sábado, 16 de janeiro de 2021

Do outro lado da vida-Deusa Alada



Por Janete Manacá


Para ouvir o podcast clique AQUI.


"À Ana de Paula Silva, minha primeira

Deusa Alada, sonho, inspiração, mãe amada, 

rainha de todos os tronos desta efêmera existência. 

Meu amor em demasia, minha eterna poesia" 


O sol distraído ainda dorme 

O cheiro de café invade o quarto 

É tempo de colheita 

A vida não pode esperar


Ela segue na frente 

Com a bravura de uma rainha 

E leva consigo uma sacola de poesia 

Escrita na solidão dos seus dias 


A rotina das frias manhãs é entediante 

Estradas lamacentas ou empoeiradas 

Não tem atrativo quando o corpo tem sono 

Os pés feridos sangram na marcha repetitiva


Coração de mãe só pode ser de aço 

Para suportar tanta responsabilidade e cansaço

E ter força para entoar cantiga de ninar ao fim do dia 

Para com muito amor adormecer suas crias 


Rotina para ela é poesia tecida de espinho 

Cicatrizada fica anestesiada e já não dói 

Nem é preciso ter cuidado, é só assimilar o jeitinho 

É demasiadamente sábia nas tarefas de cada dia 


Seu choro silencioso é cantiga de superação 

Mãe não demonstra a dor que sangra seu coração 

Filhos têm fome, sede, dor e não sabem esperar 

Atenta, ela entende e não deixa de estender a mão 


O tempo passa indiferente à dureza

Seu corpo curva-se para o chão 

Quando menos se espera ela volta para as estrelas

E os filhos choram sem direção


A poética agora é de saudade 

Mas à noite quando se olha para o céu

É possível ver uma rede de luz estelar 

Balançando com muito amor o seu sono imortal


MANACÁ, Janete. Deusas Aladas. Cuiabá: Espaço Criativo Flor de Lis, 2017.


 



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