sábado, 30 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|10


Momento com Gaia/10- (30/01/2021)

Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 30 de janeiro de 2021.

 

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Declaração de amor


não se assuste

quanto digo que te amo

não sei quanto tempo me resta


toda declaração de amor

tem que se manifestar agora

amanhã pode ser tarde demais


não se preocupe

quando te ligo de madrugada

para dizer que você é importante


nunca pense

que distribuo 

pérolas ao vento


é que eu não deixo

que transborde dentro de mim

esse sentir intenso, sem fim


meu compromisso com você 

é de verdade, de cuidado

não faz sentido viver só para mim


viver é compartilhar

tudo que nos encanta

por isso, não me impeça de te amar




sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|09



Momento com Gaia/09- (28/01/2021)

Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 28 de janeiro de 2021.

 

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louvada seja   


louvada seja 

a chuva que rega os campos

as sementes que se deixam germinar


louvada seja 

a lua que inspira os amantes

as estrelas que mostram a direção


louvada seja 

as noites de inspiração

a poesia, a dança e a canção


louvada seja

a sabedoria das ancestrais

exercida todos os dias no lar


louvada seja 

a gentileza que promove a paz

em qualquer tempo e lugar


louvado seja 

o desejo de sonhar

a coragem de recomeçar


louvada seja

a minha criança interior

admirável exemplo de amor




Olhos de Superação

 




Poema/04

 

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Olhos de Superação 


  Minha alma flutua, 

  Meus pés levitam

  Tento enraizar-me,

  Mas o céu me atrai

  A Lua me chama

  E a desilusão me persegue...

  Ao ver-me assim

  Tão leve e vazia

  Procuro meu coração

  Será que está perdido pelo caminho?

  Ou será que ele me busca e eu o ignoro?

  Sigo pensando e flutuando...

  Os pensamentos me fazem voar

  E o vôo é fuga

  Fujo de mim mesma

  Fujo do que não me agrada

  Fujo do meu coração,

  Coração que me mostra com clareza

  O que realmente vive em mim...

  Não me abandones, coração!

  Não me deixes voar 

  Como um balão sem rumo,

  Perdido na vastidão do céu...

  Enraiza-me novamente

  Enraiza meus pés na terra

  E ajuda-me a florescer,

  Florescer meus sonhos

  Que há tempos busco

  Tornar minha realidade

  Permita-me ser selvagem, ter coragem

  Acreditar em mim e seguir em frente

  Sem desanimar, sem pestanejar...

  Obstáculos sempre existirão

  Que eu os veja com olhos de superação 

  Como mulher forte e autêntica que sou!

 

  Nanda Chinaglia




quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|08

 



Momento com Gaia/08- (27/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 27 de janeiro de 2021.

 

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ah quantas noites

passaste comigo

brincando no meu lago interno


refletida dentro de mim

iluminava os meus abismos

e preenchia-os de esperança


tão aquática, tão doce

tão pura, tão nua

tão bela, tão lua


inundava-me de mistérios

em diálogos telepáticos

e desenhava meus versos


maternal e carinhosa

abençoava o meu canto

com tão benfazeja luz


acalmava as minhas águas

meus tormentos

minhas mágoas


sagrada mãe lunar

foi nesses encontros noturnos

que eu aprendi a te amar




quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|07



Momento com Gaia/07- (27/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 26 de janeiro de 2021.

 

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Prudência 


para ser aprendiz de eternidade

há que se erradicar a maldade

expulsar os medos e ser generosidade


como salvar a humanidade

que banaliza atrocidades

perante os míopes olhos da justiça?


o mundo segue no tempo do eu

fragmentado e perdido no coletivo

ignorando a ética do cuidado


há um desespero premente

em viver perigosamente

e provar o improvável


viver centrado na própria imagem

impede a alma de se manifestar

e a nossa essência de poder voar


é preciso cuidado para não nos perdermos

amanhã talvez teremos que retornar

e reconectar novamente com o sopro divino


vamos saborear a nossa respiração

ar gratuito que vem do universo

e a vida que pulsa em nós agradece




terça-feira, 26 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|06



 Momento com Gaia/06- (25/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 25 de janeiro de 2021.


