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quinta-feira, 12 de junho de 2025

TORNAR-SE ESCRITORA, POR MYRIAM SCOTTI

AVE, CRÔNICA|07

T O R N A R - S E   E S C R I T O R A

Por Myriam Scotti

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Vez em quando, perguntam como me tornei escritora. Na verdade, penso que desde a infância, quando escrevia poeminhas e diários para dissipar minhas angústias, apenas demorei a me sentir pronta. No livro “Só garotos”, a artista Patti Smith escreve sobre quando ainda era apenas uma menina: “lembro que me senti confinada diante da ideia de que nascemos em um mundo onde tudo já foi mapeado pelos outros antes.” Assim como ela, eu mesma costumava questionar as razões de certos comportamentos serem os únicos aceitáveis, se quisesse, no futuro, ser uma mulher bem-sucedida-respeitada. Feito produto em série, os objetivos: estudar, casar, ter filhos e envelhecer, representava a curva da vida ideal, como se todas as mulheres desejassem as mesmas coisas para si.

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Os primeiros anos de casada e a gravidez do primeiro filho me arremessaram para a realidade crua de ser mulher, de ser a responsável pela casa, por gerar a vida, de ser quem renuncia a si mesma em prol do pequeno ser desconhecido, de ser quem ama o marido que se faz sempre ausente, como escreveu Roland Barthes em seus fragmentos, exatamente o que de mim restou depois de me tornar mãe e experimentar cores intensas, que até então nunca desconfiara existir. A solidão-companhia, a inveja de assistir ao parceiro seguir em frente, sem que tivesse sido afetado pela chegada do filho, o descompromisso, o individualismo, ele próprio: a reprodução de tudo o que prometera não ser. “Volto já” era a frase mais escutada, enquanto eu tentava me recompor.


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Então, a redescoberta da literatura, aconteceu por causa do vazio, bem como a escrita da prosa e da poesia. Por não encontrar à minha volta algo ou alguém para me identificar, para me compreender, busquei nos livros as respostas para todas as questões que me rondavam, as quais não permitiam que eu seguisse em frente. As histórias soavam mais verdadeiras que a realidade à minha volta, onde as mulheres pareciam estar felizes-conformadas com suas escolhas. Mas elas não me representavam nem me acolhiam. Não à toa, as queixas das personagens se confundiam com as minhas e, assim, entreguei-me completamente à literatura, hoje o meu farol e filosofia de vida. 


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Arquivo da Autora
MYRIAM SCOTTI nasceu em Manaus, é formada em Direito pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM; é mestre em literatura e crítica literária também pela PUC-SP; com curso de extensão em práticas de leitura e formação do leitor, pela PUC-SP. A partir de 2014, baseada nas experiências com seu primogênito Daniel, estreou como escritora de histórias infantis: O menino que só sabia dizer não (publicação independente); O menino que só queria comer tomate e Quando meu irmão foi embora? (editora Chiado); além do e-book “O menino que não queria dormir sozinho”. Em 2018, estreou na poesia com o título A língua que enlaça também fere (Editora Patuá). Em 2020, lançou um segundo livro de poesia sob o título Mulheres chovem (Editora Penalux), ano em que também venceu o prêmio literário da cidade de Manaus com o romance regional Terra Úmida, publicado em 2021 pela Editora Penalux. Em 2021 lançou o primeiro romance juvenil Quem chamarei de lar? (Editora Pantograf), o qual foi admitido pelo PNLD 2021 e foi escolhido como paradidático de várias escolas do Brasil, além de ter sido selecionado no edital “Minha biblioteca” de São Paulo 2022, onde constam mais de onze mil exemplares espalhados pelas bibliotecas da capital. Em 2024, lançou o livro de crônicas Tudo um pouco mal (Editora Patuá) durante a Festa Literária de Paraty (FLIP), o título é semifinalista do prêmio nacional Sabiá de crônicas. Também em 2024 foi convidada para os Festivais Literários de Araxá e Paracatu, ambas comandadas pelo produtor cultural Afonso Borges, onde explanou sobre literatura produzida por mulheres no Amazonas. Há três anos é curadora do Festival Literário do centro de Manaus (FLIC), promovido pelo produtor cultural João Fernandes, CEO do Centro Cultural Casarão de Ideias.

CARTA A QUEM DESEJA MEU SILÊNCIO

Por Cíntia Colares (Flor de Lótus)


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Na primeira vez que me violentaram, eu era uma menina.

E calei pelo medo e vergonha.

Na segunda vez que sofri violência, passei anos sofrendo um duro assédio moral e sexual num ambiente que deveria ser seguro. Apesar de ter sido aprovada num concurso para funcionária pública federal, morri um pouco a cada dia enquanto tentava sobreviver para garantir o sustento do meu filho.

