Catálogo Virtual Literário do Feminino

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quinta-feira, 23 de novembro de 2023

MAIS ANA QUE LEILA, POR MARINA MARINO


 𝙈𝙖𝙞𝙨 𝘼𝙣𝙖 𝙦𝙪𝙚 𝙇𝙚𝙞𝙡𝙖



Acesso a Internet e a foto da apresentadora está ali, em destaque. No momento do clique, a moça sorria um sorriso lindo. A notícia que se lia a seguir, no entanto, não falava de beleza, nem de alegria.

Ela, conhecida em todo o país, aparece diariamente em um programa matutino na TV, apanhou do marido. Sim, foi isso que eu li, espantada, na legenda da foto.

A notícia decorria sobre a agressividade do sujeito e enumerava situações violentas que ele já tinha imposto anteriormente à vítima, acho que já posso defini-la assim. O agressor desmentiu, claro, tentou amenizar a situação, querendo desculpar a si mesmo, minimizar o ocorrido, quase culpando a vítima pelo início da discussão, como sempre fazem todos os agressores. Horas depois, após pressão da imprensa, acabou por assumir o ocorrido.

Enquanto eu lia a notícia, veio à minha mente que esse tipo de situação é comum acontecer nas classes mais baixas da sociedade. (Não consigo esquecer do caso de uma vizinha que saiu de ambulância, depois de ser violentamente agredida pelo namorado.) Já uma mulher rica e famosa, que passa a sensação de ser bem resolvida, apanhar do marido, traz à tona a evidência da vulnerabilidade de todas, independente de raça ou classe social.

O caso coloca todas as mulheres muito próximas da Ana, já que são ou podem ser agredidas, silenciadas, oprimidas, por alguém que se dizia parceiro, em quem confiavam. É a lógica heteronormativa da sociedade que dá aos homens permissão para disporem do corpo da mulher a seu bel-prazer, entre “tapas e beijos”, o que explica outros crimes a que elas são submetidas e que só aumentam nesse Brasil violento revelado nos últimos anos, onde cantadas, piadas, “encoxadas” são consideradas apenas brincadeira pela maioria.

Um hit em 1993 cantava: "𝘵𝘰𝘥𝘢 𝘮𝘶𝘭𝘩𝘦𝘳 𝘲𝘶𝘦𝘳 𝘴𝘦𝘳 𝘢𝘮𝘢𝘥𝘢, 𝘵𝘰𝘥𝘢 𝘮𝘶𝘭𝘩𝘦𝘳 𝘲𝘶𝘦𝘳 𝘴𝘦𝘳 𝘧𝘦𝘭𝘪𝘻, 𝘵𝘰𝘥𝘢 𝘢 𝘮𝘶𝘭𝘩𝘦𝘳... 𝘦́ 𝘮𝘦𝘪𝘰 𝘓𝘦𝘪𝘭𝘢 𝘋𝘪𝘯𝘪𝘻." Vou ter que discordar. Infelizmente não somos nada Leila Diniz, se fôssemos não estaríamos aceitando caladas as pequenas violências do dia-a-dia, que crescem, ganham força e nunca têm final feliz. Rita Lee que nos perdoe, mas no momento atual, muitas de nós nem sequer sabem quem Leila foi, muito menos o que poderiam representar suas revoluções ao movimento feminino, se tivéssemos dado valor a elas.

No Brasil atual, perverso com as mulheres, a liberdade feminina está longe de se concretizar... Não permitiram às novas gerações conhecer Leila, denegriram sua imagem. Andamos para trás, Rita, apesar dos teus esforços. Estamos mais para Ana do que para Leila.

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Marina Marino é escritora, editora e livreira, é criadora da Voo Livre Revista Literária. É autora de 4 livros, sendo 2 infantis, 1 romance e 1 para mulheres. Publica poemas e contos em antologias tanto no Brasil como em Portugal, desde 2013. Marina se encontra no que escreve, porque tudo sempre é sobre o que ela vive.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

LETRAS ICAMIABAS: TUDO FOI VIVIDO, LIVRO NOVO DE MARINA MARINO

 


LETRAS ICAMIABAS|01

Letras Icamiabas do blog Feminário Conexões é uma seção pensada para a divulgação de lançamentos de livros de autoria feminina. A etimologia da palavra Icamiabas, segundo Luis Caldas Tibiricá, no Dicionário Tupi-Português, vem do tupi kama + îaba que significa "peito partido". E, para mim, trazer à luz um livro é também "partir o peito", é também lutar contra as próprias inseguranças e fragmentar-se em pedaços tantos e oferecer-se à contemplação dos olhos leitores que desejem juntar estas partes a suas outras tantas, contruindo novas perspectivas. 


