quinta-feira, 7 de outubro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|64



Momento com Gaia/64


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Por Janete Manacá





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Incompleta


no próximo inverno vou pintar aquela tela

que você deixou ao lado da janela

usarei tons suaves em técnicas de aquarela


por hora eu me arrasto entre a dor e o vácuo

como um corpo incompleto no espaço

está difícil não envolvê-lo num abraço


não aprendi a viver sem você

dos nossos longos diálogos

nunca discutimos sobre ausência


morrer faz parte do ciclo da vida

mas quem disse que eu queria te perder

se pudesse eternizaria nossos dias


onde buscarei forças para suportar

sinto-me incompleta, mutilada

entregue a um desânimo sem fim


sequer consigo erguer os braços

por não poder nunca mais tocá-lo

até meus versos adoeceram


papel em branco sobre a mesa

caneta seca no tinteiro

e a memória impregnada do seu cheiro




segunda-feira, 4 de outubro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|63



Momento com Gaia/63


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Por Janete Manacá



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Reflorescer


labaredas espalham-se no ar

como pássaro de fogo 

a confundir-se com o sol


aos poucos uma novem densa

ofusca a vermelha paisagem 

e tudo transforma-se em cinzas


não há tempo para chorar

não há tempo para gritar

ante o desespero sem fim 


o estalido do fogo ardente

ressoa como trombeta

entre a fuga das fuligens 


seres alados caindo

seres rastejantes exaurindo

sem força, sem ar, esvaindo-se


maldito os seres que destroem

os reinos da mãe natureza

para satisfazerem seus instintos


a vida continua seguindo o seu ciclo 

e como um milagre o verde reaparece

a chuva chega e novamente refloresce




FEMININO SELVAGEM & CONTEMPORANEIDADE

 


FEMININO SELVAGEM & CONTEMPORANEIDADE|01


LITERATURA E RESISTÊNCIA NO COLETIVO MULHERIO DAS LETRAS


 POR ISA CORGOSINHO


O mundo que se apresenta aos nossos olhos nos dá a impressão que deixamos de ser contemporâneos de nós mesmos. As fronteiras se revelam indefinidas, a partir de mudanças estruturais advindas da globalização, principalmente da economia, e do desenvolvimento da tecnociência, marcos onde muitos teóricos localizam a modernidade tardia ou a fase pós-moderna. Desde o final do século passado, lembra-nos Stuart Hall[1], abriu-se um intenso debate sobre a crise de identidade do sujeito, mobilizando diferentes áreas do conhecimento na compreensão dos deslocamentos das identidades culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade.


Os cenários políticos no mundo transformaram-se substancialmente com os novos movimentos sociais. No Brasil, desde a década de 60, mas principalmente a partir da década 80, o final da ditadura, as eleições diretas, a Constituição de 1988 e as lutas dos trabalhadores e estudantes fortaleceram os movimentos já existentes e abriram caminhos para outros:  movimentos feministas, movimentos negros, movimentos ecológicos, movimento LGBTQIA+, CUT, MST, MTST, CONLUTAS, movimentos dos povos originários, movimentos estudantis etc.    


É nessa ampla mobilização que os conceitos de mulher e feminismo desdobram-se na descentralização de identidades, abraçando o pluralismo defendido nas ações militantes, nos debates, pesquisas e políticas sobre a questão de gênero.  O movimento LGBTQIA+ avança sobre as demarcações biológicas, assumindo uma historicidade móvel, avessa à identidade unificada do nascimento à morte.  A arte acompanha essa movimentação de ideias como campo fértil para várias expressões artísticas sobre identidade e gênero.


O terror causado pela pandemia ainda assombra o planeta desde o início em 2020. As mulheres confrontam a morte (que toma conta da terra com a voracidade de milhões de foices insaciáveis, abrindo crateras profundas nos corações dos brasileiros com a cifra genocida de mais de 590.508 pessoas mortas em menos de dois anos de pandemia), vítimas ao mesmo tempo da COVID 19 e de um projeto fascista que estimula o feminicídio e desgoverna o país desde as eleições de 2018.     


