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quinta-feira, 6 de maio de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|38

                                                           

                                                             



                       Momento com Gaia/38



Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Para ouvir o PODCAST clique AQUI.


Injusta prisão


hoje deixei a poesia brincar

para além das páginas do livro

presas estavam deprimidas


ficaram tão felizes

longe do áspero papel

e do poeta opressor


se espojaram na terra

tiveram crises de asma

brincaram de pernas pro ar


então eu pude entender

que para compor palavras 

é preciso oferecer asas


o poeta que se preza

tem que ser desapegado

após o parto deixa voar


como eu poderia imaginar

o sofrimento das letras crianças

nascidas das minhas entranhas

 

na ânsia de compor livros

criava um cárcere privado

e aprisionava o meu maior legado



 

sexta-feira, 2 de abril de 2021

BAIXE O E-BOOK COLETÂNEA ENLUARADAS I: SE ESSA LUA FOSSE NOSSA/2021




Salve, Enluaradas! O e-book já está disponível para leitura!


BAIXE AQUI O E-BOOK COLETÂNEA ENLUARADAS I: SE ESSA LUA FOSSE NOSSA/2021


É com alegria que anunciamos a chegada do e-book Coletânea Enluaradas I: Se Essa Lua Fosse Nossa (Ser MulherArte Selo Editorial/Alemanha), disponibilizando-o AQUI e na aba direita do Feminário Conexões (Coletânea Enluaradas/2021), blog que reúne e divulga a Literatura do Coletivo Feminino Contemporâneo. Nossa coletânea tem lançamento virtual previsto para o dia 21/04, quarta-feira, via canal do YouTube Banzeiro Conexões, às 17h30m (BSB).

A Coletânea Enluaradas/2021 é um projeto idealizado e abraçado por Patricia Cacau e Marta Cortezão. O e-book possui temática livre, embora, entre um texto e outro, haja uma constante referência à força da Deusa Selene, essa “lua toda nossa”,


onde ecoa, em todos os cantos, a voz inspiradora de Virginia Woolf nos dizendo que “não há portões, nem fechaduras, nem cadeados” capazes de “trancar a liberdade” de nosso “pensamento”. É nesta egrégora lunar que surge nossa coletânea, cujo elenco é formado por autoras de vários países, com um número expressivo no Brasil. Somos 168 (cento e sessenta e oito) escritoras compondo um caleidoscópio poético diverso. Muitas vezes, nos revelamos numa escrita cortante, visceral, outras vezes, intimista, engajada, visionária, confessional, profética, ritualística, ancestral... Somos o verso prenhe e latente de vida, dançando, em conexão plural, de mãos dadas, ao redor da apoteótica deusa luna, toda nossa. Somos a mistura poética perfeita em suas imperfeições, porque nos permitimos a poiesis aristotélica, em estado pleno, nos abrindo aos impulsos do espírito humano para voar desde nossa imaginação e desde nossos sentimentos aninhados na alma.

(CACAU, Patricia; CORTEZÃO, Marta. Prefácio Coletânea Enluaradas, 2021, p.30)


O espetacular deste projeto foi que ele iniciou como uma simples chamada para uma coletânea e, no decorrer do processo, se constituiu num movimento fraterno, literário e poético denominado “Enluaradas”, como afirmou a escritora, professora universitária, ensaísta e poeta enluarada Vânia Alvarez:


[somos] poetas engajadas ao contemporâneo, que falam por si e que reinterpretam as muitas vozes [...] e a lua aparece influenciando o sentimental [...] Somos mulheres, somos enluaradas, somos um projeto contemporâneo vitorioso, porque “água mole em pedra dura tanto bate até que fura” e nós, mulheres, furamos o cerco [...] porque somos um coletivo, já não estamos sós e estamos apenas no começo.

(“A poética contemporânea das enluaradas”, 08/03/2021, “Live Enluaradas: Dia Internacional da Mulher”, canal do YouTube “Banzeiro Conexões”)


Somos um coletivo feminino com perfil no Instagram @coletaniaenluaradas2021, onde criamos, com a participação e interatividade das Enluaradas, uma rede de apoio que tem dado muitos frutos, resultando em parcerias entre as próprias autoras Enluaradas, e que vem revolucionando, de forma particular e poética, o mundo da escrita de cada umas das participantes. Às segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras, às 17h30m (BSB), temos as “Enluaradas Live” com quatro participantes da coletânea a cada encontro, onde cada autora nos conta de seus projetos literários, enquanto uma ciranda de mulheres, nossa “egrégora lunar”, comenta e aplaude. E por lá já passaram cento e vinte (120) autoras falando de sua trajetória literária, de seus medos, de seus sonhos e da alegria de fazer parte do projeto Enluaradas.  

