domingo, 20 de março de 2022

POESIA NA REDE: A GUERRA E AS MULHERES, POR FLAVIA FERRARI




POESIA NA REDE|05


A GUERRA E AS MULHERES

                                                                                                 Por Flavia Ferrari


Neste mês, no dia 8 de março, as redes ficaram divididas entre celebrar o “dia das mulheres” e questionar a tal data, dado que a condição da mulher no Brasil e mundo afora não encontra motivo para comemoração. 

As falas repugnantes de um tal deputado a respeito das mulheres em condição de guerra provocaram uma reação de repúdio por parte de todos aqueles que têm alguma sensibilidade. Provavelmente (e lamentavelmente) ele seguirá com o seu mandato, pois o machismo estrutural tem a consistência maciça de chumbo em algumas estruturas, como na política por exemplo. 

Eu me deparei nas redes com o compartilhamento de um poema da polonesa Wislawa Szymborska que, para mim, é um poema que conta a história de mulheres, mães, crianças, famílias, de um país inteiro.

As guerras são muitas e estão sempre em andamento, mesmo que não tenhamos notícias de várias delas no jornal da tarde.

Este século talvez não testemunhe o fim das guerras e das desigualdades. O poema de Szymborska poderia ser reescrito todos os dias, em diferentes locais. O desamparo escancarado pelo poema é um estado de alma cuja dor é aguda e insuportavelmente durável.

Vietnã - Wislawa Szymborska

Mulher, como você se chama? - Não sei.
Quando você nasceu, de onde você vem? - Não sei.
Para que cavou uma toca na terra? - Não sei.
Desde quando está está aqui escondida? - Não sei.
Por que mordeu o meu dedo anular? Não sei.
Não sabe que não vamos te fazer nenhum mal? - Não sei.
De que lado você está? - Não sei.
É a guerra, você tem que escolher. - Não sei.
Tua aldeia ainda existe? - Não sei.
Esses são teus filhos? - São.

*_*    *_*   *_*    *_*


Referência: Szymborska, Wislawa. Poemas; seleção, tradução e prefácio de Regina Przybycien - São Paulo: Companhia das Letras, 2011.




sábado, 19 de março de 2022

LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO, POR CAROLLINA COSTA

 




LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO|06


CLAUDINE, CLAUDETTE, COLETTE: DA CRIAÇÃO À CRIADORA


Por Carollina Costa


Nesse mês de março celebramos o Dia Internacional das Mulheres no dia 8 e esse marco da nossa constante busca por voz e direitos não poderia ser esquecido por aqui. Para celebrar a data e tudo que ela simboliza, trago aqui uma breve resenha do filme Colette, baseado na vida da escritora francesa Sidonie-Gabrielle Colette.

Nascida no interior da França no século 19, Colette foi uma romancista casada com o editor Henry Willy que fez dela uma das escritoras fantasmas que ele possuía em sua editora. Colette sempre foi criativa e a frente do seu tempo, e foi baseada em suas memórias de adolescência que criou as histórias da série Claudine (1900), obras que por muito tempo Willy assinou como se fossem apenas dele, a ponto de vender os direitos para uma editora sem consultar Colette sobre o assunto. No fim, Colette consegue resgatar os direitos de suas obras e passa a escrever com seu próprio nome, continuando sua carreira de escritora, agora também atriz de teatro encenando, inclusive, livros seus que viraram peças teatrais.

Embora fosse mais liberal do que muitos maridos de sua época, Willy usou sua vaidade como forma de ter controle sobre a esposa. No filme, há cenas em que Willy tranca Colette em casa ou no quarto e só a deixa sair após ela escrever determinada quantidade de páginas de alguma história que ele aprove. Ele tinha seu time de homens escritores fantasmas, mas nenhum deles lhe deu tanta fama e sucesso quanto as histórias escritas por Colette, uma mulher e sua esposa.
Através de Willy, Colette foi apresentada ao meio dos artistas e literatos e, aos poucos, aprendeu a tirar proveito dessa influência para si mesma. Conheceu mais mulheres também artistas, envolvendo-se romanticamente com algumas e criando laços de amizade e cumplicidade com outras. Por fim, largou o marido enfurecido e foi seguir seu próprio caminho nos palcos e nas letras, sendo reconhecida e aclamada ainda em vida.

Ao menos hoje em dia podemos escrever usando nossos próprios nomes sem grandes problemas. Não precisamos mais que um homem de um pequeno círculo de intelectuais nos autorize a escrever ou publicar. Embora ainda tenhamos muito o que conquistar, é gratificante enxergar o progresso que já fizemos.

