Catálogo Virtual Literário do Feminino

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Dançando pela vida


Conto/03

 

Por Janete Manacá

 

Naquela tarde a chuva já havia me presenteado com a beleza de suas gotas cristalinas que ao cair sobre o chão exalavam um agradável cheiro de terra. Poderia ser um dia comum, como tantos outros, não fosse o meu primeiro encontro com a dança contemporânea.

Aos meus olhos, a dança sempre foi algo que de tão extasiante me provocava vertigens. Ao som da música e os passos milimetricamente pensados antes de serem executados era a perfeição em movimento. As bailarinas, delicadas, esbeltas, feito porcelanas, denotavam uma beleza inigualável, era algo quase surreal.

Nunca me reconheci naquele padrão que parecia ultrapassar os limites da realidade. Mas naquela composição do esteticamente belo havia muitas pessoas do outro lado da margem social que não se enquadravam na estética exigida para ser integrante de uma companhia de dança.

Eu era uma delas. Enquanto assistia aos espetáculos de dança havia em mim um encanto frustrado por acreditar que jamais chegaria àquele espaço. A começar pelo biotipo, as condições financeiras e o tempo necessário que era empregado no labor para a sobrevivência, em detrimento da arte.

Mas de repente, você se encontra com um grupo diferente. Cada qual a habitar um corpo único com suas dores, limitações e histórias, mas um corpo que se move, luta, sorri e comove. Então você se dá conta de que um infinito de possibilidades habita dentro de você.

Neste grupo, eu presenciei a boniteza de expressões de vários corpos, cada qual com a sua poética singular e expressiva. Vi gato, leopardo, beija-flor, águia, falcão, ventania e furacão. Eu vi e senti o desejo de entrega no peso de cada gesto em busca de leveza e superação.

Havia corpos atrofiados, profanos, sagrados. Mas, também, corpos que resistiam e insistiam para além de imposições por se reconhecerem como um universo dentro de outro universo. Continham neles um poder imenso de super(ação) que os remetiam à metamorfose da lagarta à suavidade da borboleta. Cada qual com sua potência efêmera, porém, bela, necessária e essencial.

O que não me ensinaram é que independente de estar numa oficina, estúdio ou academia, o destino de cada ser é dançar. Mas uma dança sem reconhecimento e sem aplausos. É a dança da vida pela sobrevivência. Nossos corpos se movimentam na dança ao som do preparo do alimento. Durante o banho ao ritmo das águas que caem sobre ele. Nos manifestos de reivindicações nas ruas. E suavemente quando embalamos os filhos nos braços ao som amoroso de cantigas de ninar...

Há que se ter urgência em se desvincular desse cotidiano autômato ou então perderemos boa parte das melhores produções artísticas executadas frenética ou suavemente nas atribuições do dia a dia.

A cada movimento da dança eu me movia pelo desejo de decifrar cada gesto do corpo até então dormente. Transpirei muito, como quem rasga o próprio ser e expulsa as más águas ali represadas pelas frustrações no decorrer da vida. A mesma música era lançada muitas vezes para que cada um buscasse o seu patuá de memórias e, enfim, percorresse a própria estrada e oferecer a sua graça, beleza, medo, impotência e tudo que de forma conveniente ou inconveniente lhe afetava.

Para cada parte do corpo ainda dormente era dada a possibilidade de despertar. Era necessário ousar e esvaziar-se para enfim expulsar os adjetivos cruéis que muitas vezes nos são impostos durante o tempo que aqui permanecemos. Por sorte, minhas primeiras experiências se passaram no outono: tempo propício para se trocar a pele que nos habita impregnada do que não serve e deixar ir, no ritmo da ventania e nos impregnarmos de maturidade, que é a qualidade dessa estação.

Ainda que o meu corpo tenha dormido por tantos anos, é chegado o tempo de despertá-lo para se adaptar a uma nova pele e ousar os mais belos movimentos para enfim dançar, dançar, dançar... de forma a encantar os olhos do mundo.

Percebi que é impossível prosseguir a vida sem dançar. Então seguirei dançando a indignação, o descontentamento, as frustrações e a esperança, até os nossos corpos expandirem as asas e finalmente voarem numa coreografia cósmica e transcendental. Que os sons dos tambores que reverberam no labirinto interno do nosso ser possam nos manter acordados para o bailado de cada amanhecer.

 


ELES LEEM ELAS: TOCAIA DO NORTE, POR ODENILDO SENA caia Do Norte: o Novo Voo Literário da Sandra


ELES LEEM ELAS|03

Tocaia do Norte, de Sandra Godinho


Por Odenildo Sena


Quando a narrativa feita pelos poderosos de plantão é manipulada, notadamente em tempos de ditadura, restam-nos duas alternativas para buscar a verdade: a reconstituição dos acontecimentos feita por historiadores comprometidos com a realidade factual ou, decorrente disso, a recriação dos acontecimentos com as ferramentas da criação literária. E, neste segundo caso, como faço lembrar em meu livro “Aprendiz de escritor”, a literatura nos serve de estrada e nos abre caminhos para melhor entendermos as coisas da vida, uma vez que “a ficção projeta de forma refletida e trabalhada um mundo no qual nos recusamos a viver. Ela é fruto da nossa insatisfação, do nosso desconforto, da nossa busca por novas utopias”. Ou seja, por mais paradoxal que possa parecer, a ficção nos conduz às verdades.