É fruto do cruzamento desses desafiantes contextos históricos parte significativa da criação literária feminina que circula hoje, seja em prosa ou poesia. Assim como o mito de Perseu, as mulheres voam com suas sandálias aladas sobre um mundo que se petrificou e que parece não poupar nenhum aspecto da vida. Para cortar a cabeça da Medusa sem se deixar petrificar, Perseu se sustenta sobre o que há de mais leve, como as nuvens e o vento; e dirige o olhar para aquilo que só se pode revelar por uma visão indireta, por uma imagem capturada no espelho de seu escudo de bronze, só assim ele consegue decepar a cabeça da Górgona. As mulheres escritoras parecem, à semelhança de Italo Calvino[2], encontrar nesse mito a alegoria da relação do poeta com o mundo, uma lição e forma de resistência para continuar escrevendo. Perseu consegue dominar a pavorosa figura mantendo-a oculta, da mesma forma que a vencera, contemplando-a no espelho, mas não na recusa da realidade do mundo de monstros entre os quais estava destinado a viver uma realidade que ele traz consigo e assume como um encargo pessoal.


A luta contra as ações petrificantes da Medusa parte de um propósito da verdadeira comunicação poética que, segundo o filósofo matemático Charles Sanders Peirce, é fazer linguagem para generalizar e regenerar sentimentos. Em fina sintonia com o pai da semiótica, Calvino afirma que entre as várias possibilidades de a literatura agir na História, talvez a única a não ser ilusória é compreender para que tipo de homem, a história, com seu labor múltiplo, contraditório está preparando o campo de batalha, e ditar-lhe a sensibilidade, o impulso moral, o peso da palavra, a maneira como ele, homem, deverá olhar à sua volta no mundo, aquelas coisas que somente a poesia  e não a filosofia ou a política pode ensinar.            

Às funções cognitiva e ética da literatura, junta-se aquela do processo criativo, em que o poeta deve entender o poema como um ser de linguagem. Ao fazer poema, o poeta está fazendo linguagem. Refratar o mundo na poesia é criar e recriar outro mundo. A posição de radicalidade do poeta (radix, radicis= raiz) é porque ele trabalha as raízes da linguagem. O resultado desse trabalho é que o mundo da linguagem e a linguagem do mundo ganham troncos, ramos, flores e frutos, é com essa bela imagem que Décio Pignatari[3] nos apresenta o ser vivo da linguagem, ao discorrer sobre o que é comunicação poética. É necessário enfatizar que um bom poema nunca termina de dizer aquilo que tinha para dizer, vai ao longo do tempo criando modelos de sensibilidades. O que vale também para todos os gêneros da literatura, é claro.


Os parágrafos acima situam, ainda que de forma incipiente e sem o aprofundamento que o tema merece, uma reflexão inicial sobre o processo criativo observado no Grupo Virtual Mulherio das Letras Nacional (Facebook)[4]. Os temas mais ligados ao fazer poético desse grupo compõem uma teia com engenhosas tramas semânticas, bordadas por metáforas, metonímias, hipérboles, elipses, catacreses, sinestesias, antíteses, ironias, paradoxos, eufemismos, neologismos e tantas outras figuras pulsantes, que se irmanam na escrevivência, na esteira solidária de Conceição Evaristo. As poetas, escritoras criam um repertório substancial para expressão de suas imagens[5]. Constroem novas formas que interajam com o conteúdo e retomam outras clássicas e populares[6].


Na poesia feminina, os espaços público e privado não são dicotomizados, promovem uma dialogização humanizada; os temas agregam o passado e o presente numa movente travessia do devir a ser. No exercício da escrita literária, as mulheres almejam muito mais que uma identidade, perseguem algo maior  alteridades. Confrontam o infinito particular com um mundo dominado pelos discursos do poder fálico e racional do patriarcado.


O empoderamento vem da militância sistemática, mas também de um lugar de fala que envolve competência, compromisso, inteligência, sabedoria, aliados ao intenso e verdadeiro desejo de revolucionar o mundo. Acreditam no que fazem, e fazem arte como forma de expressão, revolução e criação de horizontes. 


O poema a seguir refrata e confronta o contexto petrificante do Brasil sob o julgo de dois vírus letais (COVID 19 e o fascismo), na luta pela regeneração dos sentimentos, pela denúncia, necessidade de forjar novas sensibilidades e o imprescindível impulso moral para revolucionar a rota tortuosa do nosso povo e país.           