Não calei, mas paguei caro por ousar denunciar velhas práticas e por não ceder ao assédio. Na terceira vez que sofri violência foi onde buscava construir outro mundo possível. Quando busquei voz e poder de decisão como os demais, ouvi que deveria me pôr no meu lugar.

O meu lugar e o de todos nós: pessoas negras, mulheres, indígenas é onde a gente quiser e reivindicar. É onde a vida acontece e está sendo decidida.

Nada mais sobre nós sem nós.

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Não me calo, não silencio, não dou manutenção ao que não quero que siga acontecendo. Meus gritos já denunciaram violência sexual, política, verbal, psicológica e até ameaças de agressão física que sofri e vão ficar na memória daquele contraditório espaço dito de luta. Ainda temos muito que lutar por equidade de gênero, raça e diversidade.

De minha parte, muitos gritos mais ainda serão ouvidos até que me escutem e me vejam estar presente nos espaços e nas decisões.

E nunca mais calarei.

Porque minhas dores gritam em mim até no silêncio. No olhar que fere, na boca que nos enxota.

Não estarei olhando do lado de fora e não estarei em silêncio do lado de dentro, fazendo apenas figuração para aliviar suas consciências.”

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Arquivo da Autora


Cíntia Colares (Flor de Lótus) é uma mulher preta cis, jornalista, poeta e coautora em coletâneas, antologias, revistas e sites de poesia. É ativista no antirracismo e mãe solo de um adolescente negro, morando na periferia de Porto Alegre/RS.


Obrigada por ler até aqui  “Sou Flor de Lótus🪷

segunda-feira, 14 de abril de 2025

EU, MULHER NEGRA, POR MARIA DO CARMO SILVA

VIVÊNCIAS POÉTICAS|05

 EU, MULHER NEGRA

Por Maria do Carmo Silva


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Nas minhas memórias, desde a infância até a fase adulta, há um acervo de fatos que  remetem a prática do preconceito racial, resultante de uma história imposta pelo colonialismo que nos  colocou sempre em situação de subalternidade, invisibilidade, desumanização, exclusão humana e social.

O longo processo de escravização no Brasil deixou mazelas que perpassaram gerações, gerando uma herança maligna para nós negros em todos os aspectos, fomentando o racismo e o preconceito racial.

Mesmo sem compreender o porquê, observava que éramos sempre colocados à margem da sociedade. Cresci observando no cenário da vida real e na ficção estas marcas de subalternidade e de marginalização, resquícios do colonialismo: a mulher negra sempre serviçal do povo branco, exercendo as funções de cozinheira, faxineira, babá, lavadeira. É claro que não desmerecendo a dignidade de nenhuma destas profissões, mas refletindo sempre sobre a desigualdade social aliada a estas profissões que não oportunizavam a ascenção  destas mulheres para outras atividades, histórica e socialmente priorizadas para mulheres não negras e de condição financeira privilegiada.

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Na escola, observava e internamente me questionava sobre a falta de oportunidades dada às crianças negras na participação de eventos inter e extra-classe, onde prioritariamente eram escolhidas crianças não negras. As expressões (frases e palavras) que incitavam o menosprezo por parte dos coleguinhas repetidos cotidianamente, me deixava aperreada: “cabelo de bombril, fio de nego é urubu, nego do (suvaco) fedorento”.

Cresci cercada por este invólucro preconceituoso. A época, observava também na TV que os papéis exercidos pelos negros nas telenovelas, filmes e programas humorísticos, sempre remetiam à escravização, ao racismo, à inferioridade, à subalternidade.

Com o passar dos anos, adentrando em diferentes espaços socioculturais, percebi um esforço contínuo pessoal e coletivo da população negra e afrodescendente  em prol da libertação do nosso povo,  historicamente e brutalmente violentado pelas marcas do racismo, do preconceito, da discriminação, do silenciamento, da invisibilidade, da intolerância, da desumanização.

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E nesta trajetória, decádas depois, na condição de cidadã, professora, poeta e escritora, uso a poesia como um clamor de justiça e de liberdade, onde a voz do meu povo negro outrora silenciada, ecoa e brada repudiando todas as formas de preconceito, de discriminação e de violência que ainda nos vitimiza na contemporaneidade.

Vejo com grande contentamento o “meu povo negro” ocupando espaços nas diversas esferas sociais, mostrando sua potência, sua voz, seu talento, NOSSA COR e IDENTIDADE sem receios, adentrando as universidades, se capacitando em diferentes profissões, demonstrando seus talentos artísticos, mostrando para a sociedade que “somos humanos, cidadãos e protagonistas de uma nova história” na qual o preconceito racial seja extinto e a cor da pele não continue promovendo exclusão e discriminação.

