segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|05



Momento com Gaia/05- (23/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 24 de janeiro de 2021.


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Dolorida ausência  


naquele azul imensurável

seu corpo era um grito

da saudade que ficou


o mar sereno dormia

a lua em seu colo sorria

escorregando nas ondas afoitas


o barrado do seu vestido de espuma

desenhava arabescos na areia

similar aos secretos códigos da sua aldeia


ao longe golfinhos murmuravam

a tristeza das profundezas do mar

lixo da inconsciência, imprudência


tudo era tão passageiro

seus olhos só viam melancolia

depois que as águas o levou


passava os dias a perambular

em busca de não se sabe o que

num estado de extrema loucura


já não sabia como reiniciar a vida

sem a presença da sua poesia

que edificava os seus longos dias




domingo, 24 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|04


 

Momento com Gaia/04- (23/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 23 de janeiro de 2021.


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Ermitã


construiu a sua casa com palavras

para aliviar toda a incompreensão

vivia só como uma ermitã


a solidão há muito era sua aliada

longe de um mundo de ambição

contemporânea torre de babel


lia poesias no decorrer do dia

e compilava versos para decorar

cada cômodo da sua casa


fez da vida um livro-morada

escreveu em cada degrau da escada

impactantes pensamentos e frases


a dor invadira a sua alma

os olhos úmidos lacrimejavam

e o frágil corpo ainda se equilibrava


tudo era líquido demais

para ser absorvido na memória

havia uma urgência vazia do nada


era uma sábia artesã de letras

adversas, confusas, complexas

a lapidar no escuro a sua mente inquieta




sábado, 23 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|03


Momento com Gaia/03- (22/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 21 de janeiro de 2021.


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Sagrada plantação

À camponesa e artista plástica Cida Silva


acordou plena em luz

sentiu no fundo da alma

o desejo de festejar


selecionou sementes especiais

colocou-as na cesta de vime

e tomou-a em seus braços


abriu a janela devagarinho

recebeu a bênção do sol

com alegria seguiu rumo ao campo


cada passo uma dança

inserido na imensidão

a caminho da terra-chão


ao chegar fez pequenas covas

curvou o corpo em forma de reverência

e delicadamente semeou os grãos


porque cultivar a terra

é um ato de respeito e gratidão

tem a força sutil de oração


ao terminar o ritual de plantação

ergueu os braços para o céu

e despediu-se com um canto de devoção




sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|02


Momento com Gaia/02- (21/01/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Canto poético", divulgado no dia 21 de janeiro de 2021.


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Canto poético


Que o meu canto poético

Minha súplica e meu afeto

Possam chegar até você


que o meu canto poético

leve alento aos enfermos 

e todas as famílias de luto


que o meu canto poético

ultrapasse os desertos

e leve conforto aos dias dores


que o meu canto poético 

seja o oxigênio da esperança

o bálsamo aos aflitos corações


que o meu canto poético

traga o milagre da regeneração

a chuva necessária à lavoura


que o meu canto poético

proteja a nascente dos rios

para saciar a sede da humanidade


que o meu canto poético

inspire saúde, amor, fraternidade

e propicie a tão esperada solidariedade




quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|01




Momento com Gaia/01

Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Vazia passagem", divulgado no dia 15 de janeiro de 2021.


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Vazia passagem


o tempo é o senhor das horas

a demarcar minhas decisões

muitas vezes tão fugazes


há um palco sempre a disposição

para o show da vida começar

no seu ritmo e do seu lugar


mas há quem escolha a sombra

do seu vazio existencial

e aproveita para se vitimizar


negam a outros olhos

a importância de se encantar

e vai murchando devagar


o palco vai se decompondo

as vermelhas cortinas deteriorando

pela falta de ocupação


o tempo segue livre seu trajeto

veloz, as vezes cruel, avassalador

entre muitos prisioneiros do ego


tardiamente, casmurro, percebe

que só acumulou rancores

e desperdiçou a paz dos amores




Inspirações para adiar meu fim de mundo: Silêncio, Mãe Terra quer falar.



Adiando meu fim do mundo/01

 

A Terra não suporta mais tantos descasos e ingratidão do ser humano predador e algoz de seus bens naturais. Não creio que foi esse o plano do Criador para a humanidade, ou que se tratava de um projeto de consumo e mordomia para os “bem-nascidos” e de flagelo para os oprimidos.

Independente de crença religiosa, teimo em pensar essa “casa” como um lugar de trocas sagradas entre a Terra e todos os seres. Porém, parece-me que a relação que desempenhamos tem sido mais de usurpação que de trocas ecossistêmicas.

As belezas e as riquezas naturais foram criadas com o propósito de partilhas entre dar e receber o que se tem de melhor. Desde a árvore que dá sombra, frutos, remédios e lar para as aves e muitos animais. Desde a pequena abelha que auxilia na fecundação das flores e das plantas e, nessa troca, faz o mel. Assim também com o vento que espalha as sementes e o sol e a chuva que as fazem brotar. Servir é o trabalho de todos no meio ambiente!

O ser humano chegou ao século XXI sem saber dar valor às pequenas coisas, como as flores no caminho da estrada de asfalto. A maioria pouco percebe a oportunidade de dividir a fartura do outono, não escuta os apelos da natureza quando ela lhe adverte nas tempestades, quando tenta lhe mostrar o bom senso na seca, nem mesmo quando perde suas gerações em guerras e pandemias.

