POR RITA ALENCAR CLARK
O SÓTÃO
Nas horas quentes de uma tarde azul
O vento vem e se deita comigo
Calo-me e escuto, naturalmente inquieto-me,
É que há sempre algo a ser dito por
Brisas suaves ou tornados absolutos
Inquieto-me.
Breve estarei sozinha, de olhar ao longe...
Debruçada à janela esquecida do sótão
Navios que partem e que chegam enquanto meus olhos veem.
Os sótãos são momentos e guardam segredos eternos
Nossos e de ontem, dos outros e secretos.
Inquieto-me por não saber o destino de tantas
Esperanças inscritas em cadernos e folhas de blocos avulsos,
Ensaios delirantes e impublicáveis meus,
Nessa hora azul de silêncio, e sofro.
Sofro as dores do ficar, do não partir a vida ao meio,
De entender e desistir das jornadas e aventuras
Aguando os olhos com a tristeza de uma saudade
Desconhecida, de um futuro que jamais terei ou conhecerei.
Tudo, tudo haveria de permanecer intacto
Naquele sótão, naquela tarde azul
Sufocante e de mormaço letárgico, quieto.
Apenas eu, eu e meus pensamentos,
Belo poema! O vento, às vezes, é nossa melhor companhia...
ResponderExcluirSim, Flávia! Há que ter ouvidos de ouvir...e nós
Excluirtemos! 🌻
Belo poema!
ResponderExcluirObrigada , prima!!🌹
ExcluirProfundamente feminino: "Sofro as dores do ficar, do não partir a vida ao meio,
ResponderExcluirDe entender e desistir das jornadas e aventuras". Parabéns pelo belo texto Rita Alencar Clark!
Obrigada , Heliene! A sensibilidade...dor e prazer, pra quem tem! 🌹
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