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Concluo esta reflexão com este fragmento de um texto poético autoral intitulado EU, MULHER NEGRA, que integra o recém-lançado livro COLHEITAS  ANCESTRAIS & PRIMAVERAS:

(...) “Sobrevivi as torturas e a desumanização.

Para a minha descendência, deixo esta lição:

SOU MULHER NEGRA, humana, cidadã.

Protagonista da história do ontem, de hoje e do amanhã.


Libertei-me da senzala.

Uma nova história construir.

Resistência e liberdade,

Marcarão a minha posteridade.

SOU MULHER NEGRA, humana, cidadã.

Sempre reconstruindo a minha história,

com determinação, resiliência e dignidade!"


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Arquivo pessoal da autora


Maria do Carmo Silva -  Natural de Mutuípe-BA; Professora, poeta e escritora. Licenciada em Geografia, graduada em História; Especialista em Gestão e Educação Ambiental, Estudos linguísticos e literários e Comunicação, Cultura Organizacional e Tecnologia. Autora dos livros de poesias: "Retalhos de Vivências", "Recomendações Poéticas", "Leituras e Releituras", "Colheitas Ancestrais & Primaveras." Tem participação em diversas Antologias Poéticas nacionais e internacionais. Colunista no site de notícias Tribuna do Recôncavo e colaboradora do blog Feminário Conexões. Integrante dos Coletivos Mulherio das Letras e Enluaradas.

sábado, 8 de março de 2025

TOPOGRAFIA DO MEDO

AVE, CRÔNICA|07

POR MARTA CORTEZÃO

Fonte: Pinterest
Alguns passos deixam marcas que a cidade não ignora. Uma mulher caminha pela cidade. Um homem caminha pela cidade. Dois fatos comuns, no entanto, totalmente distintos do ponto de vista da essência semântica e espacial do corpo que caminha. E não me refiro simplesmente à ação de caminhar, mas ao que não cabe nos fatos em si, o que transborda deles e escorre pelos interstícios do passado e do presente, que pulsam no organismo vivo da cidade. Há uma pragmática quase invisível entre o corpo caminhante e o corpo vivo da cidade, porém essas relações não se apresentam de forma neutra a todos os corpos. Sua topografia, construída por edifícios fálicos e belicosos, se impõe como o cenário dos acontecimentos cotidianos.  

Fonte: Pinterest
A cidade é um ser que respira, reage, amanhece e anoitece a cada passo. Aos passos do homem que caminha, ela abre os pulmões receptiva, e inspira o ar fresco matinal. A brisa favorável dos bons tempos percorre suas artérias, porque a cidade está feita à sua medida. Ela exibe sua fortaleza em suas largas avenidas desobstruídas, que fluem sorridentes, sem impedimentos, em todas as direções, num fluxo contínuo. Já a mulher trânsfuga, ao caminhar, pisa com seus medos no corpo urbano, vivo, mas limitado. A cidade exala, por entre postes e vielas, um ar pesado e sepulcral, como se, a cada passo, fosse revelar o inesperado, ao mesmo tempo previsto e temido, o susto iminente prestes a saltar de alguma esquina. Seus labirintos estreitos suspiram pesado e sussurram segredos medonhos por entre os dentes: fogueiras, massacres, violações, silenciamentos... As veias urbanas pulsam obstruídas no fluxo das incertezas, sem volta, sem refluxo, dificultando o próximo passo, facilitando o tropeço, o coágulo.

Fonte: Pinterest
A cidade, suas sombras e seus olhos de Argos se dissolvem. Invisíveis, espalham-se pelas paredes, pelas janelas, pelas construções, pelas frestas, pelo trânsito afoito dos automóveis, entre buzinas e piscadas de faróis. Um homem caminha pela cidade sem notar o tumulto, sem notar as sombras e os olhos, porque a cidade é neutra ao seu corpo. Ele atravessa sem sentir o bulício, mas seus olhos cravam-se na mulher que caminha em sua direção. Ela, atormentada pelo ruído da cidade, se assusta, sente o olhar do caminhante arder em seu corpo nu e desvia sinuosamente o percurso. A cidade cede palco aos olhos que não piscam – apenas os faróis atentos dos carros, que piscam em cumplicidade à buzina estridente da insinuação incômoda, na hora cansada da cidade. A mulher apressa os passos largos. Pelas frestas dos vidros dos carros, a cidade se assenhora do espaço que o corpo da mulher pisa. As sombras assobiam palavras obscenas que a atravessam, queimando a caminhante assustada como mãos de fogo que não tocam, mas ardem e marcam para sempre.

