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Meu feminismozinho de merda
O meu
feminismozinho de merda
Me deixou chegar
até aqui viva
Depois de
algumas humilhações, umas bofetadas na cara
O meu
feminismozinho de merda
Me fez escapar
de um clitóris arrancado
De ser estuprada
pelo marido
O meu
feminismozinho de merda
Apelidou-me de
puta e sapata
Enfiou meu pé na
lama
Não me permitiu
um CASAMENTO DE SUCESSO
O meu
feminismozinho de merda
Não deixou o
pastor ungir meu rabo, não me fez santa
Me fez mãe
solteira, mãe de
Dois filhos de pais
diferentes
O meu
feminismozinho de merda
Me tirou de
dentro do ônibus do estupro coletivo
O meu
feminismozinho de merda
Me esfriou de
uma morte do fogão
Não me deixou
parada num salão enquanto alguém cozinhava meus miolos
Não me fez a
rainha do lar
Não me cobriu
com o manto da purificação
O meu
feminismozinho de merda
Me desnudou,
abriu meus olhos
Me tirou do
plástico e me fez carne
Para chorar
todas as lágrimas das mulheres espancadas,
Queimadas,
arrastadas para o mato,
violadas por
madeiras que vararam suas bocas ao lado de suas filhas.
Muito obrigada
senhores,
digo não às
formas de sucesso social.
Até aqui tem me
salvado o meu feminismozinho de merda.
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