terça-feira, 28 de setembro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|62




Momento com Gaia/62


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Por Janete Manacá


Para ouvir o PODCAST clique AQUI.


Abominável legado


seremos lembrados pela próxima geração

como seres perversos e abomináveis

predadores do corpo que tudo gerou


cada árvore derrubada é dívida

tem um alto valor e será cobrado

terra é corpo vivo, precisa de cuidado


vivemos uma geração de pessoas 

indiferentes, cegas, mudas, surdas

cuidado, o pranto de Gaia pode inundar o mundo


depredaram, contaminaram, desviaram

o que estava em sintonia com seu reino

a terra esta machucada, envenenada


a corrupção tornou-se doença crônica

devasta tudo por onde passa

embora maléfica tem sido inspiração


alimentos transgênicos trazem novas doenças 

solos agredidos, destruídos por agrotóxicos

doente o planeta pede socorro para ser curado


as próximas gerações herdarão trágicos desertos

serão andarilhos sobre campos minados

tentando salvar Gaia e seus filhos intoxicados




EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Mariana Teixeira

 



EMPOEME-SE EM POESIA/18


Poemas de Mariana Teixeira

Leitura de Teresa Bendini

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


ATO FALHO


a pessoa

que inventou o amor

cometeu

um ato falho

 

fez a dor de ferro

e o coração de barro

***

 

CELA

 

me prenderam

num corpo

de gente

 

numa gaiola

de pele

 

por dentro

sou pássaro.

***

 

BOTÂNICA


Quando morrer

me deixe em contato

com a terra

quero brotar

e ser

tudo que me foi

podado

***







sábado, 18 de setembro de 2021

NAS TEIAS DO POEMA VI: DOS MATIZES DA LINGUAGEM

 


NAS TEIAS DO POEMA VI: DOS MATIZES DA LINGUAGEM

Por Marta Cortezão

 

A melhor maneira de ver uma obra literária não é como um texto com sentido fixo, mas como matrizes capazes de gerar todo um leque de significados possíveis. Mais do que conter significados, a obra os produz. 

{Terry Eagleton, in Como ler Literatura}

 

O Nas Teias do Poema VI, de hoje, pretende discutir a linguagem como esta dinâmica colcha de retalhos, dotada dos matizes mais diversos que permitem o fazer poético. É através da função literária da linguagem, que renovamos este mundo vivo à nossa volta e outros tantos mundos internos que nos habitam. A chave do fazer poético está na dedicação consciente de como costurar estes retalhos e construir esta colcha diversa e viva de palavras. Charles Peirce, pai da Semiótica moderna, afirma que “o poeta faz linguagem para generalizar e regenerar sentimentos” (PIGNATARI, 2005, p. 10). Cada poema que se constrói tendo em conta este labor literário é um corpus vivo em contínuo diálogo com o mundo e vice-versa. Décio Pignatari, em seu livro O que é comunicação poética (Ateliê Editorial, 2005, p. 11-12) afirma que  

o poema é um ser de linguagem. O poeta faz linguagem, fazendo poema. Está sempre criando o mundo. Para ele, a linguagem é um ser vivo. O poeta é radical (do latim, radix, radicis = raiz): ele trabalha as raízes da linguagem. Com isso, o mundo da linguagem e a linguagem do mundo ganham troncos, ramos flores e frutos. É por isso que um poema parece falar de tudo e de nada, ao mesmo tempo. É por isso que um (bom) poema não se esgota: ele cria modelos de sensibilidade. É por isso que um poema, sendo um ser concreto da linguagem, parece o mais abstrato dos seres. É por isso que um poema é criação pura – por mais impura que seja”

Eis a pulsão que nos impulsiona à criação e à recriação da linguagem, este importante instrumento criado pela humanidade e que, ao passo que nos (re)cria a cada teia, também nos (des)tece a vida, pois estamos sempre em busca de ressignificar este universo dinâmico da linguagem. Parafraseando o ensaísta norte-americano Noam Chomsky, passamos toda uma vida articulando uma infinidade de sentenças frasais que nunca antes haviam sido ditas ou sequer ouvidas. Vivemos para (e pela) a linguagem.