Fonte: Pinterest
A cidade, insaciável não dorme. Ela é um animal de humor instável, de garras afiadas, pronto para assaltar sua presa com seu baile de máscaras medieval. Com seu ar selvagem e fingido comportamento manso, de aparente desinteresse, prepara-se para dar o bote. Permite a passagem da mulher que caminha, para logo apresentar um risco calculado na próxima esquina. A cidade tem patas silenciosas e olhos de fera noturna. Durante o dia, deixa-se domesticar: ruas iluminadas, passos firmes. À noite, arqueia o lombo, mostra os dentes, e toda mulher aprende a andar como quem não quer acordá-la, pois há os corpos e as cicatrizes que a cidade devora. Até quando uma mulher que caminha pela cidade será apenas mais uma sombra em meio à cegueira extrema do espaço urbano? 


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terça-feira, 27 de agosto de 2024

CRÔNICAS DA SUSTÂNCIA - HISTÓRIAS DE MINHA MÃE: a curva da Velha Beta... Por Rosangela Marquezi



CRÔNICAS DA SUSTÂNCIA/05


 HISTÓRIAS DE MINHA MÃE:

A CURVA DA VELHA BETA

Rosangela Marquezi



Minha mãe... Que ainda brinca!
Fonte: Arquivo pessoal (autoria de Carina Pelegrini)
Ressignificar momentos. Ando com esse pensamento me adentrando nos últimos tempos. Talvez seja o inverno indo embora e, com ele, o desejo de uma nova primavera. Talvez seja simplesmente a necessidade que nós, humanos seres, temos de nos reinventar a cada tempo... Talvez seja o desejo de entender na profundidade a famigerada frase de Heráclito de Éfeso, aquela que nos diz que nenhum homem se banha duas vezes no mesmo rio, pois já não é mais o mesmo rio e nem mais o mesmo homem...

Enfim, que dessa vontade de ressignificação, ando conversando muito com minha mãe, Maria Lucia, que atualmente tem 76 anos, e ouvindo suas histórias de tempos outros. Dentre essas histórias, compartilho a que intitulei “Curva da Velha Beta”. 

Conta minha mãe que quando era moça de seus 16, 17 anos adorava ir aos  bailes que aconteciam nas comunidades próximas ao sítio onde residia com seus pais e irmãos, no interior de Santa Catarina, em um pequeno vilarejo chamado Veadas (Hoje, Vila Kennedy). Naquela época, vivendo no interior e sem muitos recursos financeiros, iam a pé, chegando a fazer 6, 7 km de caminhada!

Próximo ao sítio onde ela morava havia uma curva mal-assombrada... Era a curva da Velha Beta, uma senhora idosa que residia próximo à estrada. Dizia a vizinhança que apareciam fantasmas por lá e, por isso, quase ninguém tinha coragem de por ela passar. Por isso, faziam um desvio, indo por um carreiro (caminho estreito, atalho) no meio da capoeira da estrada.

Na volta dos bailes, já alta madrugada, minha mãe e seu irmão mais velho, o Tio Miguel, que sempre a acompanhava nas diversões, iam à frente dos outros vizinhos que também tinham ido ao baile e amarravam alguns dos matinhos, de um lado a outro do carreiro, para que os que vinham atrás neles se enroscassem. Não chegavam a cair e nem se machucar, segundo ela, pois o mato arrebentava facilmente. Mas era uma diversão. Riam aos borbotões. Outros tempos.

Essa história me fez pensar que podemos fazer novos caminhos sempre que possível e, neles, ressignificar a nossa história. Vejamos: a curva da estrada é assombrada como a da Velha Beta? Abramos um carreiro, contornando a dificuldade. Chegaremos de qualquer jeito, afinal, como já ensinava D. Juan a Carlos Castañeda, “um caminho não é mais do que um caminho” e, talvez, até levemos menos tempo... A jornada é demorada e pesada? Inventemos brincadeiras e distrações no caminho tornando-a mais leve e suportável. Rir, segundo a sabedoria popular, ajuda a “desopilar o fígado”, fazendo com que tenhamos uma vida mais saudável.

Ressignificar é ato de empoderamento, visto que passamos a ter o controle sobre as narrativas de nossa vida. Vermos o passado sob novos olhares nos dá a oportunidade de atribuirmos novos significados a situações que, talvez, nos incomodam ou nos causam medo. Permite-nos transformar vivências em aprendizado.

Abraços,

Seja Feliz.

Rosangela Marquezi
Professora de formação e atuação, mas ouvinte de histórias por opção.


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DICAS DA SUSTÂNCIA
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1. Ouça “Vilarejo”, na voz de Marisa Monte. É uma canção linda que nos remete a um local que para cada um pode ser diferente... Qual o seu vilarejo?? Qual o seu lugar de recordação? A letra, de 2006, é de Marisa Monte, Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Pedro Baby (filho de Baby Consuelo e Pepeu Gomes).

“Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão”

2. Assista ao filme “O lado bom da vida” (2012), dirigido por David. O. Russel e estrelado por Jennifer Lawrence e Bradley Cooper. Lawrence, por sua atuação neste filme, recebeu o Oscar de Melhor Atriz. É baseado no livro homônimo do escritor norte-americano Matthew Quick. A história envolve duas personagens com problemas emocionais/psicológicos que decidem, juntos, lutar e aprender mais sobre como lidar com seus problemas. É uma história boa, que nos mostra que, como diz o personagem de Cooper, o Pat: “Quando as coisas são difíceis, você tem que tentar ver o lado bom da vida”.

3. Leia o clássico da literatura infantojuvenil, “Pollyanna”, da escritora norte-americana  Eleanor H. Porter. O livro conta a história de uma pequena órfã, Pollyanna, que vai morar com uma tia após a morte dos pais. Com o Jogo do Contente, que aprendeu com seu pai quando esperava ganhar uma boneca e acabou recebendo um par de muletinhas (eram doações que vinham à igreja onde o pai era missionário). Ele lhe ensinou a “ressignificar” o presente, pois a fez ver que poderia ficar contente por não precisar usar as muletas. Desse dia em diante, Pollyanna ressignifica todas as situações ruins que vão lhe acontecendo, vendo-as sob outros olhares. O livro foi escrito em 1913 e se tornou um clássico. Em 1915, a autora escreveu a continuação: Pollyanna Mulher.

A menina sorriu. 
– Pois é do jogo, não sabe?
– Do jogo? Que jogo? 
– O “Jogo do contente”, não conhece?
[...]
– Oh, o jogo é encontrar em tudo qualquer coisa para ficar alegre, seja lá o que for, explicou Pollyanna com toda a seriedade” (Porter, 1978, p. 30-31).

 

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Arquivo pessoal (autoria de Alan Winkoski)

Rosangela Marquezi é professora de formação e atuação que acredita a literatura tem o poder de modificar vidas... Nas poucas horas vagas escreve poemas, crônicas e contos e já participou de coletâneas e antologias no Brasil e também em Portugal. Faz parte da Academia de Letras e Artes de sua cidade, Pato Branco - PR, onde também é Professora de Literatura na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Sustância - personagem fictícia que define a escritora de crônicas que habita em mim, "a ânsia, a substância, a Sustância!" (Marquezi, 2017).

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

REFLEXÃO SOBRE O EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO, POR MARIA DO CARMO SILVA

VIVÊNCIAS POÉTICAS|04 
                                                                                                                    POR MARIA DO CARMO SILVA


Sou de uma época em que o exercício do Magistério era sinônimo de status social, de uma profissão reconhecida, valorizada, respeitada, relevante, destacando-se perante as demais, símbolo de "Poder", que era refletido na capacidade de ensinar! "Ensinar" a ler (via ABC) a escrever, a realizar cálculos (via Tabuada), e sobretudo os valores essenciais à formação humana e cidadã, com destaque para o respeito.

O Diploma do Magistério era privilégio de poucos, quase que exclusividade de jovens oriundos de famílias abastadas que possuíam condições de bancá-los e historicamente era uma profissão tradicionalmente exercida por mulheres que eram conhecidas, reconhecidas e tratadas com reverência como 'Prof.ª'... com um indescritível orgulho.

No dia da formatura, a colação de grau, era o auge! O momento-chave da comemoração, do recebimento do tradicional canudo, simbolizando o Diploma que posteriormente seria entregue, era o "Evento"! Vestidos deslumbrantes que imitavam vestidos de noiva, selavam o tão esperado momento, com direito inclusive a dançar a valsa com o pai ou o padrinho do formando que a partir daquele momento seria Professor(a), exerceria o Magistério.

O indispensável Estágio na pré-conclusão do Magistério já era o prenúncio de que a luta seria árdua e de que o exercício da profissão seria desgastante perante a uma realidade permeada por questões estruturais e sociais que perpassam pelo espaço físico e pelas as estruturas hierárquicas, estruturas estas as quais o(a) Professor(a) deve obediência e que não condizem com a realidade de cada lugar onde a escola está localizada.

A desvalorização salarial também sempre foi um grande entrave para os profissionais do Magistério. É "cultural" prover financeiramente com um salário mais digno, profissionais de outras áreas, a exemplo da medicina, da engenharia,  deixando os profissionais que possuem a responsabilidade de formar todas as demais profissões com um salário incompatível com o trabalho que exercem na classe e extra-classe, não os reconhecendo como aqueles que carregam a responsabilidade de formar todos os profissionais das demais profissões.