Mas a ficção, como bem nos lembra Mario Vargas Llosa, “não é a vida como ela é, mas uma outra vida, inventada com os elementos que aquela fornece e sem a qual a vida de verdade seria mais sórdida e pobre do que é”. Neste sentido, acho que o maior risco de um escritor que se arvora a trabalhar a criação literária a partir da reconstituição comprometida com a verdade dos fatos é se deixar levar pela narrativa histórica e abdicar da magia da criação literária. Ora, no resgate dos fatos históricos a beleza está no que se diz, já na construção dos fatos literários a beleza está ancorada no como se diz: a matéria-prima é a mesma, são as palavras, mas a forma de operar com elas é diferente.

Pois é exatamente aí que a meu ver está a grande virtude da Sandra Godinho em seu romance “Tocaia do Norte”, que li fazendo um esforço danado para não me deixar levar pela vontade de querer devorá-lo do dia para a noite, leitor que sou daqueles que fincam pé para digerir com calma e parcimônia as palavras, as frases e os parágrafos de um livro. Pois bem, os fatos que Sandra teve em mãos, já postos ou frutos de sua pesquisa, são em si historicamente tão cheios de desvãos e curiosidades, que poderiam representar uma tentação para que da história ela fizesse apenas história. Mas Sandra não caiu nessa armadilha. Montou uma trama própria conduzida em primeira pessoa por um personagem que, ao confessar suas dúvidas, hesitações e dramas existenciais, sem nada esconder, desnuda os acontecimentos de tal modo, que vai deixando pelo caminho pistas fundamentais para o leitor se encantar metaforicamente com a beleza literária da narrativa, mas sem perder o fio da realidade que descortina as armações, as mentiras, a ambição e a sordidez política que levaram ao massacre da expedição do padre Calleri e ao genocídio do povo Waimiri-Atroari, no final da década de sessenta.

Dizer o que eu disse penso ser a razão fundamental de ver em “Tocaia do Norte” um livro que está apenas começando sua jornada para se tornar um daqueles romances de leitura obrigatória para quem é amante da boa literatura, mas isso abarca muito pouco do muito que o leitor descobrirá navegando em cada uma de suas páginas e confirmando o novo voo literário, seguro e promissor, da Sandra Godinho.




 

Distopias Utópicas


Poema/01

 

Por VâniaAlvarez

 

Eis que chega

O último dia distópico

De um tudo ou nada

Que nos ensinou a sermos sós

Ensaio desse estranho viver

O medo de morrer

Cidades apocalípticas

Pessoas em escombros

Corações cheios de dor

Andrajos atônitos

E foi assim que escrevemos

O amar à distância

Sem toques efusivos

Sem abraços loucos

Sem palavras de felizes festas

Último dia distópico

E escrevemos com lágrimas e borrões

A poesia do sempre querer

A poesia do agora

Reaprendendo a ser quase tudo!

No modificado instante

Da vida passada a limpo

Aprendemos que somos

Quase nada

Diante do poema que calou-se!




 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A Fruteira


Conto/02

Por Danielli Cavalcanti


A toalha de crochê, herdada da avó, vestia a mesa, testemunha de tantas mudanças da família e palco dos caprichos da fruteira. Esta delirava de orgulho por seu apelo decorativo valer mais que o de utilidade, pois mal cabia-se meia dúzia de laranja lá e a fruteira vaidosa arremessáva-as ao chão.

As bananas ficavam na geladeira, do contrário, não durariam nem dois dias naquela cozinha mormacenta.

Toda manhã, o café da menina era vitamina de banana.

Toda noite, em frente à TV com sua mãe, ela descascava uma bacia de laranja.

Quando a menina adoecia, a fruteira era a única a sentir-se satisfeita, pois, finalmente, desfrutava de outras companhias.

Aos 10 anos de idade, a menina teve catapora, a mãe achou por bem comprar umas frutas diferentes, na tentativa de despertar seu interesse apetecível, e trouxe-lhe uma maçã meio macenta e outra azedinha.

Esta maçã era a rainha da feira, importada da Argentina, disse a vendedora num papo de dar água na boca e de secar o bolso.

A menina não tomou gosto por nenhuma das duas, mas a mãe era crentinha que esse desgosto macieiro era fastio de bucho adoentado. E bastava a menina ter uma gripezinha, lá estava a fruteira orgulhosa de ter fruta importada, para desespero gustativo da menina que já não se dava mais ao luxo de adoecer para a mãe não ter que compra-lhe maçãs.

Anos se passaram e a menina-mulher foi morar num país, onde havia mais maçãs que laranjas, e experimentou outras sensações desse fruto proibido. Percebeu que seu medo de gostar de maçãs, era culpa pelo sacrifício da mãe em comprá-las. Deu a si mesma outra chance. Assim, o strudel de maçã tornou-se uma das suas sobremesas preferidas, e o bolo de maçã com canela perfuma sua casa nas festividades natalinas.

No seu país residente, a maioria dos muros das casas é bem baixinho e em muitos quintais, há um pé de maçã e/ou um mastro. A mulher gosta de observar as macieiras vivendo suas estações. No último outono, ela plantou uma macieira, uma cerejeira e uma ameixeira no seu jardim. Dentro de casa, ela cultiva uma mangueira. Ela nunca poderá ser transplantada lá fora, pois não resistiria ao frio escandinavo. A mulher a batizou de pé da lembrança. A mangueira não dará frutas, mas aguá-la é sentir os pés pequeninos daquela menina saltitarem.

A fruteira de sua mãe ela não sabe que fim levou. Lembra-se dela sempre, pois continua descascando bacias de laranja, agora com a filha.

 


LIVROS & ENCANTAMENTOS: 2PERMANÊNCIAS OUTONAIS", POR ROBERTA GASPAROTTO


LIVROS & ENCANTAMENTOS/02

"AOS QUE PENSAM NAO VIVER."

