sexta-feira, 13 de agosto de 2021

NAS TEIAS DO POEMA V: NOS FIOS DA 'ALQUIMIA DO VERBO'

 



NAS TEIAS DO POEMA V: NOS FIOS DA 'ALQUIMIA DO VERBO'

 

Para escrever rápido, há que ter pensado muito; ter levado consigo um tema no passeio, no banho, no restaurante, e quase na casa da amada. (...) Cobrir uma tela não é carregá-la de cores, é esboçar de modo leviano, dispor as massas em tom ligeiro e transparentes. A tela deve estar coberta – em espírito  no momento em que o escritor toma  a pluma para escrever o título.

 {Charles Baudelaire, in Conselhos aos Jovens Literatos}


Por Marta Cortezão

 

Em mais um episódio, pretendemos falar sobre as teias que (des)estruturam a urdidura do poema, sobre estes fios que se forjam na linguagem expressiva que a poesia exige de cada punho que a escreve. Destes campos da emoção, onde a palavra brota, ganha corpo e existência no labor da pluma.

Mas há também o outro lado da questão, pois muitas vezes nos bloqueamos diante de um texto. O que fazer? Tem alguma experiência para contar? Foi possível encontrar a melhor solução para aquele(s) verso(s) amétrico(s)? É importante também refletir como nossa visão de mundo pode limitar nossa capacidade de criação poética. É possível romper estes limites? De que forma? É importante também arvorar-se dos conhecimentos linguísticos e conhecer as “malandragens e sacanagens” escondidas no substrato da língua, as quais nos permitem adentrar e/ou nos aproximar daquilo que Rimbaud denominou de “alquimia do verbo”, o que compreende o esvaziamento do signo verbal, pois para este autor o fazer poético conserva um quê de irracionalidade.

Charles Baudelaire considera a inspiração fruto do trabalho diário, mas, dadas às devidas proporções, inspiração e expiração são dois opostos que se completam:

 

Estes dois contrários não se excluem em absoluto, como todos os contrários que constituem a natureza. A inspiração obedece, como o homem, como a digestão, como o sonho. (...) Se se consente em viver numa contemplação tenaz da obra futura, o trabalho diário servirá à inspiração, como uma escritura legível serve para aclarar o pensamento, e como o pensamento calmo e poderoso serve para escrever legivelmente, pois já passou o tempo da má letra.

 

E você já parou para pensar de que forma se dá seu processo de criação poética? Encontrou alguma resposta convincente? Em como a abstração do signo ganha corpo em seu “fazer poético” e passa à tela do computador/celular/tablet, ou ainda, à branca folha do papel? Você, assim com Baudelaire, já levou as teias de um poema à cama, a um passeio, a uma reunião familiar ou a outro lugar qualquer?

 

E para pensar estas TEIAS DO POEMA, convidamos as queridas poetas que compõem a COLETÂNEA ENLUARADAS II: UMA CIRANDA DE DEUSAS:

 

DANI ESPÍNDOLA é poeta, tradutora e professora de língua inglesa e portuguesa. Em 2020, lançou seu e-book de poesia chamado “TANTO FIZ QUE DEU POEMA” (download gratuito) e publicou cerca de 300 poemas em suas redes sociais. Atualmente, dedica-se à escrita de seu novo livro de poemas, prosa-poética e microcontos;

 

ELIZABETE NASCIMENTO é Doutora em Estudos Literários pela Universidade do Estado de Mato Grosso/ PPGEL- UNEMAT. Autora de livros, com participação em diversas coletâneas literárias (poesia) e Membro do grupo de Pesquisa: Poética Contemporânea de Autoria Feminina do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, UNIR/Universidade de Rondônia;

 

MARIA DA PAZ FARIAS é mãe de Amanda e Servidora Pública do Judiciário Federal, com formação em Direito e pós-graduação em Direito Social. Cearense, nascida no Sertão do Ceará, reside em São Paulo desde 1992. Gosta de escrever por hobby.

