Catálogo Virtual Literário do Feminino

sexta-feira, 30 de abril de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|36




Momento com Gaia/36



Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



Para ouvir o PODCAST clique AQUI. 


Resistir e florescer 


hoje o sol pediu licença

para brincar dentro de mim

e transmutar a melancolia


meu corpo agora é brasa

a incendiar a apatia

e ser fogo purificador


incandescente tocha noturna

a velar o sofrimento da terra

que virou moeda de troca


vejo pessoas caminhando

em direções opostas

devastando tudo sobre o solo


perfuraram as verdes artérias

provocaram vandalismos

agora a floresta agoniza

 

as águas choram convulsivamente

pelos secos leitos dos seus rios

que um dia saciou a sede dos filhos


o sol agora segura a minha mão

com um cálido abraço revigora o meu ser 

para enfim, resistir e florescer






quarta-feira, 28 de abril de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|35




Momento com Gaia/35



Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



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Lentes rosadas


Para Niva Fonseca


para não poluir sua alma

criou a lente da felicidade

com paleta de tons variados 


não podia macular a grandeza

que em seu corpo guardava

então usava suas lentes rosadas


tanto desconforto planetário

ódio tomando força

maldade alvoraçada


protegeu-se na utopia

vestiu-se de raios de sol

saiu espalhando alegria


queria apenas ser no mundo

livre do tédio do tom pastel

distante da abominável normalidade


muito longe da santidade

com sua visão ampliada 

estava imune a hipocrisia


mal sabia quem lhe criticava

que sua ação aventurada

era um ato de amor que a nutria




terça-feira, 27 de abril de 2021

Leitura de Lâminas da Mãe Terra para os Ciclos Lunares

 



(Lua Cheia de Touro, a Lua de Buda, Wesak, de 27/04 a 02/05)/11


Por Ana Luzia de Oliveira


Sobre o Oráculo Lâminas da Mãe Terra


As Lâminas da Mãe Terra são um oráculo formado por frequências que foram intuídas, apresentando-se em imagem, nome e funcionalidade, representados por Ana Amélia Moura, Ana Luzia Oliveira e Neysi Oliveira, em processo de canalização. 


Suas cartas podem ser interpretadas por seus significados arquetípicos e, também, podem ser tomadas por frequências que nos auxiliam naquilo a que se propõem ativamente.



Sua leitura destina-se a fins terapêuticos e de autoconhecimento, para ampliar a consciência das dinâmicas que existem em nossas vidas e dos recursos que temos para solucionar as questões que se apresentam.

 

A Lua Cheia de Buda está sobre nós e nos abençoa com sua prosperidade!

  



Cadeado. É curioso pensar que neste período da auspiciosa Lua Cheia de Touro, em que o Universo nos favorece para receber dádivas, a carta que sai como nosso desafio é o Cadeado, que fecha caminhos. Porque achamos que prosperidade é ter tudo que queremos, mas a sabedoria universal nos mostra que não é bem assim. Dentro de uma teia maior em que é tecida a nossa história, junto com as demais pessoas que estão à nossa volta, as bênçãos, às vezes, vêm no fechamento de situações que não seriam boas para nós. Não vemos isso, vemos apenas o NÃO e nos lastimamos pela perda. Desafiador é sermos gratos pelo que não temos, o que perdemos, o que nos foi negado, confiando que na visão maior, que não somos capazes de perceber, aquilo é o melhor que poderia nos acontecer.

 

E qual seria a maior bênção que poderíamos dar e receber pelas negativas que a vida nos impõe?

 

Violeta. Ah, como essa linda menininha tem muito a nos ensinar! Perdão é a mensagem que Violeta nos traz como a maior bênção do Universo. Quantos significados pode ter o perdão em nossa vida. Esquecimento, reconciliação, aceitação. Não importa como o vemos, não importa como o perdão reverbera em nós, perdão é sempre libertação e liberação. É a nossa capacidade de seguir em frente sem o peso que nos prende a uma dor. Perdoar o outro e perdoar a nós mesmos é a grande bênção que nos leva a novos caminhos que se abrem, em vez de ficarmos batendo em portas que estão fechadas, machucando nossas mãos e perdendo nosso tempo. Neste período, em que essa Lua Cheia especial nos cobre de amor, conceda e aceite um perdão, não importa qual seja. Liberte-se e libere alguém ou algo que já não precisa estar em sua vida, marcando suas lembranças com dor. Permita-se a cura!

