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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Inspirações para adiar meu fim de mundo: Silêncio, Mãe Terra quer falar.



Adiando meu fim do mundo/01

 

A Terra não suporta mais tantos descasos e ingratidão do ser humano predador e algoz de seus bens naturais. Não creio que foi esse o plano do Criador para a humanidade, ou que se tratava de um projeto de consumo e mordomia para os “bem-nascidos” e de flagelo para os oprimidos.

Independente de crença religiosa, teimo em pensar essa “casa” como um lugar de trocas sagradas entre a Terra e todos os seres. Porém, parece-me que a relação que desempenhamos tem sido mais de usurpação que de trocas ecossistêmicas.

As belezas e as riquezas naturais foram criadas com o propósito de partilhas entre dar e receber o que se tem de melhor. Desde a árvore que dá sombra, frutos, remédios e lar para as aves e muitos animais. Desde a pequena abelha que auxilia na fecundação das flores e das plantas e, nessa troca, faz o mel. Assim também com o vento que espalha as sementes e o sol e a chuva que as fazem brotar. Servir é o trabalho de todos no meio ambiente!

O ser humano chegou ao século XXI sem saber dar valor às pequenas coisas, como as flores no caminho da estrada de asfalto. A maioria pouco percebe a oportunidade de dividir a fartura do outono, não escuta os apelos da natureza quando ela lhe adverte nas tempestades, quando tenta lhe mostrar o bom senso na seca, nem mesmo quando perde suas gerações em guerras e pandemias.

Entramos em crise desde que vendemos nosso amanhã e negamos desfrutar da relação afetiva com a natureza. Penso que era também essa a função orgânica do ser humano. Entretanto, ele preferiu usurpar, ser mercador em vez de comungar no servir.

Violentamos o nosso chão e as águas dos rios e dos mares para extrair metais e pedras preciosas. Escavamos poços fundos para obter riquezas pagas pela morte das florestas e dos animais, pois o vírus da ganância estimulou um adultério crônico com a aliança universal da vida. Rompemos os limites das fronteiras explorando bens naturais e torturando e oprimindo seus nativos em função de domínio e soberania pessoal e social.



O vírus da soberba deixou-nos surdos para ouvir o clamor dos inocentes injustiçados subtraídos de suas terras e escravizados. Distanciou-nos de nossa natureza humana de empatia com a dor alheia, fez-nos coronéis, capatazes e líderes comerciantes de vidas e dos seus destinos.

O vírus do egoísmo fez-nos omissos perante as destruições das florestas e o extermínio de animais. Não nos mobilizamos em favor das árvores ancestrais, dos pássaros sem ninhos, dos animais abatidos por causa de suas peles e de marfim.

Surge o Corona Vírus para lembrar que o homem é escravo de sua avareza e, agora mais ainda, a única criatura vulnerável a um vírus bem menor do que um grão de areia.

Será que desta vez, com essa pandemia, a humanidade ouvirá e enxergará a Mãe Terra? Alguém acredita que o planeta será o mesmo depois que o vírus interromper a sua escalada de infecção e de consumação de vidas?

A Terra já não é a mesma de antes dessa peste e será ainda mais alterada depois dela. Não apenas porque a população já perdeu milhares de pessoas que deixaram pais e filhos órfãos. O vírus permanecerá como muitos outros inimigos invisíveis com os quais convivemos, com aqueles em que se usou a ciência para controlar e amenizar as suas ações letais, esquecendo que os vírus se modificam, se ajustam e desafiam as “verdades humanas”.



Não foi a natureza que se divorciou do homem, porém, ela não está mais sujeita aos seus caprichos de “menino mimado e egoísta”. A natureza pede respeito e atenção, como toda mãe que deseja disciplinar e educar seus filhos. Ela não abandonou o homem, mas está esperando sua iniciativa de reconciliação com o outro, com a fauna e com a flora.

Nessa sociedade digital em que estamos conectados em redes, em que cada informação navega em velocidade instantânea, temos o bem e o mal ao nosso dispor nas mesmas condições de acessibilidade. Ficamos sabendo de quem morre e de quem arrisca sua vida para acolher. Ficamos cientes de quem insiste em superfaturar nos lucros às custas dessa tragédia e não percebe a sua alienação social e miséria pessoal.

Que possamos nos calar para escutar, sentir e enxergar o que a natureza quer nos ensinar e possamos descobrir quem somos nós e porque estamos todos numa mesma casa chamada Terra. Quem se permitir a ouvir sentirá a emoção de viver a descoberta de si e do outro e que a cura de nossas “pragas" depende de uma aliança entre eu, você e o meio ambiente.

Aguyjevete,

Eva Potiguar.

10 de dezembro de 2020.



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