LETRAS ICAMIABAS|06
SANDRA GODINHO, AUTORA TRÊS VEZES FINALISTA DO LEYA, LANÇA NOVO ROMANCE PELA EDITORA
TAUP
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Capa do livro |
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Plataforma Benfeitoria |
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Arquivo da autora |
LETRAS ICAMIABAS|06
SANDRA GODINHO, AUTORA TRÊS VEZES FINALISTA DO LEYA, LANÇA NOVO ROMANCE PELA EDITORA
TAUP
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Arquivo da autora |
LETRAS ICAMIABAS|05
UM CANTO POÉTICO À CURA ANCESTRAL AMAZÔNIDA
Por Marta Cortezão
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Arquivo da autora |
Benzeções
é uma narrativa delicada e universal, voltada a todas as idades. A história
acompanha uma criança curiosa que, ao adoecer, é acolhida por uma benzedeira —
uma mãe velha sábia cujos rituais misturam fé, ervas e encantarias. No vínculo
que se forma entre elas, o livro revela que a verdadeira cura vai além do
corpo: habita o afeto, a conexão com a natureza e o respeito pelas tradições.
Uma obra que desperta a memória afetiva das avós e o aconchego da fé que cuida,
doa e transforma.
O projeto do livro foi contemplado pela Lei Paulo
Gustavo, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (@femculturaac), e
reafirma o compromisso da autora com os saberes da floresta. Em suas palavras:
É uma honra partilhar essa história
em um momento tão necessário de reafirmarmos a importância de nos conectarmos
com os mais velhos, com a mãe terra, as culturas originárias, os encantados, a
sabedoria ancestral. Que a memória e a tradição das benzedeiras sejam
respeitadas, honradas e permaneçam vivas na nossa história, iluminando os
nossos caminhos.
Arquivo da autora |
Benzeções é, acima de tudo, um gesto de amor e
resistência. Um convite à escuta, à reverência às curandeiras e à continuidade
dos saberes que brotam da terra. No Feminário Conexões, celebramos esta
obra que fortalece as vozes femininas amazônidas e honra a memória coletiva com
poesia e devoção.
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Arquivo da autora |
RITA ALENCAR CLARK CONDUZ JORNADA POÉTICA NO FESTIVAL LITERÁRIO DO CASARÃO DE IDEIAS
Por Marta Cortezão
Com entrada gratuita, a oficina propõe uma travessia
lírica pela produção de poetas amazônidas ao longo dos últimos 200 anos,
revelando vozes que ajudam a compor a memória, a resistência e o encantamento
da poesia e da prosa poética produzidas na região. A proposta é abrir espaço
para o diálogo, a escuta e a partilha criativa, em uma experiência voltada a
leitores, escritoras, estudantes e amantes da literatura.
Rita Alencar Clark traz consigo uma trajetória
consolidada no campo literário. Poeta, contista, cronista, ensaísta, revisora e
curadora, escreve desde muito jovem. É professora de Língua Portuguesa e
Literatura, graduada em Letras pela UFAM e pós-graduada em Literatura, Arte e
Pensamento Contemporâneo pela PUC-Rio. Possui mais de vinte participações em
antologias e coletâneas, além de três livros solo publicados. Seu mais recente
trabalho, In(-)versos do meu verso (TAUP, 2024), foi contemplado pela
Lei Paulo Gustavo. A obra — reencontrada durante a pandemia após permanecer
guardada por mais de 20 anos — reflete uma poética que articula crítica à
condição feminina e abertura ao encantamento.
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Arquivo da autora |
Segundo informações divulgadas no perfil @casaraodeideias, além do Casarão de Ideias (Rua Barroso, 279, Centro, Manaus), o festival ocupará espaços como o ICBEU Manaus e a Rua Barroso. As atividades no ICBEU terão ingressos disponíveis pelo site e aplicativo do Sympla (synpla.com.br) a partir da manhã de sexta-feira (25/04/2025), enquanto as oficinas e demais ações formativas contarão com entrada liberada uma hora antes do início. As ações na Barroso terão acesso livre. A programação do festival literário terá sua abertura na sexta-feira, às 19h00, na biblioteca do ICBEU.
