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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO, POR CAROLLINA COSTA

 



LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO|13


SORORIDADE EM QUALQUER IDADE

Por Carollina Costa


Outro dia estava relendo anotações que fiz do livro Sejamos todos feministas, da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Nesse livro ela conta que na Nigéria, o mais alto ponto de realização social que uma mulher pode chegar é ter um marido. Há até mesmo uma espécie de ditado popular que diz que é melhor ter um mau marido do que marido nenhum, mesmo esse "mau" podendo significar muitas coisas.


Sou brasileira, mulher, escritora, professora, estudante de pós-graduação e quanto mais eu  busco entender o porquê de ainda existir esse tipo de validação social mesmo com as mulheres já se dedicando a outras partes de sua vida,  vejo também que esse tipo de valorização se replica. Não é só na Nigéria que se alimenta a ideia de que conquistar um marido é o suprassumo da vida de uma mulher. Também vejo isso no Brasil, porém, em alguns círculos, de modo mais velado.

Sou de uma geração de mulheres que se dizem feministas em alto e bom som, vão a passeatas, compartilham postagens na internet e até têm fotografias de pensadoras penduradas nas paredes do quarto ou da casa, mas na hora de pôr o discurso em prática tudo muda de figura. É fácil fazer correntes de Facebook, WhatsApp e Instagram apoiando aquela famosa X na causa Y, se solidarizar com a realidade da moça A, festejar o sucesso da moça B, mas não é tão simples fazer o mesmo quando essa moça é sua vizinha, sua parente, sua amiga ou colega de trabalho. Uma união que deveria ser do micro para o macro fica apenas no macro, apenas na realidade aparente, pintando figuras e afetos que não se sustentam além dos 15 segundos de um stories.

Já ouvi mulheres mais velhas comentarem dessa mesma falta de união entre suas colegas de geração, porém, ao menos no caso delas, é algo mais exposto. É dito na cara, ou melhor, logo se vira a cara. É doído e triste, mas ao menos é honesto. Antes fossem todas assim, diretas e honestas em qualquer idade.

Já ouvi que sou "muito focada no que eu faço" em tom de crítica e que estaria tudo bem faltar a uma reunião de amigos se eu fosse em um casamento, mas jamais por motivos de trabalho. Acontece que nenhum dos pouquíssimos e brevíssimos relacionamentos que já tive — e não gostaria de ter nenhum de volta — chega aos pés da paixão que tenho pelo que faço. Veja bem, não sou contra ter uma companhia, de preferência uma que seja boa, mas acredito que fazer disso o centro das realizações de uma mulher já não cabe mais. Talvez alguns séculos atrás, quando ainda éramos vistas como uma propriedade passada de pai para marido e de marido para filhos, mas hoje já temos uma meia dúzia de direitos que nos garante certa autonomia. O curioso é que, de todo peso e cobrança social existente, o que as mulheres podem exercer umas sobre as outras é o mais dolorido.

Celebrar as conquistas profissionais de uma mulher tanto quanto celebram as demonstrações de afeto deveria ser algo mais comum em nossa sociedade. Mais do que isso, deveriam celebrar nossa inteireza. Celebrar a mulher que decidiu ser dona de si mesma, que traçou seu próprio caminho, que escolheu não fazer de um alguém a razão da sua vida, mas partilhar a vida que já tem com outro alguém que valha a partilha.

Desejo que a sororidade saia da teoria para a prática e que as ideias de tantas pensadoras tome forma sólida em nossa sociedade e deixem de ser só palavras. Desejo que as mulheres possam celebrar cada vez mais a si mesmas e umas às outras. E, leitora, se ninguém ainda te disse isso hoje, saiba: eu celebro você!


@cbcarollina

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

NA TRILHA DO FEMININO: 0 GRITO FEMININO NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, POR RILNETE MELO



N A   T R I L H A   D O   F E M I N I N O|03

 0 GRITO FEMININO NA INDEPENDÊNCIA  DO BRASIL


Por RILNETE MELO


              Era final de outono na Bahia, o sol começava a se esconder ao longe, no horizonte da estrada de terra batida da fazenda Itapororoca. Pelo caminho uma dupla prosseguia a pé, cantando o refrão: “Pelo bem dessa nação/ pela terra e pelo pão /independência na cabeça e amor no coração” ... Era Quitéria e seu cunhado soldado Medeiros que voltavam de mais um dia de caça. Durante todo o percurso matutava na cabeça de Quitéria a ideia de ingressar no exército, e assim como José Medeiros lutar pela independência do seu país, bem como dar um basta nessa ideologia de desigualdade de gênero. Naquele dia, ao chegar em casa, tirando o casaco suado, pendurando o canil no armador da rede, exibindo o cinturão com algumas munições e a espingarda que lhe descia quadril abaixo, ela batia na mesa dando socos e em voz alta gritava: Eu vou amanhã naquele quartel! Nem que eu tenha que fugir de casa! Ah! Juro que eu vou!

