POESIA NA REDE|06
Nesta última semana a rede se
encheu de textos, depoimentos, relatos, poemas e cartas ao pai. “Dia dos pais”
é data comercial, todo mundo sabe, concorda, reafirma, mas também um momento
para se pensar nesta figura que habita os nossos dias, de variadas formas.
Qual
pai podemos chamar de nosso? O pai que se perdeu, o pai que nunca se teve, o
pai que já se foi, o pai presente e companheiro, ou aquele que não se tem definição? Pais, filhas e filhos postaram
seus textos, fotografias, reflexões e a sensação que tive enquanto lia foi de pura
intensidade emocional, pois quando escrevemos sobre nosso lugar de filha, filho
ou de pais, escrevemos com as vísceras.
As
manifestações foram muito variadas; momentos de reencontro, saudades,
fotografias da convivência diária, homenagens às mães solo, alegria de ter os
filhos próximos e ser chamado de pai. Cada um contou uma história, a sua.
Este lugar de pai é sempre um lugar, seja ele vazio, ausente, nunca habitado ou plenamente ocupado. Entre memórias, ausência e presença a poesia aparece para comover, gerar empatia, falar o que está em nós e nem sabíamos, na total identificação com o que se lê.
Destaco o belíssimo poema de Patrícia Cacau*, “Pai & pão”:
Sinto um vazio de gosto de pai
Não sei que gosto tem pai
Tive fome, de pão
Tive vazio, de pai
Barriga de pão
Coração de pai
Admiro e invejo quem teve uma
mesa farta de pai
Se pai dá em árvores?
Pai planta semente
Mas semente de pai, ninguém planta
*_* *_* *_* *_*
Referência: *Patrícia Cacau é Poeta, reside em Fortaleza-CE. Autora do Livro QUINTAIS, incentivadora do Mulherio das Letras Ceará @mulheriodasletraceará. Organizadora do Projeto Enluaradas @enluaradas__. "Escrever é como respirar através do papel", @patricia.cacau.
Não é fácil falar sobre as dores de ausências ainda tão presentes, mas transformar em poesia nos fortalece e ajudar a tocar a vida em frente, resumo dizendo que,na verdade tudo foi como teve que ser.
ResponderExcluirGrata por contribuir de alguma forma com esse Blog e com o trabalho lindo de tantas mãos.. bjinhos Enluarados 😘😘
#mulheresescrevam
Eu é que agradeço por estar aqui neste espaço tão potente, de trocas, aprendizados com tanta mulher incrível! Parabéns pelo poema tão tocante e tão belo.
ExcluirMuito bem observado, querida Flávia! O poema da Cacau é cheio de verdades e real, para muitos como eu, que não lembro do "gosto" de meu pai pela sua ausência em minha vida, devido à sua partida remota...
ResponderExcluirO poema toca diretamente o coração... Obrigada pela leitura e comentário Alê!
ExcluirBelíssima reflexão! Lindíssimo poema! Eu me identifico com a voz lírica. Convivi pouco com o meu pai e o perdi cedo e de forma repentina. Era um sábio, um griô! Aprendi com ele a ser forte! Aprendi pouco! Deveria ter me aplicado mais a ouvir, a aprender quando ele se sentava à mesa para contar histórias. Mas o gosto de ter pai era tão meu e tão intenso que parecia nunca ter fim. Parecia... Mas durou tão pouco. Hoje, procuro mapear as linhas que ele deixou escritas na minha memória, no meu coração e na minha alma! Quando as encontro, escrevo, para eternizá-las em mim. A eterna busca por ele revela o melhor de mim. Meu tesouro escondido é herança paterna
ResponderExcluirQue depoimento lindo Heliene! "Meu tesouro escondido é a herança paterna". Ele vive fortemente em você!
ExcluirQue bom que eu venho por aqui quase que diariamente, assim me nutro de beleza humana. Obrigada, queridas poetas parceiras. Abraço fraterno.
ResponderExcluirSinto o mesmo Marta! Obrigada por ter nos proporcionado este espaço!
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