"PERMANÊNCIAS OUTONAIS", DE VANIA CLARES

POR ROBERTA GASPAROTTO


São para essas pessoas que a poeta e escritora Vania Clares dedica o seu livro, Permanências Outonais, Ed. Sarasvati.

Livro sensibilíssimo e que trata de um tema tabu de forma sublime e, ao mesmo tempo, muito corajosa.

O leitor é convidado a mergulhar no mundo da personagem (e também, narradora) que, diga-se de passagem, não tem nome.

Essa personagem bem poderia ser eu, você ou todo mundo, ou ao menos, todos que sejam valentes o suficiente para mergulhar em suas dores e se deixar impregnar por suas escuras e nebulosas tintas.

Sejamos sinceros: quem, se for minimamente honesto consigo, já não pensou que seria melhor não viver?

E a perspectiva que a autora escolhe para fazer essa narrativa é a mais acertada possível: do ponto de vista da alma, que não julga, não tem preconceitos, nem faz cobranças. Apenas acolhe o que vem, seja lá o que for.

Logo no início do livro, a personagem tece longos pensamentos a respeito de como seria sua própria morte: onde, de que maneira, qual o lado do muro seria mais adequado cair, e outras divagações sobre o tema.

Depois, ela recorda, pouco a pouco, situações dolorosas da infância, seu grande amor que se foi, e as angústias vivenciadas durante o processo.

Ressalto aqui, que essas lembranças não vem de forma óbvia. O caminho escolhido pela autora é sempre o caminho do paradoxo, da abertura para um pensar além das aparências. Talvez por isso, ao ler esse livro, eu tive a forte impressão de estar envolvida em um ambiente onírico, não no sentido de fantasioso, mas no sentido de tudo ser possível - sem riscos de achatamento ou julgamentos morais.




 

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

ELES LEEM ELAS: TUDO O QUE MORDE PEDE SOCORRO, POR CEFAS CARVALHO


ELES LEEM ELAS|02

"Todos os abismos convidam para um mergulho" e "Tudo que morde pede socorro", de Cinthia Kriemler



Quem acompanha o que eu escrevo sabe que não tenho pendor para resenhas literárias ou cinematográficas, muito menos para academicismos, razão pela qual produzo poucas resenhas. Escrevo de maneira pessoal e passional sobre leituras, filmes e peças teatrais que, não necessariamente eu gosto, mas, que me impactam, de alguma maneira, ou várias. Como consumidor de conteúdo artístico, aprecio o que me tira da zona de conforto, me deixa sem chão, o que me incomoda, mesmo.

Dito isso, vamos ao impacto que a leitura dos dois romances de Cinthia Kriemler causaram em mim. Escritora carioca radicada em Brasília, Cinthia lançou além de livros de contos e poesias, os romances "Todos os abismos convidam para um mergulho" (2017, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura em 2018) e "Tudo que morde pede socorro", lançado há pouco mais de um mês, ambos publicados pela Editora Patuá. Quis o destino que eu lesse ambos no espaço de um mês, como um raio que cai duas vezes no mesmo lugar. E causa estragos.

Os romances de Cinthia são construídos por mulheres devastadas às voltas com o caos interior, passados traumáticos e o cotidiano problemático a cobrar soluções imediatas. Em "Todos os abismos convidam para um mergulho" temos a protagonista Beatriz, mulher forte, mas traumatizada com o suicídio da filha Laura (não há spoilers, essa informação é transmitida nos primeiros capítulos) e a subsequente separação do marido Bernardo. Entre a culpa que sente pela morte da filha, ela se vê entre uma mãe tóxica e o peso emocional dos casos que ouve como assistente social no serviço público. Sua válvula de escape é o sexo. Sempre com desconhecidos e em lugares estranhos e/ou sujos.

A epígrafe do romance dá o tom da protagonista: "Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto. Porque a vida toda é um dor" (Rachel de Queiroz). Este conceito perpassa as 260 páginas do romance.

Em "Tudo que morde pede socorro", temos uma protagonista igualmente ferida, Leonora, na alma (lembranças da violência que sofria do marido falecido) e no corpo (um braço amputado após um acidente automobilístico). Novamente, nenhum spoiler: Essas informações são passadas no início, para que tenhamos noção da devastação da alma da personagem. Que a própria frase inicial da sinopse na contracapa já denuncia: "Leonora é uma mulher que vive com os seus demônios".

Assim como em "Todos os abismos..." este "Tudo que morde..." apresenta a protagonista às voltas com os demônios interiores, um passado traumático e cheio de sombras e também com os problemas práticos dos personagens em volta. No primeiro, as crianças e mulheres agredidas e abusadas por pais e companheiros. Neste segundo, uma adolescente grávida e um jovem refugiado afegão que não consegue esquecer os horrores que viveu. Todos sempre gravitando em torno das protagonistas e aumentando a tensão em que já vivem.

Não obstante as semelhanças, a estrutura dos romances é bem diferente. O primeiro se passa em uma cidade grande, o caos urbano ajuda na compreensão da dinâmica da protagonista. No segundo, a protagonista se muda para uma cidade do interior de Minas Gerais, Baependi, onde vive em ritmo de cidade pequena e ainda redescobre questões histórico-religiosas, como a saga da escravizada Anna Bonifácio e de Nhá Chica, que foi beatificada.

Em comum entre os dois romances, o controle total da narrativa, primeiro apresentando as protagonistas e suas camadas, até que elas ganhem formato tridimensional. Em seguida, conhecemos o universo e as pessoas que cercam as protagonistas, para então, as tramas terem início e as sombras lentamente começarem a ganhar luz.