Na semana anterior, um emissário do governo havia ido à casa do pai de Quitéria com o objetivo de convocar voluntários para o combate libertário. O velho Gonçalves disse que não tinha nenhum filho para enviar à guerra e que deixassem ele em paz. Escondida atrás da porta Quitéria ouvia todo aquele blá blá blá com paixão, curiosidade e o peito de mulher guerreira batendo descompassado, ardendo de vontade de dizer que ela ia, e pensava; Ah! Como eu queria ser homem nessa hora!

Mas, desgarrando-se do modelo de família cristã burguesa, tendo conhecimento de que seus hormônios femininos não tiravam seus atributos de inteligência e criatividade, teve um insight brilhante!

—Tetê! Eu vou me apresentar no exército brasileiro amanhã! - disse Quitéria.

—Você enlouqueceu menina? No exército não aceita mulher, sem esquecer que nosso pai jamais aceitará essa sua decisão. - retrucou Tereza

Tetê, como Quitéria chamava sua irmã mais nova, fora cuidada por ela desde que sua mãe havia falecido lhe deixando com 10 anos de idade, dois irmãos e uma irmã para cuidar.  A vida não fora fácil para Quitéria depois que sua mãezinha foi morar no céu, pois sua madrasta não aceitava esse seu espírito independente, com sede de emancipação e quebra de tabus. E nessa lengalenga ela cresceu, ouvindo que mulher nasceu para bordar, tecer, fiar, cozinhar e cuidar da casa e do marido. O tempo passou, Tereza casou-se com José Medeiros e Quitéria permaneceu solteira, não teve oportunidade de estudar, mas de caça, pesca, montaria, armas e anseio de autonomia... ah! ela entendia até demais!

Naquele dia, Quitéria tinha ido até a casa da irmã para lhe falar de um plano de fuga, pois soube que seu pai ia fazer uma viagem de negócios.

— Minha irmã! Eu tive uma ideia genial! posso contar com sua ajuda? – falava Quitéria entusiasmada. – Vou cortar meu cabelo igualzinho ao de um homem, vou fugir de casa e me alistar no regimento da artilharia, mas preciso que você me empreste uma roupa do Medeiros. Tereza ficou estatelada com aquela atitude da irmã, mas não podia negar seus favores àquela que sempre cuidara dela como se fosse sua mãe:

— Oxe Mainha! inté eu fiquei com vontade de ir! Não fosse o Zé e as crianças eu ia também! – disse Tereza

— Pois ande logo que eu tô avexada! Me empresta o uniforme do Zé que hoje eu vou usar seu codinome e vou ser Soldado José de Medeiros e ninguém me segura!

Esse era o maior desejo de Quitéria, pois seus ideais estavam bem longe do patriarcado machista imposto pela sociedade.   Com a necessidade de legitimar suas inquietações, agora se dirigia até a barbearia do velho Quincas para a transformação...

Então, decidida a tomar o passo mais importante da sua vida, adentrou a barbearia, dando um tapinha no ombro do Quincas, pediu que deixasse suas madeixas com um corte masculino daqueles bem militar. O velho barbeiro esbugalhou os olhos - sem entender nada - disse-lhe apenas que iria cumprir o seu papel, mas sabia que aquele feito não seria do agrado do seu pai, pois ele conservava suas filhas no âmbito doméstico, limitando o seu espaço feminino e os costumes sociais.

— Pois assunte bem Sr. Quincas! Eu não vou seguir à risca esse papel social imposto pela sociedade, e aproveitando que meu pai viajou, hoje eu vou me alistar no exército e não ouse dar com a língua nos dentes.

Cabisbaixo, sem saber a quem obedecia, mas com a ética absoluta de um bom profissional, Quincas prometeu sigilo à menina Quitéria, que agora, deixando aquele recinto em busca do jogo da vida que lhe tornaria mais feliz, sacodia os últimos fios de cabelos que teimavam em agarrar-se à sua nova pele. Um vento de reforma profunda soprava seu rosto e descia entre a abertura do uniforme, indo até o seio arfando, apertado pela faixa que tirava a protuberância feminina, dando vazão a sua autonomia e ao seu desejo incansável de luta.

As botinas eram pesadas; mas nos pés de Quitéria pareciam travesseiros de plumas. A calça folgada escondia as belas curvas e davam-lhe segurança no disfarce da sua nova identidade. A aba do quepe sobre os olhos não conseguia esconder o brilho que afugentava suas retinas, os passos acelerados iam de encontro ao batalhão “Regimentos de artilharia”, onde o sonho de lutar pela independência do brasil e a sua emancipação, ia se concretizar. Era manhã de sol forte, a rua estreita que dava acesso ao quartel agora parecia agigantar-se. Somente vira assim, a estrada densa da floresta, a mira na sua caça e o sonho de conquistar sua própria independência.

Quitéria pensava em tudo que deixaria para trás, o seu cavalo de boa montaria, as manhãs de pesca, os tiros ao alvo... e o perdão do seu pai. Não via agora com os olhos do corpo e sim com os olhos da alma lutadora e forte. Pouco conhecera da vida da cidade, mas o que ouvia sobre o laço colonial que existia entre Brasil e Portugal era suficiente para romper os obstáculos que encontrasse até chegar àquele quartel. A fila para alistamento estava grande, mas grande mesmo era a vontade de romper a fronteira predominantemente machista e poder ter sua contribuição na sociedade.