Agradecemos a todas as autoras que acreditaram no projeto e uniram-se à ciranda de amor em volta desta lua toda nossa. Obrigada pela confiança e reafirmamos que seguimos unidas pela literatura, pois o voo só alcança plenitude quando feito em bando. Juntas sim, porque somos Enluaradas! Boa leitura!


Marta Cortezão/ Patricia Cacau

As Organizadoras.

terça-feira, 30 de março de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|28



Momento com Gaia/28


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



Para ouvir o PODCAST clique AQUI. 



Invocação às mães planetárias


Maria mãe do menino sábio

exemplo de humanidade

inspira-nos a viver o seu amor


Iemanja divina mãe universal

purifica-nos no batismo sagrado

das águas profundas do seu ventre 


Kwan Yin, pequena pérola

mãe-flor, afeto, delicadeza 

envolve-nos na luz da compaixão


Oxum, opulência e realeza

lava a nossa consciência

com a fluidez de doces águas


brasileira senhora de Aparecida

mãe que ouve o clamor dos filhos

feridos dessa terra combalida


Gaia mãe de todas as mães

útero fértil, fecundo e abundante 

abrigo de todos os continentes


invoco a sabedoria de inesquecíveis mães

ancestrais, guardiãs e divindades

para atravessar essa tempestade




terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|16




 Momento com Gaia/16


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Para ouvir o PODCAST clique AQUI. 


Bailarina


À bailarina flamenca, Wânia Ormond


com a perspicácia da águia

num solo lindamente reinventado

iniciou seu exuberante bailado


entregou-se por inteira à sagacidade

como quem depara-se com o paraíso

corpo-movimento, luz e ancestralidade


a melodia rasga o espaço

com potente sonoridade

e instiga tempos de saudade


o rodopiar da saia é voo de liberdade

num raro convite de inegável oportunidade

a bailarina nos transporta do deserto ao oásis  


seus negros cabelos inspiram a noite

amendoados são seus olhos estrelares 

num surreal encontro com os antepassados


coração pulsante e alma em júbilo

envolvem seu ser inebriado

num arrebatamento de felicidade


frenéticos passos, precisos e alados

ante os meus olhos embasbacados

a transcender a efêmera realidade





sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

A ELAS COM AMOR: Um mar em Maria*

 

Por Marta Cortezão

 

Olhava fixamente aquela linha que se esticava longe separando mar e infinito horizonte. Estar ali lhe remexia de uma maneira especial por dentro e, ao mesmo tempo, lhe causava uma estranheza tamanha. Nunca esteve naquele lugar, contudo a sensação era de que estivesse estado sempre. De alguma forma sentia que esteve ali, não saberia explicar. Não tinha respostas, nenhuma, apenas sentia e entregava-se a esse prazer de sentir. Com setenta e nove anos nas botinas da vida e estava ali por primeira vez redesenhando em seu caleidoscópico paneiro de recordações (tão distantes, tão vagas, mas tão vivas...) o caminho que seus avós Francisco e Maria Jesuína haviam feito, desde aquela provinciana e pequena cidade de Messejana, no Ceará (agora um bairro) até o perdido Eldorado do Norte. Tempos duros, de fome, de estradas, de chão de terra, de caminhos incertos, de constantes perigos, de muitas dificuldades. Sua família foi buscar e plantar esperança no Norte. Primeiro veio o avô Francisco, arranjou trabalho duro para uma vida dura nos seringais do Acre e com o passar do tempo, com muita luta diária, prosperou e mandou buscar a família, “a vovó, meus tios e tias e minha jovem mãe”, pensou Maria Arlinda com o olhar caminhando sem pressa pela linha comprida que contornava o horizonte que tinha diante de si.

A família reunida foi uma grande alegria para todos, podia ver e contemplar o sorriso cunhatã de sua mãe se desenhando naquele infinito azul. “Como seria maravilhoso estar presente naquele momento não vivido!” e continuou pensando no amor que não pode receber do avô, que morreu de uma febre constante, sem fim, talvez malária, o corpo só esfriou com a morte mesmo. O tio Jeremias, que num descuido trágico, foi alcançado por uma árvore que lhe ceifou infante vida... 

