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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

NAS TEIAS DO POEMA XI: INDOMÁVEL E EFÊMERA CRIAÇÃO DO BICHO-POEMA

 


NAS TEIAS DO POEMA XI: INDOMÁVEL E EFÊMERA CRIAÇÃO DO BICHO-POEMA

Por Marta Cortezão

 

Poeta não é somente o que escreve. É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso.

{Cora Coralina}

 

    No episódio anterior, Não somos as mesmas de ontem, falávamos de como os momentos de crise, a duras penas e com as devidas exceções à parte, têm favorecido a criatividade poética, de forma revolucionária e solitária. É evidente o comprometimento vital destas expressões artísticas com a realidade que nos cerca. Nas palavras de Octávio Paz:

Em tempos de crise rompem-se ou afrouxam-se os laços que fazem da sociedade um todo orgânico. Em épocas de cansaço, imobilizam-se. No primeiro caso, a sociedade se desespera; no segundo, se petrifica sob a tirania de uma máscara imperial e nasce a arte oficial. (1982, p.54).

    Buscamos mudança e somos parte essencial dela e a linguagem é nossa maior aliada. E o poema é este intenso formigamento de dinamicidade vívida e movente (desejo a ambiguidade mesmo!) de seus inúmeros significados linguísticos. Entretanto, a poesia não é uma arte útil, não é verdade? É uma arte que se serve de farta e predominante Beleza, onde a palavra deambula, insubmissa, pelos vãos da não-existência buscando o afã de um poema. Sua utilidade está nos mundos de dentro, na expressão fundamental da arte que os ávidos olhares contempladores captam do mundo, ou seja, a poesia não tem finalidade alguma, porque sua finalidade é a própria poesia em si, por isso também, única. Mas não leve sua frustação para a vida afora, que ela fique apenas naquele último e suado poema, pois o próprio Paul Valéry já afirmava que “uma obra nunca é concluída, mas abandonada” e que “o poema – (é) essa hesitação prolongada entre o som e o sentido”.  Relaxe!

    A concepção poética não passa apenas pelo ato da escrita porque é anterior. Há um antes flutuando em uma massa caótica, uma espécie de in illo tempore da criação poética que é inalcançável e imensurável aos olhos da razão... Ela, esta força cosmogônica, está latente nos labirintos interiores conduzidos, à moda de F. Pessoa, por “esse comboio de corda/ que se chama coração”, onde o fazer poético nos reserva laboriosa e efêmera destreza que fenece nada mais nascer a obra, resultando apenas o bicho-poema que “é uma máscara que oculta o vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana” (PAZ, 1982, p. 16). O bicho-poema, tão disforme, volátil e fluido, são os olhos da alma sem pretender sê-lo!

    Acredito que não nos basta apenas o ato de construção da escrita. É necessário pensarmos e discutirmos sobre todo o processo que nos acompanha desde que somente a fala já não nos satisfaz como seres no mundo, especialmente o nosso processo “poiético” de criação. O que não se denomina não existe, portanto falemos de literatura de autoria feminina! E, nesse contexto, inúmeras perguntas não cansam de procurar respostas e vice-versa. Ou ainda dúvidas que geram outras tantas dúvidas... Que revolução é essa que tem invadido, diariamente, nossas janelas virtuais nos convidando ao encantamento pelo labor da palavra? O que nos fez remexer nossos “bordados poéticos” e nos vestir de coragem para tecer nosso sudário de palavras mundo afora, seja em obras de coautoria ou obras solo? Como escrevemos? Que liberdade e que sede de palavras fortalecem nosso discurso? É possível relacioná-las com a força que emana das/nas vozes do coletivo? Como a literatura de autoria feminina se apresenta dentro do Projeto Enluaradas? É importante tomar as rédeas de nossa literatura e edificá-la sob bases sólidas, pois há uma “pós-modernidade” demasiadamente líquida para nos despreocuparmos de nosso fazer literário. Lá fora, o mundo é Cérbero, cão de sete cabeças! Mas quem desce ao Averno por gosto, acredita na força da Poesia! Avante!

    Neste episódio, com a mediação de Marta Cortezão, estaremos na companhia das poetas:

ANA MENDES é luso-angolana, autora de dois livros (infantojuvenil e rom. policial) em francês e português; Coautora em 50 Antologias e Coletâneas na França, Bélgica, Itália, Suíça, Portugal e Brasil. Premiada em concursos, poesia e contos/2020 & Menções Honrosas 2020 e 2021/ poesia. Acadêmica em seis Instituições: Brasil/Suíça/Portugal/Itália.

CRIS ARANTES, poeta escritora, compositora, musicista. Tem um Canal no YouTube: CRIS ARANTES VARAL DE POESIAS.

HELOISA HELENA GARCIA é paulistana apaixonada por pessoas e palavras desde menina, se tornou psicóloga e professora. Seus escritos revelam um tom pessoal, intenso e sensível. Acredita que escrever é mergulhar na experiência de si e de ser no mundo, emergindo sempre mais viva, presente e inteira. 

