sexta-feira, 9 de abril de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Meu feminismozinho de merda"



 EMPOEMESE/07

Meu feminimozinho de merda, de Jalna Gordiano

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


Meu feminismozinho de merda

 

O meu feminismozinho de merda

Me deixou chegar até aqui viva

Depois de algumas humilhações, umas bofetadas na cara

O meu feminismozinho de merda

Me fez escapar de um clitóris arrancado

De ser estuprada pelo marido

O meu feminismozinho de merda

Apelidou-me de puta e sapata

Enfiou meu pé na lama

Não me permitiu um CASAMENTO DE SUCESSO

O meu feminismozinho de merda

Não deixou o pastor ungir meu rabo, não me fez santa

Me fez mãe solteira, mãe de

Dois filhos de pais diferentes

O meu feminismozinho de merda

Me tirou de dentro do ônibus do estupro coletivo

O meu feminismozinho de merda

Me esfriou de uma morte do fogão

Não me deixou parada num salão enquanto alguém cozinhava meus miolos

Não me fez a rainha do lar

Não me cobriu com o manto da purificação

O meu feminismozinho de merda

Me desnudou, abriu meus olhos

Me tirou do plástico e me fez carne

Para chorar todas as lágrimas das mulheres espancadas,

Queimadas, arrastadas para o mato,

violadas por madeiras que vararam suas bocas ao lado de suas filhas.

Muito obrigada senhores,

digo não às formas de sucesso  social.

Até aqui tem me salvado o meu feminismozinho de merda.





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