Com patrocínio de instituições como Banco Itaú, Eneva, Cigás e Bemol, o FLIC é um projeto incentivado pela Lei Rouanet, realizado pelo Ministério da Cultura e pelo Casarão de Ideias, no contexto da política pública União e Reconstrução, do Governo Federal. Acesse toda a programação consultando o perfil @casaraodeideias. Autoras e autores que desejem inscrever suas obras literárias devem acessar o formulário de inscriçoes do FLIC/2025.
Não perca a oportunidade de participar desta imersão
poética conduzida por uma das grandes vozes femininas da literatura amazônida.
Nos vemos no Casarão, porque Manaus é um rio-mar de inspiração!
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Arquivo da autora |
LETRAS ICAMIABAS|04
"PÉROLAS DO MEU SILÊNCIO": NOVO LIVRO DE RILNETE MELO
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Capa do livro |
Em
Pérolas do meu silêncio, a escritora Rilnete Melo nos convida ao mergulho; nos
propõe o desafio de, após a contemplação da superfície, nos lançarmos ao fundo,
em busca das pérolas submersas.
Para
compor as cento e cinquenta pequenas narrativas que nos oferece nesta obra, a
autora selecionou cada uma de suas palavras — poucas, portanto valiosas — com
precisão, cautela e sagacidade.
No
equilíbrio entre o dito e o não-dito, o que flutua e o que se deixa submergir,
a autora aborda o universo feminino em temas como luto, dor, abusos, abandonos,
mas também abre espaço para aqueles que evidenciam o amor, a graça, a
delicadeza.
Convite
feito, cabe ao leitor apanhar o que vai na superfície, depois mergulhar,
deixar-se alagar e voltar à tona com uma reflexão, uma inquietação, um sorriso;
com uma única pérola certeira ou com as mãos cheias.
Fernanda Caleffi Barbetta,
jornalista e escritora
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Contracapa do livro |
"entre noites silenciosas
e conchinhas, encontrei
as micropérolas para
me livrar do
ostracismo."
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O livro está à venda em Amazon (clique AQUI). Lançado pela Editora Clube de Autores (1 janeiro 2024), de capa comum, 55 páginas, ISBN-10: 6526629652; ISBN-13: 978-6526629659, cujas dimensões 0.44 x 14.8 x 21 cm. Além de Pérolas do meu silêncio, você encontrará outros títulos da autora, como: O máximo de mim e outros mínimos poemas, Estro poético, Construindo versos, entre outros.
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Arquivo da autora |
VIVÊNCIAS POÉTICAS|05
EU, MULHER NEGRA
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Imagem Pinterest |
O
longo processo de escravização no Brasil deixou mazelas que perpassaram
gerações, gerando uma herança maligna para nós negros em todos os aspectos,
fomentando o racismo e o preconceito racial.
Mesmo
sem compreender o porquê, observava que éramos sempre colocados à margem da
sociedade. Cresci observando no cenário da vida real e na ficção estas marcas
de subalternidade e de marginalização, resquícios do colonialismo: a mulher
negra sempre serviçal do povo branco, exercendo as funções de cozinheira,
faxineira, babá, lavadeira. É claro que não desmerecendo a dignidade de nenhuma
destas profissões, mas refletindo sempre sobre a desigualdade social aliada a
estas profissões que não oportunizavam a ascenção destas mulheres para outras atividades,
histórica e socialmente priorizadas para mulheres não negras e de condição
financeira privilegiada.
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Cresci
cercada por este invólucro preconceituoso. A época, observava também na TV que
os papéis exercidos pelos negros nas telenovelas, filmes e programas
humorísticos, sempre remetiam à escravização, ao racismo, à inferioridade, à subalternidade.
Com
o passar dos anos, adentrando em diferentes espaços socioculturais, percebi um
esforço contínuo pessoal e coletivo da população negra e afrodescendente em prol da libertação do nosso povo, historicamente e brutalmente violentado pelas
marcas do racismo, do preconceito, da discriminação, do silenciamento, da
invisibilidade, da intolerância, da desumanização.