As Icamiabas são citadas no registro de viagem de 1492 do invasor espanhol Francisco de Orellana, quando sua esquadra passava pelo Espelho da Lua, região atual de Nhamundá, no Amazonas. E no relato, o invasor fez uma analogia com as guerreiras gregas Amazonas, e por isso batizou o velho rio das Icamiabas com o nome de "rio novo", Amazonas. Fico imaginando aquelas mulheres indígenas, guerreiras, lutando, apenas de arco e flecha, pela defesa de seu território. É assim que muitas vezes me sinto quando tento publicar um livro no mercado editorial... Acredito que muitas outras autoras também ja tenham se sentido assim ou se sintam assim: lutando para defender o próprio teritório, o livro. O precioso objeto que carrega os sonhos de um corpo sagrado, em luta; que carrega a força e o desejo verdes da pedra amazonita, a muiraquitã. 


Quem abre esta seção é a escritora Marina Marino, com a boa-nova de seu mais novo rebento-muiraquitã Tudo foi vivido. E se você tem o seu livro para divulgar, entre em contato via e-mail martabartez@gmail.com. E agora vamos ler o que Marina tem preparado!


MARINA MARINO anuncia novo livro, TUDO FOI VIVIDO (Scortecci Editora)**


Marina Marino

O lançamento da obra está agendado para 3 de dezembro, das 19h30 às 21h no Espaço Scortecci, em São Paulo / SP

Marina Marino é brasileira, nascida em São Paulo. É pedagoga, escritora e poeta. Também é editora da Voo Livre Revista Literária. Com 11 anos, ganhou o primeiro concurso de poesia, o que a incentivou a trilhar o caminho das letras.

Depois de se tornar professora, passou a escrever mais, escrevia para os alunos. E uma dessas histórias se transformou em seu primeiro livro, mas só foi publicado em 2014, com o título O Mágico que veio de longe.

Ela entende que histórias podem demorar para virar livro, mas a verdade é que depois de publicar o primeiro, não parou mais de escrever. Para o público infantil fez também A menina que sonhava e Uma viagem pelas copas do mundo, além do Almanaque de Parlendas e Trava-Línguas, um livro de colorir.

Mas Marina não escreve só para crianças. Desde que começou a participar de coletâneas, publicou poemas, contos e crônicas voltados para a temática feminina, posicionando-se neste lugar de fala, afinal é mulher, mãe, avó, professora, escritora e tem muito o que dizer em nome desses grupos. Foi por essa razão que, em 2019, juntamente com mais duas autoras, publicou o livro Divas, Mulheres que se Superaram, onde contou algumas experiências transformadoras que teve na vida.

Hoje Marina faz parte de dois coletivos que promovem a literatura contemporânea do feminino, o Projeto Enluaradas e o Elas & as Letras, contribuindo com sua poética de desconstrução de crenças na busca da própria essência.

Agora Marina apresenta o seu novo livro, Tudo foi Vivido - O Feminino Sobre a Terra de contos e crônicas do universo feminino, com lançamento marcado para o próximo dia 3 de dezembro, das 19h30 às 21h, com noite de autógrafos na sede da Scortecci Editora (Rua Deputado Lacerda Franco, 96 – Pinheiros – São Paulo / SP).


A autora espera encontrar você durante o evento para um abraço, além de uma dedicatória no seu exemplar!

Conheça agora o livro TUDO FOI VIVIDO - O Feminino Sobre a Terra, de MARINA MARINO:

Tantas histórias permaneceram escondidas da humanidade, como as deste livro. Histórias que, mesmo tristes e revoltantes, precisam ser contadas.

Com essa leitura, você vai saber que houve um tempo em que as mulheres tinham liberdade, autonomia e viviam em harmonia consigo mesmas, com os outros e com o mundo natural. Porém, um acontecimento inesperado mudou essa condição para sempre. Desde então, as histórias protagonizadas por mulheres passaram a ser cheias de dor, tristeza, violência e preconceito até os dias de hoje...

Nossas protagonistas vivenciaram juntas aquele momento terrível e, após éons de separação, têm agora a oportunidade, através dos laços invisíveis da existência, de se reencontrarem e de se reconhecerem.

