domingo, 12 de dezembro de 2021

POESIA NA REDE: REFLEXOS, POR FLAVIA FERRARI



POESIA NA REDE|01

REFLEXOS

Por Flavia Ferrari

 

A música de Gilberto Gil, Pela Internet, canta versos que em 1996 foram transmitidos pela internet, algo inovador no Brasil. “Criar meu website/ Fazer minha homepage/ Com quantos gigabytes/ Se faz uma jangada e um barco que veleje...” Desta forma, a música e a poética de Gil inauguraram algo que hoje é muito corriqueiro: diariamente criamos, recebemos, ouvimos e publicamos muito pela rede.

 

Todos os dias, ao acessar minha página na rede social, me deparo com colegas poetas que transmitem poemas que recebo como se fossem presentes; as criações poéticas que chegam até mim pela rede me emocionam, inspiram e me incentivam a criar. Foi através da rede que conheci o trabalho de várias autoras que hoje acompanho e admiro. Poder comentar, curtir, estar próximo delas e criar laços, mesmo que virtuais, é o lado muito bom da internet.

 

A poesia já vem com asas, mapa de navegação, gps e satélite acoplado. O poema tem a capacidade de atravessar o tempo, gerações e ficar “impresso” nas nossas memórias, no papel, em arquivo digital e nos nossos dizeres, já que vira e mexe elaboramos versos de improviso quando dizemos algo e, de repente: “Que lindo, parece poesia”.

         

Finalizo com um poema de Jéssica Iancoski, autora contemporânea, idealizadora do Toma Aí Um Poema, que a rede me trouxe e permitiu que nos transformássemos em parceiras de trabalho e amigas.

 

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


ESPELHO

{Jéssica Iancoski}

 

em pé parada

em frente

ao espelho

encaro-o

 

olho-o

e não me vejo

encaro o espelho

 

se sou antiga ou jovem

menina mulher ou homem

não me importa

todas essas perguntas

são sempre tortas

 

tento descobrir

qual o sentido

incutido no vidro

na moldura

na parede ou

na porta

 

todo léxico é vazio

e toda realidade é delírio

tudo se modifica pela memória

os reflexos mudam com a história

 

mas o espelho

o vidro

a moldura e

a porta

ficam e

atravessam a trajetória

*_*    *_*    *_*    *_*    *_*

    

    Sobre Jéssica Iancoski: publicou em várias antologias e revistas, nacionais e internacionais. Teve o poema “Rotina Decadente” reconhecido pela Academia Paranaense de Letras, aos 16 anos. É idealizadora do Toma Aí Um Poema – o maior podcast lusófono de declamação de poesias e, também, revista literária digital. Nasceu em Curitiba/Paraná em 1996.

 


 

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