Para ouvir o podcast do poema, clique AQUI

Ai de ti, PANDÊMIA 

                            (Isa Corgosinho)


Os habitantes de Pandêmia são céticos

materialistas
leem Freud Nietzsche Marx
mas legaram de Stalin
os obscuros desejos da burguesia
fazem orgia com os neoliberais
despertam grávidos de suas crias

Dos templos da inofensiva cidade
evangélicos
bélicos
e tais
destroem altares
incendeiam quintais

Ruminando fake news
vestida com a bandeira
a classe média, geleia geral brasileira:
Jesus, salve a propriedade
privada de nossos pais!
Comemoram, incitam o extermínio 
quilombolas povos originários mulheres negros florestas rios animais
a terra cultivada
sangue suor ancestrais

Assustam-se a cada virada de século
com a chegada do Fim do mundo
desprezam a vida do planeta
são escudos do seu medo ignorância covardia
os senhores
da guerra
do boi
a Vossa excrescência e sua quadrilha!

Os excluídos de Pandêmia
vagam na Nau dos Loucos
vivem na terceira margem
no isolamento profundo
miram na clara noite
as crateras da lua
esconderijo dos morcegos 
que avançam sobre a pólis
em desordenada rebeldia
Ai de ti, Pandêmia, não verás a luz do dia!






[1] HALL, Stuart. Identidades culturais na pós-modernidade. Trad. Tomaz T. da Silva, Guacira L. Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.

[2] CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio. Trad. Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras. 1990.

[3] PIGNATARI, Décio. O que é comunicação poética. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011. 

[4]Criado em 12 de março de 2017, por um grupo de mulheres escritoras, atualmente conta com cerca de 7, 1 mil mulheres, com ramificações regionais e internacionais, lançando sementes pelo planeta a fora.

[5] Maternidade, liberdade, resistência, memórias, fazer poético, natureza, gênero, amor, infância, solidão, autoestima, amadurecimento, perdas, dor, paixão, erotismo, loucura, família, sexualidade, revolução, esperança, justiça, raça, violência, religião, fauna, flora, astros, lua, livros, rio, mar, sonhos e uma infinidade de outras palavras.

[6] poetrix, soneto, haicai, trova, aldravia, versos livres, poesia processo, poesia concreta, epopeia, drama, solilóquios, contos, novelas, crônicas, romances, diários etc.



domingo, 3 de outubro de 2021

NAS TEIAS DO POEMA VII: TECENDO EPIFANIAS POÉTICAS

 



NAS TEIAS DO POEMA VII: TECENDO EPIFANIAS POÉTICAS

Por Marta Cortezão

 

La poesía no es una sucesión de experiencias sino una sucesión de visiones[i]

 

{Ana Blandiana[ii]}

 

No sétimo episódio de hoje, lá no canal do Youtube Banzeiro Conexoes, mergulharemos, uma vez mais, nestas teias que nos fazem presas fáceis de um poema, seja como leitor(a), seja como escritor(a). Todo poema é linguagem que revela e se revela, porque não tendo nada a dizer, apenas sugere. No campo amplo da sugestão, podemos mergulhar nas inúmeras formas e dimensões epifânicas. E o que seria esta tal epifania? No dicionário Aurélio, encontramos as definições: revelação a partir de algo inesperado; percepção intuitiva; aquela ideia e/ou insigth genial que resultou de uma epifania. De forma geral, uma revelação de um estado do ser que roçam as dimensões do mundo divino e espiritual.  

Não é fácil definir a epifania, mais difícil ainda seria estabelecer diferenças entre esta tênue linha que divide, e ao mesmo tempo, une os campos semânticos e pragmáticos do sublime e do epifânico. Assim que nos conformamos com senti-la, mergulhando nas teias que tecem o fazer poético, conjugando percepção sensorial e emoção, porque se nos deixamos levar pela razão, pode que não ultrapassemos o lugar comum e percamos a possibilidade de criar “modelos para a sensibilidade e para o pensamento analógico. Uma poesia nova, inovadora, original, cria modelos novos para a sensibilidade nova[iii]” (PIGNATARI, 2005, p.53). A epifania é aquele átimo de luz que nos permite sentir/vi(ver) o mundo que nos cerca com olhos gozosos de metáfora, na incompreensível intimidade que foge às explicações lógicas e nos expande corpo e alma.

O que o olhar capta, transcende e nos toca internamente, expandindo os sentidos e fascinando o espírito. Quando os olhos alcançam e capturam o alvo desejado, em estado de encantamento, toda e qualquer banalidade toma corpo poético. Quantos poemas habitam nosso silêncio? Que paradoxo misterioso abriga o poema? Quando não dizer é sugerir oceanos de significados? O poema é terra de absurdos, onde a única poesia é o não dito, é o mistério inalcançável, morada do inefável. Com razão, afirma Ana Blandiana, “la poesía no se puede inventar sino que hay que descubrirla[iv]”. Vamos?