— Nome?  José da Silva Medeiros. - Goza de boa saúde? Sim senhor! – Promete honrar o seu compromisso com a pátria? Sim senhor! – Quitéria respondia a todas as perguntas sentindo que estava atendendo aos critérios militares. No início tudo estava sob o controle e seu sexo não foi reconhecido, mas passado algum tempo, seu velho pai, por desforra à sua fuga, revelou ao oficial comandante a sua verdadeira identidade. O saiote estilo escocês de Quitéria, customizado por suas delicadas mãos, deu o ar da graça em infinitas batalhas a favor da independência, afogando o machismo, que agora ficava embaixo do que vestia o seu ego, quebrando barreiras e mostrando a força da mulher.

Era manhã de verão no Rio de Janeiro, o sol trazia os primeiros raios, que entravam pela janela do quartel iluminando o diploma na parede dos aposentos do capitão do Batalhão do Imperador, que agora fumava seu charuto e descansava suas belas e torneadas pernas, após devorar um prato de farofa de ovo com bacon, tomate e cebola, preparado por suas mãos, graças aos seus dotes femininos...

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Rilnete Melo é brasileira, maranhense, graduada em letras/espanhol, escritora, cordelista membro das academias ACILBRAS, ABMLP e AIML, participou de várias antologias nacionais e internacionais, autora do livro “Construindo Versos" e autora de cinco cordéis. 

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

CONTE-ME UM CONTO|06, POR GABRIELA LAGES VELOSO

 CONTE-ME UM CONTO|07

O   R E L I C Á R I O

POR GABRIELA LAGES VELOSO

Após uma longa noite de sonhos intranquilos, Moira desperta sobressaltada, levanta-se e põe-se em frente à uma antiga penteadeira – uma relíquia pertencente à sua família, por gerações. Por um instante, ela contempla o espelho e vê uma mulher de oitenta anos, com seus cabelos grisalhos em completo desalinho, rugas ao redor dos olhos e boca, bem como, olhos azuis, que outrora cintilavam, mas agora se encontram opacos.

– “Em qual espelho ficou perdida a minha face?”  – suspirou, angustiada.

Moira é uma juíza renomada, aposentada há alguns anos, que mora em uma suntuosa mansão. Mas, apesar de toda a sua riqueza, não tem herdeiros. Logo após a aposentadoria, ela entrou em crise, pois encontrou-se frente a frente com a pergunta que a inquietou por toda a sua vida: quando será o meu tempo?

Ao sair de seu quarto, Moira caminha até uma grande janela, no final do corredor, e põe-se a observar a chuva. À medida que cada pequeno cristal d'água cai sobre a grama, traz à tona, com toda a vivacidade, as antigas memórias da aurora de sua vida.

A pequena Moira adorava dias de chuva, pois, nesses dias, sua mãe tinha o hábito de contar histórias, sentada em uma cadeira de balanço, para ela e suas duas irmãs, que faleceram em um trágico acidente, quando Moira tinha apenas cinco anos de idade. Por isso, a menina cresceu sufocada pela superproteção materna e as altas expectativas do pai.

Agora, em frente à grande janela, Moira estava tão absorta em seus pensamentos, que não percebeu o avançar das horas. Permaneceu nesse transe até as sete horas, quando a governanta veio chamá-la para tomar seu desjejum. Alguns instantes depois, Moira estava perante à mesa posta com fartura, mas ela estava sem apetite, e quis tomar apenas uma xícara de chá.

– De fato, do fundo do poço só se pode tirar memórias ou mesmices ... – refletiu, Moira.

Que contraste Moira enxergou entre a fartura deste café da manhã, para uma única pessoa, e todas as refeições de sua família – ou até mesmo a ausência delas – em seus dias de infância. Essa percepção a transportou para o dia em que sua mãe recebeu um misterioso presente de uma falecida senhora: uma penteadeira de mogno, com miligramas de ouro incrustado em desenhos floreados, e um espelho embutido no majestoso móvel.

Moira aprendeu a ler e escrever bem cedo. Seus dias eram milimetricamente administrados pelo pai, que tinha um único objetivo na vida: fazer com que a filha jamais enfrentasse as mesmas privações pelas quais ele passou. Por isso, a menina tinha de estudar, dia e noite, para que, no futuro, tivesse uma profissão de prestígio e retorno financeiro a curto prazo.

Após o seu desjejum, Moira caminha por vários corredores e decide ir até o seu oásis particular: uma biblioteca de grandes dimensões, com prateleiras até o teto, todas preenchidas com edições de luxo de centenas de livros, desde os clássicos até os contemporâneos da literatura universal, em vários idiomas. Um leve lampejo, acende uma fagulha em seus olhos azuis. Ela está no único lugar em que realmente se sente realizada.