A ausência do avô trouxe tantos problemas. Maria Jesuína não pode continuar no Acre, sentiu-se só sem saber que rumo tomar; sem o conhecimento necessário dos negócios que tinha o marido, viu-se obrigada a vender as poucas propriedades; o peso da viuvez lhe saiu caro, a sociedade não perdoa (nem gostava de pensar nisso, mas a vida foi assim de dura com as mulheres, sempre). Portanto, Jesuína não viu outra saída: vendeu tudo e foi viver com os filhos na Ilha do Ariá, nas proximidades do município de Coari, dentro do rio Coari Grande, nos confins do Amazonas, onde vivia o irmão Alberto que, dentro do que pode ser, foi o melhor e mais importante apoio que Jesuína pode ter, do seu jeito peculiar de ser. “E a vida seguiu seu curso como esse mar, gigante feito dragão, que agora mesmo desfila bem diante de mim”, pensou.

Tanta gente que a vida não lhe permitiu abraçar! Essas lembranças não lhe visitavam com dor, mas sim com amor, o amor que guardou para o avô, para o tio, para todos aqueles que se foram sem que a vida lhe pudesse presentear com o prazer da convivência, um amor que cresceu em seu peito e brotava em momentos especiais como aquele que estava vivendo agora e que lhe enchia de uma forma especial de sentir o pulsar da viva em seu peito. Veio em sua mente o rosto de sua mãe Ana Maria, que já há alguns anos havia feito a travessia, essa que todos faremos e para a qual nunca estamos preparados. Ana Maria era dona de um olhar severo, mas que no fundo escondia uma docilidade cor de mel. Era uma mulher sensível que aprendeu ser dura por necessidade e que travou muitas lutas para ser dona não apenas de seu olhar, mas também de seu próprio destino. Agora Maria Arlinda ali – com seu olhar feito um passarinho pousado no aconchegante ninho, naquela imensidão azul de céu e mar – era um pêndulo que se balança agarrada no fio do horizonte, sentia-se leve balanceando entre as fendas do presente e passado, do passado e do presente, tudo se entrelaçava e, ao mesmo tempo, tudo era cada vez mais nítido... Era ali que queria estar, era ali o lugar perfeito para sentir...

Deu-se conta de que aquele azul que banhava seus olhos era o mesmo azul que fazia morada nos olhos de sua avó Jesuína, em especial, quando ela lhe contava sobre as histórias vividas junto a seus pais e irmãos em Messejana, naquela casinha pobre, naquela rua muito pobre de barro batido, naquele chão de muita pobreza.

Sentia os pés na areia fofa e úmida de uma entre tantas praias de Fortaleza... sentia os pés no mundo e o coração afagava a alma. "Existe um mar aqui diante meus olhos e há outro dentro de mim", constatou Maria Arlinda.

*Texto dedicado às mulheres de minha linha materna.
 


quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A Fruteira


Conto/02

Por Danielli Cavalcanti


A toalha de crochê, herdada da avó, vestia a mesa, testemunha de tantas mudanças da família e palco dos caprichos da fruteira. Esta delirava de orgulho por seu apelo decorativo valer mais que o de utilidade, pois mal cabia-se meia dúzia de laranja lá e a fruteira vaidosa arremessáva-as ao chão.

As bananas ficavam na geladeira, do contrário, não durariam nem dois dias naquela cozinha mormacenta.

Toda manhã, o café da menina era vitamina de banana.

Toda noite, em frente à TV com sua mãe, ela descascava uma bacia de laranja.

Quando a menina adoecia, a fruteira era a única a sentir-se satisfeita, pois, finalmente, desfrutava de outras companhias.

Aos 10 anos de idade, a menina teve catapora, a mãe achou por bem comprar umas frutas diferentes, na tentativa de despertar seu interesse apetecível, e trouxe-lhe uma maçã meio macenta e outra azedinha.

Esta maçã era a rainha da feira, importada da Argentina, disse a vendedora num papo de dar água na boca e de secar o bolso.

A menina não tomou gosto por nenhuma das duas, mas a mãe era crentinha que esse desgosto macieiro era fastio de bucho adoentado. E bastava a menina ter uma gripezinha, lá estava a fruteira orgulhosa de ter fruta importada, para desespero gustativo da menina que já não se dava mais ao luxo de adoecer para a mãe não ter que compra-lhe maçãs.

