"PERMANÊNCIAS OUTONAIS", DE VANIA CLARES
São para essas pessoas que a poeta e escritora Vania
Clares dedica o seu livro, Permanências Outonais, Ed. Sarasvati.
Livro sensibilíssimo e que trata de um tema tabu de
forma sublime e, ao mesmo tempo, muito corajosa.
O leitor é convidado a mergulhar no mundo da
personagem (e também, narradora) que, diga-se de passagem, não tem nome.
Essa personagem bem poderia ser eu, você ou todo
mundo, ou ao menos, todos que sejam valentes o suficiente para mergulhar em
suas dores e se deixar impregnar por suas escuras e nebulosas tintas.
Sejamos sinceros: quem, se for minimamente honesto
consigo, já não pensou que seria melhor não viver?
E a perspectiva que a autora escolhe para fazer essa
narrativa é a mais acertada possível: do ponto de vista da alma, que não julga,
não tem preconceitos, nem faz cobranças. Apenas acolhe o que vem, seja lá o que
for.
Logo no início do livro, a personagem tece longos
pensamentos a respeito de como seria sua própria morte: onde, de que maneira,
qual o lado do muro seria mais adequado cair, e outras divagações sobre o tema.
Depois, ela recorda, pouco a pouco, situações
dolorosas da infância, seu grande amor que se foi, e as angústias vivenciadas
durante o processo.
Ressalto aqui, que essas lembranças não vem de forma
óbvia. O caminho escolhido pela autora é sempre o caminho do paradoxo, da
abertura para um pensar além das aparências. Talvez por isso, ao ler esse
livro, eu tive a forte impressão de estar envolvida em um ambiente onírico, não
no sentido de fantasioso, mas no sentido de tudo ser possível - sem riscos de
achatamento ou julgamentos morais.
Queridas Marta e Roberta, emocionada por tão ricas palavras. Vocês leram a minha alma!
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