 

Esperamos por VOCÊ!


quarta-feira, 11 de agosto de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Entre a Palavra e o Gesto/ Eu Nua/ O Copo




EMPOEMESE/14


Vários, de Heliana Barriga

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


Entre a Palavra e o Gesto

 

Entre a palavra e o gesto, o tempo.

Entre o gesto e o gesto, a palavra de honra

Desonra a palavra.

Entre a palavra e a palavra

O gesto indigesto.

Entre o gesto e a palavra

Calças curtas!

***

 

Eu Nua

 

Eu nua

Com uma bandeira

Plantada às costas, minhas asas

Vespa sobrevoadora de vômitos urbanos

Trago joias e silêncios

Vícios e ventres

Vísceras e almas.

Acordo flor com hálito de estrela

Almoço fada faxineira

E durmo bruxa com bafo de lança.

***


O Copo

 

O homem se refina e faz o copo.

O homem se orgulha do copo.

O homem presenteia a mulher com o copo.

A mulher se orgulha do copo e do homem.

A mulher sem querer, quebra o copo.

O homem se enfurece, cata o caco, fere o rosto da mulher que vira um caco

E caco fere.




MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|56



 

Momento com Gaia/56


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Por Janete Manacá




Para ouvir o PODCAST clique AQUI.


Mãe de leite


minhas primeiras lições de solidariedade

iniciou-se logo após meu nascimento

com uma rainha que aprendi chamar de mãe


no pequeno povoado rural

a vida não era nada fácil

mas tinha quem nos ajudasse


éramos regidas pelas fases da lua

os quatro elementos, as quatro direções

as quatro estações, a vida coletiva


minha mãe teve muitos filhos

parto normal, amparados pela parteira

filhos vistosos e saudáveis


dos seios o leite jorrava em abundância

para os filhos seus e os filhos das outras 

todos nós tínhamos irmãos de leite


essas memórias de amor e desapego

ensinaram-me a dividir sempre

com o olhar distante da competição


é bem mais fácil segurar a mão

seguir lado a lado como iguais

para superar as desigualdades sociais




segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Leitura de Lâminas da Mãe Terra para os Ciclos Lunares


(Lua Nova, de 08 a 15//08)/27


Por Ana Luzia de Oliveira

 

A Lua é Nova, renove-se você também!

 


 

Gorgeio. Este pequeno pássaro não para de cantar, mas, às vezes, silêncio é ouro! É exatamente sobre isso que a cartinha deste ciclo nos alerta. Falamos demais, esbravejamos, contamos vantagem, nos lamentamos, desperdiçamos nossa energia com palavras que, naquele momento, se perderão no vento. Devemos ficar atentos ao tempo de recolhimento que a Lua Nova nos propõe. Não precisamos sufocar nossa expressão, mas também não precisamos nos desgastar quando nosso corpo e mente pedem calma, reflexão e descanso. Há tempo para tudo e sabedoria é aproveitar o que o fluxo nos traz e aonde ele nos leva.  

 

Como embarcar neste fluxo de energia se não o vemos?

 

Cesto. Nossos recursos são infindáveis, é a nossa percepção limitada que nos faz sentir contidos. Quando você ouve essa afirmativa, o que você sente? Verdade? Mentira? Possibilidade? Sim, pense em um campo de possibilidades infinitas. Mesmo quando recolhidos, não estamos ausentes de nosso Eu criativo. Apenas o estamos alimentando com a energia que ele necessita para criar mais. Estar o tempo todo em combate, defendendo ideias, conquistando espaços, requer descanso e um tempo para reorganizarmos nossas capacidades, analisarmos as situações, traçarmos estratégias. Reflexão e meditação também são formas de expressão do nosso Eu ao Universo, ainda que silenciosas!


Aho Mitakwye Oyassin! Obrigada por todas as minhas relações, Ana Luzia Oliveira.


