terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Mulheres enluaradas"




Poema/06


Mulheres Enluaradas, de Isa Corgosinho

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


No dia que o Sol se escondeu de seu próprio fogo e calor

a Lua se fez presente irradiando de suas crateras refulgente luz de cristal

As mulheres puderam passear pelo mundo

recobrindo os continentes

com suas vestes de peles

os cinco cantos do mundo

acalentados

por imensa ciranda de mãos mantras

Mulheres bailaram

em conluio

com estrelas e Lua

Nesse dia (anoi) tecido

as mulheres fiaram

algodão e nuvens

teceram quasares

constelações 

Bordaram

relevos rochosos, vales

cantaram os sons inaudíveis dos pássaros

Pintaram formas e volumes 

esculpiram, moldaram espécies de flora, fauna extintas

Troncos grossos

brotaram 

alastraram-se

bichos ínfimos, gigantes

espalharam-se pelo planeta

Lavaram

oceanos foram filtrados pelos mantos de águas-vivas

olhos vazantes das Iemanjás nuas

A atmosfera planetária recebeu os bafos sincronizados

pulmões de oxigênio


arfavam dos peitos provedores de leite e mel

Entre as pernas das mulheres

os fornos produziram pães 

sorrisos de bebês 

borboletas

Era o dia das mulheres enluaradas

seus versos encarnados curaram os homens

da sede de fogo

da fome de guerra

da loucura da ambição

do destino sangrento de super-homens

Quando a aurora nasceu

mulheres e Lua recolheram-se

em ninhos aconchegantes de corujas e cotovias

Era chegada a hora

infância primeva

o mundo

renascia

nas barras douradas do dia!




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