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Destemida


           Para Noquinha


dos percalços da vida

à mulher destemida

em tempos difíceis e sofridos


guardava os sonhos no baú

trancava e escondia a chave 

para libertá-los mais tarde


era na calada da noite

que revia a lista dos seus desejos

para imantá-la com seus mistérios 


no aconchego da rede

dava vida aos seus anseios

e asas à imaginação


o pão que chegava à mesa

era resultado de muita peleja

de dias de superação e incerteza


mas a mulher do sertão além da raiz

tem a poética flexibilidade do bambu

que se entrega ao bailado do vento


o tempo passou de repente

no trajeto o geminar das sementes

e a vida floresceu... silenciosamente




LIVROS & ENCANTAMENTOS: FÚRIA, LUXÚRIA E DOÇURA NA POÉTICA VIGOROSA DE ANNA APOLINÁRIO, POR ROBERTA GASPAROTTOna Apolinário



'A Chave Selvagem do Sonho', Anna Apolinário/05





Ao término da leitura de "A Chave Selvagem do Sonho", entendi qual foi a motivação do instigante título (ou, pelo menos, acho que entendi).

Todos os sonhos são puros e líricos, porque intrínseca e visceralmente nossos, e esse lirismo está presente em toda a escrita de Anna. Mas não só. Para a autora, apenas o lirismo não dá conta da complexidade em que nos constituímos, e eventualmente, nos consumimos (em fogo). Para acolher a diversidade de que somos feitos, Anna convoca os seres mais primitivos e naturais para habitarem sua poesia:  como se, somente ao integrarmos o nosso lado animalesco e instintivo, é que pudéssemos acessar o mais íntimo em nós - e é exatamente nesse ponto que reside a chave (selvagem) dos nossos sonhos.

Não por acaso, seus poemas são repletos de criaturas ferozes: cães, serpentes, chacais, escorpiões. A autora convoca esses animais selvagens para ajudarem a dar conta da febre furiosa que nos invade a todos e, "queima a pele".

A pele, por sua vez, está bastante presente, tanto nas belas figuras que constam no livro, quanto nos poemas. A pele que queima é a mesma que cicatriza. A mesma pele que dói, também provoca imenso prazer. Nossa epiderme é o órgão das trocas, onde o mundo interno e o mundo externo se delimitam e se interconectam, ou seja, lócus do paradoxo por excelência, e Anna Apolinário se vale dessa simbologia com muita competência.

O espelho é outro elemento que aparece bastante em seus poemas. No caso da autora, seu espelho é a palavra, que, como ela mesma diz em seus versos: "transita e transborda, salta entre as páginas".

Sua palavra é feroz, lírica, incandescente, e por vezes, tudo isso ao mesmo tempo: o que constitui para o leitor um mosaico interessantíssimo de sensações, percepções e imagens.

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Elã

Escrever.
Como quem
enlouquece
e possesso
procura Deus
dentro dos espelhos.

***

Insurreição

Um raio corrói o cerne da beleza
Fúria de quimeras calcina os céus.

Bosques suspensos,
sedução e o sussurro das feras.
Presságios do calígrafo.

O poema,
chacal ferocíssimo
farejando jugulares.

Como quem ressuscita,
subversiva,
sonha, escreve.

***

Enlevos

Teus dedos em secreta expedição
pelas minhas planícies incendiadas.
Os olhos sussurram em cobiça e tocaia
e as luzes todas deslizam ao redor de nossa dança.
Minhas ancas ondeiam em doce desvario,
as coxas envoltas em negras, sedosas,
perigosas redes arrastando-te
aos viscosos véus de minha carne acesa.
Teus lábios alvoroçado a selva de meus seios,
o corpo, em cálice e combustão, 
oferecido à loucura suculenta de tua língua.
Uma serpente bailando ao sabor de meus açudes,
enquanto reviro-me escaldante,
um rio palpitante sob tuas papilas.

***

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|05



Momento com Gaia/05- (23/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 24 de janeiro de 2021.


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Dolorida ausência  


naquele azul imensurável

seu corpo era um grito

da saudade que ficou


o mar sereno dormia

a lua em seu colo sorria

escorregando nas ondas afoitas


o barrado do seu vestido de espuma

desenhava arabescos na areia

similar aos secretos códigos da sua aldeia


ao longe golfinhos murmuravam

a tristeza das profundezas do mar

lixo da inconsciência, imprudência


tudo era tão passageiro

seus olhos só viam melancolia

depois que as águas o levou


passava os dias a perambular

em busca de não se sabe o que

num estado de extrema loucura


já não sabia como reiniciar a vida

sem a presença da sua poesia

que edificava os seus longos dias




domingo, 24 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|04


 

Momento com Gaia/04- (23/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 23 de janeiro de 2021.


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Ermitã


construiu a sua casa com palavras

para aliviar toda a incompreensão

vivia só como uma ermitã


a solidão há muito era sua aliada

longe de um mundo de ambição

contemporânea torre de babel


lia poesias no decorrer do dia

e compilava versos para decorar

cada cômodo da sua casa


fez da vida um livro-morada

escreveu em cada degrau da escada

impactantes pensamentos e frases


a dor invadira a sua alma

os olhos úmidos lacrimejavam

e o frágil corpo ainda se equilibrava


tudo era líquido demais

para ser absorvido na memória

havia uma urgência vazia do nada


era uma sábia artesã de letras

adversas, confusas, complexas

a lapidar no escuro a sua mente inquieta




sábado, 23 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|03


Momento com Gaia/03- (22/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 21 de janeiro de 2021.


