AVE, CRÔNICA|07
T O R N A R - S E E S C R I T O R A
Por Myriam Scotti
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T O R N A R - S E E S C R I T O R A
Por Myriam Scotti
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Por Cíntia Colares (Flor de Lótus)
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E calei pelo medo e vergonha.
Na segunda vez que sofri violência, passei anos sofrendo um duro assédio moral e sexual num ambiente que deveria ser seguro. Apesar de ter sido aprovada num concurso para funcionária pública federal, morri um pouco a cada dia enquanto tentava sobreviver para garantir o sustento do meu filho.
Não calei, mas paguei caro por ousar denunciar velhas práticas e por não ceder ao assédio. Na terceira vez que sofri violência foi onde buscava construir outro mundo possível. Quando busquei voz e poder de decisão como os demais, ouvi que deveria me pôr no meu lugar.
O meu lugar e o de todos nós: pessoas negras, mulheres, indígenas é onde a gente quiser e reivindicar. É onde a vida acontece e está sendo decidida.
Nada mais sobre nós sem nós.
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De minha parte, muitos gritos mais ainda serão ouvidos até que me escutem e me vejam estar presente nos espaços e nas decisões.
E nunca mais calarei.
Porque minhas dores gritam em mim até no silêncio. No olhar que fere, na boca que nos enxota.
Não estarei olhando do lado de fora e não estarei em silêncio do lado de dentro, fazendo apenas figuração para aliviar suas consciências.”
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Obrigada por ler até aqui “Sou Flor de Lótus🪷
VIVÊNCIAS POÉTICAS|05
EU, MULHER NEGRA
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O
longo processo de escravização no Brasil deixou mazelas que perpassaram
gerações, gerando uma herança maligna para nós negros em todos os aspectos,
fomentando o racismo e o preconceito racial.
Mesmo
sem compreender o porquê, observava que éramos sempre colocados à margem da
sociedade. Cresci observando no cenário da vida real e na ficção estas marcas
de subalternidade e de marginalização, resquícios do colonialismo: a mulher
negra sempre serviçal do povo branco, exercendo as funções de cozinheira,
faxineira, babá, lavadeira. É claro que não desmerecendo a dignidade de nenhuma
destas profissões, mas refletindo sempre sobre a desigualdade social aliada a
estas profissões que não oportunizavam a ascenção destas mulheres para outras atividades,
histórica e socialmente priorizadas para mulheres não negras e de condição
financeira privilegiada.
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Cresci
cercada por este invólucro preconceituoso. A época, observava também na TV que
os papéis exercidos pelos negros nas telenovelas, filmes e programas
humorísticos, sempre remetiam à escravização, ao racismo, à inferioridade, à subalternidade.
Com
o passar dos anos, adentrando em diferentes espaços socioculturais, percebi um
esforço contínuo pessoal e coletivo da população negra e afrodescendente em prol da libertação do nosso povo, historicamente e brutalmente violentado pelas
marcas do racismo, do preconceito, da discriminação, do silenciamento, da
invisibilidade, da intolerância, da desumanização.
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Vejo
com grande contentamento o “meu povo negro” ocupando espaços nas diversas
esferas sociais, mostrando sua potência, sua voz, seu talento, NOSSA COR e
IDENTIDADE sem receios, adentrando as universidades, se capacitando em
diferentes profissões, demonstrando seus talentos artísticos, mostrando para a
sociedade que “somos humanos, cidadãos e protagonistas de uma nova história” na
qual o preconceito racial seja extinto e a cor da pele não continue promovendo
exclusão e discriminação.
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(...)
“Sobrevivi as torturas e a desumanização.
Para
a minha descendência, deixo esta lição:
SOU
MULHER NEGRA, humana, cidadã.
Protagonista
da história do ontem, de hoje e do amanhã.
Libertei-me
da senzala.
Uma
nova história construir.
Resistência
e liberdade,
Marcarão
a minha posteridade.
SOU
MULHER NEGRA, humana, cidadã.
Sempre
reconstruindo a minha história,
com determinação, resiliência e dignidade!"
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Arquivo pessoal da autora |
POR MARTA CORTEZÃO
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Fonte: Pinterest |
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Fonte: Pinterest |
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Fonte: Pinterest |
Rosangela Marquezi
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Minha mãe... Que ainda brinca! Fonte: Arquivo pessoal (autoria de Carina Pelegrini) |
1. Ouça “Vilarejo”, na voz de Marisa Monte. É uma canção linda que nos remete a um local que para cada um pode ser diferente... Qual o seu vilarejo?? Qual o seu lugar de recordação? A letra, de 2006, é de Marisa Monte, Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Pedro Baby (filho de Baby Consuelo e Pepeu Gomes).
“Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão”
2. Assista ao filme “O lado bom da vida” (2012), dirigido por David. O. Russel e estrelado por Jennifer Lawrence e Bradley Cooper. Lawrence, por sua atuação neste filme, recebeu o Oscar de Melhor Atriz. É baseado no livro homônimo do escritor norte-americano Matthew Quick. A história envolve duas personagens com problemas emocionais/psicológicos que decidem, juntos, lutar e aprender mais sobre como lidar com seus problemas. É uma história boa, que nos mostra que, como diz o personagem de Cooper, o Pat: “Quando as coisas são difíceis, você tem que tentar ver o lado bom da vida”.
