POESIA NA REDE|01
REFLEXOS
Por Flavia Ferrari
A música de Gilberto Gil, Pela
Internet, canta versos que em 1996 foram transmitidos pela internet, algo
inovador no Brasil. “Criar meu website/ Fazer minha homepage/ Com quantos
gigabytes/ Se faz uma jangada e um barco que veleje...” Desta forma, a música e
a poética de Gil inauguraram algo que hoje é muito corriqueiro: diariamente
criamos, recebemos, ouvimos e publicamos muito pela rede.
Todos os dias, ao acessar minha
página na rede social, me deparo com colegas poetas que transmitem poemas que
recebo como se fossem presentes; as criações poéticas que chegam até mim pela
rede me emocionam, inspiram e me incentivam a criar. Foi através da rede que
conheci o trabalho de várias autoras que hoje acompanho e admiro. Poder
comentar, curtir, estar próximo delas e criar laços, mesmo que virtuais, é o
lado muito bom da internet.
A poesia já vem com asas, mapa de
navegação, gps e satélite acoplado. O poema tem a capacidade de atravessar o
tempo, gerações e ficar “impresso” nas nossas memórias, no papel, em arquivo
digital e nos nossos dizeres, já que vira e mexe elaboramos versos de improviso
quando dizemos algo e, de repente: “Que lindo, parece poesia”.
Finalizo com um poema de Jéssica Iancoski, autora contemporânea, idealizadora do Toma Aí Um Poema, que a rede me trouxe e permitiu que nos transformássemos em parceiras de trabalho e amigas.
Para ouvir o podcast, clique AQUI.
ESPELHO
{Jéssica Iancoski}
em pé parada
em frente
ao espelho
encaro-o
olho-o
e não me vejo
encaro o espelho
se sou antiga ou jovem
menina mulher ou homem
não me importa
todas essas perguntas
são sempre tortas
tento descobrir
qual o sentido
incutido no vidro
na moldura
na parede ou
na porta
todo léxico é vazio
e toda realidade é delírio
tudo se modifica pela memória
os reflexos mudam com a história
mas o espelho
o vidro
a moldura e
a porta
ficam e
atravessam a trajetória
*_* *_* *_* *_* *_*
Sobre Jéssica Iancoski: publicou em várias antologias
e revistas, nacionais e internacionais. Teve o poema “Rotina Decadente”
reconhecido pela Academia Paranaense de Letras, aos 16 anos. É idealizadora do
Toma Aí Um Poema – o maior podcast lusófono de declamação de poesias e, também,
revista literária digital. Nasceu em Curitiba/Paraná em 1996.
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