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VIVÊNCIAS POÉTICAS|05
EU, MULHER NEGRA
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O
longo processo de escravização no Brasil deixou mazelas que perpassaram
gerações, gerando uma herança maligna para nós negros em todos os aspectos,
fomentando o racismo e o preconceito racial.
Mesmo
sem compreender o porquê, observava que éramos sempre colocados à margem da
sociedade. Cresci observando no cenário da vida real e na ficção estas marcas
de subalternidade e de marginalização, resquícios do colonialismo: a mulher
negra sempre serviçal do povo branco, exercendo as funções de cozinheira,
faxineira, babá, lavadeira. É claro que não desmerecendo a dignidade de nenhuma
destas profissões, mas refletindo sempre sobre a desigualdade social aliada a
estas profissões que não oportunizavam a ascenção destas mulheres para outras atividades,
histórica e socialmente priorizadas para mulheres não negras e de condição
financeira privilegiada.
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Cresci
cercada por este invólucro preconceituoso. A época, observava também na TV que
os papéis exercidos pelos negros nas telenovelas, filmes e programas
humorísticos, sempre remetiam à escravização, ao racismo, à inferioridade, à subalternidade.
Com
o passar dos anos, adentrando em diferentes espaços socioculturais, percebi um
esforço contínuo pessoal e coletivo da população negra e afrodescendente em prol da libertação do nosso povo, historicamente e brutalmente violentado pelas
marcas do racismo, do preconceito, da discriminação, do silenciamento, da
invisibilidade, da intolerância, da desumanização.
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Vejo
com grande contentamento o “meu povo negro” ocupando espaços nas diversas
esferas sociais, mostrando sua potência, sua voz, seu talento, NOSSA COR e
IDENTIDADE sem receios, adentrando as universidades, se capacitando em
diferentes profissões, demonstrando seus talentos artísticos, mostrando para a
sociedade que “somos humanos, cidadãos e protagonistas de uma nova história” na
qual o preconceito racial seja extinto e a cor da pele não continue promovendo
exclusão e discriminação.
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(...)
“Sobrevivi as torturas e a desumanização.
Para
a minha descendência, deixo esta lição:
SOU
MULHER NEGRA, humana, cidadã.
Protagonista
da história do ontem, de hoje e do amanhã.
Libertei-me
da senzala.
Uma
nova história construir.
Resistência
e liberdade,
Marcarão
a minha posteridade.
SOU
MULHER NEGRA, humana, cidadã.
Sempre
reconstruindo a minha história,
com determinação, resiliência e dignidade!"
☆_____________________☆_____________________☆
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UMA CARTOGRAFIA DA ESCRITA DE MULHERES |08
ENTREVISTA COM LINDA BARROS
"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher" essa frase de Simone de Beauvoir nos lembra de que nossas identidades, e em consequência disso, nossas vozes, estão em constante aperfeiçoamento. Nesse contexto, a literatura dá voz e poder às mulheres, bem como é uma importante arma de combate contra as desigualdades de gênero. Na intenção de mapear as margens e abrir espaço para as novas vozes sociais, nossa coluna intitulada Uma Cartografia da Escrita de Mulheres tem como principal objetivo promover a valorização de escritoras contemporâneas, através de entrevistas. Hoje, temos a honra de receber Linda Barros, uma artista de destaque na cena maranhense atual.
ENTREVISTA COM LINDA BARROS:
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Linda Barros é natural de Pastos Bons/MA. Graduada em Letras (Português-Espanhol), pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e pós-graduada em Língua Portuguesa, pela Faculdade Atenas Maranhense (FAMA); em Dança Educacional, pelo Censupeg (SC) e em Artes Cênicas, pela mesma IES. É escritora, cronista, contista, poeta e atriz. Participa do Grupo Teatro Improviso, no qual já atuou em vários espetáculos, tais como Verão no Aquário – baseado na obra de Lygia Fagundes Telles; O Mulato, de Aluísio Azevedo; Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, onde interpretou a intrépida Rainha de Copas, Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, dentre outros. É professora da Rede Estadual de Ensino do Maranhão e do Ensino Superior na Faculdade do Maranhão – FACAM, nos cursos de Letras, Pedagogia e Turismo. É autora dos livros Palavras ao Vento (2018) e Meu Ser Espelhado em Mim (2022) e coautora de Maranhão na Ponta da Língua (2011), que reúne palavras e expressões maranhenses, em uma parceria com o escritor José Neres. Participou da Coletânea Enluaradas (2020), que conta com a participação de escritoras de várias nacionalidades, e, da coletânea Por que Escrevemos - A voz da Mulher (2021), organizada pela Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB). É colunista do Portal Facetubes, que faz parte da Academia Poética Brasileira, bem como colabora com o Site Região Tocantina. É membro da AJEB-MA (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil); da Sociedade de Cultura Latina, e da Academia Poética Brasileira (cadeira de número 99). Atualmente é, também, Secretária Executiva Nacional, da referida Academia.