Sobre o Oráculo Lâminas da Mãe Terra


As Lâminas da Mãe Terra são um oráculo formado por frequências que foram intuídas, apresentando-se em imagem, nome e funcionalidade, representados por Ana Amélia Moura, Ana Luzia Oliveira e Neysi Oliveira, em processo de canalização. 

Suas cartas podem ser interpretadas por seus significados arquetípicos e, também, podem ser tomadas por frequências que nos auxiliam naquilo a que se propõem ativamente.



Sua leitura destina-se a fins terapêuticos e de autoconhecimento, para ampliar a consciência das dinâmicas que existem em nossas vidas e dos recursos que temos para solucionar as questões que se apresentam.


 

sábado, 7 de agosto de 2021

HOJE, SÁBADO (07/AGO) TEM CIRANDA DE DEUSAS / IX: LEITURAS POÉTICAS! VEM VER!?

 


 UMA CIRANDA DE DEUSAS/ IX: LEITURAS POÉTICAS

“Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.

{Simone de Beauvoir}

Este quadro é mais uma ação do Projeto Enluaradas cujo objetivo é divulgar a Literatura Contemporânea do Feminino. O Enluaradas é o projeto-abraço que não apenas publica autoras, mas que constrói História fazendo Literatura.

 

Somos um Movimento Literário que busca aprender a pensar coletivamente dia após dia, porque entendemos que "o voo só pode ser pleno quando em bando". Nossa prioridade é contribuir para a consolidação da mulher no espaço literário. Quanto mais nos distanciamos dos vícios humanos que nos provocam a sede de protagonismo e nos desviam de nossos ideais coletivos, mais nos aproximamos da concretização de nossos sonhos, vez que a força está na sabedoria de "dar as mãos". Portanto, não esqueçamos NUNCA que DE MÃOS DADAS SOMOS DEUSAS; JUNTAS, AS ENLUARADAS!

 

Entrar em conexão com a força das Deusas, com o Sagrado Feminino é também conectar-se com nossa força interior, é mergulhar profundo em nossas emoções. É, ainda, acessar o portal do Sagrado Feminino de forma a estabelecer contato com o conhecimento Divino que habita cada uma de nós, mulheres e, por conseguinte, nos apropriarmos da Consciência Feminina por meio do amor, da ternura, da paciência e da Poesia.

 

A cada mão que seguramos nesta ciranda de Deusas é um universo sagrado que contemplamos. A sua trajetória de vida nos interessa, nos faz crescer, nos fortalece, porque, a cada voz que paramos a escutar se mistura a outras tantas e nos faz mergulhar, de forma particular e especial, no profundo rio da Consciência Feminina, numa conexão que vai além do humano, alcança esferas divinas outras, nos abraça, nos comove e nos enche de inspiração / paixão pela vida. É preciso alçar o voo para avistar novos prados, o “lugar-comum” que nos designaram, por força, nunca nos pertenceu.

 


Nossa 9ª Ciranda de Deusas acontecerá neste sábado, dia 07/AGO, às 17h30m (Brasília), será transmitido, via canal do Youtube Banzeiro Conexões e contaremos com a participação das autoras Deusas Enluaradas e Cirandeiras da Poesia:

Danielle Lopes é poeta, professora e contadora de histórias em formação. Doutora em Literatura e membro da AIML  e AALIB

Fátima Mota – Cearense, taurina, poeta. Seus textos estão publicados em sites, revistas literárias e livros didáticos. Participa atualmente de Antologias físicas e digitais.  Gosta de viajar, ler e escrever. É avó de Maria Yasmin, sua inspiração maior para poetizar a vida.

Lindevania Martins é maranhense, poeta, prosadora, pesquisadora, mestra em Cultura e Sociedade, mestranda em Direito Constitucional e defensora pública de defesa da mulher e população LGBT em São Luís do Maranhão. Possui quatro livros publicados, além de contos e poemas em diversas revistas e antologias. Ama livros, café e tardes chuvosas.

