Nos dias 13, 14 e 15 de janeiro acontece o 2º Festival
Literário Enluaradas (II FLENLUA/2023) para celebrar o lançamento coletivo da Coletânea
Enluaradas III: I Tomo das Bruxas: do Ventre à Vida, coletânea que encerra a
Trilogia Enluaradas. A transmissão será realizada pelo canal Youtube Banzeiro Conexões.
Acompanhe nossa programação nos links abaixo:
13/Jan/SEXTA-FEIRA - Abertura - 14h (Brasília) - 18h (Madri): https://youtu.be/4S0CetPIBng
13/Jan/SEXTA-FEIRA - Mesa 1 - 17h (Brasília) - 21h (Madri): https://youtu.be/m7dad6Xs1Yc
14/Jan/SÁBADO - Mesa 2 - 10h (Brasília) - 14h (Madri): https://youtu.be/zXX0OfTHSsc
14/Jan/SÁBADO - Mesa 3 - 13h (Brasília) - 17h (Madri): https://youtu.be/yuiOjXYzO38
14/Jan/SÁBADO - Mesa 4 - 15h (Brasília) - 19h (Madri): https://youtu.be/H0eA2hFHXUg
14/Jan/SÁBADO - Mesa 5 - 18h (Brasília) - 22h (Madri): https://youtu.be/qVnSnseWhKQ
15/Jan/DOMINGO - Mesa 6 - 13h (Brasília) - 17h (Madri): https://youtu.be/mIl-PBAphCo
15/Jan/DOMINGO - Mesa 7 -15h (Brasília) - 19h (Madri): https://youtu.be/p3MNiVOmQJw
15/Jan/DOMINGO - Desfecho - 18h (Brasília) - 22h (Madri): https://youtu.be/yQr0F3X5Z9U
Para ver as postagens dos cards, clique AQUI.
O Projeto Enluaradas iniciou suas atividades
literárias quando publicou seu primeiro edital em janeiro de 2021, convocando escritoras
e poetas para divulgar e promover a escrita de autoria feminina contemporânea. Este
primeiro momento suscitou uma série de encontros virtuais entre autoras e o
surgimento de inúmeros projetos individuais que foram se entrelaçando nesses
encontros virtuais para logo resultarem em outros novos projetos.
Durante a primeira coletânea Se Essa Lua Fosse Nossa, fomos nos dando conta da importância do projeto que cada vez mais assumia características de um movimento literário em crescente atuação. Na segunda coletânea Uma Ciranda de Deusas, o movimento continuou suas ações literárias virtuais voltadas para pensar e repensar o “fazer poético” como tantas vezes nomeamos nas discussões abordadas nos encontros virtuais do Nas Teias do Poema. No texto escrito para o Nas Teias Do Poema II: das escrevivências que nos habitam, eu trazia para discussão alguns questionamentos:
Pensar as teias do “fazer poético” é também refletir sobre os abismos que habitam nossas escrevivências (termo criado por Conceição Evaristo para referir-se à sua literatura) que aqui tomamos de empréstimo, a suas devidas proporções, a fim de falar de como nós, autoras contemporâneas do
coletivo Enluaradas, vivenciamos o duplo processo de nossa escritura: a vida
que cada uma escreve com base em suas vivências, e a forma como o mundo se
abre/apresenta a cada uma de nós através de outros olhares e suas particularidades. Que escrevivências se manifestam nestas teias? Que versos conectarão
estas teias de cada “fazer poético”? Há um novelo interno que alimenta estes
teares? (Marta Cortezão, 23/07/2021)
Foram encontros muito produtivos que nos fizeram pensar sobre
que lugar, nós mulheres, pretendíamos seguir ocupando: se a daquela que
escreve e esconde tudo na gaveta por vergonha do que “fiscais da crítica
literária” venham a dizer, ou se daquela que se assume escritora e se responsabiliza
por pensar sobre a própria escrita literária, sem esperar suposta “aprovação” de quem
se diga ou se assuma capacitado para tal função.