Você estuda, escreve e trabalha com Literatura. Como foi o seu encontro com o mundo das Letras?
No Ensino Médio eu devorei praticamente todos os livros de literatura que havia na biblioteca da escola, a partir daí, foi um passo para fazer Letras, o curso que sempre quis. Chegando à faculdade, foi automático o interesse pela literatura.
Além de escritora, você também é atriz. A sua formação, na área de Artes Cênicas, tem alguma influência na sua escrita literária?
Sim, muito. Durante o tempo em que estava estudando Artes Cênicas, escrevi bastante, inclusive textos voltados para área do teatro. Vou confessar que me sinto privilegiada por fazer parte de “vários mundos”, fato esse que, contribuiu e contribui para meu enriquecimento intelectual.
O que é escrever para você?
Escrever além de ser um processo contínuo, devido ao contato direto com obras, autores, textos, passou a ser algo corriqueiro. Escrever é a forma mais simples de expressão de ideias, de sentimentos, é pôr no papel aquilo que às vezes não conseguimos expressar com a oralidade.
Quais escritoras(es) te inspiram?
Para quem vive no mundo das Letras e em contato direto com o mundo literário, é difícil escolher um autor ou autora específico. Seria até injusto, mas enfim. Dentre dezenas de fontes de inspiração, temos, claro, aqueles nomes de cabeceira, como Cecília Meireles, Laura Amélia Damous, José Neres, Mhario Lincoln, Celso Borges, Silvana Meneses, Luiza Cantanhêde, Fernando Sabino, Laura Neres, Dilercy Adler e tantos outros mais.
Conte-nos sobre o seu primeiro livro, Palavras ao Vento (2018). Como foi o processo de escrita? Quais temáticas você aborda?
Eu já viajei muito para trabalhar, dando aulas por cidades do interior e eu sempre ia de carona, ou seja, assim conseguia ver melhor as paisagens, a estrada como um todo. E nessas viagens levava sempre um caderninho ou uma agenda e aproveitava para escrever, por isso o título, Palavras ao Vento, é como se as palavras saltassem literalmente para o meu caderno. A temática gira em torno das coisas ou acontecimentos do percurso dessas viagens, como paisagens, natureza, pessoas que eu via pelo caminho.
E quanto ao seu livro mais recente, Meu Ser Espelhado em Mim (2022)? Qual é o principal tema dessa obra?
Aqui preciso fazer um balanço desse itinerário literário. Por quê? Porque muita coisa aconteceu no período da pandemia. Eu entrei para Academia Poética Brasileira, onde comecei a publicar textos na plataforma do Facetubes, foi o período em que também fui convidada para colaborar no Site Notícias da Região Tocantina, no meio do caos também participei de duas Antologias, a primeira, A Coletânea Enluaradas (organizada por Marta Cortezão que mora na Espanha) e a Coletânea Por que Escrevo – a voz da Mulher (organizada pela AJEB/MA). E foi também no período mais crítico da Pandemia que nasceu Meu Ser Espelhado em Mim, meu segundo livro de poemas. É uma obra, digamos, mais madura, mais consciente com a escolha dos poemas. A temática principal é sobre mim mesma, meu eu interior e mundo exterior do qual faço parte. Alguns poemas também são a título de homenagens.
Fale sobre os seus demais projetos na área de literatura e cultura, como, por exemplo, o Grupo Teatro Improviso.
O Improviso, além de ser um grupo de teatro convencional, trabalha também com o teatro empresarial. O que isso significa? Significa que as empresas às vezes têm um projeto e precisam que isso seja mostrado para o público em geral, então chamam o grupo, mostram a proposta e a equipe de diretores monta o espetáculo. Temos formações todos os fins de semana, com leitura de textos, trabalho de corpo e voz e ensaiamos hipoteticamente algum texto, mesmo que não tenha apresentação. Em resumo, estamos sempre em contato com o teatro. Com espetáculo, por enquanto estou só em processo de formação, no entanto o grupo segue com ensaios com outro elenco para apresentação em breve. Dentro da literatura, ainda este ano, estarei participando de antologias. Fora isso, continuo escrevendo e publicando para a plataforma Facetubes da Academia Poética Brasileira e para o site Notícias da Região Tocantina.
