sábado, 4 de junho de 2022

LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO, POR CAROLLINA COSTA

 




LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO|10


ANCESTRALIDADE É POESIA

Por Carollina Costa


Já faz um tempo que a temática de ancestralidade tem sondado meus rascunhos. Aquela ancestralidade familiar, de pai e de mãe, olhando para os antepassados e tentando conectar essa passagem de tempo com o tempo presente que sigo vivendo. Lembrando das mulheres da minha família, fui resgatando os desafios, as forças, as fraquezas, as transcendências — para mim, amar sem barganhar já é um ato transcendente — e fui tecendo falas, cenas, memórias que tenho ou me foram passadas por essas mulheres. Desses pensamentos nasceu um poema que dei o nome de Raízes, e porque ele trata da minha ancestralidade materna achei que essa coluna seria um bom espaço para compartilhá-lo.

Quantas histórias a gente escuta, quantas mais a gente assiste e só vem entender depois. Seja na felicidade ou na dor, ter a companhia dessas mulheres em mim através de ventres e memórias é a certeza de que jamais estarei só.

E vamos ao poema. 


Raízes

Avó
Mulher mais forte
que já conheci

Madrinha
A canção de ninar
que nunca esqueci

Mãe
O coração infinito
que no ventre me fez ter sentido
sentindo amor
até no chute que podia trazer dor

Bisavós
Trisavós
E outras mais

Tantas mulheres que
de ventre em ventre
viraram minhas ancestrais

Do saber passado
Cada qual com seu próprio fado
Fardo

Transforma tristeza em alegria
para a chegada da nova cria
que, talvez, quem sabe
saiba reciclar memórias




2 comentários:

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