NAS TEIAS DO
POEMA V: NOS FIOS DA 'ALQUIMIA DO VERBO'
Para escrever rápido, há que ter pensado muito; ter levado consigo um tema no passeio, no banho, no restaurante, e quase na casa da amada. (...) Cobrir uma tela não é carregá-la de cores, é esboçar de modo leviano, dispor as massas em tom ligeiro e transparentes. A tela deve estar coberta – em espírito no momento em que o escritor toma – a pluma para escrever o título.
{Charles Baudelaire, in Conselhos aos Jovens Literatos}
Em mais um episódio, pretendemos falar sobre as teias
que (des)estruturam a urdidura do poema, sobre estes fios que se forjam na linguagem
expressiva que a poesia exige de cada punho que a escreve. Destes campos da emoção, onde a palavra brota, ganha corpo e existência no labor da pluma.
Mas há também o outro lado da questão, pois muitas
vezes nos bloqueamos diante de um texto. O que fazer? Tem alguma experiência
para contar? Foi possível encontrar a melhor solução para aquele(s) verso(s) amétrico(s)? É importante também refletir
como nossa visão de mundo pode limitar nossa capacidade de criação poética. É
possível romper estes limites? De que forma? É importante também arvorar-se dos
conhecimentos linguísticos e conhecer as “malandragens e sacanagens” escondidas
no substrato da língua, as quais nos permitem adentrar e/ou nos aproximar
daquilo que Rimbaud denominou de “alquimia do verbo”, o que compreende o
esvaziamento do signo verbal, pois para este autor o fazer poético conserva um
quê de irracionalidade.
Charles Baudelaire considera a inspiração fruto do
trabalho diário, mas, dadas às devidas proporções, inspiração e expiração são dois
opostos que se completam:
Estes dois contrários não se excluem em absoluto, como
todos os contrários que constituem a natureza. A inspiração obedece, como o
homem, como a digestão, como o sonho. (...) Se se consente em viver numa
contemplação tenaz da obra futura, o trabalho diário servirá à inspiração, como
uma escritura legível serve para aclarar o pensamento, e como o pensamento calmo
e poderoso serve para escrever legivelmente, pois já passou o tempo da má
letra.
E você já parou para pensar de que forma se dá seu processo de criação poética? Encontrou alguma resposta convincente? Em como a abstração do signo ganha corpo em seu “fazer poético” e passa à tela do computador/celular/tablet, ou ainda, à branca folha do papel? Você, assim com Baudelaire, já levou as teias de um poema à cama, a um passeio, a uma reunião familiar ou a outro lugar qualquer?
E para pensar estas TEIAS DO POEMA, convidamos as
queridas poetas que compõem a COLETÂNEA ENLUARADAS II: UMA CIRANDA DE DEUSAS:
DANI ESPÍNDOLA é poeta, tradutora e professora de
língua inglesa e portuguesa. Em 2020, lançou seu
e-book de poesia chamado “TANTO FIZ QUE DEU POEMA” (download gratuito) e
publicou cerca de 300 poemas em suas redes sociais. Atualmente, dedica-se à
escrita de seu novo livro de poemas, prosa-poética e microcontos;
ELIZABETE NASCIMENTO é Doutora em Estudos Literários pela Universidade do
Estado de Mato Grosso/ PPGEL- UNEMAT. Autora de livros, com participação em
diversas coletâneas literárias (poesia) e Membro do grupo de Pesquisa: Poética
Contemporânea de Autoria Feminina do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil,
UNIR/Universidade de Rondônia;
MARIA DA PAZ FARIAS é mãe de Amanda e Servidora
Pública do Judiciário Federal, com formação em Direito e pós-graduação em
Direito Social. Cearense, nascida no Sertão do Ceará, reside em São Paulo desde
1992. Gosta de escrever por hobby.
Esperamos por VOCÊ!
Que texto maravilhoso, querida Marta Cortesão
ResponderExcluir"É a hora de vos embriagardes! Para não serdes escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos! Embriagai-vos sem cessar! Com vinho, poesia, virtude! Como quiserdes!"
Charles Baudelaire
Obrigada, querida Elizabete, pelas palavras. É sempre bom parar para ouvir os que entendem do assunto. O maestro Charles Baudelaire sempre nos ensinando. Até loguinho!😘😘
ExcluirAmei o texto Marta Cortezão!!! Parabéns Poeta!
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