 

Aho Mitakwye Oyassin! Obrigada por todas as minhas relações, Ana Luzia Oliveira.

 


quinta-feira, 22 de abril de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|34

 

Momento com Gaia/34



Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



Para ouvir o PODCAST clique AQUI. 


Até a próxima Lua

Para Lilo Clareto


os olhos do mundo se apagaram

cansou de registrar tragédias

partiu, foi fotografar o firmamento


ficou um essencial legado

de quem nos ensinou a enxergar

defender, ter esperança e denunciar


com certeza sentiremos saudades

do amor, da justiça e da sensibilidade

do guardião que denunciou a irracionalidade


o  universo chora a sua ausência

a sua poética e memorável presença

o sol humano que tanto nos contagiou


ficou o triste canto das aves

o choro oprimido da ancestralidade

e infelizmente o ruído da destruição


sei que seu ofício continua

fotografar o outro lado da vida

e será muito bem recebido


aprendemos muito contigo

por isso a luta continua

vá em paz e até a próxima lua




terça-feira, 20 de abril de 2021

Leitura de Lâminas da Mãe Terra para os Ciclos Lunares

 



(Lua Crescente, de 20/04 a 26/04)/10


Por Ana Luzia de Oliveira


Sobre o Oráculo Lâminas da Mãe Terra


As Lâminas da Mãe Terra são um oráculo formado por frequências que foram intuídas, apresentando-se em imagem, nome e funcionalidade, representados por Ana Amélia Moura, Ana Luzia Oliveira e Neysi Oliveira, em processo de canalização. 


Suas cartas podem ser interpretadas por seus significados arquetípicos e, também, podem ser tomadas por frequências que nos auxiliam naquilo a que se propõem ativamente.



Sua leitura destina-se a fins terapêuticos e de autoconhecimento, para ampliar a consciência das dinâmicas que existem em nossas vidas e dos recursos que temos para solucionar as questões que se apresentam.

 

Crescente, como a Lua, é hora de ação!

  



Espírito. Quando a vontade do Universo parece contrariar a nossa só de brincadeira, o desafio é acreditar que continuamos amparados pela espiritualidade em que acreditamos. Esta carta nos fala do mundo imaterial, de tudo aquilo que não vemos, mas está presente, da nossa Fé. E como é difícil mantê-la se as coisas não vão como a gente gostaria. Forças contrárias e apoiadoras estão ao nosso redor o tempo todo e, como em um cabo de guerra, ora pendemos para um lado, ora para o outro. Se queremos mudar a direção para qual estamos indo, mais do que nunca é preciso acreditar, reforçar nossas intenções àqueles que nos apoiam e, principalmente, devemos agir!

 

Como caminhar em um chão que parece ruir?

 

Pé no Mundo. Precisamos reunir a energia que nos resta. Se parece que não a temos para toda a jornada, que concentremos o que está disponível para o primeiro passo. Sim, um passo de cada vez, firmando bem o pé antes de dar o próximo. Não é preciso correr, nem chegar no fim, de imediato. É preciso recuperarmos nossa firmeza, nossa força, nossa fé, em nós mesmos e naqueles que incansavelmente estão ao nosso lado. No nosso próprio ritmo, cada movimento na direção do caminho que queremos tomar conta e muito. A caminhada só depende de você, apesar dos desafios que possam advir. Porque há de vir também o auxílio que precisamos na hora que necessitamos, mas é preciso sintonizar, nossas intenções, nossas ações e nossa fé em um dos lados de guerra, para não sucumbirmos ao outro. Força e fé, em um passo de cada vez, aproveite para viver o agora em um mundo de impermanência!

 

Aho Mitakwye Oyassin! Obrigada por todas as minhas relações, Ana Luzia Oliveira.

 


MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|33




Momento com Gaia/33



Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



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A benzedeira


sua bíblia era a prática

de sempre estender os braços

acolher com o coração


sua caridade era o poder amoroso

de benzer com a força da oração

por três dias antes do sol se pôr


num resumido vocabulário

repetia por várias vezes

algumas palavras indecifráveis


com suas frágeis e lentas mãos

abrigada entre a flácida pele

movia em formato de cruz


sobre a chapa quente do fogão

havia sempre um velho bule de chá

de camomila ou erva doce


e para fortalecer os fios da vida

que lutavam contra as mazelas

contava com as mulheres da terra


diante de tão sagrado cuidado

ela aliviava os pesados fardos

de corpos delicados, cansados




quinta-feira, 15 de abril de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Autoria"

 



 EMPOEMESE/08


Para ouvir o podcast, clique AQUI.