Anos se passaram e a menina-mulher foi morar num país, onde havia mais maçãs que laranjas, e experimentou outras sensações desse fruto proibido. Percebeu que seu medo de gostar de maçãs, era culpa pelo sacrifício da mãe em comprá-las. Deu a si mesma outra chance. Assim, o strudel de maçã tornou-se uma das suas sobremesas preferidas, e o bolo de maçã com canela perfuma sua casa nas festividades natalinas.

No seu país residente, a maioria dos muros das casas é bem baixinho e em muitos quintais, há um pé de maçã e/ou um mastro. A mulher gosta de observar as macieiras vivendo suas estações. No último outono, ela plantou uma macieira, uma cerejeira e uma ameixeira no seu jardim. Dentro de casa, ela cultiva uma mangueira. Ela nunca poderá ser transplantada lá fora, pois não resistiria ao frio escandinavo. A mulher a batizou de pé da lembrança. A mangueira não dará frutas, mas aguá-la é sentir os pés pequeninos daquela menina saltitarem.

A fruteira de sua mãe ela não sabe que fim levou. Lembra-se dela sempre, pois continua descascando bacias de laranja, agora com a filha.

 


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Gratidão em cores


Crônica /01

 

Por Eva Potiguar

 

O ano de 2020 está quase se despedindo e não será capaz de levar consigo tantas coisas que ainda levarão muito tempo para consumar.  Ficarão saudades eternas de entes amados que não poderemos enviar uma mensagem pelo celular, ou por e-mail para desejar um “feliz 2021”. 

Ficarão na memória as imagens dos momentos vividos em família e com amigos em dias de sol, ou de chuva. 

Ficarão as sementes de nossos sonhos e dos projetos idealizados, que aos poucos poderão ser transmutados em outras perspectivas, com novos companheiros e companheira de semeaduras. Ficarão as lições, as orientações e os segredos que aqueceram nossas mentes e corações em diferentes contextos de empatia e de acolhimentos mútuos.  Tais memórias serão lembradas, sobretudo, com gratidão.

Não registrarei as lamentações, nem as decepções, ou as dificuldades políticas e profissionais.  Elas ficarão no passado, mas respeitarei as lições apreendidas. Brigar, ou reclamar, não me fará bem, não irá estimular nenhuma positividade com o meio social e, muito menos, farão minha alma ter leveza e paz. 

O que decido investir é fazer o contrário.  Sim, agradecer, buscar humildade e sabedoria para compreender a minha responsabilidade nos fatos que me sucederam, me perdoar e perdoar, me fortalecer e seguir essa senda existencial sem abrir mão de enfrentar as cinzas.  O que seria da vida sem as possibilidades de pintá-las em constante harmonia com os nossos desejos e as necessidades do outro?

A gratidão eu escolhi como a minha cor favorita, não como modismo #gratidao, mas consciente de que se trata de uma atitude saudável e coerente com a vida, em função do equilíbrio espiritual e social comigo e com o outro.  Não adiantaria falar ou escrever uma palavra no vazio de seu sentido e significado.  Seria inútil e alienante, seguir uma tag que apenas exala superficialidade. 

Mas, agradecer pelo quê?

Gratidão pela existência de tantos amores vividos em suas diferentes cores e formas. O amor do abraço quente, de aura azulada de paz, o amor do olhar de amizade sincera, de luz amarela de alegria em se doar, o amor de gestos de bondade, de raios prateados em servir. Tantas cores, com as suas luzes singulares no delinear da vida em comunhão. 

O ano de 2020 pode seguir com tempo no passado, mesmo deixando seus rastros no presente. Quero receber o novo ano com todas as cores que a gratidão possa me tocar e não preciso de fogos de artifícios para isso.  Basta começar pela cor do amor próprio e da esperança de recriar e redesenhar a vida com quem ela nos apresenta.  Se não der para produzir juntos, que eu faça a minha parte sem exigir, sem cobranças e, sobretudo, sem perder a fé em prosseguir aquarelando. 

Que o ano novo venha! Sou grata com as luzes da paz, da alegria e do amor em que elas me afetam, sou grata pelas sombras que as acompanham, pois sem elas, a luz não se manifestaria. 