Na sua opinião, qual é a importância de adaptar obras literárias para o teatro?
Importante e às vezes necessário, mas muito, muito difícil. Na verdade, é desafiador, porque é outra linguagem, outra estrutura, é totalmente diferente. O texto teatral é extremamente rico, porque não é só o texto em si, a linguagem teatral envolve uma série de coisas tais como: figurino, maquiagem, elementos de cena, personagens, etc.
Mais do que escrever, é necessário fazer ecoar nossas vozes. Assim, se destacam projetos como a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB). Qual é a importância da AJEB-MA, para você?
A AJEB com a diretoria aqui do Maranhão e representada pela nossa presidente Anna Liz Ribeiro, tem uma importância enorme, grandiosa na minha vida. Lá, somos todas mulheres escritoras e algumas jornalistas/escritoras. Pela AJEB, já pude ter a oportunidade de participar da antologia Por que escrevo: a voz da mulher, uma coletânea lindíssima, com textos incríveis. Nessa Associação também, já tive oportunidade de fazer performance poética, juntamente com outras autoras. Enfim, é um grupo que me levou para fora do país, pois lançamos a antologia em Portugal, onde entramos ao vivo pelo canal no YouTube, foi incrível.
Como convidada da nossa coluna Uma Cartografia da Escrita de Mulheres, qual mensagem você deixa para a nova geração de escritoras?
Eu ouço muitos relatos de jovens (homens e mulheres) que escrevem, mas não têm coragem de mostrar seus textos, então, o conselho que dou é que publiquem. Hoje em dia, existem centenas de espaços (virtuais, principalmente) para publicações, coisa que não acontecia há um tempo atrás, ou seja, hoje existem muitas oportunidades para divulgar o seu trabalho.
Contato da escritora:
Instagram: @lindabarros_
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O
Diploma do Magistério era privilégio de poucos, quase que exclusividade de
jovens oriundos de famílias abastadas que possuíam condições de bancá-los e
historicamente era uma profissão tradicionalmente exercida por mulheres que
eram conhecidas, reconhecidas e tratadas com reverência como 'Prof.ª'... com um
indescritível orgulho.
No
dia da formatura, a colação de grau, era o auge! O momento-chave da
comemoração, do recebimento do tradicional canudo, simbolizando o Diploma que
posteriormente seria entregue, era o "Evento"! Vestidos deslumbrantes que
imitavam vestidos de noiva, selavam o tão esperado momento, com direito
inclusive a dançar a valsa com o pai ou o padrinho do formando que a partir
daquele momento seria Professor(a), exerceria o Magistério.
A
desvalorização salarial também sempre foi um grande entrave para os
profissionais do Magistério. É "cultural" prover financeiramente com um salário
mais digno, profissionais de outras áreas, a exemplo da medicina, da engenharia, deixando os profissionais que possuem a
responsabilidade de formar todas as demais profissões com um salário
incompatível com o trabalho que exercem na classe e extra-classe, não os
reconhecendo como aqueles que carregam a responsabilidade de formar todos os
profissionais das demais profissões.
Diante de todas estas questões, nós, profissionais da educação, mais conhecidos como professores, refletimos e lembramos com saudades dos bons tempos em que o exercício do Magistério era valorizado a nível pessoal, profissional e social; em que o ambiente escolar era tido como um espaço prioritário de aprendizagem e da prática do respeito e de outros valores humanos e em que a desestrutura familiar e social ocorria numa intensidade bem menor. Fica uma reflexão para os que atuam no Magistério há mais tempo ou na contemporaneidade: O tão sonhado Diploma de uma tão sonhada profissão transformou-se em pesadelo? As aulas on-line no período da pandemia foram um "estágio" para que num futuro bem próximo docentes e discentes se encontrem apenas virtualmente e a sala onde acontecia a dinâmica do ensinar e do aprender, presencialmente, feche suas portas?
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*Fonte das ilustrações do texto: Pinterest.