Tudo o que foi vivido por elas, no correr do tempo, será revelado neste livro, que conduz o leitor à trilha da ancestralidade feminina, esta que ecoa pelas linhas e entrelinhas costuradas pela autora.

Para falar com a Marina, e ela adora receber feedbacks de seus escritos, você pode encontrá-la nas mídias sociais ou por e-mail:

marina@livrariavoolivre.com.br

Facebook: Marina Marino

Instagram: @marina_revistavoolivre

 

**Texto postado no Blog Vida de Escritor

terça-feira, 27 de setembro de 2022

POÉTICA DA DESCONSTRUÇÃO, POR MARINA MARINO



POÉTICA DA DESCONSTRUÇÃO/01

POR MARINA MARINO


Dia desses parei para refletir sobre meu processo de escrita. O que vem a ser essa poética que tem se feito tão presente em meus escritos? Como defini-la? Estaria em conexão com algum movimento literário? Ou é apenas a forma que encontrei de me expressar?

A urgente reflexão levou-me à palavra que me move, sem dúvida, a desconstrução. É ela que estabelece um diálogo intenso e profundo comigo mesma, com o que vivo e com o que sinto.

Tudo o que acreditei -  ao longo dos meus 64 anos - ser verdade, ser justo, ser real se desfaz nesta fase de minha vida. As crenças não mais se sustentam, foram construídas sobre a ilusão. Até mesmo as que usei como apoio ao longo da caminhada, como a religião, a espiritualidade, hoje sei que basearam-se em projeções, condicionadas ao mito da individualidade, da forma, do mundo. As frágeis paredes, erguidas ao longo da existência, desabam, uma a uma, revelando o que não sou, o que nunca poderia ter sido.

A consciência, tão humana, prendeu-me a conceitos da dualidade e foi incapaz de perceber suas próprias limitações, mantendo-me em seu estreito ponto de vista. Mas, numa reversão incrível, a revelação se fez presente. Com ela soltei-me do que era conhecido e lancei-me ao desconhecido, sem medo.

O tempo da desconstrução chegou para mim, está em minha porta, entreguei-me a ele e hoje funciono neste novo formato. Decidi me abandonar nisso e não resistir mais, atrelada aos últimos tijolos, pois é nessa desconstrução sem limites que a essência se manifesta, livre, sem controle de mais nada, fluindo por onde tiver que fluir.

Deixo aqui alguns escritos que evidenciam esta minha fase desconstrutiva. Gratidão por sua leitura,

Marina Marino

*_* *_* *_* *_* *_* *_*

Trilhos

Trilhos. Caminhei por eles. Levaram-me a destinos que não eram meus. Mostraram-me lugares que não pretendia conhecer. Prenderam-me em atalhos que não faziam parte do roteiro inicial.

Acreditei nos trajetos que distanciaram-me de mim mesma, de minha essência, de minha verdadeira identidade.

Talvez o cansaço tenha me ajudado a acordar. Ou foi a ausência de mim mesma? Só sei que saltei!

Pulei sobre a grama, verde e úmida. Molhei os pés no riacho. Senti o perfume das flores. Escutei o som dos pássaros. Girei com os dois braços bem abertos em busca do sol.

Mudei de rumo. Troquei de direção. Percorri novos caminhos, desta vez traçados por mim mesma.

Os pés descalços não calçam mais conceitos ou preconceitos que não são meus. Apenas me levam para aproveitar a paisagem.

O vento no rosto. A volta a mim mesma, ao que sempre fui. O retorno à sonhada liberdade... de ser.


[Antologia Elas e as Letras: Insubmissão Ancestral, Editora In-Finita, 2021]

*_* *_* *_* 

O Instante

Ir
Partir
Deixar para trás
Tudo o que foi
O vivido
O atravessado
O que não serve mais
Ir
Viver o agora
O instante
O que a vida tem a oferecer
Sem medo
Com confiança
As circunstâncias são incertas
Mas o destino é sempre o mesmo...
Rumo à felicidade...

[Coletânea Enluarada II: uma Ciranda de Deusas, Editora Sarasvati, 2021]

*_* *_* *_*

A DANÇA DA LIBERTAÇÃO

Vem menina...
Veste agora teu melhor vestido
Colorido e alegra como tua essência
Este que esvoaça em tua imaginação
E vai em direção à tua verdade

Você é livre, menina, finalmente
Nada mais te aprisiona
Os véus foram retirados
Os nós foram desatados
As algemas destravadas

Dá-me tua mão
Eu impulsiono teu voo
Voa à tua origem
Voa ao teu verdadeiro lugar
De onde nunca te moveste, apenas esqueceste
E vibra no ritmo que o Amor estabelece

Até encontrar outras meninas
Que, como você, voam também
Ao encontro do que sempre foram
E com você, dançam a dança da libertação.