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Sagrada plantação

À camponesa e artista plástica Cida Silva


acordou plena em luz

sentiu no fundo da alma

o desejo de festejar


selecionou sementes especiais

colocou-as na cesta de vime

e tomou-a em seus braços


abriu a janela devagarinho

recebeu a bênção do sol

com alegria seguiu rumo ao campo


cada passo uma dança

inserido na imensidão

a caminho da terra-chão


ao chegar fez pequenas covas

curvou o corpo em forma de reverência

e delicadamente semeou os grãos


porque cultivar a terra

é um ato de respeito e gratidão

tem a força sutil de oração


ao terminar o ritual de plantação

ergueu os braços para o céu

e despediu-se com um canto de devoção




sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|02


Momento com Gaia/02- (21/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 21 de janeiro de 2021.


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Canto poético


Que o meu canto poético

Minha súplica e meu afeto

Possam chegar até você


que o meu canto poético

leve alento aos enfermos 

e todas as famílias de luto


que o meu canto poético

ultrapasse os desertos

e leve conforto aos dias dores


que o meu canto poético 

seja o oxigênio da esperança

o bálsamo aos aflitos corações


que o meu canto poético

traga o milagre da regeneração

a chuva necessária à lavoura


que o meu canto poético

proteja a nascente dos rios

para saciar a sede da humanidade


que o meu canto poético

inspire saúde, amor, fraternidade

e propicie a tão esperada solidariedade




quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|01




Momento com Gaia/01

Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Vazia passagem", divulgado no dia 15 de janeiro de 2021.


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Vazia passagem


o tempo é o senhor das horas

a demarcar minhas decisões

muitas vezes tão fugazes


há um palco sempre a disposição

para o show da vida começar

no seu ritmo e do seu lugar


mas há quem escolha a sombra

do seu vazio existencial

e aproveita para se vitimizar


negam a outros olhos

a importância de se encantar

e vai murchando devagar


o palco vai se decompondo

as vermelhas cortinas deteriorando

pela falta de ocupação


o tempo segue livre seu trajeto

veloz, as vezes cruel, avassalador

entre muitos prisioneiros do ego


tardiamente, casmurro, percebe

que só acumulou rancores

e desperdiçou a paz dos amores




Inspirações para adiar meu fim de mundo: Silêncio, Mãe Terra quer falar.



Adiando meu fim do mundo/01

 

A Terra não suporta mais tantos descasos e ingratidão do ser humano predador e algoz de seus bens naturais. Não creio que foi esse o plano do Criador para a humanidade, ou que se tratava de um projeto de consumo e mordomia para os “bem-nascidos” e de flagelo para os oprimidos.

Independente de crença religiosa, teimo em pensar essa “casa” como um lugar de trocas sagradas entre a Terra e todos os seres. Porém, parece-me que a relação que desempenhamos tem sido mais de usurpação que de trocas ecossistêmicas.

As belezas e as riquezas naturais foram criadas com o propósito de partilhas entre dar e receber o que se tem de melhor. Desde a árvore que dá sombra, frutos, remédios e lar para as aves e muitos animais. Desde a pequena abelha que auxilia na fecundação das flores e das plantas e, nessa troca, faz o mel. Assim também com o vento que espalha as sementes e o sol e a chuva que as fazem brotar. Servir é o trabalho de todos no meio ambiente!

O ser humano chegou ao século XXI sem saber dar valor às pequenas coisas, como as flores no caminho da estrada de asfalto. A maioria pouco percebe a oportunidade de dividir a fartura do outono, não escuta os apelos da natureza quando ela lhe adverte nas tempestades, quando tenta lhe mostrar o bom senso na seca, nem mesmo quando perde suas gerações em guerras e pandemias.

Entramos em crise desde que vendemos nosso amanhã e negamos desfrutar da relação afetiva com a natureza. Penso que era também essa a função orgânica do ser humano. Entretanto, ele preferiu usurpar, ser mercador em vez de comungar no servir.

Violentamos o nosso chão e as águas dos rios e dos mares para extrair metais e pedras preciosas. Escavamos poços fundos para obter riquezas pagas pela morte das florestas e dos animais, pois o vírus da ganância estimulou um adultério crônico com a aliança universal da vida. Rompemos os limites das fronteiras explorando bens naturais e torturando e oprimindo seus nativos em função de domínio e soberania pessoal e social.