Sou grata em todas as cores que a gratidão me toca neste momento.

Sou grata, sou grata, sou grata!!

 

Aguyjevete


Eva Potiguar



 

domingo, 27 de dezembro de 2020

Eliane Potiguara: a voz da ancestralidade e das guerreiras indígenas contemporâneas

 



Autora da Vez: Eliane Potiguara/01




No campo da literatura indígena escrita por mulheres, Eliane Potiguara destaca-se como uma das figuras principais. A ancestralidade é marca indelével da obra dessa professora que se dedicou à luta pelos direitos dos povos indígenas, sobretudo pela valorização das mulheres. Filha do povo Potiguara, Eliane Lima dos Santos nasceu na capital do estado do Rio de Janeiro, no ano de 1950, no seio de uma família indígena desaldeada (sua avó e tias foram desalojadas das terras ancestrais na Paraíba).

O convívio com a matriarca indígena parece ter sido determinante para a definição do projeto de escrita de Eliane Potiguara. A constituição da narradora e dos princípios éticos e morais norteadores de sua trajetória como intelectual, mulher e militante pelos direitos dos povos e das mulheres indígenas foram sendo gestados a partir do reconhecimento das tradições e dos valores de sua cultura ancestral e, sobretudo, do reconhecimento da luta desvelada pelas entrelinhas das histórias e pelas lágrimas da anciã potiguara.

Mais tarde, Eliane Potiguara ingressou no movimento de luta e resistência indígena e, com o intuito de que seu trabalho ganhasse mais visibilidade, passou a investir na utilização de recursos das mídias tecnológicas: administrar grupos, blog e páginas na internet para divulgar, em ambiente virtual, não apenas o seu trabalho, mas também a produção literária e artística, em amplo sentido, dos intelectuais e artistas indígenas ameríndios.

Assim, Potiguara se firmou como uma das primeiras porta-vozes das mulheres indígenas, em favor das quais criou e administra o Grupo Mulher – Educação Indígena e Rede de Comunicação Indígena (Grumin[1]), um espaço virtual, público e democrático, receptivo a denúncias, notícias, notas, releases e matérias jornalísticas sobre desrespeitos aos direitos dos povos originários. O conjunto de sua obra traduz a complexidade da trajetória de intelectual militante, cuja atuação de amplo alcance a consolida como uma das precursoras da literatura contemporânea de autoria indígena, no Brasil.

Em termos bibliográficos, as principais publicações de Eliane Potiguara são: A Terra é a Mãe do Índio (1989); Akajutibiró: terra do índio potiguara (1994); Metade Cara, Metade Máscara (2004); Sol do Pensamento (2005), e-book; O coco que guardava a noite (2012); O Pássaro Encantado (2014); A Cura da Terra (2015); e diversas antologias, nacionais e internacionais. É possível acessar o site oficial da escritora clique aqui.







LIVROS & ENCANTAMENTOS: "PECCATUM", DE CHRIS HERRMANN, POR ROBERTA GASPAROTTO

 



Encantamentos/01

Para ouvir a versão podcast clique AQUI.

"Durante a missa, Carolina percebeu novamente os olhares cortantes vindos das carolas nos bancos da fileira oposta a deles. Já não conseguia prestar atenção à Homilia. Perguntava-se se aquelas mulheres sabiam de seu romance secreto com Teresa (...) Ao término da missa, as famílias voltaram a se reunir em frente à paróquia. As flechas que a furavam se intensificaram e Carolina sentiu vontade de fugir dali. Ela agora estava certa de que elas sabiam de tudo, embora não compreendesse como. Os pingos de chuva que começavam a cair lhe pareceram a salvação..."

                                                                  (Peccatum, de Chris Herrmann)

 

Se você, assim como eu, gosta de uma narrativa ágil e, ao mesmo tempo, atenta a detalhes, lhe aconselho a ler o livro “Peccatum”, da escritora e poeta Chris Hermann, lançado pela editora Arribaçã.

Trata-se da história de amor entre duas mulheres. Carolina, a personagem principal, é casada com um militar que lhe dá pouca, ou nenhuma, afeição. Extremamente religiosa, ela vive esse amor por Teresa repleta de sentimentos de anseio, culpa e ambiguidades.

Peccatum se inicia na época da ditadura e termina em meados dos anos noventa. Apesar de não ser o foco do livro, toda a trama perpassa e dá pinceladas certeiras sobre esse período turbulento da história do nosso país.