Cinthia consegue, no processo de construir protagonistas tridimensionais, vidas, pulsantes, não ter piedade em mostrar, seja em atitudes destrutivas e violentas, seja em frases sutis e subtextos, expondo sem maquiagem e meia luz todas as características - baixezas e grandezas, defeitos e qualidades, idiossincrasias e contradições - das protagonistas.

No processo de Beatriz e Leonora de lutarem contra os demônios interiores e externos, pode-se ou não pensar em uma redenção final. Esperança e sentimentos edificantes não fazem parte da narrativa. O compromisso de Cinthia é com a narrativa, a qualidade literária dessa narrativa e com os holofotes jogados (ou retirados) das protagonistas, para que leitores e leitoras adentrem um universo de desconforto, de incômodo, sem, repetindo aqui, uma certeza de redenção e/ou salvação.

  
Ou seja, vida real. Pessoas reais, este é o material de trabalho de Cinthia Kriemler. Que resulta em uma leitura que impacta ou incomoda. Mas da qual não se pode ou não se deve fugir. Assim como a vida real.


 


A Mulher de Todos os Dias


 

Conto/01


Por Ana Dietmüller


Dia agitado na organização que presta serviços de aconselhamento jurídico a refugiados e imigrantes.

Nos últimos minutos de expediente adentra um rapaz de semblante grave, mas bastante educado e com bom entendimento da língua do país onde estava agora residindo.

- Bom dia, senhora. Gostaria de saber o que é necessário para trazer minha esposa, que ficou no Afeganistão.

A jurista explica todo o procedimento e os requisitos obrigatórios a serem cumpridos a fim de possibilitarem a vinda da esposa. Legalmente, tudo correto e a documentação trazida para conferência estava, da mesma forma, dentro do exigido. O marido - originalmente refugiado sírio - já residia há anos no país europeu que lhe conferiu asilo; já exercia trabalho remunerado e ganhava o suficiente para demonstrar às autoridades que tinha reais condições de trazer sua esposa para morar consigo.

Com a resposta da profissional, o consultante demonstrou alívio, mas um único detalhe foi suficiente para que retomasse o semblante grave: era também requisito obrigatório que a esposa fosse, pessoalmente, à embaixada do país que receberia o pedido de reunião familiar para entrega da documentação.

- Meu Deus, minha esposa terá de ir pessoalmente e fazer tudo sozinha?

- Sim, senhor. Do contrário, o processo não será aceito se for feito através de advogado ou terceira pessoa. Precisa ser sua esposa em pessoa.

- Sabe, senhora, por isso meu desejo em tirá-la de lá o mais rápido possível: ela, obviamente, fará tudo o que eu disser ou meu pai ou meu irmão, mas não terá muito domínio do que estará fazendo. Ela irá pessoalmente, mas, com toda a certeza, terá de ser acompanhada por um homem, porque lá as coisas funcionam assim ainda, infelizmente. Quero deixar tudo o mais “mastigado” possível no intuito de evitar complicações que ela não terá condição de resolver, por mais simples que sejam. Por isso, também, todo meu esforço em trazê-la: para que veja que as mulheres têm direitos, liberdade e podem resolver coisas quotidianas por si mesmas!

Após preencher os últimos documentos e o breve desabafo, o marido despediu-se, agradecendo a consultoria prestada.

A jurista, acostumada à repetição mecânica, diária e profissional do “sua esposa precisa ir pessoalmente”, deu-se conta de que, até então, jamais havia pensado sob esse prisma. Suspirou, silenciou e tergiversou: “a mulher, de todos os dias, que somos aqui, não é a mesma mulher, de todos os dias, de lá. Triste!”

Envolta em pensamentos, fechou a porta atrás de si e rumou para casa!





segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Gratidão em cores


Crônica /01

 

Por Eva Potiguar

 

O ano de 2020 está quase se despedindo e não será capaz de levar consigo tantas coisas que ainda levarão muito tempo para consumar.  Ficarão saudades eternas de entes amados que não poderemos enviar uma mensagem pelo celular, ou por e-mail para desejar um “feliz 2021”. 

Ficarão na memória as imagens dos momentos vividos em família e com amigos em dias de sol, ou de chuva. 

Ficarão as sementes de nossos sonhos e dos projetos idealizados, que aos poucos poderão ser transmutados em outras perspectivas, com novos companheiros e companheira de semeaduras. Ficarão as lições, as orientações e os segredos que aqueceram nossas mentes e corações em diferentes contextos de empatia e de acolhimentos mútuos.  Tais memórias serão lembradas, sobretudo, com gratidão.

Não registrarei as lamentações, nem as decepções, ou as dificuldades políticas e profissionais.  Elas ficarão no passado, mas respeitarei as lições apreendidas. Brigar, ou reclamar, não me fará bem, não irá estimular nenhuma positividade com o meio social e, muito menos, farão minha alma ter leveza e paz. 

O que decido investir é fazer o contrário.  Sim, agradecer, buscar humildade e sabedoria para compreender a minha responsabilidade nos fatos que me sucederam, me perdoar e perdoar, me fortalecer e seguir essa senda existencial sem abrir mão de enfrentar as cinzas.  O que seria da vida sem as possibilidades de pintá-las em constante harmonia com os nossos desejos e as necessidades do outro?