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O negócio é que sou espírito selvagem, livre, daqueles que não suportam a ideia de serem “domesticados”. Mas, às vezes, temos que fazer escolhas, escolhas de alma; o imponderável se mostra e vão-se as obras de arte e anéis, ficam os filhos, os gatos e a paz! Mas dá trabalho, minha irmã… uma vida inteira tendo que correr com os lobos. Penso nisso, constantemente, talvez a idade tenha me trazido questões encaixotadas, tipo “Cold Case”, sabe? Sentimentos terríveis de arrependimentos e escolhas irreversíveis. “E se…” É muito cruel!
Nesse (corajoso) mergulho íntimo às águas escuras do meu passado revejo as possibilidades de outros caminhos… e logo percebo, quase tendo uma epifania, que só me restava, em tais circunstâncias, decidir pela coerência ao que penso e sou. Banquei, e isso me trouxe até aqui.
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Como no poema “savoir vivre” de Myriam Scotti em seu novo livro. A narradora encontra na lucidez (autoconsciência) e na ironia fina, uma forma de impor limites aos impulsos recônditos de dominação e controle de outrem, sob pena de ser riscado, limado de seu “moleskine vintage”…poeticamente!
Este foi o poema que, atendendo ao meu pedido, Myriam leu no lançamento de “Receita para explodir bolos”, seu novo livro de poesia lançado em Manaus e na Flip deste ano. Fiquem com ele:
savoir vivre
quando me chamaste para uma conversa
compareci (pontualmente) para o término
“cansei de ti, és correta demais
com tudo sempre anotadinho
provavelmente nos amamos ontem às oito
conforme mandava tua agenda”
depois disso, partiste…
tirei da bolsa o moleskine vintage
para te riscar como compromisso
não estavas pronto para o meu savoir vivre.
(Myriam Scotti/ in- “ Receita para explodir bolos” -2023)
Tenho certeza que a literatura feita por mulheres, seja prosa, poesia ou pesquisa, ainda ocupará o espaço que tem por direito ocupar; a luta vai ser, como sempre, desigual, mas é nossa! E como disse Maya Angelou: "Sou feminista. Já sou mulher há algum tempo. Seria estúpido não estar do meu próprio lado."
Rita Alencar e Silva
Crônica
UMA CARTOGRAFIA DA ESCRITA DE MULHERES |07
ENTREVISTA COM NATHALIA BATISTA
"Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre" essa frase de Simone de Beauvoir nos lembra do nosso direito de expressão e equidade. A literatura é uma importante arma de combate contra as desigualdades de gênero, ao dar voz e poder às mulheres. Na intenção de mapear as margens e abrir espaço para as novas vozes sociais, nossa coluna intitulada Uma Cartografia da Escrita de Mulheres tem como principal objetivo promover a valorização de escritoras contemporâneas, através de entrevistas. Hoje, temos a honra de receber Nathalia Batista, uma escritora de destaque na literatura maranhense atual.
ENTREVISTA COM NATHALIA BATISTA:
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Arquivo pessoal da autora |
Nathalia Batista é escritora, bacharel e profissional do sistema de Segurança Pública, bacharel em Direito e também psicóloga. Reúne diversas especializações em seu currículo, se declarando uma curiosa sobre as ciências do existir, dentre outras paixões. É natural de Teresina (Piauí), mas atualmente mora em São Luís (Maranhão). É autora de dois romances: Desencontros e Desencantos (2015) e Simplesmente Alice (2017). Sua terceira obra tem previsão para ser publicada ainda em 2023.
Como você começou a escrever?
Desde criança eu tinha o hábito da leitura, em algum momento na adolescência comecei a escrever, quase como uma necessidade de passar para as histórias um pouco de mim.
A sua formação acadêmica, nas áreas de Psicologia e Direito, tem alguma influência na sua escrita literária?
A de psicologia sim. O meu segundo livro, intitulado Simplesmente Alice, que se trata do primeiro de uma série que se chama "Nas profundezas da loucura", gira em torno de uma protagonista com um transtorno psicológico diagnosticado. A ideia dessa série é mostrar a rotina e a vida das pessoas e não reduzi-las a meros diagnósticos. Essas histórias são para dirimir preconceitos e mitos que percebo, no meu dia a dia no consultório.
Por que você escreve?
Respondi essa pergunta algumas vezes e a resposta ainda continua a mesma: Para não enlouquecer. Quando escrevo, encontro o equilíbrio necessário para continuar vivendo de maneira leve.
Quais escritoras(es) te inspiram?
Jane Austen, Emily e Charlotte Brönte, Alexandre Dumas, Machado de Assis, José de Alencar, Julia Quinn, Ágata Christie, dentre muitos outros...