Ao final da leitura, Chris Herrmann nos presenteia com uma escrita leve e com ótimo toque de humor. Peccatum é daqueles livros para a gente refletir, e também, para a gente se deliciar. Quer mistura melhor?

Chris Herrman é carioca, radicada na Alemanha desde 1996, escritora, poeta, musicista, editora da "Revista Ser MulherArte", tradutora, webdesigner. É pós-graduada em Musikgeragogik na Alemanha. Organizou e participou de diversas antologias de poesia no Brasil e no exterior. É autora dos livros de poesia "Voos de Borboleta", "Na Rota do Hai y Kai", "Gota a Gota", "Cara de Lua", dos romances "Borboleta — a menina que lia poesia" e "Peccatum" e "Entre Amoras e Amores" (minicontos).

Para aquisição de livro(s), entre em contato com a autora clicando aqui.





sábado, 26 de dezembro de 2020

CATÁLOGO LITERÁRIO: SAGA CIBERNÉTICA DE 2020, POR MARTA CORTEZÃO


 CATÁLOGO LITERÁRIO/01

Por Marta Cortezão


        Que 2020 tem sido um ano de muitas dificuldades para muitos é inegável, porém, dentro de um sem-fim de limitações e tristezas vividas, foi possível, no meu caso, através da literatura e das várias manifestações artísticas, reinventar-me durante estes largos meses de quarentena. Hoje, 26/12/20, enquanto escrevo, os jornais espanhóis anunciam que estamos atravessando a terceira onda pandêmica. Para não deixar os pensamentos negativos apoderarem-se de mim, escrevo. Desta vez, o primeiro texto do recém criado blog “Feminário Conexões”, como forma de dar continuidade aos projetos literários executados com a ajuda de uma legião de amigos e amigas que as redes sociais, de abril até dezembro, proporcionaram-me.  

        Precisamente aos dez dias de abril de 2020, na primeira onda da pandemia, iniciei o projeto “Existe uma Literatura no Amazonas”, em parceria com a Drª em Poética e Hermenêutica, professora e crítica literária Lourdes Louro, onde falamos sobre a Literatura Brasileira produzida no Amazonas. Foi uma aventura, porque começávamos do "marco zero" em relação à produção de conteúdos para as redes sociais e fomos aprendendo uma na companhia da outra.

        Nestas lives, que aconteciam todas as sextas-feiras, em meu perfil do Facebook, passamos em revista vários autores/as, dos vários gêneros literários, que compõem o quadro da Literatura Brasileira produzida no e/ou sobre o Amazonas: no conto: Arthur Engrácio (20 conto amazônicos – 1986 / Edições Puxirum),  Erasmo Linhares (“O Tocador de Charamela” – 1995 / UA, “O Navio e outras estórias” – 1999 / Editora Universidade do Amazonas); no romance: Rogel Samuel (“O Amante das amazonas” – 2005 / Editora Itatiaia), Paulo Jacob (“Chuva Branca” – 1968 / Gráf. Récord), Alberto Rangel (“Inferno Verde” – 2001 / Valer) e Milton Hatoum (“Cinzas do Norte” – 2015 / Companhia de Bolso, “Dois Irmãos” e “Relato de um certo Oriente”– 2008 / Companhia de Bolso); na poesia: Alcides Werk (“Trilha d’Água” – 1985 / Casa madrugada Editora), Elson Farias (“Balada de Mira-Anhanga e outras aparições” – 1993 / Livraria Brasileira), Thiago de Melo (“Silêncio e Palavra” – 2001 / Valer), Isaac Ramos (“Teias e Teares – 2014 / Carlini&Caniato Editorial), Kenedi Azevedo (“O Corpo em Poesia” – 2017 / Letra Capital Editora) e Marta Cortezão (“Banzeiro Manso – 2018 / Porto de Lenha Editora); na crônica: José Aldemir de Oliveira (“Crônicas de Manaus – 2011 / Editora Valer; “Crônicas da minha (c)idade – 2017 / Extra Capital Editora), Max Carphentier, com a participação da pesquisadora Drª Auriclea Neves (“O Sermão da Selva” – 1995 / Valer) e ainda um episódio especial para análise da figura feminina nas obras ficcionais do ciclo da borracha de algumas obras que tinham como ambientação os seringais da Amazônia.