A gratidão eu escolhi como a minha cor favorita, não como modismo #gratidao, mas consciente de que se trata de uma atitude saudável e coerente com a vida, em função do equilíbrio espiritual e social comigo e com o outro.  Não adiantaria falar ou escrever uma palavra no vazio de seu sentido e significado.  Seria inútil e alienante, seguir uma tag que apenas exala superficialidade. 

Mas, agradecer pelo quê?

Gratidão pela existência de tantos amores vividos em suas diferentes cores e formas. O amor do abraço quente, de aura azulada de paz, o amor do olhar de amizade sincera, de luz amarela de alegria em se doar, o amor de gestos de bondade, de raios prateados em servir. Tantas cores, com as suas luzes singulares no delinear da vida em comunhão. 

O ano de 2020 pode seguir com tempo no passado, mesmo deixando seus rastros no presente. Quero receber o novo ano com todas as cores que a gratidão possa me tocar e não preciso de fogos de artifícios para isso.  Basta começar pela cor do amor próprio e da esperança de recriar e redesenhar a vida com quem ela nos apresenta.  Se não der para produzir juntos, que eu faça a minha parte sem exigir, sem cobranças e, sobretudo, sem perder a fé em prosseguir aquarelando. 

Que o ano novo venha! Sou grata com as luzes da paz, da alegria e do amor em que elas me afetam, sou grata pelas sombras que as acompanham, pois sem elas, a luz não se manifestaria. 

Sou grata em todas as cores que a gratidão me toca neste momento.

Sou grata, sou grata, sou grata!!

 

Aguyjevete


Eva Potiguar



 

ELES LEEM ELAS: PLATÃO, DIÁLOGO E GEOGRAFIA ESQUECIDA NA POÉTICA DE LUIZA CANTANHÊDE - POR PAULO RODRIGUES


ELES LEEM ELAS/01

PLATÃO, DIÁLOGO E GEOGRAFIA ESQUECIDA NA POÉTICA DE LUIZA CANTANHÊDE

Por Paulo Rodrigues


“pois não sobre o solo se move, mas sobre a cabeça dos homens ela anda”.

(Homero)

 

Pequeno tem origem na palavra latina pittittus ou pittinus. Era usada para designar algo reduzido. Nada no livro “Pequeno Ensaio Amoroso”, de Luiza Cantanhêde, busca a etimologia. São mais de quarenta poemas distribuídos em quatro seções: Ferida, Geografia Esquecida, Somente Boca e o Destino das Cicatrizes. Todas muito bem casadas, reinventando o cordão umbilical da ausência.

A Editora Penalux caprichou na diagramação da obra, que conta com uma tela de Joel DuMara como capa. Luis Henrique comenta na orelha: “circula na areia da poesia de Luiza, uma geografia esquecida, que nos faz lembrar o pulso da vida”.  Tudo nos versos desta poeta potente aumenta a pressão das sensações, no leitor.

O primeiro poema (Por Dentro, os Girassóis) demonstra a capacidade que ela tem de tocar a pele da palavra:

 

Voo para dentro

e fecho as janelas.

 

Amanhã acenderei

o candeeiro.

 

Permanece

o silêncio que nada

pergunta e nunca

se espanta.

 

Colherei

todos os girassóis

que não se despediram

de mim.


As imagens conversam com a dor, na porta da casa. O silêncio não se espanta com o acúmulo dos sacrifícios. Nem reconhece a luz do intangível. Parece com ela e com todos nós. Uma das características da poética de Luíza é este diálogo profundo com a humanidade. Parece que ela fundou sua própria religião. Tem valores, gestos, certezas salvadoras.

Finaliza o texto como se quisesse tampar um vulcão: “colherei/ todos os girassóis/ que não se despediram/ de mim”.

Eu disse na apresentação do “Pequeno Ensaio Amoroso”: “a poeta explora agora um tema pouco trabalhado em “Palafitas” e “Amanhã, Serei uma Flor Insana”, que é Eros”. Confirmo, pois com um aforismo dos romanos: verba volant, scripta manent.

Os muitos mitos do amor são refeitos pelas revelações dos versos da Luiza.

Parece uma tradução poética do diálogo o “Banquete”, de Platão. Faltam os personagens do simpósio, mas não faltam as indefinições das mãos que se foram. As sombras no sonho das manhãs. As corredeiras na reflexão. As perguntas no vácuo. O amor está bastante acima da ascese de Diotima de Mantinéia como podemos comprovar em Via Láctea:

 

O que

se perpetuou

primeiro?

Tuas asas saltando

abismos ou o instante

que aprendi a voar?

 

Dize-me: em que céu

fizeste teu exílio?

 

Estou indo com as mãos

carregadas de estrelas.

 

São páginas que fazem o tempo valer tanto quanto as dores do barranco. Luiza Cantanhêde apresenta o exílio do ser amoroso. Indaga-se. Não se contém. Volta como um Orfeu “com as mãos carregadas de estrelas”. São muitas ‘plantações de horizontes’, na escrita agressiva, que ela sustenta e amadurece.

Enfim, a ‘geografia esquecida’ ajuda desenvolver o tema. No entanto, não sintetiza o distanciamento da ferida. Há um exercício de tocar o machucado, na poesia da Luiza Cantanhêde.




 

domingo, 27 de dezembro de 2020

Eliane Potiguara: a voz da ancestralidade e das guerreiras indígenas contemporâneas

 



Autora da Vez: Eliane Potiguara/01




No campo da literatura indígena escrita por mulheres, Eliane Potiguara destaca-se como uma das figuras principais. A ancestralidade é marca indelével da obra dessa professora que se dedicou à luta pelos direitos dos povos indígenas, sobretudo pela valorização das mulheres. Filha do povo Potiguara, Eliane Lima dos Santos nasceu na capital do estado do Rio de Janeiro, no ano de 1950, no seio de uma família indígena desaldeada (sua avó e tias foram desalojadas das terras ancestrais na Paraíba).