[Coletânea Enluarada II: uma Ciranda de Deusas, Editora Sarasvati, 2021]


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Marina Marino é escritora, editora e livreira, é criadora da Voo Livre Revista Literária. É autora de 4 livros, sendo 2 infantis, 1 romance e 1 para mulheres. Publica poemas e contos em antologias tanto no Brasil como em Portugal, desde 2013. Marina se encontra no que escreve, porque tudo sempre é sobre o que ela vive.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

CALDEIRÃO LITERÁRIO IV: DO PEDREGO(ZO)SO CAMINHO DA ESCRITA



CALDEIRÃO LITERÁRIO IV: DO PEDREGO(ZO)SO CAMINHO DA ESCRITA

 

Por Marta Cortezão

 

Ano passado, enquanto me dedicava à construção da Coletânea II: uma Ciranda de Deusas (Editora Sarasvati, 2021), fui tocada por uma preocupação antiga, que estava meio adormecida em mim, acerca do processo de escrita. Mas que naquele momento aflorou com muita força, pois estava mergulhada no processo de escuta das autoras Enluaradas que participavam das lives. E só então me dei conta de que essas inseguranças, essas dúvidas fazem parte do processo de construção literária e nos atravessam a todas; umas com mais ou menos intensidade que outras, mas sempre estão no percurso. Assim que resolvi iniciar uma pesquisa muito subjetiva a respeito do que diziam as várias autoras (séc. XIX, XX e XXI) acerca do próprio processo de criação artística

De tudo que lia dessas autoras, naquele momento, me vinha uma necessidade de dialogar com elas, na intenção de dizer também das minhas impressões, dos meus questionamentos e das muitas inseguranças que me acompanhavam e que me acompanham fielmente, já que é escrevendo que também nos ouvimos e é nos ouvindo que entendemos as nossas fraquezas e nos abrimos a novas perspectivas, assumindo os riscos e os abismos que a palavra nos apresenta. É importante encontrar meios próprios para conviver com esses medos que estarão sempre conosco a cada novo projeto que nos cruze o caminho.

Naquele momento, encontrei-me com um pensamento de Natalie Clifford Barney (1876-1972), nascida nos Estados Unidos, poeta, ensaísta, romancista que dizia o seguinte:

“Ser o nosso próprio mestre é ser escravo de nós mesmos.”

O que me fez escrever:

Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar; o voo é livre, e a destreza de voar com asas de cera exige prudência e sensatez. Acreditar em nosso processo de construção da escrita e/ ou nosso fazer poético é um bem necessário, divino até. Você já se perguntou por que somos tão receosas em assumirmos nossa escrita? Seja qual seja a resposta, escreva! Não se importe com o que o “júri de plantão” irá dizer (especialmente aquela voz que nos adora sabotar), pois não se pode crescer, em nenhum ofício, sem nele exercitar-se. E, além do mais, o brilho e o calor do sol nos abraçam a todas, apenas cuidemos de nossas asas de cera, nem tanto ao calor do sol, nem tanto à umidade do mar.

Outras leituras que anotava nos cadernos a fim de voltar a elas, como foi o caso do livro Fico besta quando me entendem – entrevistas com Hilda Hilst, organizado por Cristiano Diniz. No trecho abaixo, Hilda Hilst (1930-2004), uma das grandes escritoras do século XX, diz o seguinte sobre “o sofrido caminho da criação artística”:

          “As pessoas perguntam sempre por que a gente escreve e eu fico pensando em todos os motivos que levam de repente uma pessoa a escrever e penso que a raiz disso em mim está na vontade de ser amada, numa avidez pela vida. Quem sabe também se não é uma necessidade de viver o transitório com intensidade, uma força oculta que nos impele a descobrir o segredo das coisas. Uma necessidade imperiosa de ir ao âmago de nós mesmos, um estado passional diante da existência, uma compaixão pelos seres humanos, pelos animais, pelas plantas. [...] Também o ato de escrever para mim revela às vezes a insegurança, pois o escritor é um ser frágil, inseguro, ansioso, que procura respostas para todos os mistérios da vida.”