O vírus da soberba deixou-nos surdos para ouvir o clamor dos inocentes injustiçados subtraídos de suas terras e escravizados. Distanciou-nos de nossa natureza humana de empatia com a dor alheia, fez-nos coronéis, capatazes e líderes comerciantes de vidas e dos seus destinos.

O vírus do egoísmo fez-nos omissos perante as destruições das florestas e o extermínio de animais. Não nos mobilizamos em favor das árvores ancestrais, dos pássaros sem ninhos, dos animais abatidos por causa de suas peles e de marfim.

Surge o Corona Vírus para lembrar que o homem é escravo de sua avareza e, agora mais ainda, a única criatura vulnerável a um vírus bem menor do que um grão de areia.

Será que desta vez, com essa pandemia, a humanidade ouvirá e enxergará a Mãe Terra? Alguém acredita que o planeta será o mesmo depois que o vírus interromper a sua escalada de infecção e de consumação de vidas?

A Terra já não é a mesma de antes dessa peste e será ainda mais alterada depois dela. Não apenas porque a população já perdeu milhares de pessoas que deixaram pais e filhos órfãos. O vírus permanecerá como muitos outros inimigos invisíveis com os quais convivemos, com aqueles em que se usou a ciência para controlar e amenizar as suas ações letais, esquecendo que os vírus se modificam, se ajustam e desafiam as “verdades humanas”.



Não foi a natureza que se divorciou do homem, porém, ela não está mais sujeita aos seus caprichos de “menino mimado e egoísta”. A natureza pede respeito e atenção, como toda mãe que deseja disciplinar e educar seus filhos. Ela não abandonou o homem, mas está esperando sua iniciativa de reconciliação com o outro, com a fauna e com a flora.

Nessa sociedade digital em que estamos conectados em redes, em que cada informação navega em velocidade instantânea, temos o bem e o mal ao nosso dispor nas mesmas condições de acessibilidade. Ficamos sabendo de quem morre e de quem arrisca sua vida para acolher. Ficamos cientes de quem insiste em superfaturar nos lucros às custas dessa tragédia e não percebe a sua alienação social e miséria pessoal.

Que possamos nos calar para escutar, sentir e enxergar o que a natureza quer nos ensinar e possamos descobrir quem somos nós e porque estamos todos numa mesma casa chamada Terra. Quem se permitir a ouvir sentirá a emoção de viver a descoberta de si e do outro e que a cura de nossas “pragas" depende de uma aliança entre eu, você e o meio ambiente.

Aguyjevete,

Eva Potiguar.

10 de dezembro de 2020.



LIVROS & ENCANTAMENTOS: A LIBERDADE QUE VEM DA IDENTIFICAÇÃO, POR ROBERTA GASPAROTTO



LIVROS & ENCANTAMENTOS/04

'CARTAS QUE NAO ESCREVI", DE MARIA ALICE BRAGANÇA 


POR ROBERTA GASPAROTTO


Em "Cartas que não escrevi”, da poeta gaúcha Maria Alice Bragança (Editora Casa Verde, 2019), o eixo temático de seus poemas se encontra naquele tempo espaço tão conhecido, quanto inefável, de algo que aconteceu, e se perdeu, ou, inversamente, do que não aconteceu mas fica entranhado dentro da gente. É um livro de desencontros, muito mais que de encontros; de perdas, muito mais que ganhos e, de melancolia, muito mais que alegria. E isso só faz os poemas de Maria Alice ganharem mais potência e verdade. Em meio a tantos desencontros, uma saída: a vida. Aquela comezinha, corriqueira, bem do dia a dia. A leitora e o leitor nem precisam chegar ao final do livro, para experimentarem uma incrível sensação de liberdade, que só a identificação pode oferecer: Maria Alice sabe que o constante espanto com o mundo é o nosso pão de cada dia, e cada qual que encontre o seu refúgio, sempre provisório e a ser recriado, todo santo dia.


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Fotografia desbotada

No olho da menina,

retina, a imagem farta,

(retida)

da vida que ainda não vivi.


***


Teia


Onde está o meu amor?

Sonha comigo? Ou contempla o seu umbigo?

Em que cidade, em que pensamento, se perdeu nesse momento?


Teço fios para laçá-lo

Antes que o lirismo me sufoque.

Penetro o sonho do meu amor,

Pensando nele

... e lixando as unhas


***


Um sentimento/Incomunicável


Só nós dois sentimos o que sentimos.

Estamos sós.

Não há discurso possível.

A palavra é sempre passado.

Um real que não volta,

Um eu que é sempre outro.

Discurso fadado a descrever cadáveres

Do que se foi, 

Seguimos, mórbidos,

Falando sobre nós.




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EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS

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