Maria Júlia Lobo – de Manaus, AM, Brasil – é Bacharel em Direito, pela UFAM, Auditora Fiscal do Trabalho. Pertence aos quadros da Academia de Letras do Brasil Amazonas; ALCAMA e ABEPPA. Tem livro de Poemas publicado, várias participações em Antologias e em Redes Sócias.

Zilda Dutra – nascida em Fortaleza-Ce – é professora de Língua Portuguesa.Graduada e mestra em Letras.Escreve poemas, contos e crônicas.Publicou sua primeira obra poética independente, em 2020, “De inferno e de flores”.Mantém uma conta no Instagran @projeto_poeme, de poemas autorais e de outros poetas.

Marta Cortezão – amazonense radicada em Segóvia/ ES, é escritora, poeta, ativista cultural, professora, tradutora. Mantém o blog https://feminarioconexoes.blogspot.com. Participou de diversas antologias/revistas nacionais e internacionais. Livros de poesia “Banzeiro manso” e “Amazonidades Poéticas – Cultura e Identidade” (no prelo).

Nossa Ciranda de Deusas reverenciará, através de leituras poéticas, autoras de diversos coletivos femininos nacionais e internacionais. Vejamos: 

 

1. Leituras poéticas de DANIELLE LOPESDill Santos (poema “Identidade Negra”), Kenia Mateus (poema “Vagarosamente vou”), Fernanda Pires Sales (poema "Convite") e Flávia Belo (poema “Dança da libertação”);

 

2. Leituras poéticas de FÁTIMA MOTA: Juraci Cruz (poema "O mar e o amor”), Sidelia Campos Xavier (poema “Vibra a palavra”), Dirce Carneiro  (poema “Mulherio”) e Marta Cortezão (poema “Quem me dera um guarda-sol...”);

 

3. Leituras poéticas de LINDEVANIA MARTINSDivanize Carbonieri (poema "Carniçaria”), Adriana Gama De Araújo (poema “Voyeurismo”), Rossana Jansen (poema “Devir”) e Liana Alice (poema “A Transposição Do Amor”);

 

4. Leituras poéticas de MARIA JÚLIA LOBOFátima Lira (poema “Indecisão”), Joana Baraúna (poema “Tela Vazia”), Doroni Hilgenberg (poema “Hino às Letras”) e Arlene Paula Paiva (poema “Pedaços de mim”);

 

5. Leituras poéticas de ZILDA DUTRAPatricia Cacau (poema “Quintais”), Camila Rodrigues (poema “Estou economizando as palavras”), Dani Carvalho (poema “Petalasas”), Ametista Pinho (poema “Difícil sentir as coisas agora”).

 

Contamos com a sua especial presença para fazer girar esta Ciranda de Deusas através da arte da Poesia. Esta Ciranda é nossa! Visite o canal Banzeiro Conexões, inscreva-se e ative as notificações para não perder esta e nem as próximas cirandas poéticas!




sexta-feira, 6 de agosto de 2021

NAS TEIAS DO POEMA IV: ENTRE FIOS E METÁFORAS


 

NAS TEIAS DO POEMA IV: ENTRE FIOS E METÁFORAS

 

Aos poucos - e lentamente - minha aranha começa o seu bordado. Sobre o espaço do papel vazio uma geometria exata vai se formando. Ela amarra na beira da folha a ponta do fio e puxa até a outra extremidade. Sua primeira escrita tem que ser forte para suportar o peso da espiral, que brota infinitamente de seu ofício.