MARTA CORTEZÃO – amazonense radicada em Segóvia/ ES, é escritora, poeta, ativista cultural, professora, tradutora. Mantém o blog https://feminarioconexoes.blogspot.com. Participou de diversas antologias/revistas nacionais e internacionais. Livros de poesia “Banzeiro manso” e “Amazonidades Poéticas – Cultura e Identidade” (no prelo).

 Aguardamos por VOCÊ! Até mais.


REFERÊNCIAS:

PAZ, Octavio. O Arco e a Lira. Trad. Olga Savary. Rio de Janeiro. Editora Nova Fronteira (Coleção Logos), 1982.

 

 


sábado, 6 de novembro de 2021

BAIXE GRÁTIS O E-BOOK COLETÂNEA ENLUARADAS II: UMA CIRANDA DE DEUSAS


Arte Marta Cortezão

SOMOS TEMPLO DIVINO DA PALAVRA

 Por Marta Cortezão


Quando as mulheres reafirmam seu relacionamento com a natureza selvagem, elas recebem o dom de dispor de uma observadora interna permanente, uma sábia, uma visionária, um oráculo, uma inspiradora, uma intuitiva, uma criadora, uma inventora e uma ouvinte que guia, sugere e estimula uma vida vibrante nos mundos interior e exterior.

 {Clarissa Pinkola Estés}

 

    O Projeto Enluaradas anuncia a realização de mais um sonho concretizado pela força e perseverança da palavra. Na Coletânea Enluaradas II: uma Ciranda de Deusas (Sarasvati Editora, 2021), nos entregamos a este mergulho no rio profundo do Sagrado Feminino. Somos poetas [“porque em poetisa todo mundo pisa”, já diz a Deusa Leila Míccolis] e conjugamos nossa existência levantando nossas vozes nas teias de palavras que se propagam por este vasto e enigmático universo. A palavra poeticamente cobiçada – aquela que alcança nossa verdadeira essência e que nos diz muito sobre nós e sobre o Sagrado que nos faz morada – é a pedra angular a que nos aferramos para resistir às intempéries e seguir na luta por um mundo, onde nossas vozes sejam escutadas e nossos corpos respeitados.

    Este sonho possui o vigor, a sabedoria e a beleza do voo de um albatroz, pássaro que domina a técnica do voo, sem bater as asas; plana céus e mares conduzido pela força do vento e é capaz de voar enormes distâncias, sem pouso. E tal como albatroz, voando léguas, sem (re)pouso, fazemos da poesia a força que nos move e a voz que nos eleva. Viajamos, carregadas do fardo de silenciamento de séculos, em busca da concretização de nossos sonhos e, quando (re)pousamos, o fazemos com nossos pés fincados na ancestralidade de nossa espécie fêmea e na fertilidade de Gaia, nosso colo divino. Voamos alto, quebramos os muros de concreto que revestem os paradigmas impostos, construímos janelas e as adornamos com as amarelas flores de os nossos medos de ontem e os de hoje. E, ao redor da chama que nos acende os desejos, uivamos, em uníssono coro, para a Lua. Dançamos irmanadas em ciranda, celebrando Lilith, Afrodite e todas as Deusas que alimentam nossa espiritualidade. Somos templo divino da humana palavra, somos múltiplas, porque a pluralidade é nosso habitat natural.  

    Este sonho, em forma de e-book, que apresentamos hoje, só pôde tornar-se realidade porque poetas incríveis nos deram as mãos nesta ciranda de Deusas. O Projeto Enluaradas agradece a todas as poetas que se juntaram ao redor da chama da palavra em estado de latente poesia. 

     Clique AQUI para assistir ao vídeo.

    O livro físico também é uma realidade que vem para cultivar nossas memórias no canteiro do tempo, fertilizar sentimentos com a esperança no novo do porvir e manter acesa a fogueira de palavras que alimenta nosso fazer literário.   


Disfero Design Gráfico


Disfero Design Gráfico


Esboço da capa/Marta Cortezão

E com esta energia que nos atravessa, ao falar de poesia, que convidamos você a comungar conosco da poesia que habita nossos sonhos! Basta clicar AQUI e baixar o e-book de forma gratuita. Colabore conosco lendo e divulgando nossa literatura! Boa leitura!


Arte Vania Clares

VEM AÍ O 1º FLENLUA! 03, 04 E 05 DE DEZEMBRO!

Arte Marta Cortezão


sexta-feira, 5 de novembro de 2021

NAS TEIAS DO POEMA X: NÃO SOMOS AS MESMAS DE ONTEM



 

NAS TEIAS DO POEMA X: NÃO SOMOS AS MESMAS DE ONTEM


Por Marta Cortezão

 

(...) somos mutantes, mulheres em transição. Como nós, não houve outras antes. E as que vierem depois serão diferentes. Tivemos a coragem de começar um processo de mudança. /.../ Saímos de um estado que, embora insatisfatório, embora esmagador, estava estruturado sobre certezas. Isso foi ontem. Até então ninguém duvidava do seu papel. Nem homens, nem muito menos mulheres. (...) Mas essa certeza nós a quebramos, para poder sair do cercado.