Moira pensou como teria sido sua infância em uma biblioteca como aquela, como teria se divertido, inventando suas próprias histórias, ou até mesmo imaginando ser a protagonista de seus romances favoritos.

Quando menina, seus passatempos favoritos, nas folgas de sua pesada rotina de estudos, imposta pelo pai, eram ler contos de fadas e romances que a transportavam para outros momentos e mundos e brincar em frente à majestosa penteadeira de sua mãe. Ao contemplar o espelho, ela não via a pequena garota de belos cachos castanhos e olhos azuis cintilantes, e sim, a protagonista da história que estava lendo, ou escrevendo.

O maior sonho de Moira era se tornar uma grande escritora, no futuro. Por isso, ela tinha um diário, no qual criava um mundo todo seu, cuja única lei era a liberdade. Bem, esse era o seu sonho, porém ele não estava nos planos de seu pai, que queria, a todo custo, que ela fosse rica. Por essa razão, ela escondia seu diário na última gaveta do imponente móvel de mogno, assim também como sua força para escolher o próprio destino.

Ainda na biblioteca, uma pequena lágrima cai dos tristes olhos azuis de Moira, ao lembrar de seu antigo diário infantil e perceber o quanto a sua existência foi vazia... vazia de significado, e, principalmente, de felicidade.

– Cada instante do nosso passado, nos faz ser quem nós somos – disse consigo mesma.

Nesse instante, a governanta entra na biblioteca e encontra Moira em prantos.

– A senhora está se sentindo bem? – perguntou a governanta.

– Não se preocupe comigo, só estou um pouco emotiva. – disse Moira, enxugando as lágrimas.

– Desculpe interrompê-la. Mas o Contador está lhe aguardando na sala de visitas, devo pedir-lhe que retorne em outro momento? – disse a governanta, com um olhar compreensivo.

– Não. Diga que irei descer em alguns minutos – disse Moira, resignada.

– Certo, senhora. Você realmente está se sentindo bem? – insistiu a governanta.

– Obrigada pela preocupação, mas o meu problema não pode ser resolvido agora – disse Moira, enigmática – não deixe o Contador esperando, diga que irei em instantes.

A compaixão de sua funcionária a fez viajar mais uma vez em suas memórias. Moira se viu perante o seu único e melhor amigo, que era também seu vizinho. Os dois costumavam brincar juntos no quintal de suas casas. Ele costumava ouvir, pacientemente, as queixas de Moira sobre a superproteção dos pais e como se sentia sufocada, por isso. O garoto sempre a alegrava e distraía com suas histórias, pois ele também era dono de uma imaginação fértil, porém, estava fadado a um destino no qual sua criatividade de nada valia. Ele era extremamente pobre, vivia em uma miséria maior do que a família de Moira jamais experimentaria. Por isso, quando completou apenas dez anos de idade teve de começar a trabalhar em uma fábrica de tijolos, para que a família não definhasse de fome.

Temendo que a filha se apaixonasse pelo garoto, quando eles chegassem à juventude, e assim tivesse um destino diferente do que ele planejara, o pai de Moira proibiu a amizade das duas crianças, o que as condenou a um caminho, no qual não havia tempo, nem espaço, para amizades ou sentimentos, somente para a monotonia diária e a solidão.

O temor do pai de Moira tinha uma explicação. No passado, ele é que fora o melhor amigo pobre de sua esposa. A avó, que Moira jamais conhecera, era uma mulher muito rica, que tinha apenas duas filhas, dentre as quais a primogênita um dia viria a ser a mãe de Moira. Contudo, a rica senhora não aprovava o relacionamento entre sua distinta filha e um rapaz tão humilde, pois acreditava não passar de um mero interesse financeiro. Por isso, deserdou sua primogênita no dia em que recebeu a notícia do casamento e se ausentou, assim, para sempre da vida de sua filha. Somente em seu leito de morte, arrependeu-se pela dura decisão e suplicou a sua segunda filha, a única herdeira de toda a sua fortuna, que entregasse a penteadeira à sua irmã, pois era uma relíquia, que atravessava gerações de primogênitos de sua descendência.

Agora, em seu escritório, Moira discute acaloradamente com o seu Contador, pois descobre um desfalque em suas finanças. E toda essa agitação lhe causa uma enorme dor no peito e ela cai desmaiada. Quando Moira recobra seus sentidos, ela se encontra deitada em sua cama e percebe o olhar cansado de sua governanta, que ficara em vigília, a noite inteira, cuidando de sua estimada senhora.

Um turbilhão de pensamentos invade a mente de Moira. Ela enxerga sua vida como um delicado castelo de areia que está sendo soprado pelo impetuoso vento da morte. Restam, agora, poucos grãos...

Ela percebe que sua existência fora preenchida unicamente pelas ausências de seu passado. Em seu peito aquela mesma dor se acentua, ela enxerga uma luz muito forte e imagina como teria sido a sua vida se ela tivesse, de fato, tomado as rédeas de seu próprio destino. Pois, em seu último suspiro, ela compreendeu que o futuro é um quebra-cabeças, com inúmeras lacunas, que podem ser preenchidas por várias peças disponíveis.