     Enquanto isso, lá pelo meu IG @martacortezaopoeta, no Instagram, todas as quartas-feiras, aconteciam inúmeros encontros nos bate-papos virtuais e, por lá, passaram escritores/as, poetas, professores/as, ensaístas, músicos, profissionais da área da saúde, ativistas, enfim, uma aquarela pintada nas cores da diversidade humana que me manteve acesa a chama de amor pela literatura. Foi um total de dezenove entrevistados e trinta entrevistadas: Lourdes Louro (Ensaísta/AM), Dijaik Nery (Professor/AM), Ana Dietmüller (Escritora/AT), Franciná Lira (Escritora/AM), Orange Cavalcante (Cineasta/AM), Sabrina Dalbello (Escritora/RS), Eva Marques (Esportista/MG), Dra. Tássia Cortezão (Fisioterapeuta/AM), Onison Lopes (Professor/AM), Giselle Mendes (Professora/ES), Renato Pessoa (Escritor/Poeta/CE), Marcio Ruzon (Ativista dos Direitos Humanos/BSB), Mailson Furtado (Escritor/Poeta/CE), Patricia Noronha (Escritora/AM), Odenildo Sena (Escritor/PT), Iraildes Caldas Torres (Professora/Pesquisadora/AM), Dra. Neila Bessa (Veterinária/AM), Zemaria Pinto (Ensaísta/Escritor/AM), Mell Renault (Escritora/MG), Sidnei Manoel Ferreira (Blog Tabacaria/SC), Luiza Cantanhêde (Poeta/Escritora/PI), Mª Luiza Brasil (Escritora/AM), Valéria Menezes (Professora/AM), Andrea Dore (Professora/AM), Veronica Schell (Jornalista/AT), Elvis Braga (Ilustrador/AM), Paula Laranjo (escritora/PT), Fabio Di Ojuara (Escultor/RN), Silvia Grijó (Poeta/AM), Alves dos Santos (Escritor/PT), Sandra Maciel (Escritora/CE), Carlos Almir Ferreira (Poeta/AM), Carina Oliveira (Pedagoga/Ativista/RJ), Terezinha Malaquias (Artista multimídia/Escritora/GER), Myriam Scotti (Escritora/AM), Nídia Braga (Professora/GO), Ana Peixoto (Escritora/AM), Nathan Sousa (Escritor/PI), Márcia Dias (Professora/Escritora/RO), Celdo Braga (Músico/AM), Cefas Carvalho (Escritor/Jornalista/RN), Rita Queiroz (Escritora/Poeta/BA), Patricia Cacau (Poeta/CE), Antônio Norte (Escritor/AM), Sandra Ramos (Blog Escrevinhar/PT), Simon Oliveira (Escritor/RO), Giele Santos (Cronista/AM), Adriana Mayrinck (Editora em In-Finta/PT) e Paulo Rodrigues (Escritor/MA).

Dando continuidade à saga de lives, iniciei o projeto “Tertúlias Virtuais”, dia 13/08/2020, que ia ao ar todas as sextas-feiras, no meu perfil do facebook marta.cortezao e no canal no YouTube “Banzeiro Conexões”. O projeto “Tertúlias Virtuais” surge com o objetivo de reunir escritoras e poetas de diversos lugares do mundo, a fim de divulgar a produção literária destas autoras, através de leituras partilhadas. Atualmente, as “Tertúlias Virtuais” têm parceria com a Revista Ser MulherArte (direção editorial de Chris Herrmann). Lá iniciamos uma coluna homônima para falar destes gratos encontros que a Poesia veio nos presenteando, assim como da poética destas autoras da literatura contemporânea que se movem pelas redes sociais.

Realizamos dezesseis episódios, todos disponíveis no canal do YouTube Banzeiro Conexões, por onde passaram sessenta poetas e escritoras. Subscrevo abaixo o catálogo de nossas tertúlias realizadas em 2020:

1. Tertúlia Virtual: Vozes Poéticas. Poetas convidadas: Sabrina Dalbelo (RS), Rita Queiroz (BA), Sandra Godinho e Myriam Scotti (AM);

2. II Tertúlia Virtual: A Poética da Sororidade. Poetas convidadas: Maria Júlia Lobo (AM), Luiza Cantanhêde (PI), Fernanda Caleffi Barbetta (EUA) e Érica Azevedo (BA);