{Marina Colasanti, in Mulher daqui pra frente, p. 81}

 

Neste episódio do Nas Teias do Poema, ouviremos as leituras poéticas das autoras Elisa Lago, (MA), Hydelvídia Cavalcante, (AM) e Tânia Alves. (SP). E mais uma vez, traremos para nossa Ciranda de Deusas, questionamentos, experiências de vida, paixão pela literatura, frustrações, dúvidas, sonhos, aprendizado e tudo aquilo que nos atravessa a garganta quando se trata de criação poética. E o mais importante é celebrar a vida viva e pulsante da poética do feminino através da alegria do encontro que as janelas virtuais nos têm proporcionado. É na unicidade da poesia, que vivemos, em êxtase, nossa pluralidade e originalidade. Não somos as mesmas de ontem, não seremos as mesmas depois deste encontro, o que nos alimenta alma e corpo é a possibilidade de seguir sendo mutantes neste mundo. 

Especialistas elitistas andam assustados com a quantidade de autoras que proliferam das redes sociais para o mundo, nós também estamos assustadas, mas nossa poética tem fome e sangue abaporu e se alimenta dos inúmeros sustos que levamos a diário. Somos poetas que lutamos por ocupar nosso lugar na sociedade, também queremos que nossa poesia tenha este seu devido lugar. Eles, os especialistas, andam munidos de suas fiéis companheiras machadinhas que ceifam sonhos, e, nós, que já saímos de nosso cercado e ampliamos o nosso olhar para o sem-fronteiras, estamos bem vigilantes. Roubamos os olhos de Argos e nos protegemos com as muiraquitãs de nossas ancestrais Icamiabas. Há sempre um poema que nos espera e nos agarra pela mão e nos anima a seguir, pois “o poema nos revela o que somos e nos convida a ser o que somos” (PAZ: 1982, p.49).

Somos autoras desejosas de encontrar nossas companheiras de luta para viver a poesia orgânica e espontânea que nos remove as entranhas, nas relações que se estabelecem dentro dos coletivos.  Somos nós, mulheres, poetas, que estamos construindo nosso chão em meio a uma turbulenta crise mundial, especialmente no nosso país, onde o (des)presidente é grão-mestre da ciência da lambança e do fake news. A nossa hora é agora, não tememos, somos conscientes de que “a poesia de nosso tempo não pode fugir da solidão e da rebelião, exceto através de uma mudança da sociedade e do próprio homem” (PAZ, 1982, p. 52), por isso insistimos, resistimos e existimos pela nossa poética. Quando os especialistas das machadinhas se debruçarem, de fato e de direito, sobre a humana Literatura do Feminino que grita, em cada canto dos Brasis e do mundo, constatarão, perplexos, a força e a grandiosidade que esta poética carrega, porque ela é testemunho ocular da história da miséria humana. Eu acredito na força da mudança!

Para este décimo encontro, desfrutaremos da companhia das autoras convidadas que fazem parte de nosso coletivo literário: 

ELISA LAGO, de Pedreiras-Maranhão-Brasil. Cantora, Compositora, Poetisa; autora dos livros: Rascunhos de gaveta e Sonoridade; coautora em diversas Antologias; membro da Academia Poética Brasileira, da Academia Pedreirense de Letras, e da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil.

HYDELVÍDIA CAVALCANTE é natural de Manaus, Amazonas. Doutora em Linguística, Mestre em Letras. Membro da ALB-AM. Professora, poeta e escritora. Autora de trabalhos científicos, projetos pedagógicos e sociais, poemas, contos e do Primeiro Trabalho Dialetológico do Estado do Amazonas.

TÂNIA ALVES da Silva é professora de educação infantil da Rede Municipal de Campinas. Formada em pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC e com pós-graduação em Alfabetização e Letramento pelo Centro Universitário Leonardo Da Vinci (Grupo UNIASSELVI). 


REFERÊNCIAS:

PAZ, Octavio. O Arco e a Lira. Trad. Olga Savary. Rio de Janeiro. Editora Nova Fronteira (Coleção Logos), 1982.


sexta-feira, 22 de outubro de 2021

NAS TEIAS DO POEMA IX: NO MEIO DO POEMA, O(A) LEITOR(A) 

 


 

Cada poema é único. Em cada obra lateja, com maior, ou menor intensidade, toda a poesia. Portanto, a leitura de um só poema nos revelará, com maior certeza do que qualquer investigação histórica ou filológica, o que é a poesia. Mas a experiência do poema ─ sua recriação através da leitura ou da recitação ─ também ostenta uma desconcertante pluralidade e heterogenia. Quase sempre a leitura se apresenta como revelação de algo alheio à poesia propriamente dita. 