Há ainda, na contemporaneidade, o caos gerado pelo contexto social ocasionado pela desestrutura familiar, pelo desemprego, pela fome, pela violência, pelas doenças emocionais que refletem no comportamento dos alunas e alunas, na sala de aula e na dinâmica escolar como um todo, acrescentando a existência de disciplinas e livros didáticos que ainda não estão condizentes com a realidade (local e regional) de vivência do alunado.

Diante de todas estas questões, nós, profissionais da educação, mais conhecidos como professores, refletimos e lembramos com saudades dos bons tempos em que o exercício do Magistério era valorizado a nível pessoal, profissional e social; em que o ambiente escolar era tido como um espaço prioritário de aprendizagem e da prática do respeito e de outros valores humanos e em que a desestrutura familiar e social ocorria numa intensidade bem menor. Fica uma reflexão para os que atuam no Magistério há mais tempo ou na contemporaneidade: O tão sonhado Diploma de uma tão sonhada profissão transformou-se em pesadelo? As aulas on-line no período da pandemia foram um "estágio" para que num futuro bem próximo docentes e discentes se encontrem apenas virtualmente e a sala onde acontecia a dinâmica do ensinar e do aprender, presencialmente, feche suas portas?


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*Fonte das ilustrações do texto: Pinterest.

Maria do Carmo Silva é professora, poeta e escritora. Autora dos livros de poesias: "Retalhos de Vivências" e "Recomendações Poéticas". Tem participação em diversas Antologias Poéticas. Colunista no site de notícias Tribuna do Recôncavo. Integrante do Coletivo Mulherio das Letras.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

LIÇÕES DE SILÊNCIO: COERÊNCIA - Por Rita Alencar Clark

LIÇÕES DE SILÊNCIO|09


C O E R Ê N C I A  (crônica) 

Imagem do site Pinterest
Um dos meus ex-maridos, um dia, numa daquelas DRs intermináveis, me definiu: “você pode ser tudo… (nessas reticências continham traços de prepotência machista), mas uma coisa é incontestável, a sua coerência!”. Sim, verdade. Tomei como elogio e norte. 


O negócio é que sou espírito selvagem, livre, daqueles que não suportam a ideia de serem “domesticados”. Mas, às vezes, temos que fazer escolhas, escolhas de alma; o imponderável se mostra  e vão-se as obras de arte e anéis, ficam os filhos, os gatos e a paz! Mas dá trabalho, minha irmã… uma vida inteira tendo que correr com os lobos. Penso nisso, constantemente, talvez a idade tenha me trazido questões encaixotadas, tipo “Cold Case”, sabe? Sentimentos terríveis de arrependimentos e escolhas irreversíveis. “E se…” É muito cruel! 


Nesse (corajoso) mergulho íntimo às águas escuras do meu passado revejo as possibilidades de outros caminhos… e logo percebo, quase tendo uma epifania, que só me restava, em tais circunstâncias, decidir pela coerência ao que penso e sou. Banquei, e isso me trouxe até aqui. 


Imagem site Pinterest
Sou grata a mim mesma, por todas as vezes que ajoelhei no chuveiro pra chorar, pra me render…e sempre levantei. Para escrever o que escrevo, tive que fazer esse caminho, muitas vezes às cegas, fingindo certezas, aprendendo a jogar os dados da vida. Sai daí o tempero da minha escrita, tive que quebrar meus sapatinhos de cristal para aprender a andar descalça e livre. Essa “liberdade toda” tem um preço, umas vezes alto demais pra ser bancado, outras vezes, uma pechincha!


Como no poema “savoir vivre” de Myriam Scotti em seu novo livro. A narradora encontra na lucidez (autoconsciência) e na ironia fina, uma forma de impor limites aos impulsos recônditos de dominação e controle de outrem, sob pena de ser riscado, limado de  seu “moleskine vintage”…poeticamente!


Este foi o poema que, atendendo ao meu pedido, Myriam leu no lançamento de “Receita para explodir bolos”, seu novo livro de poesia lançado em Manaus e na Flip deste ano. Fiquem com ele:


savoir vivre


quando me chamaste para uma conversa

compareci (pontualmente) para o término

“cansei de ti, és correta demais

com tudo sempre anotadinho

provavelmente nos amamos ontem às oito

conforme mandava tua agenda” 

depois disso, partiste…

tirei da bolsa o moleskine vintage

para te riscar como compromisso


não estavas pronto para o meu savoir vivre


(Myriam Scotti/ in- “ Receita para explodir bolos” -2023)


Tenho certeza que a literatura feita por mulheres, seja prosa, poesia ou  pesquisa, ainda ocupará o espaço que tem por direito ocupar; a luta vai ser, como sempre, desigual, mas é nossa! E como disse Maya Angelou: "Sou feminista. Já sou mulher há algum tempo. Seria estúpido não estar do meu próprio lado."