Inquieta, com a respiração ofegante, Moira desperta no dia de seu décimo oitavo aniversário. Tudo não passou de um sonho...

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Gabriela Lages Veloso (@_gabriela_lv) 

É escritora, poeta e mestranda em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É colunista da Revista Sucuru, editora do núcleo poético de divulgação feminina Sociedade Carolina e membro do projeto Entre Vasos y Versos, que conta com a participação de escritores de diversas nacionalidades. Além disso, colaborou com coletâneas e revistas nacionais e internacionais.

 

Referência:

VELOSO, Gabriela Lages. Conto O Relicário. In: Revista Intransitiva – Memórias que nos atravessam, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, Dez./2020.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

ENTRELAÇOS - ENTRE PERNAS E ABRAÇOS, POR ALE HEIDENREICH




 ENTRELAÇOS - ENTRE PERNAS E ABRAÇOS |01


Por Ale Heidenreich

🌶 ATRÁS DA PORTA 🌶



♡ Há amores que esvaziam.
Se não preenchem,
vazios são. 
A.H.♡

Fez sexo sem amor, mas com vontade. Só queria mesmo era que lhe fizesse ter um orgasmo. Dos grandes! Falava-lhe ao ouvido palavras ordinárias que excitavam mais a ela que a ele. Mas esse era o seu objetivo.

Ela estava quase alcançando o ápice da loucura, quando ele interrompeu o ato e a mudou de posição. 

“─ Ódio! Quem ousa me roubar o orgasmo? – Filho da puta!” Pensou.

E, enquanto ele a torturava com aquela posição desconfortável e dolorosa, veio uma frase em sua cabeça que a fez lembrar que não é obrigada a nada: “Homem que fode mal, tem que saber que faz sexo ruim!” E foi aí que o interrompeu também e disse: ─ Não meu querido, eu quero é aquela outra posição que eu estava! E é assim que eu vou gozar!”

Encostou-se e o puxou pra cima de si. “­─ É assim que eu quero! Você entre as minhas pernas!”

E o apertou tanto, o beliscou tanto! E lhe falou tantas putarias aos ouvidos! E lhe mordeu tanto as pequenas orelhas. E quando o bendito, merecido e sagrado orgasmo veio, quase morreu sufocada com os próprios gritos contidos!

A porta da varanda do quarto de hotel, no primeiro piso, que dava para um grande terraço, estava aberta, e abria-se para um lindo parque verde. Seus costumeiros gritos poderiam ter chamado a atenção dos passantes e distraídos comensais, que degustavam suas comidas e bebidas no terraço logo abaixo, na calçada do hotel.

Deixou um “sorriso Mona Lisa” estampar-se nos cantos de sua boca, imaginando as sirenes da polícia, carros do bombeiro e da ambulância, depois de ter seu orgasmo denunciado como crime de conduta moral ou atentado ao pudor. Riu de si mesma...

Mas, isso era só um reflexo do pós-orgasmo, onde se pensava em bobagens ou em mais nada, quando se tinha um braço aconchegante para o repouso póstumo.

Olhava as cortinas brancas esvoaçantes, sob o sol de finalzinho de tarde. Era bucólico. Parecia cena de filme de época: cortinas finas ao vento. A brisa balançando uma guirlanda rodopiante de cristal. O sol morno. Os pássaros cantarolando. O bosque no parque. O céu azul.

Mas ali não existia carícias nem repouso em abraço. Só um olhar pidão e carente, desejoso do brinquedo prometido. Fez-se de difícil, mas ao fim cedeu e não tirou o doce da boca daquela criança.

Ele lambuzou-se todo naquele prazer de menino-homem-carente, e ela, ao final, contentou-se em ouvir a frase que declarava o seu triunfo:

“─ És muito gostosa!”

Conversaram sobre coisas sem importância. Ducharam-se, como que para limpar a impureza impregnada daquele pecado. “─ Deus tá vendo!” Ouvia dela mesma. “─ Deus perdoa!” Dizia para ela mesma.

Trancaram o quarto atrás de si, e colocaram a chave sobre o balcão vazio daquele hotel discreto e aconchegante. Saiu desfilando “a la madame”, com seu chapéu e vestido pretos, do mesmo modo como entrou.

Entrou no carro do rapaz e, momentos depois despediram-se. Cada um tomou a sua estrada.

O resto, ficou atrás da porta.

Não era puta e nem vadia. Era mulher.


Ale Heidenreich
Foto do arquivo pessoal

Ale Heidenreich é brasileira radicada na Alemanha desde 2004, mas segue incondicionalmente apaixonada pelas suas origens, Recife/PE. Seus poemas encontram-se registrados em diversas antologias e coletâneas espalhadas pelo Brasil e Europa.  É nas palavras que se encontra, e através delas conecta-se ao seu interior, externando, em forma de poesia, os sentimentos contidos.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

CONTE-ME UM CONTO, POR MARGARIDA MONTEJANO

 


                 CONTE-ME UM CONTO|06

A   M Ã O   E   O   E S P E L H O

Por Margarida Montejano

Era uma sexta-feira comum numa cidadezinha pacata do interior de São Paulo.  Éramos jovens funcionários de um banco, na casa dos 20 anos. Eu, Márcia e meu amigo Jorge sentados em guichês coligados, esperando os clientes do banco chegarem.