Autoria

 

De frente ao espelho,

outras caminham em mim.

Desajeitada,

tento me recompor.

Alucinação?

Delírio?

Fantasia?

Miragem?

Sonho?

Volto a mirar-me...

Cada uma em um caminho,

feito Hera

com sua ferradura de sonhos.

Fecho os olhos,

miragem de uma figura entrecortada,

baixa definição.

No espelho, agora, só o vácuo,

recorte de um corpo inerte,

vazio, sem essência.

Alucinação?

Volto a mirar-me...

E me vejo pelo espelho.

Há outras presas em mim,

multidão de mulheres invisíveis,

perdidas em labirintos,

ilusória a nitidez,

projetada no espelho.

Almas presas em mim agonizam.

Volto a mirar-me...

Cacos de espelhos,

imagens múltiplas,

eu com fardos de outras humanidades.

O espelho é um retrato descrente

de um eu sintetizado.

Em mim pulsam vidas alheias,

imagem recortada de um pré-moldado.

Fantasia?

Volto a mirar-me...

O espelho não me cabe,

é um falso moralista.

Há outras faces ocultas

vivendo dentro de mim.

Nesta imagem postiça projetada no espelho

nunca vou me encontrar.

Miragem?

Volto a mirar-me...

Este espelho social

não detém a liquidez.

Carrego outras mulheres

feridas de mortes com simples beliscaduras.

Meu espelho é marginal.

Acordo com os acordes do sol

(inexpugnavelmente).

Miro os meus caminhos de pedras,

cacos de nós no espelho.

Sonho?

Não!

Uma imagem autoral.


(Livro: Asas do inaudível em luzes de vaga-lume/2019)






MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|32



Momento com Gaia/32



Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



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No rancho

Ao ator e dramaturgo Carlinhos Ferreira


o rancho hoje é seu refúgio

trocou o ruído urbano

pela paz da natureza


cada tijolo da construção

edifica lendas e segredos

com o toque de suas mãos


preserva as plantas do cerrado

celebra o desabrochar de cada flor

e alimenta os pequenos saguis


segue os passos de Francisco

que amava todas as vidas

e respeitava os seus habitats


cria os seus próprios vasos

com materiais reciclados

para abrigar outras sementes


de manhã o sol bate a sua porta

como um guardião solidário

para oferecer a sua companhia 


de noite com a janela entreaberta 

a lua seus cabelos acaricia

e o vento brando seu sono vigia




terça-feira, 13 de abril de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|31


Momento com Gaia/31


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



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Alma outonal


sentada sobre as folhas 

debaixo de uma árvore seca

observo a nublada solidão


não há barulho de vento

nem pássaro no firmamento

nem ruído de pensamento


parece que o mundo parou

nesse infinito instante

diante da minha presença


com a indiferença do sol

as coisas a minha volta

já não  fazem diferença


sinto-me presa num papel 

dentro de uma foto sépia

registrada sem nenhum rigor


na sabedoria do outono 

paisagem, espera, partida

hora de recomeçar nova vida


não sei onde está a razão 

mas sei que o meu coração

dorme na paz desse chão




domingo, 11 de abril de 2021

Leitura de Lâminas da Mãe Terra para os Ciclos Lunares


 

(Lua Nova, de 11/04 a 19/04)/09


Por Ana Luzia de Oliveira


Sobre o Oráculo Lâminas da Mãe Terra


As Lâminas da Mãe Terra são um oráculo formado por frequências que foram intuídas, apresentando-se em imagem, nome e funcionalidade, representados por Ana Amélia Moura, Ana Luzia Oliveira e Neysi Oliveira, em processo de canalização. 


Suas cartas podem ser interpretadas por seus significados arquetípicos e, também, podem ser tomadas por frequências que nos auxiliam naquilo a que se propõem ativamente.

  


Sua leitura destina-se a fins terapêuticos e de autoconhecimento, para ampliar a consciência das dinâmicas que existem em nossas vidas e dos recursos que temos para solucionar as questões que se apresentam.

 

E a Lua se reNova! 