Entramos em crise desde que vendemos nosso amanhã e negamos desfrutar da relação afetiva com a natureza. Penso que era também essa a função orgânica do ser humano. Entretanto, ele preferiu usurpar, ser mercador em vez de comungar no servir.

Violentamos o nosso chão e as águas dos rios e dos mares para extrair metais e pedras preciosas. Escavamos poços fundos para obter riquezas pagas pela morte das florestas e dos animais, pois o vírus da ganância estimulou um adultério crônico com a aliança universal da vida. Rompemos os limites das fronteiras explorando bens naturais e torturando e oprimindo seus nativos em função de domínio e soberania pessoal e social.



O vírus da soberba deixou-nos surdos para ouvir o clamor dos inocentes injustiçados subtraídos de suas terras e escravizados. Distanciou-nos de nossa natureza humana de empatia com a dor alheia, fez-nos coronéis, capatazes e líderes comerciantes de vidas e dos seus destinos.

O vírus do egoísmo fez-nos omissos perante as destruições das florestas e o extermínio de animais. Não nos mobilizamos em favor das árvores ancestrais, dos pássaros sem ninhos, dos animais abatidos por causa de suas peles e de marfim.

Surge o Corona Vírus para lembrar que o homem é escravo de sua avareza e, agora mais ainda, a única criatura vulnerável a um vírus bem menor do que um grão de areia.

Será que desta vez, com essa pandemia, a humanidade ouvirá e enxergará a Mãe Terra? Alguém acredita que o planeta será o mesmo depois que o vírus interromper a sua escalada de infecção e de consumação de vidas?

A Terra já não é a mesma de antes dessa peste e será ainda mais alterada depois dela. Não apenas porque a população já perdeu milhares de pessoas que deixaram pais e filhos órfãos. O vírus permanecerá como muitos outros inimigos invisíveis com os quais convivemos, com aqueles em que se usou a ciência para controlar e amenizar as suas ações letais, esquecendo que os vírus se modificam, se ajustam e desafiam as “verdades humanas”.



Não foi a natureza que se divorciou do homem, porém, ela não está mais sujeita aos seus caprichos de “menino mimado e egoísta”. A natureza pede respeito e atenção, como toda mãe que deseja disciplinar e educar seus filhos. Ela não abandonou o homem, mas está esperando sua iniciativa de reconciliação com o outro, com a fauna e com a flora.

Nessa sociedade digital em que estamos conectados em redes, em que cada informação navega em velocidade instantânea, temos o bem e o mal ao nosso dispor nas mesmas condições de acessibilidade. Ficamos sabendo de quem morre e de quem arrisca sua vida para acolher. Ficamos cientes de quem insiste em superfaturar nos lucros às custas dessa tragédia e não percebe a sua alienação social e miséria pessoal.

Que possamos nos calar para escutar, sentir e enxergar o que a natureza quer nos ensinar e possamos descobrir quem somos nós e porque estamos todos numa mesma casa chamada Terra. Quem se permitir a ouvir sentirá a emoção de viver a descoberta de si e do outro e que a cura de nossas “pragas" depende de uma aliança entre eu, você e o meio ambiente.

Aguyjevete,

Eva Potiguar.

10 de dezembro de 2020.



LIVROS & ENCANTAMENTOS: A LIBERDADE QUE VEM DA IDENTIFICAÇÃO, POR ROBERTA GASPAROTTO



LIVROS & ENCANTAMENTOS/04

'CARTAS QUE NAO ESCREVI", DE MARIA ALICE BRAGANÇA 


POR ROBERTA GASPAROTTO


Em "Cartas que não escrevi”, da poeta gaúcha Maria Alice Bragança (Editora Casa Verde, 2019), o eixo temático de seus poemas se encontra naquele tempo espaço tão conhecido, quanto inefável, de algo que aconteceu, e se perdeu, ou, inversamente, do que não aconteceu mas fica entranhado dentro da gente. É um livro de desencontros, muito mais que de encontros; de perdas, muito mais que ganhos e, de melancolia, muito mais que alegria. E isso só faz os poemas de Maria Alice ganharem mais potência e verdade. Em meio a tantos desencontros, uma saída: a vida. Aquela comezinha, corriqueira, bem do dia a dia. A leitora e o leitor nem precisam chegar ao final do livro, para experimentarem uma incrível sensação de liberdade, que só a identificação pode oferecer: Maria Alice sabe que o constante espanto com o mundo é o nosso pão de cada dia, e cada qual que encontre o seu refúgio, sempre provisório e a ser recriado, todo santo dia.


Para ouvir o PODCAST clique AQUI.


Fotografia desbotada

No olho da menina,

retina, a imagem farta,

(retida)

da vida que ainda não vivi.


***


Teia


Onde está o meu amor?

Sonha comigo? Ou contempla o seu umbigo?

Em que cidade, em que pensamento, se perdeu nesse momento?


Teço fios para laçá-lo

Antes que o lirismo me sufoque.

Penetro o sonho do meu amor,

Pensando nele

... e lixando as unhas


***


Um sentimento/Incomunicável


Só nós dois sentimos o que sentimos.

Estamos sós.

Não há discurso possível.

A palavra é sempre passado.

Um real que não volta,

Um eu que é sempre outro.

Discurso fadado a descrever cadáveres

Do que se foi, 

Seguimos, mórbidos,

Falando sobre nós.




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