Rita Alencar e Silva

Crônica 




quinta-feira, 23 de novembro de 2023

MAIS ANA QUE LEILA, POR MARINA MARINO


 𝙈𝙖𝙞𝙨 𝘼𝙣𝙖 𝙦𝙪𝙚 𝙇𝙚𝙞𝙡𝙖



Acesso a Internet e a foto da apresentadora está ali, em destaque. No momento do clique, a moça sorria um sorriso lindo. A notícia que se lia a seguir, no entanto, não falava de beleza, nem de alegria.

Ela, conhecida em todo o país, aparece diariamente em um programa matutino na TV, apanhou do marido. Sim, foi isso que eu li, espantada, na legenda da foto.

A notícia decorria sobre a agressividade do sujeito e enumerava situações violentas que ele já tinha imposto anteriormente à vítima, acho que já posso defini-la assim. O agressor desmentiu, claro, tentou amenizar a situação, querendo desculpar a si mesmo, minimizar o ocorrido, quase culpando a vítima pelo início da discussão, como sempre fazem todos os agressores. Horas depois, após pressão da imprensa, acabou por assumir o ocorrido.

Enquanto eu lia a notícia, veio à minha mente que esse tipo de situação é comum acontecer nas classes mais baixas da sociedade. (Não consigo esquecer do caso de uma vizinha que saiu de ambulância, depois de ser violentamente agredida pelo namorado.) Já uma mulher rica e famosa, que passa a sensação de ser bem resolvida, apanhar do marido, traz à tona a evidência da vulnerabilidade de todas, independente de raça ou classe social.

O caso coloca todas as mulheres muito próximas da Ana, já que são ou podem ser agredidas, silenciadas, oprimidas, por alguém que se dizia parceiro, em quem confiavam. É a lógica heteronormativa da sociedade que dá aos homens permissão para disporem do corpo da mulher a seu bel-prazer, entre “tapas e beijos”, o que explica outros crimes a que elas são submetidas e que só aumentam nesse Brasil violento revelado nos últimos anos, onde cantadas, piadas, “encoxadas” são consideradas apenas brincadeira pela maioria.

Um hit em 1993 cantava: "𝘵𝘰𝘥𝘢 𝘮𝘶𝘭𝘩𝘦𝘳 𝘲𝘶𝘦𝘳 𝘴𝘦𝘳 𝘢𝘮𝘢𝘥𝘢, 𝘵𝘰𝘥𝘢 𝘮𝘶𝘭𝘩𝘦𝘳 𝘲𝘶𝘦𝘳 𝘴𝘦𝘳 𝘧𝘦𝘭𝘪𝘻, 𝘵𝘰𝘥𝘢 𝘢 𝘮𝘶𝘭𝘩𝘦𝘳... 𝘦́ 𝘮𝘦𝘪𝘰 𝘓𝘦𝘪𝘭𝘢 𝘋𝘪𝘯𝘪𝘻." Vou ter que discordar. Infelizmente não somos nada Leila Diniz, se fôssemos não estaríamos aceitando caladas as pequenas violências do dia-a-dia, que crescem, ganham força e nunca têm final feliz. Rita Lee que nos perdoe, mas no momento atual, muitas de nós nem sequer sabem quem Leila foi, muito menos o que poderiam representar suas revoluções ao movimento feminino, se tivéssemos dado valor a elas.

No Brasil atual, perverso com as mulheres, a liberdade feminina está longe de se concretizar... Não permitiram às novas gerações conhecer Leila, denegriram sua imagem. Andamos para trás, Rita, apesar dos teus esforços. Estamos mais para Ana do que para Leila.

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Marina Marino é escritora, editora e livreira, é criadora da Voo Livre Revista Literária. É autora de 4 livros, sendo 2 infantis, 1 romance e 1 para mulheres. Publica poemas e contos em antologias tanto no Brasil como em Portugal, desde 2013. Marina se encontra no que escreve, porque tudo sempre é sobre o que ela vive.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

NA TRILHA DO FEMININO: LARGADA DOMÉSTICA, DE RILNETE MELO

N A    T R I L H A    D O    F E M I N I N O|08

LARGADA DOMÉSTICA

Era uma segunda-feira, dessas do tal calorão de 39° que quase fritava meus miolos e  fritava também ovo no asfalto,  dessas em que o dia branco, na verdade foi cinza; Do  bombril  impregnado nas unhas,  pó de casa varrida no pé e massa cinzenta pensando debaixo do chuveiro: Tenho que fazer isso, depois isso, amanhã  aquilo... E eternamente isso! 