E para (des)tecer estas TEIAS DO POEMA, estaremos na companhia das queridas poetas que compõem a COLETÂNEA ENLUARADAS II: UMA CIRANDA DE DEUSAS:

LINDEVANIA MARTINS é maranhense, poeta, prosadora, pesquisadora, mestra em Cultura e Sociedade, mestranda em Direito Constitucional e defensora pública de defesa da mulher e população LGBT em São Luís do Maranhão. Possui quatro livros publicados, além de contos e poemas em diversas revistas e antologias. Ama livros, café e tardes chuvosas;

MALU BAUMGARTEN é escritora, fotógrafa e jornalista, estrangeira onde quer que esteja. Divulga seu trabalho no projeto multidisciplinar online Nós e Outras. Recentemente publicou no Correio de Povo de Porto Alegre, e nas mídias online Revista Escape, Parênteses e Notícias Gerais. Vive em Toronto com seu parceiro, o fotógrafo Joseph Freeman e o gato George. Não come animais;

RAQUEL BASILONE escreve embrulhos, pequenas mensagens cuja digestão pode não ser tão imediata. É formada em Ciências Sociais. É sapatão, militante LGBTQIA+.

 

Esperamos por VOCÊ!

 

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|61



Momento com Gaia/61


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Por Janete Manacá


Para ouvir o PODCAST clique AQUI.


Desamor


todas as feridas do mundo

se mostraram aos meus olhos

como um pesadelo interminável


inúmeras máscaras caíram

e eu enxerguei horrorizada

a nua face da maldade  


uma multidão de seres vorazes

para corromper, explorar, vender

e cada vez mais enriquecer


vi a pálida face da fome

o corpo inerte do injustiçado

a intolerância, a perversidade


crianças andando sem rumo

ameaças para todos os lados

ruas inteiras ensanguentadas


gente decapitada em nome de Deus

tirania, violência, controle, ambição

comportamentos diabólicos, maldição


ignorantes com armas de fogo nas mãos

no usufruto da insanidade matando irmãos

que falta faz o amor para inspirar corações




EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Teresa Bendini




EMPOEME-SE EM POESIA/17


Poemas de Teresa Bendini

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


Tenho medo de ser eu 

às vezes.

Tenho medo da minha falta de jeito, desatenção e pressa.

Tenho medo de ser eu 

às vezes.

Tenho medo da minha oscilação, indecisão 

e devaneio. 

Fico horrorizada 

quando dou de cara 

com desilusão e a melancolia.

Como pesam!

Tenho medo de ser eu, às vezes.

Meus bloqueios, complexos, minhas enxaquecas.

Às vezes eu tenho medo do meu medo.

Mas é só às vezes...

quando o dia esta nublado 

e a janela emperra.

***


Eu tenho uma coisa ENORME pra te falar,

uma coisa sem cabimento.

Eu tenho uma coisa ENORME pra te falar...

aos quatro ventos.

Eu tenho uma coisa ENORME pra te falar,

nem vai dar tempo.

Eu tenho uma coisa ENORME pra te falar,

AMOR cá dentro.

***


Temos que parar de fazer de nós... publicidade

Temos que parar de nos ver como celebridade...

quem dá conta de alimentar a boca dessa necessidade?

Vaidade

vaidade..

vaidade..

Vai ver se estou na esquina. 

E não no Instagram Facebook ou Whatsapp.

Vai ser menina.

Brincar de pega, esconde-esconde, amarelinha.. 

Vaidade,

vaidade,

vaidade.

Vai ver se estou

na esquina....

da rua dos bobos

número zero.



sexta-feira, 10 de setembro de 2021

HOJE, SÁBADO (11/SET), TEM CIRANDA DE DEUSAS / XI: LEITURAS POÉTICAS! VEM VER!?

 

Por Marta Cortezão

UMA CIRANDA DE DEUSAS/IX: LEITURAS POÉTICAS

E não há quem ponha um ponto final na história

{Conceição Evaristo}

Olê, olé! Olê, olá! Atenção que o Projeto Enluaradas  pede licença para passar! E ninguém mais pode parar estas mulheres! Que a força que se levanta em nossas cirandas poéticas ganhe o mundo, contando ao mundo de nossos ideais, vibrando boas energias no Universo e propagando a Literatura Contemporânea do Feminino. É SÁBADO, 11/09, às 17h30m, o nosso 11º episódio da Ciranda de Deusas. E não esqueça que você é a melhor companhia para esta festa que celebra a viva palavra viva, em estado de Poesia!

O Enluaradas é o projeto-abraço que não apenas publica autoras, mas um movimento de mulheres que constrói História fazendo Literatura. E através de nossas Cirandas de Deusas fazemos a Poesia transitar neste círculo de pura energia que emana de nossa força interior, nosso Sagrado Feminino.