Sim. Trabalhávamos como caixas bancários, naquele tempo em que não havia caixas eletrônicos e o atendimento era mecânico e humano simultaneamente, tínhamos que executar as operações monetárias e, ao mesmo tempo, agradar o cliente, pois era essa a política para se manter no emprego.  Pois bem. Havia alguns dias no mês em que o trabalho era raro. Tínhamos que nos cuidar para não cochilar.

Num desses dias, apesar de me mostrar sempre animada e criativa para passar o tempo, estava meio entediada, pois as horas não passavam. Foi então que meu colega Jorge provoca, dizendo: 

─ Não é você que sempre arranja um jeito de nos animar? Qual talento usará hoje para que o tempo passe depressa?

Pensei um pouco e, como adoro ser desafiada, fui logo dizendo:

─ Me dê tua mão!

─ Por quê? Vai me pedir em casamento?

Olhei paro os olhos dele e falei sério:

─ Jorge. Dentre os talentos que tenho, há um que você não conhece. Eu leio mãos. Pratico quiromancia.

Ele olhou-me incrédulo, duvidando. Foi então que o desafiei:

Vamos! Me dê sua mão esquerda!

Ele, em meio àquela calmaria, olhou e viu que não vinha ninguém em direção aos caixas. Esticou o braço e estendeu a mão.

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Foi aí que tudo começou. Como alguém que entendia do assunto, fui logo lançando meu olhar na direção das linhas daquela mão jovem e magrela, que se encontrava, naquele momento, úmida de suor. Estava meu companheiro nervoso e eu me divertindo um bocado.

Anda, Márcia! Por que essa demora? Dizia meu colega aflito com receio que chegasse algum cliente.

Séria, como se visse algo nas linhas de sua mão, relatei a ele o texto que em minha mente se formava:

─ Jorge. Você irá se transferir de agência… será promovido em breve e, após formar-se na faculdade, se casará com uma jovem que não é a sua atual namorada. Pronto.

Importante dizer que as palavras descritas a ele eram uma projeção possível, pois eu o conhecia há um bom tempo: ele era um bom funcionário, dedicado e com potencial para liderança, logo uma promoção teria muita chance de acontecer. A transferência, uma possibilidade real para todos nós que lá trabalhávamos, também era fato. Muito bem. Com relação ao futuro afetivo de Jorge, eu também já tinha os dados. Ele estava terminando o curso superior e o namoro dele, pelo que ele mesmo contava, ia de mal a pior.

Conclusão. Brinquei com Jorge e fiz a previsão de seu futuro considerando as possibilidades.

Ele ficou pensativo, mas logo os clientes vieram e tratamos de esquecer essa brincadeira de desocupados. Seguimos por cerca de uns três meses trabalhando, levando a sério as atividades a nós confiadas e nos ocupando de passar o tempo com criatividade, o tempo que nos rodeava.

Jorge, um belo dia me chama e diz:  

Márcia! Não é que você adivinhou mesmo! Recebi uma promoção e terei de me mudar de cidade.

Que bacana, amigo! Eu disse surpresa! 

Fico feliz por você!

E assim Jorge foi para outra cidade, outra agência e eu fiquei sem meu companheiro de trabalho e de assuntos aleatórios.

Não é que, em uma manhã, eu ainda não havia assumido os trabalhos no caixa, pois faltavam 50 minutos para a agência bancária abrir, uma funcionária me chama e avisa que havia uma mulher à minha procura, dizendo-se ser a mãe de Jorge. A dona Odete.

Fui, é claro, atendê-la, como fazia com todos que me procuravam na agência. Ofereci a ela um café e já embalei na pergunta:

Bom dia, dona Odete! Em que posso ajudá-la?
Ela pediu para falar comigo em particular. Levei-a até a cozinha que estava vazia naquele momento.

─ Márcia! Leia minha mão? Disse-me ela de forma direta.

 O quê? Engasguei com o café. Não estou entendendo!

 Márcia, você leu a mão de meu filho e você acertou. Está acontecendo tudo o que você viu nas mãos dele. Ele se mudou de agência e cidade, foi promovido a gerente e você acredita que ele rompeu com a Cris e está super apaixonado por Paula?

Naquele momento lembrei-me de minha travessura lendo, de forma inconsequente, as mãos de Jorge. Tremi nas bases. Respirei e expliquei a ela que eram coincidências, pois eu havia brincado com Jorge. Que não lia mãos.

Ela foi logo pegando em minhas mãos e oferecendo as suas, implorando para que eu as lesse.

Dona Odete. Ouça-me. Eu brinquei com Jorge. Não leio mãos, repeti:

Ela com os olhos cheios de lágrimas me implorou. 

