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"E, por que nos matam? Porque somos mulheres."
Cara leitora, caro leitor!Estamos às vésperas do Natal e nunca a presença do amor e da empatia se fez tão necessária! Convido aquelas e aqueles que se engajam no movimento feminista para esta reflexão, me embasando no poder da poesia, que grita e se expõe sem medo, à espera de que as palavras aqui reunidas encontrem eco e façam sentido a partir do poema ANUNCIAÇÃO (Margarida Montejano/2023):
Anuncia a
mulher que labuta, que urra, que luta,
briga pelo pão,
insiste contra o não e é o que pretende ser.
Anuncia! explica
a mulher que abre a porta para o dia,
que enfrenta
a rotina de se saber aflita.
Enquanto o
infinito não vem, anuncia,
arregaça as
mangas da avó, da mãe, da filha e grita:
Quem mandou matar Marielle?
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E, por que nos matam? Porque somos mulheres. Porque ousamos pensar e desafiar a ordem estabelecida que enfatizou e enfatiza que sempre foi assim e que assim deve ser. Recusamos a ideia de que existem papeis específicos para cada gênero e que estes devem ser propalados e perpetuados, pelos séculos dos séculos.
Essas pseudocertezas, repetidas ao longo do tempo de maneira intencional pelas instituições, família, igreja e sociedades, produziram e produzem, o empoderamento dos homens, engendrando uma estrutura social baseada no modelo patriarcal hierarquizante. Nesta forma de atuar historicamente sobre as gerações, foram e vão se solidificando as convenções, tendo como base formativa a misoginia, sustentada pela prática de ações sexistas e machistas de homens frágeis e fracos emocionalmente. Forjados para serem fortes, são eles educados para não desenvolverem em si o afeto, a empatia, o cuidado. Homens que, seduzidos por um suposto poder e força, não conseguem lidar com contrariedades e, por isso, violam a consciência, ferem, estupram, desqualificam, desfiguram o corpo e o rosto e, por fim, assassinam as mulheres com requintes de perversão e crueldade.
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Sem escrúpulos, muitos compartilham nas redes sociais sua valentia desprovida de qualquer traço de empatia e de humanidade, expondo a crueldade do ato em si, gratuito na aplicação e rentoso na execução, pois algoritmos sobem e monetizam. Assim quanto mais brutal e degradante for a ação criminosa sobre o corpo da mulher, mais rentável será e maior repercussão terá entre os grupos de homens que propagam o ódio às mulheres.
É uma realidade amedrontadora, que se articula com base no interesse econômico, visando a manutenção do patriarcado e é amplamente disseminada pela força midiática. Em 2023, num evento em Campinas, a atriz e cantora, Elisa Lucinda, comentou sobre esses acontecimentos: “Colocamos filhos no mundo para nos matar”. Esta afirmação contundente encontra eco na literatura e na voz feminina gritando que, quando uma mulher é assassinada, todos, de algum modo, morrem!
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Por isso essa estrutura misógina, diz Virginia Woolf, teme o Feminismo, porque sabe que este movimento social, político e ideológico reivindica a igualdade social, econômica e política entre homens e mulheres, a autonomia feminina e o fim da violência contra a mulher. Essa luta carrega em seu ventre o sangue e a força ancestral de mulheres que resistiram às atrocidades por eles já cometidas e que, por conta disso, tem o poder de vislumbrar relações que reconheçam incondicionalmente os direitos da mulher.
Nesse cenário desafiador não tem como não apostar na educação, pois o conhecimento esclarecedor se transforma no instrumento eficaz para combater o ódio. Erika C. Furlan acrescenta que “O importante é sempre prevenir, o que é muito difícil numa sociedade em que o machismo é estrutural e a disseminação de grupos conservadores misóginos alimentam o imaginário e o ideário de homem macho varão provedor e mulher submissa. Deste modo, a formação de crianças desde cedo é o caminho mais seguro para se desconstruir, através do desenvolvimento da consciência histórica e, sobretudo crítica, o quanto essas práticas seculares nos violentaram e subjugaram.
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É
preciso entender bem esses conceitos. O machismo se revela por comportamentos,
opiniões e sentimentos que consentem e validam a desigualdade de direitos entre
os sexos. Por isso admite que a mulher, por ser considerada inferior ao homem,
possa ser subjugada motivando a violência contra ela e a sua repetição, via de
regra, pode conduzir ao feminicídio. Por sua vez, o sexismo é a crença de que
homens e mulheres devem ocupar papéis específicos, os quais são determinados
com base no sexo, envolvendo brinquedos, atividades, cores e tipos de roupa
etc. Ao se desobedecer ou contrariar esses padrões, se reforça e se estimula o
ódio às mulheres, justificando condutas amparadas na convicção de que elas
necessitam ser controladas e punidas.
Frente à tragicidade que esses episódios representam, torna-se indispensável que a
misoginia seja considerada crime hediondo inafiançável e que o controle
rigoroso das redes sociais possa se constituir num instrumento capaz de
neutralizar e combater os estímulos à violência de gênero. Porém, mais
importante é a implementação nas escolas de projetos educacionais que vise,
desde a infância, uma sólida formação embasada na proteção dos direitos da mulher, conforme o Art.5º da Constituição Federal de 1988.
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Não
se pode baixar a guarda jamais, pois a estrutura patriarcal é ardilosa, não
dorme nunca e está sempre à espreita para nos devorar e submeter com as
ferramentas de que dispõe. O demônio que
estupra e mata mulheres e crianças é um homem que teme a convivência em
condições de igualdade, a empatia nos relacionamentos e a força feminina.
Nossas Ancestrais estão em vigília constante nos inspirando a renovar nosso
poder intuitivo e a força vital de nossas entranhas! Não desanimemos! Não estamos sozinhas!
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Que triste situação chegou nosso Brasil. Citando também Elisa Lucinda, "as mães precisam ensinar seus meninos, desde muito pequenos a respeitarem as meninas, e assim formarem homens respeitosos no futuro que se aproxima".
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