Comente sobre o seu romance Desencontros e Desencantos (2015). Quais são as principais temáticas desse livro? Onde podemos adquiri-lo?
A Inglaterra, do início do século XIX, é palco de um romance repleto de paixão, dor, encontros, encantos, desencontros e desencantos. O romance é composto por pessoas e com elas, tudo o que há de pior e de melhor no ser humano. São sentimentos explorados em uma cadência lenta nas fases mais difíceis da vida de uma mulher. Suzanne é uma doce e ingênua moça de dezessete anos, cercada e castigada pela maldosa Veronika, de quem era dama de companhia. A vida tem seu próprio jeito de ensinar aos ingênuos e proporciona um longo e árduo caminho a menina em meio a uma sociedade onde respeito e posição não raramente eram construídos com crueldade, inveja, mentiras, intrigas e vingança. A principal temática desse livro é o amadurecimento de uma mulher. Ele explora o quanto crescemos diante das provações da vida. E essa evolução que se dá principalmente nas dinâmicas das relações. O livro se encontra à venda na AMEI, e devo lançar uma segunda edição em breve.
E quanto ao seu livro Simplesmente Alice (2017)? Explique o título e suas implicações no sentido/proposta da obra, e onde podemos adquiri-la.
Alice Branco é uma mulher independente, decidida e com uma carreira promissora como decoradora na cidade de Andrazia. Isso é o que todos podem ver, mas ela guarda um grande e terrível segredo oriundo de um surto psicótico ocorrido há alguns anos. Seguia com sua vida fugindo de seus medos, até a chegada do misterioso Joseph Jones que, além da paixão, traz os seus maiores fantasmas à superfície de seus pensamentos. A partir desse relacionamento, dos acontecimentos vivenciados e de seu passado, que insiste em se manter impregnado em seu presente, ela precisará decidir como quer viver seu futuro. A ideia desse titulo é explorar a rotina e a vida da personagem, apesar da atenção que se dá ao diagnóstico. É a simplicidade da vida que se torna o centro desse livro. A obra também pode ser adquirida na AMEI, e assim como o outro, será reeditado e publicado em breve.
Além de escritora e advogada, você também é psicóloga. Você, de alguma forma, aborda a literatura nas suas sessões de terapia?
Com certeza, a literatura é riquíssima, e diversas histórias podem ser usadas como exemplos ou moral com a finalidade de enxergar as demandas por outros ângulos. Uma história de um personagem, quando bem explorada, apresenta um espelho da realidade.
Fale sobre o seu novo projeto, que tem previsão para ser publicado em 2023. Esse livro será uma continuação dos seus outros romances? Qual será o tema?
O livro já está pronto para passar pelas ultimas fases da publicação. Não será uma continuação dos demais, é uma história completamente nova, é um romance que se passa no século XX e que envolve o Brasil. Logo poderei falar mais sobre o livro, mas tento trazer nesse algo de diferente do que vemos nos romances, incluindo os meus publicados anteriormente.
Mais do que escrever, é necessário fazer ecoar nossas vozes. Qual é a importância do ato de publicar, para você?
Por muito tempo escrevia apenas para mim mesma, depois do incentivo de uma amiga, que consegui publicar e entender que isso significava tocar diversas pessoas em vários lugares diferentes, foi aí que entendi a importância e o cuidado que temos, como escritoras, de levar as palavras para pessoas, afinal existem muitas formas de tocar a alma humana, e sem dúvida alguma, a literatura é uma dessas.
Como convidada da nossa coluna Uma cartografia da escrita de mulheres, qual mensagem você deixa para a nova geração de escritoras?
Escrevam e publiquem, tudo começa com o sonho de escrever, mas não deixem morrer esse sonho. Se coloquem para ecoar no mundo as suas palavras, acredito que nunca saberemos o bem que podemos espalhar, então tratemos de semear e dividir. Escrevam e deem ao mundo a possibilidade de ouvi-las.
Contatos da escritora:
Instagram: @nathaliabatistaescritora
E-mail: nathaliabatistadasilva12@gmail.com
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MOSAICO DE IDEIAS - SEMEANDO PALAVRAS E COLHENDO BORBOLETAS
I N D I G E S T Ã O (CRÔNICA)
POR SANDRA SA'NTOS
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Sim,
em 2023 acontece mais uma guerra absurda, se é que algum dia, houve de fato,
uma razão lógica para qualquer que tenha sido o conflito. Do outro lado do
mundo, tantas pessoas separadas de mim pelo conceito abstrato dos fusos horários,
nem sabem se terão o que comer. Não
termino de colocar a comida na boca, pois em meus ouvidos ecoa o som de mais um
míssil, ou de incontáveis projéteis em um novo confronto. Só de imaginar a
cena, emudeço e o estômago trava.
