ACORDEM JÁ ESSAS MULHERES!
Vou andando com o teu livro
entre as construções do poema
e eis que as ruas de repente
Transbordam de humanidade
sob o coral das abelhas
E o mel que a tarde destila.[1]
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Arquivo da autora |
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Evento UFAM-05/MAIO/2025 Arquivo da autora |
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Lançamento (Manaus-23/SET/2024) |
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Imagem Pinterest |
E neste sentido, há sempre muito a ser dito: “feridas
tantas de tempos / Passados, somam distâncias no peito oco / Entre o que somos
hoje e um dia fomos. [...] Não, não foi a saia, não foi o corpo, foi a
violência! [...] Há tanto o que ser (re)visto sob o sol dos dias / Há tanto o
que ser falado dessas dores e noites / Que, quando nos levantarmos todas, isso
é certo, / Nossa voz explodirá numa aurora nuclear irrefreável. // Indomável.”
(“Há tanto o que se falar”, p.88).
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Imagem Pinterest |
Nos jogos de sedução quem dá as cartas é esta mulher
que sabe o que quer, inclusive ainda adverte este imprudente homem do perigo de
suas “coxas e olhos reluzentes”, de sua beleza “tão livre e solar”, pois sabe
que quando a veja tão radiante assim, “Um gosto amargo te subirá a boca, eu
sei, / Mas os braços já estarão ao teu pescoço… / E será o teu fim, ou pior, do
homem que pensas ser. // Então, cuidado!” (“Sedução”, p.26).
A escrita erótica de Rita Alencar Clark, para além de
sua incontestável qualidade poética, é uma escrita de resistência contra os
velhos tabus e os inúmeros preconceitos que nos têm silenciado ao longo dos
séculos, e que, portanto, empunha a bandeira pela liberdade dos corpos de
mulher, porque queremos “nossos corpos livres e belos / Por serem nossos, de
mais ninguém, só isso!” (“Universos de nós mesmos”, p.83).
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Alencar e Silva Arquivo da autora |
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Rita Alencar e Silva e Marta Cortezão Palácio da Justiça (Manaus-23/SET/2024) |
Por aqui me despeço, e não me levem a mal, mas é que “Já nem sinto os meus pés no chão…”. Ó Santa Rita dos versos encantados, escrevei para nós… Amém! Boa leitura.
Poeta amazonense.
[1] SILVA, Alencar e. Crepuscularium.
Fortaleza/CE: Ediçoes Realce, 2006, p. 34.
[2] “Por entre as faces de um poliedro” de Alencar e Silva, in Ouro, incenso e mirra. Manaus, AM: Imprensa Oficial do Estado do Amazonas, 1994. 83 p. Acesso 08/04/2024, disponível em http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/amazonas/alencar_e_silva.html
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Arquivo da autora |
Rita Alencar Clark, professora de Língua portuguesa e Literatura, poeta Amazonense, contista, cronista, ensaísta, revisora e curadora. Membro do Clube da Madrugada (AM) desde 1987, membro fundador da ALB/AM - Academia de Letras do Brasil/Amazonas e da ACEBRA - Academia de Educação do Brasil. Colaboradora do Blog Feminário Conexões e dos Coletivos Enluaradas e Mulherio das Letras, com participação em diversas coletâneas e antologias poéticas, sempre representando o Amazonas. Tem dois livros publicados: Meu grão de poesia, Milton Hatoum - Um certo olhar pelo Oriente-Amazônico e In(-)versos do meu verso.