{Octavio Paz, in O Arco e a Lira, p. 28}

 

Nas Teias do Poema é um dos quadros do Projeto Enluaradas que tem como foco principal dialogar sobre a criação poética, este universo de natureza tão diversa e, ao mesmo tempo, tão única. Para onde nos leva a leitura de um poema? O que um poema nos revela? Que (des)caminhos há entre um(a) leitor(a) e um poema? 

Sobre a leitura, Umberto Eco afirma que “todo o texto é uma máquina preguiçosa que pede ao leitor que faça parte do seu trabalho”. É o(a) leitor(a) quem comanda as engrenagens desta máquina desgovernada. A leitura de um poema é um caminho desconhecido, prenhe de surpresas. É um imenso e ermo lugar habitado por um grande contingente de signos latentes de significações, onde cada leitor(a), armado(a) apenas de si mesmo(a), é o(a) único(a) responsável por cartografar seu próprio e incerto itinerário. Ao devorar as entranhas das palavras, o(a) leitor(a) e/ou ouvinte (re)vive a consciência de que o poema é a linguagem e a linguagem é o poema; e sendo o(a) leitor(a) parte da linguagem, é também parte do poema, pois a linguagem é o instrumento capaz de transportá-lo(a) a muitas das esferas de sua psique humana.

A leitura também é instrumento de revelação e imersão no rio paradoxal e poético da força criadora. Octavio Paz afirma que o poema é nada mais que apenas

possibilidade, algo que só se anima com o contato de um leitor ou de um ouvinte. Há uma característica comum a todos os poemas, sem a qual nunca seriam poesia: a participação. Cada vez que o leitor revive realmente o poema, atinge um estado, que podemos, na verdade, chamar de poético. (p.30)

É a linguagem poética o elã alado que forja mundos pela mágica pluma do(a) poeta? Venha nos fazer companhia e enriquecer nossos diálogos e questionamentos com seus comentários, pois há, em nós, profundos mares abarrotados de dúvidas e dúvidas! Até logo mais!

Para este nono encontro desfrutaremos da companhia das autoras convidadas que fazem parte de nosso coletivo:

MARGARIDA MONTEJANO, mora em Paulínia, SP. Supervisora Educacional na Rede Municipal de Campinas, Poeta, Pedagoga, Ms em educação PUC Campinas, Dra. em Educação pela Unicamp; Pesquisadora do Loed/Unicamp e Produtora do Canal Literário – N’outras Palavras – histórias que inspiram, no Youtube;

RITA QUEIROZ, natural de Salvador, Bahia, Brasil. Professora, poeta, escritora. Autora de 5 livros de poemas e 1 de contos para o público adulto, 5 livros para o público infantojuvenil, organizadora de 9 coletâneas. Integra os seguintes coletivos: Confraria Poética Feminina, Mulherio das Letras, Confraria Ciranda Poetrix e Caliib, além das seguintes academias: AVAL, AILB, AIML, AALIBB, NAISLA, AILAP e ACILBRAS.

ROSANGELA MARQUEZI – Professora por formação e atuação, mas sonhadora de um mundo melhor por opção! Formada em Letras Português Inglês, trabalha na UTFPR Campus Pato Branco. Escreve poemas, crônicas e contos e já participou de diversas coletâneas e antologias. Além dos textos literários, tem artigos científicos publicados e já participou da organização de livros.


REFERÊNCIAS:

ECO, Umberto. Seis passeios pelos Bosques da Ficção. São Paulo: Cia as Letras, 1994.

PAZ, Octavio. O Arco e a Lira. Trad. Olga Savary. Rio de Janeiro. Editora Nova Fronteira (Coleção Logos), 1982.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

FEMININO SELVAGEM & CONTEMPORANEIDADE

 


FEMININO SELVAGEM & CONTEMPORANEIDADE|02


A PRESENÇA DO FEMININO SELVAGEM NO PROJETO ENLUARADAS: 'SE ESSA LUA FOSSE NOSSA' E 'UMA CIRANDA DE DEUSAS'

 

 POR ISA CORGOSINHO

 

    Além das condições objetivas sociais, culturais e políticas, que impulsionam o atual fluxo da criação literária feminina, o resgate do feminino selvagem parece ser uma exigência nesses tempos de embrutecimento dos sentidos e deturpações dos espaços sagrados. A lua, com todas as significâncias herdadas de épocas atemporais na literatura, é uma metáfora-lugar que as organizadoras Marta Cortezão e Patrícia Cacau criaram, convite afetuoso às mulheres para que retirem seus escritos criativos das gavetas e ofereçam à Deusa Selene, que ocupem os espaços poéticos virtuais, como meios de acolhimento, circulação e publicação.  