 E nos chama para a renovação daquilo que já está pronto em nós para ir, preservando-se o que é essencial.

 


Mandacaru. O cacto está protegido pelos espinhos, mas conserva o coração intacto no interior. Podemos enfrentar as situações que nos desafiam e as pessoas que nos magoam com todos os recursos que possuímos, mas devemos ficar atentos para que o nosso coração se preserve e não percamos nossa essência. ReNovar é uma escolha entre tudo o que queremos manter e aquilo que devemos deixar ir para que o novo tenha espaço para chegar. E na luta contra o que queremos enfrentar, devemos ter cuidado para que não nos tornemos nossos próprios antagonistas. Posicionar-se é importante, o bom combate é saudável, mas a sustentabilidade é essencial, tanto do nosso próprio ser, como do ambiente em que queremos viver. Tenhamos cuidado com os nossos próprios espinhos.

 

O que fica? O que vai? O que vem?

 

Desapego. Não temos a maior parte dessas respostas, por isso temos que nos ater apenas ao que podemos fazer, para não nos perdermos em delírios, nem criarmos fantasmas que nos atormentem. O primeiro olhar deve ser sempre para o que realmente importa, a essência sem a qual nos desfiguramos. O restante é prescindível. Toda a vida à nossa volta se reconstrói diariamente. Se há perda e morte em algo que vai, há ganho e vida no novo que chega. Este é o ciclo da vida, da natureza e do Universo e lutar contra ele só nos desgasta. Desapegar não é se livrar da essência e, sim, deixar desprender aquilo que a deturpa. Abrir mão de controlar o resultado é talvez o maior desapego que experimentamos. E a descoberta de que não temos respostas para tudo é o desafio do autoconhecimento e do curso da vida. Entreguemo-nos ao fluxo do ir e vir da Energia Universal confiantes apenas que a nossa essência será preservada em nossos corações!

Aho Mitakwye Oyassin! Obrigada por todas as minhas relações, Ana Luzia Oliveira.

 


sábado, 10 de abril de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|30




Momento com Gaia/30


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



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Meu pequeno guardião


está sempre junto comigo

brinca com meus pensamentos

acorda-me no meio da noite


faz-me rir de pequenas coisas

dança comigo quando tem vontade

ao som do próprio silêncio


reverencia o sol do meio dia

corre na calmaria da chuva

traz-me alento e confiança


ri das minhas piadas sem graça

beija as plantas do quintal

dialoga com libélulas e cigarras


envia recados pela ventania

toma água do sereno da noite

conversa com as rosas todo dia


caminha sobre o arco-íris

quando quer brincar no céu

depois descansa sobre as asas


sua companhia é imprescindível

sem ele eu não sobrevivo

meu anjo, guardião do meu sorriso




sexta-feira, 9 de abril de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Meu feminismozinho de merda"



 EMPOEMESE/07

Meu feminimozinho de merda, de Jalna Gordiano

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


Meu feminismozinho de merda

 

O meu feminismozinho de merda

Me deixou chegar até aqui viva

Depois de algumas humilhações, umas bofetadas na cara

O meu feminismozinho de merda

Me fez escapar de um clitóris arrancado

De ser estuprada pelo marido

O meu feminismozinho de merda

Apelidou-me de puta e sapata

Enfiou meu pé na lama

Não me permitiu um CASAMENTO DE SUCESSO

O meu feminismozinho de merda

Não deixou o pastor ungir meu rabo, não me fez santa

Me fez mãe solteira, mãe de

Dois filhos de pais diferentes

O meu feminismozinho de merda

Me tirou de dentro do ônibus do estupro coletivo

O meu feminismozinho de merda

Me esfriou de uma morte do fogão

Não me deixou parada num salão enquanto alguém cozinhava meus miolos

Não me fez a rainha do lar

Não me cobriu com o manto da purificação

O meu feminismozinho de merda

Me desnudou, abriu meus olhos

Me tirou do plástico e me fez carne

Para chorar todas as lágrimas das mulheres espancadas,

Queimadas, arrastadas para o mato,

violadas por madeiras que vararam suas bocas ao lado de suas filhas.

Muito obrigada senhores,

digo não às formas de sucesso  social.

Até aqui tem me salvado o meu feminismozinho de merda.





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UMA CARTOGRAFIA DA ESCRITA DE MULHERES: ENTREVISTA COM LINDA BARROS, POR GABRIELA LAGES VELOSO

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