3. III Tertúlia Virtual: Um Passeio pelo Feminino Poético. Poetas convidadas: Luciene Carvalho (MT), Márcia Dias (RO), Patricia Cacau (CE) e Paula Valéria Andrade (SP);

4. IV Tertúlia Virtual: A Poética que me Toca e me (Des)veste. Poetas convidadas: Andréa Mascarenhas, Lia Sena (BA), Rosana Crispim da Costa (IT) e Tati Vidal (AM);

5. Tertúlia Virtual: Fiando Interseções PoéticasPoetas convidadas: Paula Laranjo (PT), Terezinha Malaquias (GER), Beatriz H. Ramos Amaral (SP) e Herô Hicken (SC);

6. VI Tertúlia Virtual: Voos Poéticos por Asas Femininas. Poetas convidadas: Iraildes Caldas Torres, Mayanna Velame (AM), Vânia Alvarez (PA) e Helena Arruda (RJ);  

7. VII Tertúlia Virtual: Feminário Poético & Intimismos. Poetas convidadas: Chris Herrmann (GER), Mell Renault (MG), Janete Manacá (MT) e Roberta Gasparotto (BSB);

8. VIII Tertúlia Virtual: A Poética que Roça os Sentidos. Poetas convidadas: Eliana Castela (AC), Jeovânia P. (PB Divanize Carbonieri e Diná Vicente (MT);

9. IX Tertúlia Virtual: Vozes e Olhares de uma Poética do Feminino. Poetas convidadas: Jalna Gordiano, Guataçara Silva (AM), Maria Elizabete N. Oliveira (MT) e Vania Clares (SP);

10. Tertúlia Virtual: Inquietudes Poéticas & As Múltiplas Faces de Afrodite. Poetas convidadas: Silvia Grijó (AM), Wanda Monteiro (PA), Maria Ligia Caviglioni (MT) e Verônica Oliveira (CE);

11. XI Tertúlia Virtual: Poesia e Empoderamento Feminino. Poetas convidadas: Francis Mary (AC), Felicidade Guerreiro (PT), Lucirene Façanha (CE) e Mary Paes (Macapá);

12. XII Tertúlia Virtual: Epifanias Poéticas. Poetas convidadas: Tatiana Leonel, Danieli Tavares (SP), Heliene Rosa (MG), Mayne Silva (BA) e Rita Queiroz (participação especial/BA);

13. XIII Tertúlia Virtual: Tessituras & Humanidades Poéticas. Poetas convidadas: Márcia Machado (MT), Cida Ajala (SP), Maria do Carmo Silva (BA), Hydelvídia Correa (AM) e Maria Elizabete N. Oliveira (participação especial/MG);

14. XIV Tertúlia Virtual: pelas Trilhas do Fazer Poético. Poetas convidadas: Rosilene Oliveira (SP), Tatiane Silva Santos (MT), Lucilaine de Fátima (MG), Giele Santos (AM) e Vânia Alvarez (participação especial/PA);  

15. XV Tertúlia Virtual: Poemário Feminino para Aljavas. Poetas convidadas: Marlene Queiroz (MT), Eva Potiguar (RN), Laís Fernanda Borges (AM), Lindevania Martins (MA) e Vânia Alvarez (participação especial/PA);

16. XVI Tertúlia Virtual de Natal: A Poética Do Aconchego. Poetas convidadas: Chris Herrmann (GER), Janete Manacá (MT), Roberta Gasparotto (BSB), Rita Queiroz (BA), Patricia Cacau (CE), Vânia Alvarez (PA).

        Desta forma, o Blog “Feminário Conexões” surge com o propósito de dar continuidade à divulgação da literatura e das artes, de modo geral, feita por mulheres e/ou onde elas sejam as protagonistas, a fim de montar um catálogo abrangente e de profundidade, com as autoras contemporâneas que se movem pelas redes sociais. Serão também muito bem-vindos escritores, poetas, ensaístas, pesquisadores que conosco queiram colaborar para falar desta Literatura do Feminino. Portanto, quem quiser contribuir com este projeto, de forma voluntária, entre em contato pelo e-mail martabartez@gmail.com.

 

“O voo só pode ser pleno quando em bando.” 

(Marta Cortezão)

Feminário Conexões, o blog que conecta você!

CRÔNICAS DA SUSTÂNCIA - HISTÓRIAS DE MINHA MÃE: a curva da Velha Beta... Por Rosangela Marquezi

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