{Bartolomeu Campos de Queirós, in O Fio da Palavra, 2012, p. 24}


Por Marta Cortezão  


Em mais um episódio de NAS TEIAS DO POEMA, nos encontramos, debruçadas às nossas janelas virtuais, para (re)pensar a arte do fazer poético, percorrer o tecido plural que se (des)trança nos fios do poema. Esses fios, essas rememorações e/ou reflexões que dão vida à fluência e ao significado da palavra latente, que se nutre no poço de desejos sem fundo, alojado na alma do/a poeta. Toda esta ação/reflexão de “fiar a seda” constitui a tessitura de nosso próprio ofício: a escritura.

A aranha está presente na mitologia de várias culturas e é um símbolo culturalmente diverso. Ela também simboliza a feminilidade por estar associada à Deusa Selene (Lua) e aos mistérios da fertilidade. Está associada à criatividade, à técnica, à arte – do grego techné (fazer) – portanto relacionada ao trabalho criativo e laborioso do punho do(a) escritor(a).

O fazer poético é um processo solitário, feito de muitos silêncios, abdicações, paciência, astúcia, persistência. Portanto, assim como Bartolomeu Campos de Queirós, abraçamos a força significativa desta metáfora, deveras instrutiva, para dizer que a(o) poeta é uma introspectiva aranha que fia cuidadosamente a base de sua teia, com o objetivo de alcançar o centro de sua obra. Ou ainda, aproveitando-nos da pluralidade semântica do mito grego de Aracne (transformada em aranha por desafiar a imortal deusa Atena, foi condenada para sempre a tecer para existir), nos atrevemos na seguinte analogia poético-existencial: ser poeta é condenar-se, no 'para sempre' de sua escritura, a fim de fiar as ilusórias teias de sua real existência.     

E nestas TEIAS DO POEMA e das redes sociais, estaremos acompanhadas das poetas:

HELIENE ROSA trabalha há anos com a linguagem, é poeta, professora e pesquisadora. Em 2016, foi premiada no Concurso Calendário, em Uberlândia/ MG. Depois disso, participou de diversas antologias poéticas e recebeu muitos outros prêmios. Desde então, ela faz da poesia o seu caminhar.

ISA CORGOSINHO – de Brasília/ DF – é professora universitária aposentada, poeta. Mestre e doutora em Teoria Literária pela UnB/Universitàdi Roma – Sapienza. Tese sobre Italo Calvino e autora de artigos e ensaios sobre literatura nacional e italiana. Escreve poemas desde 2003. Participou da Coletânea Colheita 5 – Celeiro Literário Brasiliense, Leia-me. (editoraArts Letras, 2020). Coletânea enluaradas I, 2021. Livro Memórias da pele. Mulherio das letras, Coleção III, (Vienas abertas, 2021);

LUCILA BONINA é natural de Manaus, mas reside em Vargem Grande Paulista/ SP. Desde sempre as artes da palavra povoam seu universo pessoal com histórias, poesia e música. É professora de Língua Portuguesa, Mestre em Letras e Artes e narradora de histórias. Publicou poesia nas Coletâneas Enluaradas Se essa lua fosse nossa; Coletânea I do Mulherio das Letras na Lua e Coletânea 2021 do Mulherio das Letras Portugal.

Esperamos por VOCÊ para tecermos estas teias!


quarta-feira, 4 de agosto de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|55



 

Momento com Gaia/55


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Por Janete Manacá




Para ouvir o PODCAST clique AQUI.


Detalhes


o tempo passa desfocado

como uma paisagem

vista do trem em movimento


enquanto as rugas 

tomam conta da face

sem pedir licença


tudo parece deteriorar

num processo inevitável

de fim de ciclo


harmonizam-se as faces

fazem do corpo um rascunho

se auto aprisionam no tédio


em aflição a alma grita

a fome mata pouco a pouco

e a banalidade rima com caos


a sonoridade de balas perdidas

tombam vidas nos quintais

na garganta um choro sufocado


no jardim borboletas e flores

entregam-se à plenitude da beleza 

até a humanidade conseguir enxergar




Feminário Conexões, o blog que conecta você!

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