Como já afirmamos, no prefácio de nossa primeira coletânea, o Enluaradas possui um universo mágico que nos aproxima e nos une, onde

ecoa, em todos os cantos, a voz inspiradora de Virginia Woolf nos dizendo que “não há portões, nem fechaduras, nem cadeados” capazes de “trancar a liberdade” de nosso “pensamento” [...] Somos o verso prenhe e latente de vida, dançando, em conexão plural, de mãos dadas, ao redor da apoteótica deusa luna, toda nossa. Somos a mistura poética perfeita em suas imperfeições, porque nos permitimos a poiesis aristotélica, em estado pleno, nos abrindo aos impulsos do espírito humano para voar desde nossa imaginação e desde nossos sentimentos aninhados na alma.

(CACAU, Patricia; CORTEZÃO, Marta. Prefácio Coletânea Enluaradas, 2021, p.30)

 

Somos um Movimento Literário que busca aprender a pensar coletivamente dia após dia, porque entendemos que “o voo só pode ser pleno quando em bando”. Nossa prioridade é contribuir para a consolidação da mulher no espaço literário. Quanto mais nos distanciamos dos vícios humanos que nos provocam a sede de protagonismo e nos desviam de nossos ideais coletivos, mais nos aproximamos da concretização de nossos sonhos, vez que a força está na sabedoria de “dar as mãos”. Portanto, não esqueçamos NUNCA que DE MÃOS DADAS SOMOS DEUSAS; JUNTAS, AS ENLUARADAS!


Nossa décima primeira Ciranda de Deusas acontecerá HOJE, sábado, dia 11/SET, às 17h30m (Brasília), será transmitido, via canal do Youtube Banzeiro Conexões e contaremos com a participação das autoras Deusas Enluaradas e Cirandeiras da Poesia:


Ana Mendes é luso-angolana, autora de dois livros (inf- juvenil e rom. policial) em francês e português; coautora em 50 Antologias e Coletâneas na França, Bélgica, Itália, Suíça, Portugal e Brasil. Premiada em concursos, poesia e contos/2020 & Menções Honrosas 2020 e 2021/ poesia. Acadêmica em seis Instituições: Brasil/Suíça/Portugal/Itália.


Cris Lira é escritora e professora. Pela Editora Venas Abiertas, publicou seu mais recente livro O mundo é esse lugar (2020), além dos livros No país da infância e Ponte para o poente (2019) como parte da Coleção I do Mulherio das Letras que foi finalista do Jabuti em 2020.


Dalva Lobo publicou na revista “Travessias Literárias” – plataforma do Facebook. Em 2020 publicou, em parceria, a obra “A revolução pelo ócio: Lições poético-filosóficas para o século XXI”, e em julho de 2021, publicou a obra “Catatau: dos labirintos da linguagem à criação de ambiências sonoras”, lançada no mesmo canal.


Neli Germano reside em Porto Alegre/RS/Brasil. Arquivista aposentada. Curso Superior (Incompleto) em Letras e Serviço Social pela ULBRA Canoas/RS. Participação em oito antologias, poemas publicados em jornais e revistas alternativos de cultura (Gente de Palavra, Entreverbo e Todas Escrevemos) e tem um livro solo, Casa de Infância. Integra o Coletivo Mulherio das Letras.


Teresa Cristina Bendini escreveu o livro “Poema em Azul”, pela Editora TELUCAZU, 2018. É autora de sete livros infantis. No Livro: “Krenak, o menino dos braços compridos”, a autora produz a sua versão para crianças do urgentíssimo texto de Ailton Krenak: “Ideias para adiar o fim do mundo”.


Marta Cortezão – amazonense radicada em Segóvia/ ES, é escritora, poeta, ativista cultural, professora, tradutora. Mantém o blog https://feminarioconexoes.blogspot.com. Participou de diversas antologias/revistas nacionais e internacionais. Livros de poesia “Banzeiro manso” e “Amazonidades Poéticas – Cultura e Identidade” (no prelo).


