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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

LIVROS & ENCANTAMENTOS: A HISTÓRIA COMO GÊNERO FEMININO, POR ROBERTA GASPAROTTO



LIVROS & ENCANTAMENTOS/05


 'HERstory, escreva a sua história!', de Sandra Santos


POR ROBERTA GASPAROTTO


Ao conversar com uma amiga, a escritora Sandra Santos se deu conta de que a palavra HIStory sugere que nós lemos e ouvimos a história a partir do ponto de vista dos homens (já que o pronome possessivo 'his', significa 'dele'). Tendo isso em mente, a autora teve a ideia de contar a história sob o ponto de vista das mulheres, daí o título do seu livro: HERstory, escreva a sua história!

Nessa obra, Sandra faz um tributo às mulheres de sua família, e também, a todos os homens que ajudaram essas mulheres rumo à autonomia.

A autora também cita personalidades que a influenciaram, desde as mais famosas, como Madonna, até as mais anônimas, e , nem por isso, menos importantes.

Saúde, bem estar, envelhecimento, filhos, carreira, pandemia, vários são os assuntos abordados: os dilemas da mulher de hoje, incluindo aí o sentimento de culpa, que, se não trabalhado, nos devora a todas.

Os temas presentes no livro, são costurados com relatos de situações muito pessoais, vividas pela própria autora, sendo que Sandra toma o cuidado para que seus relatos sejam apenas isso: uma forma de repartir sua experiência de vida, sendo que em nenhum momento dita fórmulas que as mulheres devem seguir. Aliás, fórmulas, graças às Deusas, é o que não encontramos nesse livro, até porque, disso, já estamos todas fartas.

Sandra também traz à tona os estereótipos que nos engessam, e, quando o assunto é beleza, a autora faz uma crítica pertinente e interessante: ela, que mora há anos na Alemanha, sentia- se muito incomodada e cobrada quando morava no Brasil, a respeito dos seus cuidados com a aparência, e do que ela deveria fazer. Ao que parece, nos trópicos, somos mais exigidas nesse quesito, e também, exigimos mais, em um ciclo sem fim de controle e cobrança.

Ao fim da leitura, fiquei com a sensação de que a mensagem que está por trás do livro é: seja você mesma, descubra-se, custe o que custar, porque vale muito a pena. Ou, nos dizeres da escritora argentina Ethel Morgan, citada na obra: " o mundo me necessita, mas não como elemento passivo e paciente eternamente inconformada, e sim como fator de cura".





 


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A ESCRITORA POR TRÁS DA PERSONA: ENTREVISTA COM SANDRA SANTOS, POR ROBERTA GASPAROTTO


 A ESCRITORA POR TRÁS DA PERSONA/04 

A LITERATURA COMO PONTE INTERCULTURAL 

ENTREVISTA COM SANDRA SANTOS

POR ROBERTA GASPAROTTO


Sandra Santos, a Mineirinha n’Alemanha 

Desde que se entende por gente, essa escritora, mineira de Belo Horizonte e que mora desde 1993 na Alemanha, ama ler. Quando criança, passava as noites devorando os livros, escrevendo cartas e fazendo anotações em seus vários cadernos. Era uma maneira de não se sentir tão só, devido à sua extrema timidez. 

Sua primeira obra publicada, "Mineirinha n'Alemanha", é uma mistura de crônica jornalística, relatando as experiências e impressões de uma brasileira em terras germânicas, reflexões pessoais e alguns poemas. É por esse livro que ficou conhecida entre a comunidade brasileira na Alemanha. 

Essa obra desmistifica alguns estereótipos, como o do povo alemão inacessível e seco. Ela explica: "no início há uma barreira, mas quando um alemão vira seu amigo, ele faz tudo que estiver ao seu alcance por você". Perguntei a ela sobre alguma situação inusitada vivida por lá. "Mineiro ama couve, e aqui na Alemanha não tem, mas há uma folha de um legume que é muito parecida, que é dada para os coelhos comerem e é de graça no supermercado. Uma vez quis comer couve e a caixa do supermercado me perguntou quantos coelhos eu tinha. Três, eu disse, com preguiça de explicar que aquilo era para mim. Saí de lá com uma sacola cheia de verdinhos, presente da caixa do supermercado para os meus “coelhos”." 