E, por fim, nossa terceira coletânea que integra esta
Trilogia Enluaradas, o I Tomo das Bruxas: do Ventre à Vida. Nesta produção,
avançamos ainda mais no que já vínhamos realizando, no que diz respeito ao
movimento literário. É notório que nossa escrita tornou-se mais robusta, pois
nossa autoestima se fortaleceu durante o processo de dialética da caminhada
literária, apesar dos tropeços e das muitas dificuldades do trajeto. “Eis nossa
poção mágica: outrar-se para poetizar a vida”, afinal “já não somos aquele ser de
tanta estranheza, aquele ‘gato sem rabo’ de outrora, porque a poética
metamorfose nos permitiu ser a loba que corre desejosa de juntar-se às outras
lobas”[1]. Saímos da nossa zona de
conforto, mergulhamos na nossa História, abraçamos nossa ancestralidade e toda a
força sagrada que nos faz sujeitos ativos, a fim de contribuir para a crescente
visibilidade da escrita de autoria feminina contemporânea do século XXI. O I
Tomo das Bruxas: do Ventre à Vida, em seu primeiro capítulo, destaca as “três
condições necessárias para a Liberdade: meu Corpo, minhas Normas, meu Templo
Sagrado”; é o corpo a matéria fundamental de compreensão dos espaços público e
privado e de seus inúmeros papéis que assume dentro de uma determinada sociedade.
Nesse apartado da coletânea, erguemos as vozes, em coro, para deixar claro que
somos conscientes da historicidade contida em nossos corpos, uma historicidade “física,
estética, política, ideal e material”, capaz de desconstruir “as idades da
vida, as aparências (com destaque para os cabelos, evidências nítidas dos
códigos sociais envolvidos nas construções do feminino), o sexo, a maternidade
e a submissão (repressões, estupros coletivos e “institucionalizados”, prostituição,
assédio sexual, violência doméstica).” (PERROT, 2007;10).
Gerda Lerder, em seu livro A criação do Patriarcado[2],
nos alerta sobre a importância de conhecer sobre a História de Mulheres, e observa
o seguinte:
o sistema patriarcal só funciona
com a cooperação das mulheres, adquirida por intermédio da doutrinação,
privação da educação, da negação das mulheres sobre sua história, da divisão
das mulheres entre respeitáveis e não respeitáveis, da coerção, da
discriminação no acesso a recursos econômicos e poder político, e da recompensa
de privilégios de classe dada às mulheres que se conformam. As mulheres
participam no processo de sua subordinação porque internalizam a ideia de sua
inferioridade. Como apontou Simone de Beauvoir: “o opressor não seria tão forte
se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.
A afirmação de Gerda Lerder vem dialogar com o que diz
bell hooks, no livro O feminismo é para todo mundo[3],
quando esta, no capítulo A sororidade ainda é poderosa, afirma que
A sororidade feminista está
fundamentada no comprometimento compartilhado de lutar contra a injustiça
patriarcal, não importa a forma que a injustiça toma. Solidariedade política
entre mulheres sempre enfraquece o sexismo e prepara o caminho para derrubar o
patriarcado. É importante destacar que a sororidade jamais teria sido possível
para além dos limites de raça e classe se mulheres individuais não estivessem
dispostas a abrir mão de seu poder de dominação e exploração de grupos
subordinados de mulheres. Enquanto mulheres usarem poder de classe e de raça para
dominar outras mulheres, a sororidade feminista não poderá
existir por completo.
É evidente que a saída é a solidariedade política entre mulheres, é o que o Enluaradas tem perseguido sempre em todas as suas ações literárias. Somos conscientes também que é preciso dialogar sobre
as teorias feministas sem os velhos estereótipos criados pelo patriarcado, os
quais achincalham e inferiorizam a luta das mulheres. É urgente entender como
reproduzimos o sistema patriarcal, e como reforçamos sua doutrina. Estamos em desconstrução,
e precisamos manter todos os sentidos à flor da pele. Avante, poetas!
TODOS OS E-BOOKS DAS COLETÂNEAS PODEM SER ENCONTRADOS AQUI.
[1] Prefácio. Coletânea
Enluaradas I: Se Essa Lua Fosse Nossa. Marta Cortezão, Patrícia Cacau
(Org.). Duisburg (NRW-Alemanha): Ser MUlherArte Editorial, 2021, 381 p.
Que felicidade estar presente nesse evento 😍
ResponderExcluirVerdade, Carollina,é uma grande felicidade poder dividir mesa e bons momentos de celebração com tantas poetas queridas e admiráveis. Bj
ExcluirMaravilhoso evento que enriquece a literatura brasileira contemporânea.
ResponderExcluirEstamos todas animadas por este encontro!👏🏽⚘️👏🏽
ExcluirNossa! Ainda em extase alegria, participar desse Festival! Que poder, tem as mulheres unidas, em prol de uma causa tão nobre: a própria mulher!!!
ResponderExcluirEste lindo Projeto que culminou com este magnífico Lançamento é o resultado de um grande empenho e dedicação sua Marta, que incansavelmente nos reúne, acolhe e incentiva a prosseguirmos poetizando. Parabéns! Avante sempre!
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