Portanto, acalmemos os ânimos e o coração, tudo é estrada, tudo faz parte desse processo de construção da escrita e de nós mesmas. E digo mais, consumir e fazer literatura também nos humaniza e nos ensina a envelhecer plenas de juventude. E a insegurança será sempre nossa companheira e profetisa de vida, porque é dela que vem o desejo de superar os obstáculos. Escreva sempre, porque, como diz a máxima latina, as palavras voam, mas o que está escrito permanece!

Então não esqueça que HOJE, 09|JUL, SÁBADO, às 17h (Brasília), no canal BANZEIRO CONEXÕES, realizaremos o nosso CALDEIRÃO LITERÁRIO IV.

Estaremos na companhia das companheiras-escritoras: Heliana Barriga, que nos falará sobre o seu livro Palavra de boca, Palavra de mão (Editora Paka-Tatu, 2022); Manuela Lopes Dipp com seu Poemas para colocar dentro de uma garrafa, (Editora Bestiário, 2021); Heliene Rosa, com o livro Rodas de Contação de Histórias - Eliane Potiguara e Conceição Evaristo (Editora Subsolo, 2022);  também a poeta Patrícia Cacau  com Quintais (Editora In-Finita, 2020), Marina Marino, com seu Tudo foi vivido (Editora Voo Livre, 2021) e Marta Cortezão, que também apresenta o seu livro Amazonidades: gesta das águas (Editora Penalux, 2021).

 

Venha participar conosco!🧹🧙‍♀️

Confira a sinopse dos livros das autoras participantes do Caldeirão Literário IV:

Obs: todos os textos abaixo foram enviados por cada uma das autoras convidadas.



PALAVRA DE BOCA, PALAVRA DE MÃO | HELIANA BARRIGA

 

Nós o chamamos O PALAVRA. Um conteiner de idéias construído com zelo e luta, a quatorze mãos. Mãos desta autora, de duas filhas e três netos. Um sobrevivente irreverente. Um teimoso reticente. Um destinado à cabeça e ao corpo. Para todas as vivacidades. Para as crianças juntas com seus e suas professoras, suas famílias, amigos ou sozinhas mesmo. Uma saída para a alegria. Uma desistência do suicídio. Prosas e poemicências novas desta autora inventadeira, que propõe a seu público, as leituras sem ataduras.  Para ler, alterar, divertir, escrever, e não desistir.

 


POEMAS PARA COLOCAR DENTRO DE UMA GARRAFA | MANUELA LOPES DIPP

A poesia escapa pelas frestas do cotidiano, corre solta pelas esquinas e pelos silêncios, encontra acolhida na encosta dos olhos, faz abrigo nas esperas, no amor e nas mãos, verte profunda das nascentes do coração de quem sente e vive o poema, a poesia desenha oceanos. “Poemas para colocar dentro de uma garrafa” abre-se como um horizonte marítimo de versos, é um mergulho nas águas poéticas de Manuela Dipp. Manuela que absorve da vida que transborda matéria-prima para o poema, reúne nesse livro uma generosa e bela seleta de poesias que constelam temas como o amor, as paixões, o fazer poético, o navegar. De ritmo potente, a poética de Manuela carrega o movimento das águas: intensa e suave, desaguando em metáforas sinestésicas, em imagens que ampliam os significados da dimensão dos afetos, dos territórios do corpo. “Poemas para colocar dentro de uma garrafa” tem o princípio das cheganças, dos abismos e da devoção por sentir-viver poesia derramada em palavras. A experiência dessa leitura transcende qualquer mapa, linha, letra, fronteira ou caminho, é uma vivência-mergulho arrebatadora.

                                                                     Michelle C. Buss

João Pessoa, agosto 2021

 


RODAS DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS – ELIANE POTIGUARA E CONCEIÇÃO EVARISTO | HELIANE ROSA

Este livro é fruto do projeto extensionista “Rodas de Contação de Histórias: Eliane Potiguara e Conceição Evaristo”, o qual homenageia duas intelectuais brasileiras contemporâneas que têm contribuído para o fortalecimento identitário e literário das mulheres indígenas e pretas em nossa sociedade. Eliane Potiguara representa os agenciamentos das intelectuais indígenas brasileiras, expressando, nos limites da escrita poética, suas lutas, seus sonhos, seus desejos, suas potencialidades e suas subjetividades. Desde a década de 1970, ela é uma mulher expoente da literatura contemporânea de autoria indígena, bem como militante do Movimento Indígena Brasileiro. Já Conceição Evaristo representa as intelectuais negras brasileiras que faz reverberar, em textos literários “escreviventes”, as opressões impostas por uma sociedade racista, sexista, de base escravocrata e patriarcal, cuja violência contra as mulheres pretas cresce exponencialmente. Ela é mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio e Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. Possui livros de poesia e narrativas nos quais se transitam figuras femininas negras representativas de seus papéis sociais no Brasil.