Uma das coisas que Sandra mais admira no país que escolheu para morar e criar os seus dois filhos é o regime político adotado por lá: a social-democracia, onde os impostos são taxados de acordo com o poder aquisitivo de cada cidadão e o menos favorecido recebe apoio. Esse regime a ajudou sobremaneira no início de sua vida na Alemanha. Hoje, com a vida bastante estável, ela paga mais impostos, mas sabe que o dinheiro arrecadado irá auxiliar outras pessoas, assim como no passado, já a auxiliou.

Atualmente, o foco da escritora é a temática feminina, assunto que ela vem estudando há bastante tempo. 

Desses estudos, nasceu o  desejo de recontar a História não sob a ótica do patriarcado, mas sob o ponto de vista das mulheres.  

Essa ideia foi o germe para a criação da coletânea "Mulher e Literatura - da Poesia ao Poder", publicada pelo Mulherio das Letras, sob a organização de Vanessa Ratton e um grupo de curadoras do qual Sandra fez parte. Nele,  mais de cinquenta autoras brasileiras apresentam mais de cinquenta mulheres brasileiras que admiram. Sandra escreveu sobre a filósofa e escritora Djamila Ribeiro. No ano de 2018 a conheceu pessoalmente na Feira do Livro de Frankfurt, e as duas trocaram livros e impressões. Sandra ficou encantada com o conhecimento, o engajamento e a força de Djamila.

Seu livro mais recente também é sobre mulheres e, sobretudo escrito para mulheres. "HERstory - escreva a sua história!". Um detalhe delicioso acerca desse livro: três gerações de mulheres da família tiveram participação na sua feitura. Sua filha fez a capa, e sua mãe, que também é escritora, fez a primeira revisão. Nessa obra, Sandra discorre sobre vários temas de interesse da mulher, assim como conta histórias reais de mulheres, tanto conhecidas, quanto anônimas. Uma dessas mulheres é Lena Bezerra, doula e educadora perinatal residente em Belo Horizonte, que auxiliou o parto de uma paciente que mora na Alemanha - tudo feito de maneira virtual. Detalhe que a escritora conheceu o trabalho de Lena, ao escrever a história para uma das muitas coletâneas que participou em 2020. Aquela foi sobre uma conterrânea que também vive na Alemanha e em plena pandemia, tinha muito receio de ter seu bebê sozinha no hospital e acabou parindo em casa. Milagre lindo e inesperado com o auxílio profissional da doula brasileira. 

Para Sandra, a escrita é um recurso terapêutico. Segundo ela, "quando a gente tira do corpo, não gruda". E sempre há o que tirar, o que extravasar, e, consequentemente, o que escrever. Sorte de quem escreve, e também, de quem lê.

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Conhecendo um pouco mais da mineirinha germânica: Sandra Santos, a Mineirinha n’Alemanha, mora no país desde 1993. Desde 2003 ela tem um blog homônimo, e desde 2008 vem publicando livros, e participando de coletâneas organizadas pelo Mulherio das Letras, Liberty Books e Páginas Editora. A Sandra é mineira de Belo Horizonte, é casada e tem dois filhos, e escreve para ela e para o mundo por acreditar que tudo está interconectado, que somos e devemos passar luz para os outros e por ter fé em um mundo mais justo e mais fraterno. O último livro dela, que fala de temas como a sororidade e o feminismo consciente, faz um balanço durante a pandemia, leva à reflexão e empodera para que o leitor se coloque no centro de sua vida, com amor próprio e compaixão por si e pelo mundo: HERstory - escreva a sua história!

Outros lugares nos quais você encontra essa mineirinha inquieta:

www.mineirinhanalemanha.de

@mineirinhanalemanha

www.sandrasantos.de




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