3. Leia o clássico da literatura infantojuvenil, “Pollyanna”, da escritora norte-americana Eleanor H. Porter. O livro conta a história de uma pequena órfã, Pollyanna, que vai morar com uma tia após a morte dos pais. Com o Jogo do Contente, que aprendeu com seu pai quando esperava ganhar uma boneca e acabou recebendo um par de muletinhas (eram doações que vinham à igreja onde o pai era missionário). Ele lhe ensinou a “ressignificar” o presente, pois a fez ver que poderia ficar contente por não precisar usar as muletas. Desse dia em diante, Pollyanna ressignifica todas as situações ruins que vão lhe acontecendo, vendo-as sob outros olhares. O livro foi escrito em 1913 e se tornou um clássico. Em 1915, a autora escreveu a continuação: Pollyanna Mulher.
“A menina sorriu.
– Pois é do jogo, não sabe?
– Do jogo? Que jogo?
– O “Jogo do contente”, não conhece?
[...]
– Oh, o jogo é encontrar em tudo qualquer coisa para ficar alegre, seja lá o que for, explicou Pollyanna com toda a seriedade” (Porter, 1978, p. 30-31).
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O
Diploma do Magistério era privilégio de poucos, quase que exclusividade de
jovens oriundos de famílias abastadas que possuíam condições de bancá-los e
historicamente era uma profissão tradicionalmente exercida por mulheres que
eram conhecidas, reconhecidas e tratadas com reverência como 'Prof.ª'... com um
indescritível orgulho.
No
dia da formatura, a colação de grau, era o auge! O momento-chave da
comemoração, do recebimento do tradicional canudo, simbolizando o Diploma que
posteriormente seria entregue, era o "Evento"! Vestidos deslumbrantes que
imitavam vestidos de noiva, selavam o tão esperado momento, com direito
inclusive a dançar a valsa com o pai ou o padrinho do formando que a partir
daquele momento seria Professor(a), exerceria o Magistério.
A
desvalorização salarial também sempre foi um grande entrave para os
profissionais do Magistério. É "cultural" prover financeiramente com um salário
mais digno, profissionais de outras áreas, a exemplo da medicina, da engenharia, deixando os profissionais que possuem a
responsabilidade de formar todas as demais profissões com um salário
incompatível com o trabalho que exercem na classe e extra-classe, não os
reconhecendo como aqueles que carregam a responsabilidade de formar todos os
profissionais das demais profissões.
Diante de todas estas questões, nós, profissionais da educação, mais conhecidos como professores, refletimos e lembramos com saudades dos bons tempos em que o exercício do Magistério era valorizado a nível pessoal, profissional e social; em que o ambiente escolar era tido como um espaço prioritário de aprendizagem e da prática do respeito e de outros valores humanos e em que a desestrutura familiar e social ocorria numa intensidade bem menor. Fica uma reflexão para os que atuam no Magistério há mais tempo ou na contemporaneidade: O tão sonhado Diploma de uma tão sonhada profissão transformou-se em pesadelo? As aulas on-line no período da pandemia foram um "estágio" para que num futuro bem próximo docentes e discentes se encontrem apenas virtualmente e a sala onde acontecia a dinâmica do ensinar e do aprender, presencialmente, feche suas portas?
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*Fonte das ilustrações do texto: Pinterest.
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O negócio é que sou espírito selvagem, livre, daqueles que não suportam a ideia de serem “domesticados”. Mas, às vezes, temos que fazer escolhas, escolhas de alma; o imponderável se mostra e vão-se as obras de arte e anéis, ficam os filhos, os gatos e a paz! Mas dá trabalho, minha irmã… uma vida inteira tendo que correr com os lobos. Penso nisso, constantemente, talvez a idade tenha me trazido questões encaixotadas, tipo “Cold Case”, sabe? Sentimentos terríveis de arrependimentos e escolhas irreversíveis. “E se…” É muito cruel!
Nesse (corajoso) mergulho íntimo às águas escuras do meu passado revejo as possibilidades de outros caminhos… e logo percebo, quase tendo uma epifania, que só me restava, em tais circunstâncias, decidir pela coerência ao que penso e sou. Banquei, e isso me trouxe até aqui.
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Como no poema “savoir vivre” de Myriam Scotti em seu novo livro. A narradora encontra na lucidez (autoconsciência) e na ironia fina, uma forma de impor limites aos impulsos recônditos de dominação e controle de outrem, sob pena de ser riscado, limado de seu “moleskine vintage”…poeticamente!
Este foi o poema que, atendendo ao meu pedido, Myriam leu no lançamento de “Receita para explodir bolos”, seu novo livro de poesia lançado em Manaus e na Flip deste ano. Fiquem com ele:
savoir vivre
quando me chamaste para uma conversa
compareci (pontualmente) para o término
“cansei de ti, és correta demais
com tudo sempre anotadinho
provavelmente nos amamos ontem às oito
conforme mandava tua agenda”
depois disso, partiste…
tirei da bolsa o moleskine vintage
para te riscar como compromisso
não estavas pronto para o meu savoir vivre.