Nossa Ciranda de Deusas reverenciará, através de leituras poéticas, autoras de diversos coletivos femininos nacionais e internacionais. Vejamos: 


1. Leituras poéticas de ANA MENDES:  Ana Coelho (poema “Memória Perfumada”), Carla Pimenta (poema “Borboletei”), Jeovania Pinheiro (poema “A Preta”) e Rita Queiroz (poema “Ausências”);

 

2. Leituras poéticas de CRIS LIRATânia Souza (poema “Versos silentes”), Ana dos Santos (poema “Os homens que não amavam as mulheres”), Karine Bassi (poema “quadro parnasiano”) e Pilar Bu (poema “modus operandi da mulher ideal”);

 

3. Leituras poéticas de DALVA LOBORozana Gastaldi Cominal (poema “Da arte de bem viver”), Margarida Montejano (poema “No compasso, segue”) e Ana Salvagni  (poema “Da flor da memória”);

 

4. Leituras poéticas de NELI GERMANOBenette Bacellar (poema “as nuvens são cinzas atrás da janela”), Ida Romano (poema “hoje acordei Fafá”), Jeane Bordignon (poema “Estuário”) e Taiasmin Ohnmacht (poema “A bala perdida”);

 

5. Leituras poéticas de TERESA BENDININoelia Ribeiro (poema “A vida vale um beijo”), Michelle Santos (poema “Efêmera”), Maria Rita Kehl (poema “Rascunho”), Maria Alice Bragança (poema “Corre um coelho branco com um relógio”).

 

Contamos com a sua especial presença para fazer girar esta Ciranda de Deusas através da arte da Poesia. Esta Ciranda é nossa! Visite o canal Banzeiro Conexões, inscreva-se e ative as notificações para não perder esta e nem as próximas cirandas poéticas!




quinta-feira, 9 de setembro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|60




 Momento com Gaia/60


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Por Janete Manacá


Para ouvir o PODCAST clique AQUI.


Abrigo


meu corpo-terrestre

possui sementes sagradas

de florestas de várias vidas


são muitas e preciosas

ficam dormindo dentro de mim

até conseguirem espaço para nascer


mas eu preciso estar atenta

a minha vulnerabilidade 

me aceitar e me acolher


usar agasalhos propícios

humildade, afeto, perdão

ética, respeito, compaixão


ou do contrário germinarão

arrogância, violência, humilhação

egoísmo, vaidade, vitimização


por isso há que cuidar do corpo

com carinho e proteção

e deixar brotar o fruto bom


a pele que me abriga 

é teto de sábias virtudes

que podem mudar o mundo





EMPOEME-SE EM POESIA: Não há oásis no deserto




 

EMPOEME-SE EM POESIA/16


Não há oásis no deserto, de Cátia Castilho Simon

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


Não há oásis no deserto

 

Hoje foi a vez da diarista e outras mais

O jornal anunciou o assassinato de cinco mulheres por seus homens

Outro dia uma juíza foi morta na frente das filhas

Em outros dias, horas, meses, anos,

Agora, agorinha

Por séculos dos séculos, amém e ai de nós

Elas têm se revezado como em uma corrida em meio ao deserto

Uma a uma acredita no oásis e sucumbe:

A bruxa

A frentista

A cabelereira

A advogada

A professora

A escritora

A costureira

A médica

A manicure

E assim vão morrendo de morte matada, todas

Não há filhas nem filhos capazes de salvar daquele que se entende escarnecido, ainda que seja o pai

Era necessário esfaquear dezesseis vezes para que voltasse ao seu lugar

Sucumbir diante das filhas ou filhos é um morrer sem fim,

É cortar o osso e segurar a dor

Doca Street, o assassino de Angela Diniz, morreu aos 86 anos há poucos dias. Morreu de morte natural, 44 anos após o crime, como um justo que nunca foi.


(In: Coletânea Enluaradas I: Se Essa Lua Fosse Nossa. CACAU, Patricia, CORTEZAO, Marta (Org.). Selo Editorial Ser MulherArte, 2021, p. 81)

 




quarta-feira, 1 de setembro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|59


 

Momento com Gaia/59


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Por Janete Manacá




Para ouvir o PODCAST clique AQUI.


Eu me permito


eu me permito ser lua, sol, estrelas

céu azul ou nublado em fim de tarde

sabor de camomila, anis estrelado 


eu me permito ser rios e lagos

minas, matas, cachoeira, cerrado

flores do campo, vida selvagem


eu me permito ser voo de borboletas

libélulas de translúcidas asas

mansidão da chuva, semente germinada


eu me permito ser trigo dourado

arroz no cacho, feijão na vagem

pão na mesa, água potável

eu me permito ser canto de pássaros 

pântano, aves e animais aquáticos

canção de ninar, templo sagrado


eu me permito ser amor, felicidade

paz e oração em dias tribulados

bondade, desapego, compreensão


eu me permito ser e reconhecer 

meus medos e minhas fraquezas

enfim merecer o colo da Mãe Natureza




Feminário Conexões, o blog que conecta você!

EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS

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