domingo, 27 de dezembro de 2020

Eliane Potiguara: a voz da ancestralidade e das guerreiras indígenas contemporâneas

 



Autora da Vez: Eliane Potiguara/01




No campo da literatura indígena escrita por mulheres, Eliane Potiguara destaca-se como uma das figuras principais. A ancestralidade é marca indelével da obra dessa professora que se dedicou à luta pelos direitos dos povos indígenas, sobretudo pela valorização das mulheres. Filha do povo Potiguara, Eliane Lima dos Santos nasceu na capital do estado do Rio de Janeiro, no ano de 1950, no seio de uma família indígena desaldeada (sua avó e tias foram desalojadas das terras ancestrais na Paraíba).

O convívio com a matriarca indígena parece ter sido determinante para a definição do projeto de escrita de Eliane Potiguara. A constituição da narradora e dos princípios éticos e morais norteadores de sua trajetória como intelectual, mulher e militante pelos direitos dos povos e das mulheres indígenas foram sendo gestados a partir do reconhecimento das tradições e dos valores de sua cultura ancestral e, sobretudo, do reconhecimento da luta desvelada pelas entrelinhas das histórias e pelas lágrimas da anciã potiguara.

Mais tarde, Eliane Potiguara ingressou no movimento de luta e resistência indígena e, com o intuito de que seu trabalho ganhasse mais visibilidade, passou a investir na utilização de recursos das mídias tecnológicas: administrar grupos, blog e páginas na internet para divulgar, em ambiente virtual, não apenas o seu trabalho, mas também a produção literária e artística, em amplo sentido, dos intelectuais e artistas indígenas ameríndios.

Assim, Potiguara se firmou como uma das primeiras porta-vozes das mulheres indígenas, em favor das quais criou e administra o Grupo Mulher – Educação Indígena e Rede de Comunicação Indígena (Grumin[1]), um espaço virtual, público e democrático, receptivo a denúncias, notícias, notas, releases e matérias jornalísticas sobre desrespeitos aos direitos dos povos originários. O conjunto de sua obra traduz a complexidade da trajetória de intelectual militante, cuja atuação de amplo alcance a consolida como uma das precursoras da literatura contemporânea de autoria indígena, no Brasil.

Em termos bibliográficos, as principais publicações de Eliane Potiguara são: A Terra é a Mãe do Índio (1989); Akajutibiró: terra do índio potiguara (1994); Metade Cara, Metade Máscara (2004); Sol do Pensamento (2005), e-book; O coco que guardava a noite (2012); O Pássaro Encantado (2014); A Cura da Terra (2015); e diversas antologias, nacionais e internacionais. É possível acessar o site oficial da escritora clique aqui.







6 comentários:

  1. Parabéns pela sua trajetória literária! Sucesso é o que desejamos.

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  2. Essa biografia ficou muito bonita. Para quem é indígena que está fora de seu território ancestral, sua trajetória é uma direção. Gratidão. Awery

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  3. Agradecemos suas palavras. E nos alegramos que o texto da escritora e pesquisadora Heliene Rosa tenha lhe agradado neste sentido. Saudações amazônicas.

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