O convívio com a matriarca indígena parece ter sido determinante para a definição do projeto de escrita de Eliane Potiguara. A constituição da narradora e dos princípios éticos e morais norteadores de sua trajetória como intelectual, mulher e militante pelos direitos dos povos e das mulheres indígenas foram sendo gestados a partir do reconhecimento das tradições e dos valores de sua cultura ancestral e, sobretudo, do reconhecimento da luta desvelada pelas entrelinhas das histórias e pelas lágrimas da anciã potiguara.

Mais tarde, Eliane Potiguara ingressou no movimento de luta e resistência indígena e, com o intuito de que seu trabalho ganhasse mais visibilidade, passou a investir na utilização de recursos das mídias tecnológicas: administrar grupos, blog e páginas na internet para divulgar, em ambiente virtual, não apenas o seu trabalho, mas também a produção literária e artística, em amplo sentido, dos intelectuais e artistas indígenas ameríndios.

Assim, Potiguara se firmou como uma das primeiras porta-vozes das mulheres indígenas, em favor das quais criou e administra o Grupo Mulher – Educação Indígena e Rede de Comunicação Indígena (Grumin[1]), um espaço virtual, público e democrático, receptivo a denúncias, notícias, notas, releases e matérias jornalísticas sobre desrespeitos aos direitos dos povos originários. O conjunto de sua obra traduz a complexidade da trajetória de intelectual militante, cuja atuação de amplo alcance a consolida como uma das precursoras da literatura contemporânea de autoria indígena, no Brasil.

Em termos bibliográficos, as principais publicações de Eliane Potiguara são: A Terra é a Mãe do Índio (1989); Akajutibiró: terra do índio potiguara (1994); Metade Cara, Metade Máscara (2004); Sol do Pensamento (2005), e-book; O coco que guardava a noite (2012); O Pássaro Encantado (2014); A Cura da Terra (2015); e diversas antologias, nacionais e internacionais. É possível acessar o site oficial da escritora clique aqui.







LIVROS & ENCANTAMENTOS: "PECCATUM", DE CHRIS HERRMANN, POR ROBERTA GASPAROTTO

 



Encantamentos/01

Para ouvir a versão podcast clique AQUI.

"Durante a missa, Carolina percebeu novamente os olhares cortantes vindos das carolas nos bancos da fileira oposta a deles. Já não conseguia prestar atenção à Homilia. Perguntava-se se aquelas mulheres sabiam de seu romance secreto com Teresa (...) Ao término da missa, as famílias voltaram a se reunir em frente à paróquia. As flechas que a furavam se intensificaram e Carolina sentiu vontade de fugir dali. Ela agora estava certa de que elas sabiam de tudo, embora não compreendesse como. Os pingos de chuva que começavam a cair lhe pareceram a salvação..."

                                                                  (Peccatum, de Chris Herrmann)

 

Se você, assim como eu, gosta de uma narrativa ágil e, ao mesmo tempo, atenta a detalhes, lhe aconselho a ler o livro “Peccatum”, da escritora e poeta Chris Hermann, lançado pela editora Arribaçã.

Trata-se da história de amor entre duas mulheres. Carolina, a personagem principal, é casada com um militar que lhe dá pouca, ou nenhuma, afeição. Extremamente religiosa, ela vive esse amor por Teresa repleta de sentimentos de anseio, culpa e ambiguidades.

Peccatum se inicia na época da ditadura e termina em meados dos anos noventa. Apesar de não ser o foco do livro, toda a trama perpassa e dá pinceladas certeiras sobre esse período turbulento da história do nosso país.

Ao final da leitura, Chris Herrmann nos presenteia com uma escrita leve e com ótimo toque de humor. Peccatum é daqueles livros para a gente refletir, e também, para a gente se deliciar. Quer mistura melhor?

Chris Herrman é carioca, radicada na Alemanha desde 1996, escritora, poeta, musicista, editora da "Revista Ser MulherArte", tradutora, webdesigner. É pós-graduada em Musikgeragogik na Alemanha. Organizou e participou de diversas antologias de poesia no Brasil e no exterior. É autora dos livros de poesia "Voos de Borboleta", "Na Rota do Hai y Kai", "Gota a Gota", "Cara de Lua", dos romances "Borboleta — a menina que lia poesia" e "Peccatum" e "Entre Amoras e Amores" (minicontos).

Para aquisição de livro(s), entre em contato com a autora clicando aqui.





sábado, 26 de dezembro de 2020

CATÁLOGO LITERÁRIO: SAGA CIBERNÉTICA DE 2020, POR MARTA CORTEZÃO


 CATÁLOGO LITERÁRIO/01

Por Marta Cortezão


        Que 2020 tem sido um ano de muitas dificuldades para muitos é inegável, porém, dentro de um sem-fim de limitações e tristezas vividas, foi possível, no meu caso, através da literatura e das várias manifestações artísticas, reinventar-me durante estes largos meses de quarentena. Hoje, 26/12/20, enquanto escrevo, os jornais espanhóis anunciam que estamos atravessando a terceira onda pandêmica. Para não deixar os pensamentos negativos apoderarem-se de mim, escrevo. Desta vez, o primeiro texto do recém criado blog “Feminário Conexões”, como forma de dar continuidade aos projetos literários executados com a ajuda de uma legião de amigos e amigas que as redes sociais, de abril até dezembro, proporcionaram-me.  