Cada grão de feijão ganha o nome de uma pessoa abatida em nome de uma causa, e isso me enoja. O choro das crianças inunda minhas noites. Mesmo assim durmo... Ainda bem que meus pais não estão aqui para ver isso. Mais culpa.
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Não
sou suficientemente sábia para explanar sobre “motivos”. Sou uma ignorante
movida por um pensamento simplista em que a vida é um presente, e assim, precisa
ser sorvida com delicadeza e gratidão. Para mim, nada justifica a barbárie e
eu, no auge dos meus sessenta e um anos, não consigo entender, muito menos aceitar
o que os move. Nem de um lado, nem do outro. Como posso engolir meu feijão se pais,
mães, avôs, avós e crianças, provavelmente vão engolir terra? Mastigo a
derradeira garfada.
Minha despensa está cheia, enquanto pessoas em bunkers, não possuem perspectiva alguma. Mais cedo fui ao mercado e vasculhei as prateleiras, em busca de cupom de desconto para quem tem um cadastro. Já me pequei comprando coisas das quais não precisava, só pra aproveitar a oferta. Novamente esbarro na culpa, e encaro no espelho a impotência por não ser nada além de mim mesma. Espero que a guerra acabe antes do natal.
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Procuro
um motivo que faça algum sentido para dar início a uma guerra e não encontro. As
empresas armamentistas as financiam, e a mídia se alimenta delas... Talvez seja
isso. Cresci, em meio a conflitos de toda natureza: Vietnã, Afeganistão,
Golfo, guerra fria. Uma vez vi uma foto de uma criança nua, correndo em prantos.
Me falaram que era vietnamita. Nunca me esqueci o choque ao perceber que
crianças podiam passar por algo semelhante. O ano era 1972, eu e ela tínhamos idades
próximas, então, o que a fazia tão diferente de mim? Apavorada, fechei a revista.
Do
alto da minha ingenuidade, pensei: bom que no Brasil não temos guerra. - Doce
ilusão, temos sim, uma silenciosa. Atualmente, nem tanto. Naquele tempo se
ouvia à boca miúda, sobre pessoas que sumiam sem deixar qualquer rastro, ouvia-se sobre
a tortura e sobre a censura. Essa última, forte e onipresente com poderes para
fazer uma palavra morrer na garganta, antes de ser proferida. Só a ela era dado
o direito de decidir sobre a pertinência ou a periculosidade das palavras, das
músicas, e das reportagens. Mas, artistas e jornalistas, (nem todos), constituíram
a resistência, e espalharam por meio de metáforas a ideia de que calar-se, não era
uma opção. Eu os amo por isso.
O
tempo passou e a censura mostrou-se sábia. Parou de proibir palavras, e soube
esperar pacientemente. - Deixe que falem bobagens, incentivem a baderna. Não há
a menor necessidade de calá-los. - Infelizmente, deu certo. Surgiu um arsenal
de ideias caóticas revestidas de contemporaneidade. Um sem número de subcelebridades
que perdeu o nariz, a barriga e a vergonha em alguma cirurgia plástica. Um mar
de futilidade se instalou de tal forma que o pensamento crítico se escondeu em
alguma toca. Hoje palavras fúteis jorram
de bocas cada dia mais desfiguradas, (quanto mais grossas e carnudas melhor). E
eu, culpada por não aguentar assistir TV?
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Para
além dessa burrice crônica, facções crescem e se organizam, a Cracolândia povoa
a cidade e prolifera seus zumbis, (pobres coitados que já perderam sua guerra
pessoal). Acredito que em cada guerra, seja ela solitária ou não, existem dois
lados, e de cada lado uma versão. A verdade, talvez, não more em nenhum deles.
Para
a minha criança interior, digo: sim, a menina vietnamita poderia ter sido sua amiguinha.
Por ela, até hoje perco o sono, e a fome. Como permitimos que crianças passem
por tanto medo e por tanta dor?
Sem
resposta, afago a criança que fui.
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PROTAGONISMO FEMININO |07 MULHERES NA FILOSOFIA, NA CIÊNCIA E NA LITERATURA: VOZES QUE ROMPEM SILÊNCIOS POR Heliene Rosa Imagem Pinterest ...