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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Juraci Cruz




EMPOEME-SE EM POESIA/24


Poemas de Juraci Cruz


Leitura de Marta Cortezão


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MINHA ESCRITA

 

Já escrevi versos

Com o peito sangrando

Os olhos chovendo sequidão

Os lábios sorrindo prantos

Punhos serrados

Sem mãos segurando

Segui escrevendo

 

Já escrevi versos

Num grito de silêncio

Com olhos fechados

Vendo o mundo todo

Com o peito apertado

Por não ter um abraço

Segui tirando nós

E criando laços.

 

Já escrevi versos

Na solidão a dois, a três ou mais

Segui a multidão sendo eu e eu

Já fiz versos com as flores do canteiro vazio

Escrevi cachoeira onde nem uma gota de chuva caiu

Não me prendo ao outono

Não conto as folhas que caem

Conto os galhos, antevendo os botões desabrochando

Sou primavera

Não importa quantas podas

Volto inteira.


*-*


MILAGRE NO CORAÇÃO

 

Como chuva em terra seca

Como bálsamo derramado sobre a ferida

Como perfume que uma vez aberto enche a casa

Mudando a atmosfera

Sem passar despercebido

Como semente que brota em terra que está improdutiva

Renovando a fé e a esperança

Como óleo que faz a engrenagem funcionar

Mais ágil e leve

Como abraço num momento de dor

Como remédio que manifesta o calor humano

É a gratidão no coração

Um coração agradecido

Manifesta vida

Muda o ambiente

É termostato em meio as dificuldades, muda a temperatura

É o grito de liberdade em meio às circunstâncias.

Gratidão é a porta aberta para a abundante vida que Deus tem pra nós.


*-*




terça-feira, 16 de novembro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Patrícia Cacau




EMPOEME-SE EM POESIA/23


Poemas de Patrícia Cacau


Leitura de Marta Cortezão


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A fome do mundo


O mundo tem fome e eu tenho sede...

O mundo tem fome de sonhos

e come a tua esperança,

come o pedaço de estrada que você não percorreu,

o perdão que você não deu.

O mundo tem fome, come a paz, arrota a guerra.

O menino no sinal pede uma moeda

e o mundo tem fome, come a educação,

o direito à vida, à liberdade, à oração.

Como acabar com essa fome do mundo?

Se eu tenho sede, com a garganta seca

de gritar para a multidão que o sol é para

todos, que a minha sede é de justiça

para criança e o ancião.

Para a sede eu peço chuva; para a fome eu peço grão,

que brote semente de amor

para alimentar esse mundo cão.


*-* 


Fronteiras de mim


Eram só trincheiras que construí para me defender.

Eram desculpas que criava para me esconder.

Eram fronteiras imaginárias que a mente constrói.

Eram mais fantasmas, miragens

Que coragem!!

A vida me pegava de frente e eu andava de lado.

O tempo dizia É agora e eu respondia Pode ser depois?

As oportunidades se abrem como portas

sem escorador,

bateu, fechou.

As muralhas das dificuldades crescem de tamanho,

Sobem em altura, largura e cada vez tijolos

se  amontoam.

Justificando o tempo de espera de decisão.

O imaginário monstro que nos aguarda

para além do desconhecido parece assustador

desapegar-se do sofá estacionado na avenida

da comodidade.

Quantas vezes menti ao telefone para dispensar

um convite de uma noite que poderia ser incrível!

Quantas desculpas para alimentar o meu engano?

Muitas vezes me vestindo de vítima,

mutilando membros e pensamentos

que me permitissem quebrar as paredes do meu eu.


*-*

(Poemas do livro "Quintais", 2020, Editora In-Finita)



quinta-feira, 11 de novembro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Érica Azevedo



 

EMPOEME-SE EM POESIA/22


Poemas de Érica Azevedo

Leitura de Marta Cortezão

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O POETA E O LABIRINTO

 

O poeta não está morto.

Apenas agoniza no labirinto

                            da linguagem

buscando decifrar

sua própria face.

 

A cada verso encontrado

um enigma se refaz.

 

(A chuva e o labirinto, Mondrongo, 2017)


*-*

 


RELÓGIO

 

A hora passa

com a música que toca no rádio.

 

O minuto desaparece

com o sorriso ensaiado nos lábios.

 

O segundo segue

como um sopro de instrumentos.

 

Nas paredes, ainda o mesmo tic-tac.

 

(A chuva e o labirinto, Mondrongo, 2017)


*-*


Cabide

 

Quero um local

para guardar minha dor.

 

Um depósito não muito longe

                                 [de mim]

 

Quero guardá-la e poder olhar

para seu peso,

sentir se sua marca

se desfaz.

 

Quero ver minha dor

sem forçar o ombro,

sem o sentimento de posse.

Com um sorriso

mesmo magro

 

(A chuva e o labirinto, Mondrongo, 2017)


*-*


DESAJUSTE


Uma borboleta intrusiva

Insiste entrar no casulo.

 

O experimento do mundo

fora demasiado doloroso.