        Precisamente aos dez dias de abril de 2020, na primeira onda da pandemia, iniciei o projeto “Existe uma Literatura no Amazonas”, em parceria com a Drª em Poética e Hermenêutica, professora e crítica literária Lourdes Louro, onde falamos sobre a Literatura Brasileira produzida no Amazonas. Foi uma aventura, porque começávamos do "marco zero" em relação à produção de conteúdos para as redes sociais e fomos aprendendo uma na companhia da outra.

        Nestas lives, que aconteciam todas as sextas-feiras, em meu perfil do Facebook, passamos em revista vários autores/as, dos vários gêneros literários, que compõem o quadro da Literatura Brasileira produzida no e/ou sobre o Amazonas: no conto: Arthur Engrácio (20 conto amazônicos – 1986 / Edições Puxirum),  Erasmo Linhares (“O Tocador de Charamela” – 1995 / UA, “O Navio e outras estórias” – 1999 / Editora Universidade do Amazonas); no romance: Rogel Samuel (“O Amante das amazonas” – 2005 / Editora Itatiaia), Paulo Jacob (“Chuva Branca” – 1968 / Gráf. Récord), Alberto Rangel (“Inferno Verde” – 2001 / Valer) e Milton Hatoum (“Cinzas do Norte” – 2015 / Companhia de Bolso, “Dois Irmãos” e “Relato de um certo Oriente”– 2008 / Companhia de Bolso); na poesia: Alcides Werk (“Trilha d’Água” – 1985 / Casa madrugada Editora), Elson Farias (“Balada de Mira-Anhanga e outras aparições” – 1993 / Livraria Brasileira), Thiago de Melo (“Silêncio e Palavra” – 2001 / Valer), Isaac Ramos (“Teias e Teares – 2014 / Carlini&Caniato Editorial), Kenedi Azevedo (“O Corpo em Poesia” – 2017 / Letra Capital Editora) e Marta Cortezão (“Banzeiro Manso – 2018 / Porto de Lenha Editora); na crônica: José Aldemir de Oliveira (“Crônicas de Manaus – 2011 / Editora Valer; “Crônicas da minha (c)idade – 2017 / Extra Capital Editora), Max Carphentier, com a participação da pesquisadora Drª Auriclea Neves (“O Sermão da Selva” – 1995 / Valer) e ainda um episódio especial para análise da figura feminina nas obras ficcionais do ciclo da borracha de algumas obras que tinham como ambientação os seringais da Amazônia.

     Enquanto isso, lá pelo meu IG @martacortezaopoeta, no Instagram, todas as quartas-feiras, aconteciam inúmeros encontros nos bate-papos virtuais e, por lá, passaram escritores/as, poetas, professores/as, ensaístas, músicos, profissionais da área da saúde, ativistas, enfim, uma aquarela pintada nas cores da diversidade humana que me manteve acesa a chama de amor pela literatura. Foi um total de dezenove entrevistados e trinta entrevistadas: Lourdes Louro (Ensaísta/AM), Dijaik Nery (Professor/AM), Ana Dietmüller (Escritora/AT), Franciná Lira (Escritora/AM), Orange Cavalcante (Cineasta/AM), Sabrina Dalbello (Escritora/RS), Eva Marques (Esportista/MG), Dra. Tássia Cortezão (Fisioterapeuta/AM), Onison Lopes (Professor/AM), Giselle Mendes (Professora/ES), Renato Pessoa (Escritor/Poeta/CE), Marcio Ruzon (Ativista dos Direitos Humanos/BSB), Mailson Furtado (Escritor/Poeta/CE), Patricia Noronha (Escritora/AM), Odenildo Sena (Escritor/PT), Iraildes Caldas Torres (Professora/Pesquisadora/AM), Dra. Neila Bessa (Veterinária/AM), Zemaria Pinto (Ensaísta/Escritor/AM), Mell Renault (Escritora/MG), Sidnei Manoel Ferreira (Blog Tabacaria/SC), Luiza Cantanhêde (Poeta/Escritora/PI), Mª Luiza Brasil (Escritora/AM), Valéria Menezes (Professora/AM), Andrea Dore (Professora/AM), Veronica Schell (Jornalista/AT), Elvis Braga (Ilustrador/AM), Paula Laranjo (escritora/PT), Fabio Di Ojuara (Escultor/RN), Silvia Grijó (Poeta/AM), Alves dos Santos (Escritor/PT), Sandra Maciel (Escritora/CE), Carlos Almir Ferreira (Poeta/AM), Carina Oliveira (Pedagoga/Ativista/RJ), Terezinha Malaquias (Artista multimídia/Escritora/GER), Myriam Scotti (Escritora/AM), Nídia Braga (Professora/GO), Ana Peixoto (Escritora/AM), Nathan Sousa (Escritor/PI), Márcia Dias (Professora/Escritora/RO), Celdo Braga (Músico/AM), Cefas Carvalho (Escritor/Jornalista/RN), Rita Queiroz (Escritora/Poeta/BA), Patricia Cacau (Poeta/CE), Antônio Norte (Escritor/AM), Sandra Ramos (Blog Escrevinhar/PT), Simon Oliveira (Escritor/RO), Giele Santos (Cronista/AM), Adriana Mayrinck (Editora em In-Finta/PT) e Paulo Rodrigues (Escritor/MA).