Para caminhar por estas sendas e mistérios da Poesia, a mediadora Marta Cortezão, estará na companhia das autoras:

BELISE CAMPOS [Curitiba/Paraná] nasceu em 1991. É contista, mas também se arrisca na poesia. Escreve desde criança. Publicou nas Revistas LiteraLivre e Toma Aí Um Poema. Leitora ávida dos autores russos e dos poetas românticos. Formada em Psicologia pela Universidade Positivo, com especialização na Universidade da Colúmbia Britânica;

CAROLINA FERREIRAFarmacêutica de formação e fotógrafa, escreve desde pequena e considera a arte uma grande parta de sua vida e parte principal de suas atividades. Apaixonada por como as palavras conectam pessoas e ideias e de como elas abrem porta para a maneira de enxergar o mundo;

FLAVIA FERRARI [Santana de Parnaíba/SP] é professora, escritora e poeta. Escreve contos infantis desde 2014. Estreou na poesia escrita em 2020, no início da pandemia. Antes seus poemas eram apenas pensamentos e sonhos. Teve poemas publicados pela Escrita Cafeína e pela Toma Aí Um Poema.

JÉSSICA IANCOSKI publicou em várias antologias e revistas, nacionais e internacionais. Teve o poema “Rotina Decadente” reconhecido pela Academia Paranaense de Letras, aos 16 anos. É idealizadora do Toma Aí Um Poema – o maior podcast lusófono de declamação de poesias e, também, revista literária digital. Nasceu em Curitiba/Paraná em 1996.

Que tal VOCÊ nos fazer companhia em mais esta aventura poética!? Não esqueça: sua companhia é sempre muito bem-vinda!

 


[i] A poesia não é uma sucessão de experiências, mas uma sucessão de visões. Citação retirada do blog “Literatura y Cine”, no site https://hombreenlaoscuridad.blogspot.com/2019/09/la-poesia-de-ana-blandiana.html

[ii] Pseudónimo da romena Otília Valeria Coman, escritora, poeta, ensaísta, uma das consciências cívicas e artísticas mais importantes da contemporaneidade.

[iii] PIGNATARI, Décio. “O que é comunicação poética. São Paulo: Ateliê Editorial, 2005.

[iv] Entrevista com Ana Blandiana, no site https://prodavinci.com/la-poesia-puede-salvar-el-mundo-entrevista-con-ana-blandiana/

terça-feira, 28 de setembro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|62




Momento com Gaia/62


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Por Janete Manacá


Para ouvir o PODCAST clique AQUI.


Abominável legado


seremos lembrados pela próxima geração

como seres perversos e abomináveis

predadores do corpo que tudo gerou


cada árvore derrubada é dívida

tem um alto valor e será cobrado

terra é corpo vivo, precisa de cuidado


vivemos uma geração de pessoas 

indiferentes, cegas, mudas, surdas

cuidado, o pranto de Gaia pode inundar o mundo


depredaram, contaminaram, desviaram

o que estava em sintonia com seu reino

a terra esta machucada, envenenada


a corrupção tornou-se doença crônica

devasta tudo por onde passa

embora maléfica tem sido inspiração


alimentos transgênicos trazem novas doenças 

solos agredidos, destruídos por agrotóxicos

doente o planeta pede socorro para ser curado


as próximas gerações herdarão trágicos desertos

serão andarilhos sobre campos minados

tentando salvar Gaia e seus filhos intoxicados




EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Mariana Teixeira

 



EMPOEME-SE EM POESIA/18


Poemas de Mariana Teixeira

Leitura de Teresa Bendini

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ATO FALHO


a pessoa

que inventou o amor

cometeu

um ato falho

 

fez a dor de ferro

e o coração de barro

***

 

CELA

 

me prenderam

num corpo

de gente

 

numa gaiola

de pele

 

por dentro

sou pássaro.

***

 

BOTÂNICA


Quando morrer

me deixe em contato

com a terra

quero brotar

e ser

tudo que me foi

podado

***







Feminário Conexões, o blog que conecta você!

EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS

  Clique na imagem e acesse o Edital II Tomo-2024 CHAMADA PARA O EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS: CORPO & MEMÓRIA O Coletivo Enluar...