(Confraria Poética Feminina, Penalux, 2016)


*-*

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Luciana Chaves

 


EMPOEME-SE EM POESIA/21


Poemas de Luciana Chaves

Leitura de Ryana Gabech

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METADE

 

Sou metade do que serve

Metade do que posso dar

Sou de dois seios um

Uma nádega só

Uma perna manca

Bamba como seu amor

Um braço que arranca a flor

Uma orelha que escuta

tudo que não é dito

Um olho maldito

que vê seu não

Sou um pé

que chuta suas dores

E uma mão

Só uma

que acaricia seu ego

seu cabelo

suas costas

seu inteiro.

*-*



*-*


*_*

(In Nervoroso Beijo Editora Gente da palavra, 2014)




terça-feira, 26 de outubro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Dilercy Adler

 


EMPOEME-SE EM POESIA/20


Poemas de Dilercy Adler

Leitura de Marta Cortezão

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ESPAÇO FEMININO


Espaço mulher

mulher no espaço

espaçonave espaço cósmico

       cômico espaço...

                          inusitado

das normas

            do corpo

                    do sexo

                 do leite materno

que eterno sangra

do peito

a jorrar boca a dentro

do homem!

(In: Crônicas e Poemas Róseos-Gris. São Luís: Estação Produções, 1991, p. 11)

*-* 

 

REPÚDIO AO ESTUPRO

                 

Estupro

violência maior

pra com a mulher

violência maior

pra com o sexual

violência maior

pra com o bom do amor!

 

estupro

aberração maior

do desejo menor

encarnação do desamor

do ódio

em lampejos de sadismo

e de horror!

 

estupro 

a negação do afetivo

   na carne

a negação da sedução

   no desejo

a negação do sublime

   no sexo 

a negação do homem

   e da mulher

 

seja ele concreto

seja ele simbólico

... o meu repúdio!


(In: Crônicas e Poemas Róseos-Gris. São Luís: Estação Produções, 1991, p.84.)

*-*

Assista ao vídeo da poeta Dilercy Adler fazendo as leituras dos poemas de sua autoria: "Espaço Feminino" e "Repúdio ao estupro".






terça-feira, 12 de outubro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poema de Margarida Montejano


EMPOEME-SE EM POESIA
/19



Leitura de Marta Cortezão

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RELEITURA EM MEIO ÀS BRUMAS


Toco-me. Examino seios e mamilos.

Cenas que se repetem frente ao espelho.

Vejo-me lúcida e real. Vincos e sulcos marcam meu rosto,

desenham nele minhas experiências, minhas dores e amores.

Tento decifrar o meu ser e ponho-me a escrever quem eu sou. 

Retrato-me. Rascunho um poema de mim e um texto assim me desvela. 

Sou ela. Sou eu. Menina, moça, mulher. Assim me revelo 

na imagem e semelhança da grande senhora.

Viajo às terras de Avalon e, como uma ninfa, me deito 

e me entrego às festas da natureza.  Nas brumas, enxergo. 

Sou a natureza.


Percebo-me. Releio-me:

Sou a louca do dia

quando defronto-me com injustiças.

Brigo. Grito e saio em defesa do que acredito ser certo.

Sou a loba da noite

quando, em insônia, perambulo pelas ruas 

à procura de respostas às incógnitas da sorte.

Sou a santa que vela pelos incautos e puros. 

Oro por eles em silêncio sem que me vejam.

Sou a devassa que diz as regras, 

quando o machismo impera.


Sou a  deusa que se dá sem reservas, 

pois o amor é doação.

Sou a madrasta que diz não,

quando a regra é dizer sim.

Sou a lágrima sincera,

o sentimento profundo.

Sofro como mãe, a dor do mundo

e na morte, sou a vida.

Sou a dor, a lágrima. O riso livre.

As regras das meninas

que chegam sem dar aviso.


Sou o viso na inocência

cambaleante da adolescência.

Sou a ancestralidade

da mãe, da filha, da prima,

da tia, da avó.

Sou mulher

que não remedeia, faço tudo por inteiro.

Sou, em essência divina,

Deus traduzido 

no corpo, na alma

e na veia.


Sou a deusa de toda hora

para toda obra, porque…

sabedoria é também senhora!

Sou poesia, canção

e a entonação das sereias.

Sou lua cheia, minguante e nova,

cresço e encanto em cada fase.

Sou eu, sou você, somos nós

numa só voz e, de mãos dadas, seguimos

juntas, na caminhada.

Somos a estrada, a surpresa e a alegria da chegada.


Somos o tudo e o nada. 

Somos a contradição, mas somos nela o amor.




terça-feira, 28 de setembro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Mariana Teixeira

 



EMPOEME-SE EM POESIA/18


Poemas de Mariana Teixeira

Leitura de Teresa Bendini

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ATO FALHO


a pessoa

que inventou o amor

cometeu

um ato falho

 

fez a dor de ferro

e o coração de barro

***

 

CELA

 

me prenderam

num corpo

de gente

 

numa gaiola

de pele

 

por dentro

sou pássaro.

***

 

BOTÂNICA


Quando morrer

me deixe em contato

com a terra

quero brotar

e ser

tudo que me foi

podado

***







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