 


QUINTAIS | PATRÍCIA CACAU

O livro quintais é um espaço de refúgio, aconchego.

A expressão orgânica de uma mulher comum, quanto tantas sem lugar de privilégio que usa o seu caderno como amigo mais íntimo, onde desabafa as suas angústias e anseios no seu profundo desejo de seguir em frente e reinventar seus sonhos, e libertar-se do que outrora afligia o seu viver e descobre:

Que escrever é como respirar pelo papel.

Patrícia Cacau POETA

 


TUDO FOI VIVIDO | MARINA MARINO

Um encontro esperado há reencarnações.

Mulheres que distribuem seus dons, através de suas profissões atuais, no jornalismo, na fotografia, na relojoaria, na medicina, na culinária, sem ao menos saberem que os possuem.

Mas como tudo o que foi vivido jamais é esquecido porque fica gravado no coração, elas recordarão sua verdadeira identidade quando se reencontrarem.

TUDO FOI VIVIDO, um livro para ser lido com o coração.

 


AMAZONIDADES: GESTA DAS ÁGUAS | MARTA CORTEZAO

Amazonidades: gesta das águas passa por um livro de poesia, mas é muito mais que isso: é um compêndio de Amazônia, uma súmula do imaginário dessa região que se espraia por nove países e, no Brasil, por nove estados, e agora, em domínios de Castela e Leão, funda um virtual território independente, representado pela poesia de Marta Cortezão.

Ler as trovas de Marta é como remexer uma biblioteca de sonhos, o imaginário amazônico, onde todo o conhecimento do “povo das doces águas” está reunido: os acesumes, as comilanças, as leseiras, as caboquices, os encantados – nossos mitos ancestrais. Marta inventa palavras e, como Drummond, torna outras mais belas: “Apeixono-me de escama / em noite de virar bicho”; “canoei todo um rio-mar”; “O que assaranha uma vida?”; “Sevava palavras cruas”; “e na cólera das horas”; “pois janeirava à tardinha”. São apenas amostras. O leitor poderá “caniçar” outras dezenas de exemplos brilhantes.  

Duas linhas de pensamento são recorrentes: a sensualidade e a metalinguagem. Às vezes, elas vêm juntas: “A traquinagem do verso / faz vaginar pensamentos; / então me entrego, de certo, / ao falo afoito do vento.”  As metáforas são sempre construídas com elementos do imaginário: “Pensamentos escamei, / aparei todas as abas, / as cicatrizes limpei / e salmourei as palavras.” E observem o domínio da métrica e das rimas – toantes, inclusive.

Senhora de seus elementos, Marta Cortezão revela-se, sobretudo, senhora de seu ofício.

  Zemaria Pinto, escritor.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

EMPOEME-SE EM POESIA: Poema de Marina Marino




EMPOEME-SE EM POESIA/35


Poema de Marina Marino


Leitura de Marta Cortezão


Para ouvir o podcast, clique AQUI.


CULPA


Culpa. Sentimento de dor imposto a si mesmo.

Crença ensinada, construída pela tradição, religião...

Intrínseca à personalidade. Aloja-se na alma.

Faz um estrago danado...

Mina a autoestima. Acaba com a confiança.

Destrói todos os sonhos e as lembranças.

 

Culpa pesa. Difícil carregar...

Complicado se livrar.

De mãos dadas com ela, nada se faz,

Não se caminha adiante.

Culpa é algema. Tira a liberdade.

Arruína uma vida inteira...

 

Por que essa culpa?

Por que remoer com dor uma vivência?

Lamentar é viver no passado...

 

Avante! Supera essa dor.

Constrói uma nova história.

 

Viver é experiência. Pode ser colorida e livre,

Assim que soltar a mão da culpa...

Finalmente.

{In: Coletânea Enluaradas I: Se Essa LUa Fosse Nossa, Ser MulherArte Selo Editorial, 2021}

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UMA CARTOGRAFIA DA ESCRITA DE MULHERES: ENTREVISTA COM LINDA BARROS, POR GABRIELA LAGES VELOSO

                                UMA CARTOGRAFIA DA ESCRITA DE MULHERES  |08 ENTREVISTA COM LINDA BARROS Por  Gabriela Lages Veloso "Nin...