sábado, 18 de setembro de 2021

NAS TEIAS DO POEMA VI: DOS MATIZES DA LINGUAGEM

 


NAS TEIAS DO POEMA VI: DOS MATIZES DA LINGUAGEM

Por Marta Cortezão

 

A melhor maneira de ver uma obra literária não é como um texto com sentido fixo, mas como matrizes capazes de gerar todo um leque de significados possíveis. Mais do que conter significados, a obra os produz. 

{Terry Eagleton, in Como ler Literatura}

 

O Nas Teias do Poema VI, de hoje, pretende discutir a linguagem como esta dinâmica colcha de retalhos, dotada dos matizes mais diversos que permitem o fazer poético. É através da função literária da linguagem, que renovamos este mundo vivo à nossa volta e outros tantos mundos internos que nos habitam. A chave do fazer poético está na dedicação consciente de como costurar estes retalhos e construir esta colcha diversa e viva de palavras. Charles Peirce, pai da Semiótica moderna, afirma que “o poeta faz linguagem para generalizar e regenerar sentimentos” (PIGNATARI, 2005, p. 10). Cada poema que se constrói tendo em conta este labor literário é um corpus vivo em contínuo diálogo com o mundo e vice-versa. Décio Pignatari, em seu livro O que é comunicação poética (Ateliê Editorial, 2005, p. 11-12) afirma que  

o poema é um ser de linguagem. O poeta faz linguagem, fazendo poema. Está sempre criando o mundo. Para ele, a linguagem é um ser vivo. O poeta é radical (do latim, radix, radicis = raiz): ele trabalha as raízes da linguagem. Com isso, o mundo da linguagem e a linguagem do mundo ganham troncos, ramos flores e frutos. É por isso que um poema parece falar de tudo e de nada, ao mesmo tempo. É por isso que um (bom) poema não se esgota: ele cria modelos de sensibilidade. É por isso que um poema, sendo um ser concreto da linguagem, parece o mais abstrato dos seres. É por isso que um poema é criação pura – por mais impura que seja”

Eis a pulsão que nos impulsiona à criação e à recriação da linguagem, este importante instrumento criado pela humanidade e que, ao passo que nos (re)cria a cada teia, também nos (des)tece a vida, pois estamos sempre em busca de ressignificar este universo dinâmico da linguagem. Parafraseando o ensaísta norte-americano Noam Chomsky, passamos toda uma vida articulando uma infinidade de sentenças frasais que nunca antes haviam sido ditas ou sequer ouvidas. Vivemos para (e pela) a linguagem.

E para (des)tecer estas TEIAS DO POEMA, estaremos na companhia das queridas poetas que compõem a COLETÂNEA ENLUARADAS II: UMA CIRANDA DE DEUSAS:

LINDEVANIA MARTINS é maranhense, poeta, prosadora, pesquisadora, mestra em Cultura e Sociedade, mestranda em Direito Constitucional e defensora pública de defesa da mulher e população LGBT em São Luís do Maranhão. Possui quatro livros publicados, além de contos e poemas em diversas revistas e antologias. Ama livros, café e tardes chuvosas;

MALU BAUMGARTEN é escritora, fotógrafa e jornalista, estrangeira onde quer que esteja. Divulga seu trabalho no projeto multidisciplinar online Nós e Outras. Recentemente publicou no Correio de Povo de Porto Alegre, e nas mídias online Revista Escape, Parênteses e Notícias Gerais. Vive em Toronto com seu parceiro, o fotógrafo Joseph Freeman e o gato George. Não come animais;

RAQUEL BASILONE escreve embrulhos, pequenas mensagens cuja digestão pode não ser tão imediata. É formada em Ciências Sociais. É sapatão, militante LGBTQIA+.

 

Esperamos por VOCÊ!

 

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