Moça. Por favor! Diga-me alguma coisa, pelo menos! Eu estou a um passo de explodir, de fazer uma loucura! 

Estava desesperada, com os olhos tomados de lágrimas. Era visível a necessidade daquela mulher de ser ouvida. De receber atenção. De um ombro, um colo, uma palavra!  Sentamo-nos no banco daquela cozinha gelada como todo ambiente bancário, peguei as duas mãos da senhora aflita à minha frente, e disse:

Fala-me: o que está acontecendo? Rendi-me ao pedido.

E ela falou da traição e separação do marido que tanto amava, das dificuldades que tinha com os filhos mais novos e do medo de não conseguir lutar e seguir sozinha, pois estava a ponto de desistir de tudo. 

Ela desabou ali e contou-me de suas dores. A mim, uma mulher desconhecida.

Ouvi com atenção cada palavra. Ela chorou e eu chorei junto com ela. Quando ela parecia mais calma e recomposta, eu disse:

Odete. Vou lhe chamar assim. Não preciso ler tua mão. Você vai vencer essa tormenta, porque você é mulher e, por isso, é forte. Vai enfrentar a adolescência dos filhos com coragem, porque você é mãe e os ama e vai ainda ser muito feliz. É esse o seu desejo e também porque o mundo não acaba quando um casamento não dá certo. Creia nisso! Acredita. Tudo se encaminhará! 

Ela secou os olhos vermelhos com as mãos. Agradeceu-me por ouvi-la e saiu. 

Naquele dia, a agência lotou de clientes e eu mal tive tempo de pensar no que havia se passado na cozinha. De organizar as ideias. De respirar, de entender o ocorrido naquela manhã.

Passou o tempo, desliguei-me do banco, formei-me professora, casei-me e fui morar no Rio de Janeiro. 

Um belo dia, em visita à cidade natal, estava eu na farmácia São José, sendo atendida por um balconista, quando, dentre outros clientes que também esperavam no balcão, uma mulher reconhece minha voz e, sem demora, me aborda!

Moça. Dá licença. Você não é a Márcia que trabalhava no banco com o Jorge, meu filho? 

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Eu gaguejo, olho nos olhos dela e a reconheço. Estava mais envelhecida, mas ainda muito bonita. A senhora é a…

Odete. Sim, mãe do Jorge! 

Enquanto o balconista providencia minha compra, converso com ela:

Olá Odete! Prazer em vê-la! Eu disse meio espantada.

Como a senhora está? E seu filho? Eu gostava muito de trabalhar com ele!

Ela esperou eu terminar de ser atendida, puxou-me pelo braço num canto da farmácia e foi logo dizendo:

Nossa, menina! Como eu a procurei! Muito obrigada! Preciso dizer que tudo o que você falou para mim, naquela cozinha, aconteceu! 

Emocionada pegou minhas mãos e apertou-as como se quisesse transpor a mim sua energia. Sua gratidão.

Aos poucos fui me desvencilhando das mãos da bela senhora e fiquei por uns segundos olhando-a. Um tempo de um raio ou de uma eternidade durou a cena. Só sei que foi o suficiente para lembrar-me de tudo o que aconteceu e pude dizer a ela, com detalhes, o que senti naquela manhã no banco.

Dona Odete. Naquele dia eu não fiz a leitura de sua mão. Eu não podia atender seu pedido, porque seria imprudente fazer aquilo. Mas, eu fiz a leitura das minhas mãos, das nossas mãos. 

Quando a ouvi, entendi o quanto precisamos, nós mulheres, umas das outras e, não importa o quanto somos próximas ou distantes, nos fortalecemos quando estamos juntas. Quando nos ouvimos, quando nos damos as mãos!

Ela me olhava atenta e eu respirei fundo e continuei:

 Quanto às palavras ditas naquele dia, é preciso que eu lhe diga: mirei os seus olhos marejados e, naquele momento, eles pareciam um espelho. Um espelho refletindo… e, o que eu neles lia e repetia em voz alta, eram os seus desejos.

Sou também grata por aquele momento, Odete! Aprendi muito. Boa sorte a você querida!

Sequei meus olhos com uma sensação estranha, mas feliz. Me despedi dela e saí da farmácia com o espelho na mão, o qual eu acabara de comprar.

(Margarida Montejano, in Fio de Prata, 2022)


quarta-feira, 24 de agosto de 2022

NA TRILHA DO FEMININO: FATO E FAKE NOS DITADOS POPULARES, POR RILNETE MELO

 


N A   T R I L H A   D O   F E M I N I N O|01

FATO E FAKE NOS DITADOS POPULARES 

       

          Eu cresci ouvindo uns ditados populares que, embora ainda não usando o termo “Fake News”, nunca os tive como “Fato” no meu universo feminino. Na cama dessa vã cultura popular, da sabedoria do senso comum, da frase de efeito que tem por finalidade advertir ou aconselhar alguém, eu não deito a minha cabeça. Eis alguns desses famosos discursos proverbiais usados como ferramentas para propagação da misoginia e do preconceito contra a figura feminina, que eu desabono:

           — “Amor de pica bate e fica".