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Vejo
com grande contentamento o “meu povo negro” ocupando espaços nas diversas
esferas sociais, mostrando sua potência, sua voz, seu talento, NOSSA COR e
IDENTIDADE sem receios, adentrando as universidades, se capacitando em
diferentes profissões, demonstrando seus talentos artísticos, mostrando para a
sociedade que “somos humanos, cidadãos e protagonistas de uma nova história” na
qual o preconceito racial seja extinto e a cor da pele não continue promovendo
exclusão e discriminação.
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(...)
“Sobrevivi as torturas e a desumanização.
Para
a minha descendência, deixo esta lição:
SOU
MULHER NEGRA, humana, cidadã.
Protagonista
da história do ontem, de hoje e do amanhã.
Libertei-me
da senzala.
Uma
nova história construir.
Resistência
e liberdade,
Marcarão
a minha posteridade.
SOU
MULHER NEGRA, humana, cidadã.
Sempre
reconstruindo a minha história,
com determinação, resiliência e dignidade!"
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Arquivo pessoal da autora |
A DROGA DA VIOLÊNCIA E O MACHISMO
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Minha irmã eu não sei, mas eu fingia dormir, ficava atenta e, muitas vezes, ouvi minha mãe soluçando e rezando sozinha, enquanto aguardava o marido que com certeza chegaria alterado em casa. Por fim, eu acabava dormindo tropeçando nas ave-marias que tentava rezar, no intuito de enfrentar meus medos. No dia seguinte, vendo meu pai irritado pela ressaca e minha mãe com olhos vermelhos de tanto chorar, tomei coragem e perguntei: - Mãe, o que a senhora tem?... é a droga da violência?
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E ela, parecendo entender a razão de minha pergunta, abaixou-se à altura de meus olhos e me disse, quase que cochichando, para que meu pai não ouvisse:
— Filha, a droga da violência é tudo o que sobra quando falta o conhecimento. Ela se instala gratuitamente e vai se fortalecendo aos poucos, cegando, ensurdecendo, enfurecendo e, por fim, destrói o sujeito, que rejeita o diálogo e se abastece de rótulos, de mensagens instantâneas. Confia no que vê e no que ouve...
— Não entendi, mãe! e ela, com paciência tentou outra vez me explicar:
— Presta atenção, meu amor... a droga da violência é a ignorância que, quando se junta à droga do vício e da mentira, fica mais forte, se potencializa e se transforma em estupidez. E, quem sofre com isso, são as mulheres e as crianças. Homens violentos maltratam e matam sem dó e sem se sentirem culpados... E o pior, minha filha, é que eles acreditam que o que estão fazendo é correto!
— Mãe! a professora falou na escola sobre isso. É por isso que os homens matam as mulheres? perguntei.
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— Querida, outro dia vi na televisão um indígena falando uma coisa muito interessante. – E o que ele disse, mãe? – Falou que para a pessoa ignorante, existe a escola, e para aquele que é estúpido, resta a cadeia[*].
E então, parecendo entender o que dizia levantou-se, pegou minha mão e a mão de minha irmã, sua bolsa e saímos batendo a porta de casa rumo à Delegacia da Mulher!
Naquele dia eu entendi que meu pai era um estúpido.
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[*] Daniel Munduruku
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Arquivo pessoal da autora |
HISTÓRIA COLETIVA. / DE
MULHERES. / DE MENINAS.[1]
“Mulheres não são
pessoas no capitalismo, apenas corpos.”
(Silvia Federici, Folha
de S. Paulo-Uol, novembro,2023)
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A garota voltava da escola, falou com um desconhecido
e desapareceu. Mais uma vida ceifada. Foi encontrada em um terreno baldio,
pedaços de seu corpo noticiados em imagens desfocadas no jornal do meio-dia. A
mesa estava posta, quase nem houve tempo de assimilar tantas notícias...
Homem segue mulher na parada do ônibus. Ela retornava,
à noite, do emprego de funcionária do lar. Era o suposto ex-marido. Consta que
ela o havia denunciado por ameaças de morte. Morreu desacreditada e sem apoio
do Estado. Vítima da violência das mãos do feminicida, deixou duas crianças que
agora são órfãs de seu cuidado maternal. Os restos mortais da vítima, de 36
anos, foram encontrados calcinados em um lixão da cidade.
