LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO|11
CRÔNICA: CONEXÕES
Por Carollina Costa
Ontem estive em
um encontro de mulheres que surgiu através de uma postagem de Instagram incentivando
a nós, mulheres, a nos unirmos mais. Fiquei pensando na postagem, nesse
movimento, na necessidade de nós, mulheres, olharmos mais para nós mesmas e me
surgiu a crônica que segue. Mesmo que curta, espero que possa incentivar você,
leitora, a buscar a si mesma e conexões que apoiem o seu transformar.
Conexões
É comum que ao
nos compararmos com outras pessoas sigamos um desses dois vieses: ou
acreditamos que todos têm uma vida igual a nossa ou que somos a única pessoa no
mundo que vive de determinada forma e ninguém é capaz de nos compreender. Dois
extremos problemáticos. O primeiro não nos permite enxergar as diferenças, ora
sutis ora gritantes, que existem entre uma pessoa e outra, uma forma de vida e
outra. A segunda nos cega quanto às semelhanças que partilhamos, seja nos
detalhes expostos do dia a dia ou na sutileza do nosso modo de ver e pensar
sobre as coisas da vida.
Esses dias, por
causa de uma simples, porém não tão simples postagem de Instagram, conheci
diversas mulheres que se reuniram no intuito de partilharem suas jornadas
individuais com outras mulheres e formarem, juntas, uma rede de conexão para
que não nos sintamos tão sós em nossas caminhadas. Nessa conexão o foco somos
nós, para nós e por nós, individualmente e coletivamente. Parece pouco, mas é
uma atitude e tanto.
É comum às
mulheres olharmos sempre para o outro: o que o outro pensa, como o outro nos
vê, o que o outro acha de nós, o que o outro quer de nós, como podemos agradar
mais ao outro, como podemos ser mais e melhor aceita pelo outro... E esse outro
não é necessariamente um parceiro, pode ser a família, um grupo de amigos, um
grupo de convívio social ou mesmo a sociedade onipresente como um todo. Mas é
sempre um outro, nunca ela. Nunca nós. Entramos, assim, numa espiral
descendente de desejos e expectativas do outro sobre nós que, honestamente,
jamais serão supridas, visto que é próprio do ser humano, seja homem ou mulher,
desejar constantemente. Nessa espiral nós também desejamos constantemente e sem
retorno, porque ao desejar incansavelmente a aprovação do outro que nunca estará
completamente satisfeito nos perdemos de nós e aí descemos mais e mais, nos
perdendo cada vez mais.
Ao traçar o limite entre o eu e o outro — lembrando que limite não é muro, é sobrevivência e sanidade — muitos chãos tremem, muitos laços se desfazem e cordas se rompem. É nesse lugar meio limbo meio transformação em que buscamos novas mãos amigas para nos levantarem enquanto ainda não conseguimos ficar de pé. Um lugar partilhado por muitas de nós quando decidimos conhecer quem nós somos fora dos moldes pré-dispostos nas prateleiras do convívio, e é aí que essa postagem de Instagram e tantos outros movimentos de união entram, nos convidando a sair desse lugar e concretizar o novo.
"Cada mulher que caminha em direção a outra e estende suas mãos para esse movimento de união pode transformar a condição daquela que ainda não conseguiu se levantar." Um texto inspirador, querida. Parabéns!
ResponderExcluirOi, Marta! Fico feliz que tenha gostado. Seguimos juntas!
ExcluirÉ um texto vibrante e verdadeiro, em cada palavra. Às vezes, nem nos damos conta, mas da maneira que observamos, estamos do mesmo modo sendo observadas, e é maravilhoso (ao mesmo tempo que é muito serio!)alguém falar no privado: "Você me inspira!" Isso impulsiona a dar a mão a mais uma mama!
ResponderExcluirParabéns Carol!
Oi, Ale! Verdade, estamos sempre sendo observadas... Que possamos continuar inspirando umas às outras para seguirmos cada vez mais fortes. Obrigada pelo comentário!
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