Exausta, depois de me virar nos 30,  marido já  dormindo, ponho um cafezinho na xícara, destravo o celular para escrever alguma coisa, embora com o corpo pedindo arrego, a mente  ainda escrevive!  Passeio  pelo Instagram  e vejo, enfeitando o feed  viralizado, o tema da redação do Enem 2023: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.

E de repente foi o assunto mais comentado na semana  e  alvo de debates polêmicos nas redes sociais. Dos memes às charges,  o que mais me impressionou foram os comentários machistas do tipo: “Trabalho? Que trabalho?”, “E a invisibilidade de quem paga as contas, o Inep não vai comentar?”. Circulou até um vídeo de um  deputado  falando que daria punição à filha se ela tirasse boa nota nessa redação! (Santa imaculada do feminino sofrido, que nos proteja desse patriarcado!!)

Mas o comentário que me desafiou a escrever essa  crônica foi lançado para mim em um post recente, quando ainda nem tinha ideia do tema da redação e já  abordava exatamente sobre a invisibilidade do papel da mulher desde os tempos mais remotos até os dias atuais, que é cuidar, amar, cuidar... E no profícuo ofício de cuidar, mendigar amor! E o famigerado machista, agora  já deletado  do meu perfil e denunciado, de pronto comentou: “Se você conseguir descarregar caminhão, trocar pneu de jamanta e emboçar parede, pra senhorita eu dou “A  taça cacete", (me diz aí quem não soltaria as cachorras??).

Saiba muito bem, pai da Santa  ignorância e do olho cego, que  se  tivesse olimpíadas para o trabalho doméstico, não haveria taças  para tantas vencedoras! Dada a largada, a categoria “Excesso de cuidados" subiria ao pódio ao som de uma “Ave Maria", pois, no silêncio rotineiro da mulher, o cuidado  doméstico soa como uma música piedosa que é (in)visível,  embalando  as protagonistas  nos bastidores do cotidiano.

Na sociedade capitalista, a relação de poder do homem em detrimento da mulher, ouço dizer que se “dá(va) “?? pelo fato do homem ser responsável pela renda familiar, mas o mercado de trabalho foi aberto  para as mulheres e a conta ainda não fechou, pois agora é dobradinha:

 “Trabalho e cuidados".

A verdade é que, em pleno século XXI, a mulher ainda é o “anjo do lar”, e que anjo!!   Carrega nas asas o peso do trabalho dobrado, dentro e fora de casa, no sonho de  alçar voo rumo à igualdade de gênero e à equidade.

“Desde que me lembro de ser gente, lá em casa, quem dobrava os lençóis da cama era eu, minhas irmãs ou mamãe", porque isso era serviço de mulher!  Isso tem mais de meio século e os lençóis ainda não chegaram nas mãos dos homens, pois eles não sabem dobrar as pontas iguais, afinal, de igualdade o universo masculino  nada quer saber, né? E se sabe, ainda pergunta onde fica.

Lembro que minha avó costurava, fazia crochê, consertava guarda-chuvas, fazia a comida, varria a casa, passava a roupa no ferro de brasa, e fazia e fazia, e ainda  ajudava meu avô a plantar e colher, botava a comida dele na mesa e, no final do dia, ele pedia o lençol para dormir, pois não sabia onde estava... Será que lembrava de agradecer?. Fala sério, mudou alguma coisa? Um tantinho? Nada? Coisa nenhuma?

Conquistamos  sim, quebramos alguns tabus e estereótipos, como o direito ao voto e ao trabalho desigualmente remunerado, mas há um trabalho (cuidado) eterno  que  continua  invisível, o status quo “gestão do lar”, sempre na manutenção das condições observadas.... Casa varrida, roupa lavada, fralda trocada, mamadeira pronta, comida no prato,  cama arrumada... Na verdade é uma verdadeira “Largada doméstica” apenas com ponto de partida. 

E aqui eu deixo um poema de minha autoria para que possamos refletir sobre nossa saúde mental,  sobre  o excesso de cuidados para com o outro e das situações estressantes às quais nós mulheres estamos mais propensas e sem reconhecimentos. 


LARGADA DOMÉSTICA 


Lambeu o chão,

esticou a língua 

ao sal

e correu para a panela,

como sempre correu contra o

tempo.

Cozinhou os sonhos,

o prazer,

a vida.

- Do menu servido

no prato cotidiano -

a carne parida,

o amor ofertado,

e o reconhecimento

ao molho. 

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Rilnete Melo é brasileira, maranhense, graduada em letras/espanhol, escritora, cordelista membro das academias ACILBRAS, ABMLP e AIML, participou de várias antologias nacionais e internacionais, autora de cinco cordéis e dos livros solo Construindo Versos e O máximo de mim e outros mínimos poemas.

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