(Myriam Scotti/ in- “ Receita para explodir bolos” -2023)
Tenho certeza que a literatura feita por mulheres, seja prosa, poesia ou pesquisa, ainda ocupará o espaço que tem por direito ocupar; a luta vai ser, como sempre, desigual, mas é nossa! E como disse Maya Angelou: "Sou feminista. Já sou mulher há algum tempo. Seria estúpido não estar do meu próprio lado."
Rita Alencar e Silva
Crônica
Era uma segunda-feira, dessas do tal calorão de 39° que quase fritava meus miolos e fritava também ovo no asfalto, dessas em que o dia branco, na verdade foi cinza; Do bombril impregnado nas unhas, pó de casa varrida no pé e massa cinzenta pensando debaixo do chuveiro: Tenho que fazer isso, depois isso, amanhã aquilo... E eternamente isso!
Exausta, depois de me virar nos 30, marido já dormindo, ponho um cafezinho na xícara, destravo o celular para escrever alguma coisa, embora com o corpo pedindo arrego, a mente ainda escrevive! Passeio pelo Instagram e vejo, enfeitando o feed viralizado, o tema da redação do Enem 2023: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
Mas o comentário que me desafiou a escrever essa crônica foi lançado para mim em um post recente, quando ainda nem tinha ideia do tema da redação e já abordava exatamente sobre a invisibilidade do papel da mulher desde os tempos mais remotos até os dias atuais, que é cuidar, amar, cuidar... E no profícuo ofício de cuidar, mendigar amor! E o famigerado machista, agora já deletado do meu perfil e denunciado, de pronto comentou: “Se você conseguir descarregar caminhão, trocar pneu de jamanta e emboçar parede, pra senhorita eu dou “A taça cacete", (me diz aí quem não soltaria as cachorras??).
Saiba muito bem, pai da Santa ignorância e do olho cego, que se tivesse olimpíadas para o trabalho doméstico, não haveria taças para tantas vencedoras! Dada a largada, a categoria “Excesso de cuidados" subiria ao pódio ao som de uma “Ave Maria", pois, no silêncio rotineiro da mulher, o cuidado doméstico soa como uma música piedosa que é (in)visível, embalando as protagonistas nos bastidores do cotidiano.
Na sociedade capitalista, a relação de poder do homem em detrimento da mulher, ouço dizer que se “dá(va) “?? pelo fato do homem ser responsável pela renda familiar, mas o mercado de trabalho foi aberto para as mulheres e a conta ainda não fechou, pois agora é dobradinha:
“Trabalho e cuidados".
A verdade é que, em pleno século XXI, a mulher ainda é o “anjo do lar”, e que anjo!! Carrega nas asas o peso do trabalho dobrado, dentro e fora de casa, no sonho de alçar voo rumo à igualdade de gênero e à equidade.
“Desde que me lembro de ser gente, lá em casa, quem dobrava os lençóis da cama era eu, minhas irmãs ou mamãe", porque isso era serviço de mulher! Isso tem mais de meio século e os lençóis ainda não chegaram nas mãos dos homens, pois eles não sabem dobrar as pontas iguais, afinal, de igualdade o universo masculino nada quer saber, né? E se sabe, ainda pergunta onde fica.
Lembro que minha avó costurava, fazia crochê, consertava guarda-chuvas, fazia a comida, varria a casa, passava a roupa no ferro de brasa, e fazia e fazia, e ainda ajudava meu avô a plantar e colher, botava a comida dele na mesa e, no final do dia, ele pedia o lençol para dormir, pois não sabia onde estava... Será que lembrava de agradecer?. Fala sério, mudou alguma coisa? Um tantinho? Nada? Coisa nenhuma?
Conquistamos sim, quebramos alguns tabus e estereótipos, como o direito ao voto e ao trabalho desigualmente remunerado, mas há um trabalho (cuidado) eterno que continua invisível, o status quo “gestão do lar”, sempre na manutenção das condições observadas.... Casa varrida, roupa lavada, fralda trocada, mamadeira pronta, comida no prato, cama arrumada... Na verdade é uma verdadeira “Largada doméstica” apenas com ponto de partida.
E aqui eu deixo um poema de minha autoria para que possamos refletir sobre nossa saúde mental, sobre o excesso de cuidados para com o outro e das situações estressantes às quais nós mulheres estamos mais propensas e sem reconhecimentos.
LARGADA DOMÉSTICA
Lambeu o chão,
esticou a língua
ao sal
e correu para a panela,
como sempre correu contra o
tempo.
Cozinhou os sonhos,
o prazer,
a vida.
- Do menu servido
no prato cotidiano -
a carne parida,
o amor ofertado,
e o reconhecimento
ao molho.
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PROTAGONISMO FEMININO |07 MULHERES NA FILOSOFIA, NA CIÊNCIA E NA LITERATURA: VOZES QUE ROMPEM SILÊNCIOS POR Heliene Rosa Imagem Pinterest ...