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Senhora de 65 anos vai a óbito ao cair do quinto andar.
Suspeitas de um relacionamento tóxico e suas consequências depressivas. Ela envolveu-se
com um rapaz pelas redes sociais. Ele foi ganhando sua confiança, também o
acesso à sua conta bancária, à sua casa, à sua vida. Enfim, um caso a ser
investigado, diz a polícia, meio desacreditada de encontrar uma prova cabal. Mas
há fortes indícios de suicídio...
Mulheres e crianças são as maiores vítimas da guerra. Deu
também nos noticiários, mas “deu”/bateu mais forte em minhas carnes. O que faço
com esta impotência em meu corpo? Com essa dor, faca afiada e fria da morte,
prestes a atravessar a jugular? Agora mesmo não tenho nem forças nem disposição
racional para continuar falando sobre este tema, mas o feminicídio grita em
todos os lados. Está escancarado nas janelas do mundo. É preciso sair da apatia
social que aliena mentes, é preciso enxergar, do contrário, nos tornamos
cúmplices e culpadas, porque nossa passividade tem implicações morais[3].
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Um corpo que é coletivo, mas que não nos pertence. A
essas mulheres, a essas meninas que vivem na mira da misoginia de uma sociedade
patriarcal que objetifica nossos corpos em prol do lucro e do capital. Em uma
sociedade onde não somos pessoas, apenas corpos. Apenas números na crescente lista
da vergonha que, a cada fração de segundo, pode ganhar mais uma vítima fatal. A
escritora Rosangela Marquezi, de Pato Branco, no poema Coletivo Corpo,
de seu livro (In)certas Escreveduras (Editora Medusa, 2023), faz uma abordagem
direta sobre este tema. Escancara nossas dores e agruras ao descrever o poema:
Coletivo Corpo
O corpo estava ali.
Nunca fora seu, era coletivo.
O pai mandara se cobrir.
O marido mandara se abrir.
E a ela ninguém ouviu.
E a ela ninguém sequer viu.
História coletiva.
De mulheres. De meninas.
Correntes que não se quebram.
Sinas que não se desfazem.
Seu corpo estava ali.
Nunca fora seu, nem agora.
Na mesa fria da necropsia.
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O pai, figura que representa a moral e os bons
costumes, ordena que a filha se resguarde, que se cobra, que se comporte como
uma mulher deve se comportar em uma sociedade patriarcal. O marido, proprietário
e beneficiário desse corpo, ordena que ela se abra, que sirva a seus instintos,
a seus desejos irrefreáveis. Tanto o pai quanto o marido – figuras de ordem – representam
a imposição das normas masculinas sobre este corpo individual feminino. A ela, o
corpo anônimo e invisibilizado, que jaz frio em uma mesa de necropsia, resta a
negação de seus desejos e sonhos pela sociedade patriarcal falocêntrica. Resta-lhe
a história da negligência de mulheres e meninas abandonadas à ausência da
própria voz, da própria existência.
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[1] Revista Voo Livre.
São Paulo. nº 46, pp. 48-53. Disponível em: https://revistavoolivre.com.br/2024/06/07/revista-voo-livre-vol-1-no-46-junho-de-2024/
. Acesso em: 28/03/2025.
[2] CUNHA,
Carolina. Feminicídio – Brasil é o 5º país em mortes violentas de mulheres no
mundo. Uol, 2025. Disponível em: Feminicídio: Brasil é o 5º país em
morte violentas de mulheres no mundo - UOL Educação . Acesso
em: 28/03/2025.
[3] TOKARCZUR, Olga. Escrever é muito perigoso – Ensaios e conferências. Gabriel Borowski (trad.). [livro digitalizado]. São Paulo: Editora Todavia, 2023, p. 57.
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Arquivo pessoal (autoria de Alan Winkoski) |
PROTAGONISMO FEMININO |07 MULHERES NA FILOSOFIA, NA CIÊNCIA E NA LITERATURA: VOZES QUE ROMPEM SILÊNCIOS POR Heliene Rosa Imagem Pinterest ...