    As temáticas são livres, mas é possível observar um fio sutil da potência norteadora da mulher selvagem nos processos criativos. O que vem a ser essa mulher selvagem? Segundo Clarissa Pinkola Estés[1], do ponto de vista arquetípico, bem como na tradição de contadoras de histórias, ela é a alma feminina, é a origem do feminino, envolve o ser alfa matrilinear.   Ela é tudo que for instintivo, tanto no mundo visível quanto no mundo oculto; pode-se nomeá-la de natureza básica, inata; na psicanálise, a partir de diversas perspectivas, de id, de Self, de natureza medial; na biologia seria chamada de natureza típica ou fundamental.  Nas mulheres que saem às ruas em protestos contra o feminicídio, os assassinatos de seus filhos, confrontando instituições autoritárias e repressivas, assumidamente patriarcais, sexistas e misóginas, está a mulher selvagem com a garra da coragem, é ela que se enfurece diante das injustiças.

    Mas em meio às lutas, entrega-nos os instrumentos de que precisamos e nos impulsiona a sermos multilíngues: fluentes no linguajar da paixão e erotismo, dos sonhos, da prosa e da poesia. A mulher selvagem desdobra-se em ideias, sentimentos, impulsos e recordações, é a que gira numa roda enorme, é a criadora dos ciclos. Podemos encontrá-la nas matas, nos rios, caminhando pelos subúrbios e praias, perambulando pelas cidades, guetos, vive entre as mulheres do campo, nas fábricas, nos escritórios, nas universidades, nas ruas, nos presídios e também entre as refugiadas. Ela está ali, mesmo nos momentos de longa depressão, pânico, solidão. Quando saem do exílio de si mesmas, as mulheres se lançam em voos livres, em leituras profundas, prazerosas, nos exercícios vigorosos dos processos de criação: resolvem aprender a dançar, cantar, pintar, plantar, desenhar e escrever novos sentidos para um mundo em exaustão.

    Na escuta atenta da interpretação, observamos que as questões da alma feminina estão subjacentes aos seus escritos criativos. As mulheres descobrem na arte da escrita a beleza como ato de resistência, e se postam em confronto à cultura que tenta esculpi-las num formato intelectual mais aceitável para os detentores do poder. A ambivalência da mulher selvagem constitui a força criadora que objetiva a recuperação e o resgate da potência psíquica da mulher. É ela que transforma suas obras em seres de linguagem autônomos e transformadores.

    O convite às mulheres a bailarem sob a potência lunar, significa considerar o uso de suas palavras como insubstituíveis instrumentos para abertura de passagens e reencontro com o nosso parentesco com o absoluto, com a nossa dimensão numinosa, misteriosa. Guiadas pelos ciclos lunares, podemos nos proteger de relacionamentos de qualquer natureza que se tornaram espectrais pela negligência, domesticação ou violência.     

    A ciranda com a deusas relembra o movimento de uma dança circular atemporal, que une as mãos e os corpos das mulheres, geralmente em torno de um ou mais elementos como o fogo, a água, as árvores etc. A ciranda nos convida a dançar com as nossas ancestrais, e elas nos ensinam que, por meio de seus corpos, as mulheres vivem muito de perto a natureza da vida-morte-vida, da natureza cíclica de tudo. O canto, proferido pelas mulheres em roda, são capazes de curar ferimentos profundos, são alentos mágicos que restauram os corpos. Dizem as mitologias que os mortos podem ser ressuscitados ou invocados por meio do canto. O canto com as deusas pode ser uma fonte misteriosa, que gera vida, criação. Segundo Pinkola, na literatura oral, diz-se que tudo que tem seiva tem canto.        

    Na companhia das Mulheres enluaradas e na Ciranda de deusas, encontramos alteridades complementares do feminino contemporâneo nas digitais poéticas, prismáticas formas e conteúdos apresentados em saraus, tertúlias, blogs, publicações virtuais e impressas.

    É para liberar nossa seiva criativa no fazer poético que a deusa amazonense Marta Cortezão e a deusa nordestina Patrícia Cacau nos convidam. Agradecidas e lisonjeadas, aceitamos o convite para bailar sob a lua a ciranda das deusas no processo criativo e edificante da poesia!      

    Deixo aqui um canto poético para bailarmos juntas. A mãe Terra e sua filha Natureza guiam essa ciranda de mulheres criativas. Eis aqui parte do pulsante legado do feminino selvagem que habita entre nós.         

           

Ciranda das Deusas líricas 

Para ouvir o podcast do poema, clique AQUI

Eu sou Gaia Gaia Gaia
de marré marré marré

Cantavam em roda
as deusas da Terra
descalças felizes
cheirando excitante rapé

Eu sou Pachamama
de marré marré marré

Respondiam as filhas da Baba Yaga
vestidas de peles
brincos de ossos
chales de teias giravam no afoxé!

Quero vossas filhas
mágicas humanas terráqueas
Lilith, Eva, Maria
Evoé!

A deusa Gaia acatava:
levem a epifânica Clarice, Tarcila, Pagu, Muylaert
Hilst vai na frente com falos, ondas de gozo, ouvindo Elis, Cássia Eller, Rita Lee na maré!

Não esqueçam Marielle que da luta nunca arredou pé!
Todas acolhidas no quarto de despejo de Carolina
com boa prosa, quente café!

