RECEBI O TERCEIRO LIVRO DA FLAVIA FERRARI: ESPÓLIO
Por Ronaldo Rhusso
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Capa do livro Espólio, de Flavia Ferrari (TAUP, 2025) |
Publicação independente como ela própria, Capa da Jéssica Iancoski e um
conteúdo daqueles que a gente lê, relê e sabe comentar: é pura Poesia!
A fluidez com que os versos decorrem e vão escorrendo em forma de poemas
vai saciando aquela sede/fome de Poesia escrita e bem-dita de forma que faz a
gente sentir um abraço e ouvir o sussurrar a nos dizer: “Eu sei! Também sinto
isso.”
O poema que abre essa obra cativante, “Arrima”, pode passar despercebido
apenas ao desavisado poeticamente, mas mostra a alma nua da poeta como a passar
coberta apenas pela translucidez proporcionada por uma imaginária cortina
transparente e, enquanto ela passa, lança seu olhar concorde como a dizer: “é
também a minha”.
Noto em seguida a efêmera fragilidade que completa a ideia do que será
objeto da simplicidade, mas não simplória morada porque lar é lar e versos não
precisam do rebuscamento matemático, apenas de um poema onde se encaixem e como
se encaixam os da Flávia!
“ao humano, uma melindrada barreira
qualquer muro é menos dissimulado”
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Em “Pontas de lança” aquela realidade caótica que restringe sem
restringir, de fato, e a separação ou privacidade que deveria apenas ser
combinada, precisa da imposição dos quase limites ou o que valha para garantir
a tal inviolabilidade.
E a “iluminação”? A limitada luz que permite apenas ver os “intrusos”
misturados ao abstrato do pensar filosófico acerca das coisas que ornam o
recôndito ou a iluminação de metaforizar como um dom que ‘metominiza? as
lucubrações mentais?
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Demoro-me na prosopopeia que define as poltronas e vou observando cada
cena, enquanto a poeta “ausculta” e descreve o papel dessas que “sabem quase
tudo sobre os homens” e, deles, amparam ou protegem o “lar”:
“não aceito metades
do sono
do amanhecer
de você”
É como ela explica as “medidas” aceitáveis e depois confessa a
“revelação” de seus olhos que brilharam quando os ouvidos captaram aquele
“sim”.
Já o “Sal” nos faz corar.
Ainda há quem core, quem leia, releia, sorria e pense: nossa?
Eu sigo nesse deliciar-me com a leitura e me deparo com: “a
materialidade, essa sim, é toda ilusão”
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A Eternidade? Quem sabe? Conforta e importa confortar, já a realidade, é
caravana: passa.
Na “Vigília” a poeta comete a “extravagância” de sonhar reciprocidades e
lembrou de se amarrar “na exuberância do primeiro enlace com o fervor do último
toque”.
Observo a “Claraboia” em que tanto a poeta pensa, vê essencial, morta no
“Futuro”, que já é, e algema a si mesma no diálogo só porque “a pele aprende
rápido”.
Como entender o “Estanque” da paixão, a “Estreia” da novidade e o olhar
pelas “Janelas” da outra casa pensando nos costumes da cidade?
Alguém me disse que não entendo “Semântica”, já a Flávia, diz: “Uso o
amor, minha palavra coringa”.
No mais ela que é “Reclusão” e “Dissocia”, afirma:
“queria um corpo-console-inconsciente
que dança se outros dançam”
Eu também queria! E tu?
Curtiste essa pseudorresenha até aqui?
Mas não viste quase nada, já eu aproveitei que a Flávia Ferrari
confessou:
“desejei tanto ar que ganhei asas”
E cheguei com ela ao final dessa leitura agradável, quase como um voyeur
dessa alma mulher e o que mais quiser ser porque pode e me prendeu letra por
letra, verso por verso, elevou-me com ela!
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Arquivo da autora |
Flavia Ferrari (São Paulo, 1976). Poeta e professora da rede pública de São Paulo, Flavia Ferrari tem três livros de poesia publicados, Meio-Fio: Poemas de Passagem (2021) e É Tudo Ficção (2022) e Espólio (2025). A autora escreve desde a adolescência, mas começou a publicar seus poemas no início de 2020, compartilhando seu trabalho nas redes sociais, participando de antologias e contribuindo com revistas literárias digitais. Desde o princípio, os seus poemas foram muito bem recebidos pelas leitoras e leitores. ☆_____________________☆_____________________☆
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Arquivo do autor |
Ronaldo Rhusso: autor anual de “Meditações para o Pôr do Sol” da Casa Publicadora Brasileira pela União Sudeste dos IASD, do Compêndio poético “2016, o Dia, o Tema e o Poema” (produção independente) e de “Atos de Jesus” pelo Clube de Autores (2022), além de cordéis em parceria com membros da Academia de Cordel do Vale da Paraíba. Escreve, principalmente, no site “Descanso das Letras” e em seu blogue particular “A Sós Com a Poesia”.