Cada poema é único. Em cada obra lateja, com maior, ou menor intensidade, toda a poesia. Portanto, a leitura de um só poema nos revelará, com maior certeza do que qualquer investigação histórica ou filológica, o que é a poesia. Mas a experiência do poema ─ sua recriação através da leitura ou da recitação ─ também ostenta uma desconcertante pluralidade e heterogenia. Quase sempre a leitura se apresenta como revelação de algo alheio à poesia propriamente dita.
{Octavio Paz, in O
Arco e a Lira, p. 28}
Nas Teias do Poema é um dos quadros do Projeto Enluaradas que tem como foco principal dialogar sobre a criação poética, este universo de natureza tão diversa e, ao mesmo tempo, tão única. Para onde nos leva a leitura de um poema? O que um poema nos revela? Que (des)caminhos há entre um(a) leitor(a) e um poema?
Sobre a leitura, Umberto Eco afirma que “todo o texto é uma máquina preguiçosa que pede ao leitor que faça parte do seu trabalho”. É o(a) leitor(a) quem comanda as engrenagens desta máquina desgovernada. A leitura de um poema é um caminho desconhecido, prenhe de surpresas. É um imenso e ermo lugar habitado por um grande contingente de signos latentes de significações, onde cada leitor(a), armado(a) apenas de si mesmo(a), é o(a) único(a) responsável por cartografar seu próprio e incerto itinerário. Ao devorar as entranhas das palavras, o(a) leitor(a) e/ou ouvinte (re)vive a consciência de que o poema é a linguagem e a linguagem é o poema; e sendo o(a) leitor(a) parte da linguagem, é também parte do poema, pois a linguagem é o instrumento capaz de transportá-lo(a) a muitas das esferas de sua psique humana.
A leitura também é instrumento de revelação e imersão no
rio paradoxal e poético da força criadora. Octavio Paz afirma que o poema é
nada mais que apenas
possibilidade, algo que só se
anima com o contato de um leitor ou de um ouvinte. Há uma característica comum a todos os poemas,
sem a qual nunca seriam poesia: a participação. Cada vez que o leitor revive
realmente o poema, atinge um estado, que podemos, na verdade, chamar de poético.
(p.30)
É a linguagem poética o elã alado que forja mundos pela
mágica pluma do(a) poeta? Venha nos fazer
companhia e enriquecer nossos diálogos e questionamentos com seus comentários,
pois há, em nós, profundos mares abarrotados de dúvidas e dúvidas! Até logo
mais!
Para este nono encontro desfrutaremos da companhia das autoras convidadas que fazem parte de nosso coletivo:
MARGARIDA MONTEJANO, mora em Paulínia, SP. Supervisora Educacional na Rede Municipal de Campinas, Poeta, Pedagoga, Ms em educação PUC Campinas, Dra. em Educação pela Unicamp; Pesquisadora do Loed/Unicamp e Produtora do Canal Literário – N’outras Palavras – histórias que inspiram, no Youtube;
RITA QUEIROZ, natural de Salvador, Bahia, Brasil. Professora, poeta, escritora. Autora de 5 livros de poemas e 1 de contos para o público adulto, 5 livros para o público infantojuvenil, organizadora de 9 coletâneas. Integra os seguintes coletivos: Confraria Poética Feminina, Mulherio das Letras, Confraria Ciranda Poetrix e Caliib, além das seguintes academias: AVAL, AILB, AIML, AALIBB, NAISLA, AILAP e ACILBRAS.
ROSANGELA MARQUEZI – Professora por formação e atuação, mas sonhadora de um mundo melhor por opção! Formada em Letras Português Inglês, trabalha na UTFPR Campus Pato Branco. Escreve poemas, crônicas e contos e já participou de diversas coletâneas e antologias. Além dos textos literários, tem artigos científicos publicados e já participou da organização de livros.
REFERÊNCIAS:
ECO, Umberto. Seis passeios pelos Bosques da Ficção. São Paulo: Cia as Letras, 1994.
PAZ, Octavio. O Arco e a Lira. Trad. Olga Savary. Rio de Janeiro. Editora Nova Fronteira (Coleção Logos), 1982.
Os caminhos e descaminhos de um poema são vário e mágicos! Um bom poema nos lê de uma forma tão intensa que às vezes nos surpreendemos. E é somente mesmo com o contato com o leitor/ouvinte, como diz Octavio Paz, que a magia se faz!
ResponderExcluirOs caminhos e descaminhos de um poema são vário e mágicos! Um bom poema nos lê de uma forma tão intensa que às vezes nos surpreendemos. E é somente mesmo com o contato com o leitor/ouvinte, como diz Octavio Paz, que a magia se faz!
ResponderExcluirQue bom saber que vamos nos encontrar logo mais! Desejo muito ouvi-la. Obrigada, Deusa querida.Um fraterno abraço🫂💛🫂 e até loguinho!😘😘
ExcluirLinda reflexão, Marta, sobre poesia!
ResponderExcluirAo ler a reflexão me coloquei a pensar: O poema tem linguagem própria. Múltipla. Transborda possibilidades. O poeta, ao escrevê-lo permite que o poema transcenda,,,interaja,desconstrua e liberte! Grande abraços, poeta!
ResponderExcluirOi Marta. Não foi registrada minha identificação nas postagens. Identifico-me! Abraços, Margarida Montejano
ExcluirObrigada, querida Margarida Montejano. É muito bom saber de sua companhia. Minha sempre gratidão🥰
ExcluirHá um muitas pontes e abismos entre o poeta e o poema, também entre leitor/ouvinte e poema. A Poesia pulsa nestes lugares ermos da linguagem humana. Abraço, querida.
ResponderExcluirVerdade Marta! O poema pulsa e revela o olhar e o sentir do poeta. E estes se misturam à forma de ver e sentir daquele que o lê! O poema vija e ganha o mundo. Ninguém mais o controla! Grande abraço!
ResponderExcluirSigamos juntas viajando e tecendo a alegria, nas Teias do Poema! Margarida Montejano
ResponderExcluirAs referências trazidas por Marta fortalecem cada vez mais as teias das deusas. O leitor implícito e o leitor empírico são imprescindiveis na construção de novos sentidos tanto na prosa quanto na poesia. Grazie, Cortezão!
ResponderExcluirQuerida Deusa Isa Corgosinho, obrigada. É muito importante sua presença no projeto Enluaradas🫂Um grande abraço🥰
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