Dando continuidade à saga de lives, iniciei o projeto “Tertúlias Virtuais”, dia 13/08/2020, que ia ao ar todas as sextas-feiras, no meu perfil do facebook marta.cortezao e no canal no YouTube “Banzeiro Conexões”. O projeto “Tertúlias Virtuais” surge com o objetivo de reunir escritoras e poetas de diversos lugares do mundo, a fim de divulgar a produção literária destas autoras, através de leituras partilhadas. Atualmente, as “Tertúlias Virtuais” têm parceria com a Revista Ser MulherArte (direção editorial de Chris Herrmann). Lá iniciamos uma coluna homônima para falar destes gratos encontros que a Poesia veio nos presenteando, assim como da poética destas autoras da literatura contemporânea que se movem pelas redes sociais.

Realizamos dezesseis episódios, todos disponíveis no canal do YouTube Banzeiro Conexões, por onde passaram sessenta poetas e escritoras. Subscrevo abaixo o catálogo de nossas tertúlias realizadas em 2020:

1. Tertúlia Virtual: Vozes Poéticas. Poetas convidadas: Sabrina Dalbelo (RS), Rita Queiroz (BA), Sandra Godinho e Myriam Scotti (AM);

2. II Tertúlia Virtual: A Poética da Sororidade. Poetas convidadas: Maria Júlia Lobo (AM), Luiza Cantanhêde (PI), Fernanda Caleffi Barbetta (EUA) e Érica Azevedo (BA);

3. III Tertúlia Virtual: Um Passeio pelo Feminino Poético. Poetas convidadas: Luciene Carvalho (MT), Márcia Dias (RO), Patricia Cacau (CE) e Paula Valéria Andrade (SP);

4. IV Tertúlia Virtual: A Poética que me Toca e me (Des)veste. Poetas convidadas: Andréa Mascarenhas, Lia Sena (BA), Rosana Crispim da Costa (IT) e Tati Vidal (AM);

5. Tertúlia Virtual: Fiando Interseções PoéticasPoetas convidadas: Paula Laranjo (PT), Terezinha Malaquias (GER), Beatriz H. Ramos Amaral (SP) e Herô Hicken (SC);

6. VI Tertúlia Virtual: Voos Poéticos por Asas Femininas. Poetas convidadas: Iraildes Caldas Torres, Mayanna Velame (AM), Vânia Alvarez (PA) e Helena Arruda (RJ);  

7. VII Tertúlia Virtual: Feminário Poético & Intimismos. Poetas convidadas: Chris Herrmann (GER), Mell Renault (MG), Janete Manacá (MT) e Roberta Gasparotto (BSB);

8. VIII Tertúlia Virtual: A Poética que Roça os Sentidos. Poetas convidadas: Eliana Castela (AC), Jeovânia P. (PB Divanize Carbonieri e Diná Vicente (MT);

9. IX Tertúlia Virtual: Vozes e Olhares de uma Poética do Feminino. Poetas convidadas: Jalna Gordiano, Guataçara Silva (AM), Maria Elizabete N. Oliveira (MT) e Vania Clares (SP);

10. Tertúlia Virtual: Inquietudes Poéticas & As Múltiplas Faces de Afrodite. Poetas convidadas: Silvia Grijó (AM), Wanda Monteiro (PA), Maria Ligia Caviglioni (MT) e Verônica Oliveira (CE);

11. XI Tertúlia Virtual: Poesia e Empoderamento Feminino. Poetas convidadas: Francis Mary (AC), Felicidade Guerreiro (PT), Lucirene Façanha (CE) e Mary Paes (Macapá);

12. XII Tertúlia Virtual: Epifanias Poéticas. Poetas convidadas: Tatiana Leonel, Danieli Tavares (SP), Heliene Rosa (MG), Mayne Silva (BA) e Rita Queiroz (participação especial/BA);

13. XIII Tertúlia Virtual: Tessituras & Humanidades Poéticas. Poetas convidadas: Márcia Machado (MT), Cida Ajala (SP), Maria do Carmo Silva (BA), Hydelvídia Correa (AM) e Maria Elizabete N. Oliveira (participação especial/MG);

14. XIV Tertúlia Virtual: pelas Trilhas do Fazer Poético. Poetas convidadas: Rosilene Oliveira (SP), Tatiane Silva Santos (MT), Lucilaine de Fátima (MG), Giele Santos (AM) e Vânia Alvarez (participação especial/PA);  

15. XV Tertúlia Virtual: Poemário Feminino para Aljavas. Poetas convidadas: Marlene Queiroz (MT), Eva Potiguar (RN), Laís Fernanda Borges (AM), Lindevania Martins (MA) e Vânia Alvarez (participação especial/PA);

16. XVI Tertúlia Virtual de Natal: A Poética Do Aconchego. Poetas convidadas: Chris Herrmann (GER), Janete Manacá (MT), Roberta Gasparotto (BSB), Rita Queiroz (BA), Patricia Cacau (CE), Vânia Alvarez (PA).

        Desta forma, o Blog “Feminário Conexões” surge com o propósito de dar continuidade à divulgação da literatura e das artes, de modo geral, feita por mulheres e/ou onde elas sejam as protagonistas, a fim de montar um catálogo abrangente e de profundidade, com as autoras contemporâneas que se movem pelas redes sociais. Serão também muito bem-vindos escritores, poetas, ensaístas, pesquisadores que conosco queiram colaborar para falar desta Literatura do Feminino. Portanto, quem quiser contribuir com este projeto, de forma voluntária, entre em contato pelo e-mail martabartez@gmail.com.

 

“O voo só pode ser pleno quando em bando.” 

(Marta Cortezão)

Feminário Conexões, o blog que conecta você!

UMA CARTOGRAFIA DA ESCRITA DE MULHERES: ENTREVISTA COM LINDA BARROS, POR GABRIELA LAGES VELOSO

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