“Em todo adulto espreita uma criança – uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo e que solicita cuidado, atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa” (Carl Gustavo Jung).
A fala do psiquiatra Jung,
remete-nos a criança que mora em cada um de nós e tudo que evidencia-se ao longo da nossa
existência em decorrência da infância. É dos eventos que vivenciamos nessa fase da vida, que carregamos grande parte da nossa
personalidade.
Quem não suspira ao lembrar do seu tempo de criança? Seja
das alegrias, dos momentos de fantasias,
ou das tristezas e represálias...
Como disse “Casimiro de Abreu" Oh! Que saudades que eu tenho da aurora da
minha vida, da minha Infância querida que
os anos não trazem mais...
Ah! O pé no chão,
as escaladas de árvores, os cordéis
lidos por minha avó , o cheirinho dos pratos deliciosos da minha mãe, os
doces de pitanga, o algodão doce no
parque, as cantigas de rodas ao ar livre, as comidinhas de terra e folhinha no quintal de casa, as minhas
bonecas/filhas, os joelhos ralados, os
banhos de chuvas e nos igarapés, as pipas,
o peão rodopiando, o carrinho... A liberdade de ser menina/criança, de ter pureza, de ter um mundo de paz... A lembrança que carrego comigo é que era tudo mágico!
A magia existia, mas foi lá na infância que começou a se delinear os estereótipos, a
separar cores, brinquedos, espaços... Eis então a contaminação da ideologia patriarcal.
E não é só por ai... A tecnologia chegou e a mídia e a publicidade infantil estão encurtando a infância feminina, através da erotização precoce e da adultização. Todavia, eu ainda cultivo minhas lembranças de uma infância de ingenuidade, feliz e romantizada, bem, como por vezes, me vejo tendo comportamentos infantis. Como disse Clarice Lispector: “Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais”.
E pegando carona nesse dia das crianças trago para vocês um
texto da minha autoria:
O ARCO-ÍRIS
Quando eu era criança eu tinha as minhas crendices e
fantasias; acreditava que havia um tesouro na extremidade do Arco-íris. Morava
em um lugarejo, desses que não tem água encanada e nem luz elétrica, mas a paz reinava por lá, onde
eu era feliz à luz do luar e tomando banho com água de poço. Era lá que eu
sonhava em um dia encontrar o meu tesouro!
- Certo dia,
debruçada na minha janela, eis que surge no céu um Arco-íris.
- É hoje! É hoje!
Vou alcançar o meu tesouro!
-Ah! O arco-íris,
ele tem forma de escorregador (Eu pensei...). E se tivesse uma escada bem longa e
eu subisse e escorregasse até a extremidade?... Mas, onde encontrar essa escada?
Desalentada, desisti
da ideia e de repente meus olhinhos brilharam de alegria... Eu vi que a
extremidade estava exatamente ali onde eu costumava brincar de cirandas com as
amiguinhas, onde eu brincava de bonecas e jogava pedrinhas. Naquela calçada
alta, onde eu ficava ouvindo a velha Iaiá contar suas estórias a luz do luar.
Lá na calçada do Sr. Ribamar! Era alta! eu ia alcançar!
Corri cheia de
esperanças pra pegar o meu tesouro, mas quanto mais eu palmilhava e
esticava meus passinhos mais o arco-íris
se distanciava e as cores iam perdendo o seu fulgor... o arco-íris ia
desaparecendo e com ele o meu sonho, o meu tesouro!
Meus olhos fotografavam aquele local, onde vi a extremidade do arco-íris. Aquele cenário explêndido, cheio de cores, não me saia do pensamento... Se o arco-íris estava ali tão próximo, porque não consegui alcançar o meu tesouro?
Quando cresci
consegui entender que o arco celeste era apenas uma ilusão de ótica, mas as cores, o fulgor e os sonhos, estavam
realmente naquele local, alí onde eu brincava, onde eu ouvia as estórias da
velha iaiá, onde eu cantava as cantigas de roda e acalentava bonecas, onde eu era criança... Ali onde
estava a minha infância. O meu tesouro!
"A Infância é
como o arco-íris, quanto mais palmilhamos, ela vai se distanciando e as cores e o fulgor vão desaparecendo.” (Rilnete Melo)
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👏🏼👏🏼👏🏼
ResponderExcluir😍❤🤝🏻⚘
ExcluirEita que fizeste-me percorrer minha saudosa infância minha amiga! Perfeito 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 Parabéns!💕
ResponderExcluirObrigada pela visita e o apreço querida!🤝🏻⚘🥰
ExcluirQue lindo 👏👏👏
ResponderExcluirGratidão!❤
ExcluirQue lindo! Amo arco-íris, sinal de boas novas ❤️
ResponderExcluirBom saber que estou agradando meu leitor!🤝🏻⚘🥰
ExcluirLindo!!! Lembrei de um lugarejo,meu torrão.
ResponderExcluirQue maravilha! Obrigada pela visita! Volte sempre🤝🏻⚘❤
ExcluirParabéns cara escritora Rilnete! Este seu texto me permitiu rememorar os bons tempos de infância, bem como refletir sobre os tempos modernos que tem descaracterizado a infância em todos os aspectos.
ResponderExcluirFico lisonjeada pela sua visita e pela preciosa leitura nobre poeta. Abraços poéticos 🤝🏻⚘❤
ExcluirBelo texto querida Rilnete, belo e sensível, gotas de orvalho nos nossos tão ressecados dias... parabéns !!
ResponderExcluirObrigada pelo carinho e apreço , fico feliz por ter molhado algum olhar... Muito bom ter você por aqui. 🤝🏻⚘❤
ResponderExcluirQue bela alma sua infância moldou! Grata, Rilnete, por fazer parte de nosso blog Feminário Conexões. Tenho orgulho imenso de sua amizade. Um fraterno abraço.
ResponderExcluirObrigada pelo apoio e apreço Marta querida. Também tenho orgulho de ser amiga dessa amazonense linda e talentosa. Gratidão pela acolhida no Blog, tô amando.❤
ExcluirQuando essa mulher escreve, até jacaré fica manso. Delicadeza e sensibilidade deveria ser seu pseudônimo. 🤩❤
ResponderExcluirHum! Assim não vale! Obrigada pelo apoio constante meu amor 💘
ExcluirAmo os arco-íris! Esse colorido sempre me lembra a infância. Ótimo texto!
ResponderExcluirObrigada pelo carinho e pela visita
ResponderExcluirAbraços poéticos 🤝🏻⚘🎉