foi no portão ao luar!


O Cine Presidente 

Foi que marcou

Lá nossa história

Iniciou

Depois desse namoro

Veio o noivado

E o casamento

Tão esperado


Aí depois dessa união

Vieram os filhos

Netos que bom

Foi se formando 

Minha família

Cheia de amor e alegria


E o tempo foi passando

E a juventude acabando

Mas nós dois bem juntinhos

Como sempre se amando


Agora infelizmente 

Foi para sempre

Está no céu a me esperar

Nossa História de Amor...

Nunca irá se acabar...


ESTA SOU EU, por Cida Ajala:

Maria Aparecida Ajala Jesus, nome artístico Cida Ajala, cantora, compositora, integrante da Orquestra de viola Caipira, do Prenap,  filiada a Associação Prudentina dos escritores-APE, participante do Coral Santa Rita. Já se apresentou em grandes shows como, por exemplo, Barretos, 3°Festival de Chamamé, com as Galvão, Perla Paraguaia entre outras. Cida Ajala recebeu várias homenagens e premiaçãos como compositora: Nevado de oro da Argentina e também, no Brasil: arte em movimento, prêmio Benjamim Resende, Compositora Revelação entre outros.  Algumas de suas particularidades: não dorme no escuro,  tem muita fé e  é orante!  Todos gostam de suas esfihas, em especial os filhos e netos. Ama laranja e tomate e acredita que com Deus tudo na sua vida sempre  dá certo!


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