        Sou poeta, gosto de rima, mas essa não bate nas minhas inspirações e inquietações femininas... Acredito que bate no machismo do homem, na sua pretensiosa e fálica relação amorosa ou na cabeça de alguma pessoa insaciável inveterada, pois convenhamos que sexo é gostoso,  dá prazer, é uma necessidade fisiológica,  mas não fica e não sustenta a alma e a ternura feminina. (É Fake!) Para trazer o fato recorro a Nelson Rodrigues quando ele diz:

      “A maior tragédia do homem ocorreu quando ele separou o amor do sexo. A partir de então, o ser humano passou a fazer muito sexo e nenhum amor. Não passamos do desejo, eis a verdade. Todo desejo, como tal, se frustra com a posse. A única coisa que fica além da vida e da morte é o amor”.

         — “Mulher de malandro quanto mais apanha mais se apaixona"

       Um discurso extremamente agressivo e depreciativo! Para mim, trata-se de um provérbio com a pretensão de normalizar a violência doméstica.  Evidencia-se nesse dito popular a absolvição do agressor e a condição subalterna da mulher, que por muitas vezes se condiciona a agressão por condições econômicas ou mesmo ameaças,  e nunca, jamais, por gostar de apanhar, pois geralmente o relacionamento inicia com amor e carinho e por estreitamento da dependência vem a violência, que às vezes culmina na morte. Que esse fake fique bem longe de nós, pois precisamos nos unir para combater a violência de gênero (isso é fato!)

         — “Mulher tem que esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque"

       Aqui a mulher é vista como objeto do lar e do machismo exacerbado, que vem desde os tempos remotos.  Discurso ideológico que nos condiciona à submissão e jamais  favorece  a igualdade de gênero. Isso é Fake! Atualmente observa-se uma presença significativa de mulheres esquentando a barriga atrás das escrivaninhas e outros objetos profissionais,  esquentando a mente em muitas áreas de conhecimento e esfriando  a cuca com prazeres proporcionados por sua capacidade e talento. O fato é que precisamos lutar muito ainda por nossos direitos,   pois os homens ainda são maioria quando se trata de reconhecimento...

        Vamos esquentar nossas barrigas onde a gente quiser!

         — Em briga de marido e mulher, não se mete a colher"

        Frase que eu, minha avó e minha mãe crescemos ouvindo e vendo muitas mortes acontecerem, por omissão condicionada a esse discurso/mantra sem fundamento.  

         Frase de efeito Fake!

        Não podemos desconsiderar  a relevância das campanhas, os debates e a divulgação desse assunto na mídia, pois tem favorecido a  ação da vítima pelo pedido de socorro. Não podemos ser omissos a esse tipo de comportamento tóxico, a esses  relacionamentos abusivos dentro de quatro paredes, onde o silêncio sufocante da mulher é amordaçado pelo medo.  Vamos quebrar esse muro, entrar nessa briga, salvar uma vida  e meter a nossa colher sim! Isso é Fato!


@rilnetemelo - Uma Voz Nordestina


Rilnete Melo
Foto do arquivo pessoal

Rilnete Melo é brasileira, maranhense, graduada em letras/espanhol, escritora, cordelista membro das academias ACILBRAS, ABMLP e AIML, participou de várias antologias nacionais e internacionais, autora do livro “Construindo Versos" e autora de cinco cordéis. 

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO, POR CAROLLINA COSTA

 


LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO|12


CURSO: O ESCREVER DO ESCRITOR

Por Carollina Costa

Notar que cada escritor tem sua singularidade é essencial para nós, escritores, enxergarmos que também temos as nossas, mesmo que ainda nos sejam desconhecidas. Foi movida por essa busca que decidi criar um curso que pudesse facilitar esse processo de autodescoberta na escrita.

Com base em algumas lives solo que fiz ano passado no meu Instagram — e atualizando toda informação necessária que aprendi de lá para cá — montei o curso O Escrever do Escritor com o objetivo de, de forma realista, ajudar escritores a enfrentarem o medo da página em branco e conhecerem melhor seu processo pessoal de escrita.

Serão 9 aulas em que irei tratar de assuntos como:

  • a figura do Escritor
  • a relação existente entre os processos de leitura e escrita
  • a relação entre os conhecimentos de linguagem e literários
  • explorar a página em branco
  • o que é a rotina para escritores

Nessa jornada de autoconhecimento criativo também irei propor sugestões de exercícios de leitura e de escrita para aprimorar a escrita e desenvolver mais clareza sobre o processo criativo envolvido.

Se você já é escritor(a), irá explorar mais na sua escrita.
Se ainda não é, esse pode ser seu ponto de partida.

Valor de investimento: R$60,00

Já estou te esperando para nossa primeira aula!



Feminário Conexões, o blog que conecta você!

EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS

  Clique na imagem e acesse o Edital II Tomo-2024 CHAMADA PARA O EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS: CORPO & MEMÓRIA O Coletivo Enluar...