Dou-lhe em troca, Baba dizia:
telúrica Cora, vertiginosa Isadora Duncan, cosmopolitas Ana Cristina e  Carla Camurati, acompanhada de Joaquina!

Entre também nessa roda, Adriana, meu Calcanhotto de Aquiles!
A roda sagrada das deusas 
girando plena e lírica

Eu de pobre muito rica
de marré marré marré
essas deusas me habitam
na lua rosa minguante cheia

Seja fria a pólis doente perversa feia
deito no colo delas
meu corpo exausto revigora
e a mente inquieta vagueia

As cordas do coração aceleram
e os olhos não mais pranteiam!

Isa Corgosinho
26/05/2021

 


[1] ESTÉS, Clarissa P. Mulheres que correm com lobos. Trad. Waldéa Barcellos. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

 


 

 


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

NAS TEIAS DO POEMA VIII: ENTRE PERCEPÇAO E MEMÓRIA

 


NAS TEIAS DO POEMA VIII: ENTRE PERCEPÇAO E MEMÓRIA


Por Marta Cortezão

 

A realidade apenas se forma na memória; as flores que hoje me mostram pela primeira vez não me parecem verdadeiras flores. 

{Marcel Proust}

 

No oitavo episódio do Nas Teias do Poema, um quadro realizado pelo Projeto Enluaradas, vamos dialogar sobre o “fazer literário” que se (entre)cruza neste processo de criação da escrita, nestas teias que se (des)tecem no corpo do poema. Para nosso encontro poético de hoje, teremos a companhia das autoras:

MARIA DO CARMO SILVA. Natural de Mutuípe-BA (Brasil). Professora, poeta e escritora. Membro do Mulherio das Letras e da Academia Internacional Mulheres das Letras. Autora do livro de “Poesias Retalhos de Vivências”. Participa de várias Antologias. Colunista no site de notícias: Tribuna do Recôncavo;

PATRÍCIA CACAU, atualmente vive em Linz, Áustria, é empreendedora e ativista social, incentivadora do Mulherio das Letras Ceará, Áustria e União Europa. Escreve desde a adolescência, sua escrita nasceu no coletivo Mulherio das Letras Europa. Idealizadora do Projeto Enluaradas. Participou de coletâneas/antologias no Brasil e Europa. Livro individual Quintais (In-finita/PT, 2020); 

LUCILA BONINA é natural de Manaus, mas reside em Vargem Grande Paulista, SP. Desde sempre as artes da palavra povoam seu universo pessoal com histórias, poesia e música. É professora de Língua Portuguesa, Mestre em Letras e Artes e narradora de histórias. Publicou poesia nas Coletâneas Enluaradas Se essa lua fosse nossa; Coletânea I do Mulherio das Letras na Lua e Coletânea 2021 do Mulherio das Letras Portugal; 

MARTA CORTEZÃO nasceu em Tefé/AM, mas mora em Segóvia/ES desde 2012. É escritora, poeta, tradutora, trovadora, ativista cultural, idealizadora dos projetos Enluaradas, Tertúlias Virtuais, Ajuri Cultural e do também do blog Feminário Conexões. Tem obras (poemas e contos) publicadas em antologias, tanto nacionais como internacionais; Livros de poesia Banzeiro manso e Amazonidades: gesta das águas (no prelo).

Neste oitavo episódio, desejamos falar sobre estes fios da memória que se laçam e se entrelaçam no exercício de nossa escritura. Quais são este(s) gatilho(s) capaz(es) de fiar este sudário na carne nua/crua da linguagem? Em que campos de nossas percepções estas sensações afloram? Que sabor(res) ou cheiro(s) nos levarão a um poema? Que “madeleines de Proust” preparamos no “forno” de nossa memória?   

Mas como o escritor francês Marcel Proust concebe esta memória em sua famosa série de sete romances, “Em busca do tempo perdido”? Para Proust, a apreensão da realidade se dá de forma inconclusa e insuficiente, pois a memória involuntária é vista como catalisadora de um tempo perdido, resgatado e ressignificado pelo intelecto através de fragmentos temporais que nos dão uma imagem relativizada da realidade plena:

“[...] nem tudo o que acontece me ocorre: o sino tocando em Saint Hilarie. Muitas vezes até essa hora prematura soava duas batidas a mais que a última, havia, portanto, uma que eu não ouvira, algo que não acontecera para mim” (PROUST apud PEREIRA, 2014, p. 10-11).

Esta perene dinâmica de reconstrução da memória, de caráter plural e instável e que beira a fantasia e a invenção, trouxe-me a imagem de Penélope, a que retoma, em sua longa espera, os fios da memória para dar forma ao manto de tessitura caleidoscópica, incessante e complexa. E nós, mulheres escritoras do século XXI, desta avassaladora contemporaneidade, o que temos a dizer, em primeira pessoa, sobre nosso “fazer literário”? Sobre este exercício de intensa subjetivação, mas, paradoxalmente, sedento de dialética, pleno de constância e inconstâncias? Como pensar estas teias involuntárias, nas quais nos prendemos pelo fascínio que a arte literária exerce sobre nós?

