Venda diretamente com a autora |
POR RONALDO RHUSSO
“Meu silêncio lambe
a tua orelha” da Marta Cortezão - Editora TAUP (Toma Aí Um Poema – 2023)
Trombei, por assim dizer, com a Marta Cortezão numa das
esquinas da rede de gente virtual nem um pouco virtual! Convite da Eliana
Castela para ver, em outubro de 2020, ápice pandêmico, a Live VIII Tertúlia Virtual sob o Tema: “A Poética que roça os sentidos” no
Canal Banzeiro Conexões do iutubi...
Vi o “card” de chamada, procurei textos das outras convidadas para compartilhar
na hora e vi a Marta apresentando geral, um tanto desacostumada com as
geringonças internéticas, porém,
sempre com esse sorriso de Sol, fazendo um trabalho lindo de divulgação de
novas poetas e escritoras... Conferi os
vídeos anteriores e continuei acompanhando os demais, enquanto ela se
transmutava em “Enluarada”, “Bruxa”, “Deusa” (levando geral com ela, grande
parte, gente que tinha seus escritos engavetados e desacreditados) ... Aí fui
lendo, também, o versejar vicejante da Marta...
E o atual livro? Ah! Sim. “Meu silêncio lambe a tua orelha” (gostosinho falar isso, não é?
Quem não fica logo muito a fim de ler este livro?) derrama sobre nós leitores
um balde estelar de poemas vivos... Saca, vivo? Tipo vivo assim:
estas cicatrizes que levo
agarradas na pele
falam muito mais de mim
que as palavras fugadas
de meu distraído silêncio
(intemporalidades)
meu corpo desértico
feito de solidão e degredo
pelo ímpeto da dor
do não pertencimento
reage com solícitos ais
(mar de diásporas)
Evento Campinas, das 14h às 16h30, Sáb/27/JUL |
Há, notavelmente, um espetáculo de poemas Concretos e um desnudar de alma em cada um deles, sendo que a Marta já havia demonstrado esse poder ou virilidade no escrever sobre o que ainda é tabu para quem se assusta com a realidade que todo mundo sente ou todo mundo quer sentir e se libertar para tanto! O uso das Figuras de Retórica é aplicado de uma forma bastante rica e o gozo do leitor se amplifica num acompanhar de momentos poéticos que nos fazem reler e reler porque a sonoridade é boa e a identificação com o que lemos nos embala a continuar a beber as palavras:
o tempo escorre arenoso
pela ampulheta
vai inevitável
estirando granulado fio
que tece a sanhuda
pressa das horas
(liquidez)
Eu preciso comentar essa combinação bonita entre a Marta Cortesão e a Toma Aí Um Poema, inicialmente um podcast idealizado pela Jéssica Iancoski que postou a primeira declamação em novembro de 2020 no Canal com o mesmo nome. Ou seja, “Meu Silêncio Lambe a Tua Orelha” e a TAUP é mais que uma parceria com poemas fortíssimos e um trampo de editoração bonito pra caramba! Design gráfico bastante contemporâneo, tão vivo quanto os sessenta e seis poemas. É um livro que tinha que acontecer! É um encontro de dois belos e caudalosos rios escorrendo e se juntando, em delta, ao mar da Poesia para deliciosamente encher o mundo dessa fertilidade criativa...
Ah! Que maneiro rever essa Resenha hoje! Eu gostei bastante deste livro e foi um prazer poder mostrar um pouco do meu olhar sobre ele. Parabéns, Marta!!!
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