O texto literário é o suporte para a produção destas memórias imagéticas, devido à liberdade ficcional e polissêmica que o habita. E por que não usar a metáfora de que o texto literário é o intérmino sudário tecido pelos fios da memória que se (re)modelam na busca proustiana pelos instantes revisitados no rastro da insuficiente memória involuntária do passado?

Você é nossa/o/e convidada/o/e especial para este encontro! Venha nos fazer companhia e enriquecer nossos diálogos através de comentários! Até logo mais!

REFERÊNCIAS:

BOSI, Eclea. Memória e Sociedade: lembrança de velhos. São Paulo: Cia as Letras, 2003.

PEREIRA, Danielle Cristina Mendes. Literatura, lugar de memória. Disponível em https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/soletras/article/download/16314/12499. Acesso 7 de Janeiro de 2021.

domingo, 3 de outubro de 2021

NAS TEIAS DO POEMA VII: TECENDO EPIFANIAS POÉTICAS

 



NAS TEIAS DO POEMA VII: TECENDO EPIFANIAS POÉTICAS

Por Marta Cortezão

 

La poesía no es una sucesión de experiencias sino una sucesión de visiones[i]

 

{Ana Blandiana[ii]}

 

No sétimo episódio de hoje, lá no canal do Youtube Banzeiro Conexoes, mergulharemos, uma vez mais, nestas teias que nos fazem presas fáceis de um poema, seja como leitor(a), seja como escritor(a). Todo poema é linguagem que revela e se revela, porque não tendo nada a dizer, apenas sugere. No campo amplo da sugestão, podemos mergulhar nas inúmeras formas e dimensões epifânicas. E o que seria esta tal epifania? No dicionário Aurélio, encontramos as definições: revelação a partir de algo inesperado; percepção intuitiva; aquela ideia e/ou insigth genial que resultou de uma epifania. De forma geral, uma revelação de um estado do ser que roçam as dimensões do mundo divino e espiritual.  

Não é fácil definir a epifania, mais difícil ainda seria estabelecer diferenças entre esta tênue linha que divide, e ao mesmo tempo, une os campos semânticos e pragmáticos do sublime e do epifânico. Assim que nos conformamos com senti-la, mergulhando nas teias que tecem o fazer poético, conjugando percepção sensorial e emoção, porque se nos deixamos levar pela razão, pode que não ultrapassemos o lugar comum e percamos a possibilidade de criar “modelos para a sensibilidade e para o pensamento analógico. Uma poesia nova, inovadora, original, cria modelos novos para a sensibilidade nova[iii]” (PIGNATARI, 2005, p.53). A epifania é aquele átimo de luz que nos permite sentir/vi(ver) o mundo que nos cerca com olhos gozosos de metáfora, na incompreensível intimidade que foge às explicações lógicas e nos expande corpo e alma.

O que o olhar capta, transcende e nos toca internamente, expandindo os sentidos e fascinando o espírito. Quando os olhos alcançam e capturam o alvo desejado, em estado de encantamento, toda e qualquer banalidade toma corpo poético. Quantos poemas habitam nosso silêncio? Que paradoxo misterioso abriga o poema? Quando não dizer é sugerir oceanos de significados? O poema é terra de absurdos, onde a única poesia é o não dito, é o mistério inalcançável, morada do inefável. Com razão, afirma Ana Blandiana, “la poesía no se puede inventar sino que hay que descubrirla[iv]”. Vamos?

Para caminhar por estas sendas e mistérios da Poesia, a mediadora Marta Cortezão, estará na companhia das autoras:

BELISE CAMPOS [Curitiba/Paraná] nasceu em 1991. É contista, mas também se arrisca na poesia. Escreve desde criança. Publicou nas Revistas LiteraLivre e Toma Aí Um Poema. Leitora ávida dos autores russos e dos poetas românticos. Formada em Psicologia pela Universidade Positivo, com especialização na Universidade da Colúmbia Britânica;

CAROLINA FERREIRAFarmacêutica de formação e fotógrafa, escreve desde pequena e considera a arte uma grande parta de sua vida e parte principal de suas atividades. Apaixonada por como as palavras conectam pessoas e ideias e de como elas abrem porta para a maneira de enxergar o mundo;

FLAVIA FERRARI [Santana de Parnaíba/SP] é professora, escritora e poeta. Escreve contos infantis desde 2014. Estreou na poesia escrita em 2020, no início da pandemia. Antes seus poemas eram apenas pensamentos e sonhos. Teve poemas publicados pela Escrita Cafeína e pela Toma Aí Um Poema.

JÉSSICA IANCOSKI publicou em várias antologias e revistas, nacionais e internacionais. Teve o poema “Rotina Decadente” reconhecido pela Academia Paranaense de Letras, aos 16 anos. É idealizadora do Toma Aí Um Poema – o maior podcast lusófono de declamação de poesias e, também, revista literária digital. Nasceu em Curitiba/Paraná em 1996.

Que tal VOCÊ nos fazer companhia em mais esta aventura poética!? Não esqueça: sua companhia é sempre muito bem-vinda!

 


[i] A poesia não é uma sucessão de experiências, mas uma sucessão de visões. Citação retirada do blog “Literatura y Cine”, no site https://hombreenlaoscuridad.blogspot.com/2019/09/la-poesia-de-ana-blandiana.html

[ii] Pseudónimo da romena Otília Valeria Coman, escritora, poeta, ensaísta, uma das consciências cívicas e artísticas mais importantes da contemporaneidade.

[iii] PIGNATARI, Décio. “O que é comunicação poética. São Paulo: Ateliê Editorial, 2005.

[iv] Entrevista com Ana Blandiana, no site https://prodavinci.com/la-poesia-puede-salvar-el-mundo-entrevista-con-ana-blandiana/

sábado, 18 de setembro de 2021

NAS TEIAS DO POEMA VI: DOS MATIZES DA LINGUAGEM

 


NAS TEIAS DO POEMA VI: DOS MATIZES DA LINGUAGEM

Por Marta Cortezão

 

A melhor maneira de ver uma obra literária não é como um texto com sentido fixo, mas como matrizes capazes de gerar todo um leque de significados possíveis. Mais do que conter significados, a obra os produz. 

{Terry Eagleton, in Como ler Literatura}

 

O Nas Teias do Poema VI, de hoje, pretende discutir a linguagem como esta dinâmica colcha de retalhos, dotada dos matizes mais diversos que permitem o fazer poético. É através da função literária da linguagem, que renovamos este mundo vivo à nossa volta e outros tantos mundos internos que nos habitam. A chave do fazer poético está na dedicação consciente de como costurar estes retalhos e construir esta colcha diversa e viva de palavras. Charles Peirce, pai da Semiótica moderna, afirma que “o poeta faz linguagem para generalizar e regenerar sentimentos” (PIGNATARI, 2005, p. 10). Cada poema que se constrói tendo em conta este labor literário é um corpus vivo em contínuo diálogo com o mundo e vice-versa. Décio Pignatari, em seu livro O que é comunicação poética (Ateliê Editorial, 2005, p. 11-12) afirma que  

o poema é um ser de linguagem. O poeta faz linguagem, fazendo poema. Está sempre criando o mundo. Para ele, a linguagem é um ser vivo. O poeta é radical (do latim, radix, radicis = raiz): ele trabalha as raízes da linguagem. Com isso, o mundo da linguagem e a linguagem do mundo ganham troncos, ramos flores e frutos. É por isso que um poema parece falar de tudo e de nada, ao mesmo tempo. É por isso que um (bom) poema não se esgota: ele cria modelos de sensibilidade. É por isso que um poema, sendo um ser concreto da linguagem, parece o mais abstrato dos seres. É por isso que um poema é criação pura – por mais impura que seja”

Eis a pulsão que nos impulsiona à criação e à recriação da linguagem, este importante instrumento criado pela humanidade e que, ao passo que nos (re)cria a cada teia, também nos (des)tece a vida, pois estamos sempre em busca de ressignificar este universo dinâmico da linguagem. Parafraseando o ensaísta norte-americano Noam Chomsky, passamos toda uma vida articulando uma infinidade de sentenças frasais que nunca antes haviam sido ditas ou sequer ouvidas. Vivemos para (e pela) a linguagem.

E para (des)tecer estas TEIAS DO POEMA, estaremos na companhia das queridas poetas que compõem a COLETÂNEA ENLUARADAS II: UMA CIRANDA DE DEUSAS:

LINDEVANIA MARTINS é maranhense, poeta, prosadora, pesquisadora, mestra em Cultura e Sociedade, mestranda em Direito Constitucional e defensora pública de defesa da mulher e população LGBT em São Luís do Maranhão. Possui quatro livros publicados, além de contos e poemas em diversas revistas e antologias. Ama livros, café e tardes chuvosas;

MALU BAUMGARTEN é escritora, fotógrafa e jornalista, estrangeira onde quer que esteja. Divulga seu trabalho no projeto multidisciplinar online Nós e Outras. Recentemente publicou no Correio de Povo de Porto Alegre, e nas mídias online Revista Escape, Parênteses e Notícias Gerais. Vive em Toronto com seu parceiro, o fotógrafo Joseph Freeman e o gato George. Não come animais;

RAQUEL BASILONE escreve embrulhos, pequenas mensagens cuja digestão pode não ser tão imediata. É formada em Ciências Sociais. É sapatão, militante LGBTQIA+.

 

Esperamos por VOCÊ!

 

Feminário Conexões, o blog que conecta você!

EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS

  Clique na imagem e acesse o Edital II Tomo-2024 CHAMADA PARA O EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS: CORPO & MEMÓRIA O Coletivo Enluar...