Em diálogo com o filme, fiz esse curto poema intitulado Claudette que fala sobre a liberdade da mulher na arte e sua conquista sobre si mesma.


Claudette

Tal qual menina perdida
Você me encontrou atraída
Por tua pose
Terno e fita
Do filme que encenava
Sempre que me via

Casei tendo liberdade
Para fazer tuas vontades
Fingindo que eram minhas

Para que subisses
Eu descia
Para que brilhasses
Eu desaparecia
Como singelo apetrecho
Acompanhava o desfecho
Das histórias que querias

De terno e gravata
A verdade veio me visitar
Dizendo que era hora
Ou Claudine
Ou Colette
Guiaria o resto de minha história

Claudine est mort

Refeita
Vagando
La Vagabonde de Paris est libre
Livre para os palcos
Pelas letras
Livre de ti







sábado, 5 de março de 2022

LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO, POR CAROLLINA COSTA




LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO|05


PACARRETE: ARTE E SENSIBILIDADE


Por Carollina Costa



Vez ou outra me pego pensando na velhice. Sei que é um assunto que muita gente evita em qualquer idade, mas quando vejo tanta gente fugir de alguma coisa, fico querendo saber o porquê.

Há algum tempo assisti ao filme brasileiro Pacarrete, baseado na vida da pianista e bailarina clássica cearense Maria Araújo Lima (1912-2004). O filme mostra a vida da artista já como professora de dança aposentada que tinha o sonho de voltar aos palcos, porém a idade impunha seus limites físicos e sociais, visto que além de seu corpo não se sustentar mais na ponta dos pés como outrora, os habitantes da pequena cidade onde morava limitavam ou excluíam a participação de Pacarrete dos eventos de dança.  Misturando comédia e drama de forma bela e sensível, o filme narra a incessante trajetória da protagonista em busca de manter viva sua arte, não importa as limitações em seu caminho.

Esse filme me fez pensar sobre o quão comum é deixarmos uma paixão sumir no tempo, normalizando quando as reviravoltas da vida nos afastam de nossos sonhos ou de uma realidade que amamos. Pacarrete insiste em não deixar seu amor pela dança morrer, nem que isso signifique dançar sozinha em casa ou na rua, sendo incompreendida por aqueles que não "ouvem a mesma música" que ela.

A dor, sensibilidade e esperança apresentadas no filme Pacarrete me inspiraram o poema autoral a seguir, que apesar de estar bem ligado à narrativa do filme, pode ser interpretado pela leitora da melhor forma que lhe couber.


Velhice

Bailarina na meninice
Aplausos sempre gostei de ter
Mas depois de um certo tempo
A saudade do não vivido
Prevaleceu como um machucado exaurido
Ao som de Tina Turner
Despertei para o corpo de minha irmã falecido
Me lembrando da morte que rondava meu abrigo
À sombra de tudo que eu não poderia viver
Eu morri
Eu morri e esqueci de me avisar
Fui pra rede me encasular
Até a Maria ir me tirar pra dançar
E eu dancei
Dancei
Depois de tanto relutar
Fazendo do meu palco a calçada
Dançando como um cisne numa noite enluarada
No palco central
Mesmo que sem plateia
Me realizo ao final




sábado, 19 de fevereiro de 2022

LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO, POR CAROLLINA COSTA






LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO|04

 

A VOZ DA MULHER NA POESIA


Por Carollina Costa



Na minha última postagem apresentei a resenha do livro Na Companhia de Bela, que reúne diversos contos de fadas de escritoras que foram apagadas ao longo da história. Essas semana resolvi trazer uma breve reflexão sobre a presença da mulher na poesia, que também passou por um silenciamento típico de qualquer produção feita por mulheres em outros tempos, além da dicotomia poeta/poetisa e um poema que foi fruto dessas minhas inquietações.

Quando estudei sobre trovadorismo na faculdade, me chamou atenção o fato de que era comum os homens escreverem com eu lírico feminino nas cantigas de amigo enquanto que, no mesmo período, as mulheres não podiam aparecer como escritoras. Estudei também obras literárias nas quais homens criavam personagens femininos e narravam os pensamentos dessas personagens de modo universal, esquecendo que toda percepção nasce de algum observador. Quando o observador muda, a percepção sobre o que se observa também pode mudar. Não é que um escritor homem não possa criar bons personagens femininos, mas por que não poderia a mulher também criá-los?

Saltando um pouco no tempo e trocando a prosa pela poesia, quando as mulheres começaram a aparecer mais no universo poético surgiu o termo poetisa, que tem uma razão um tanto interessante. Embora poeta também pudesse ser usado para mulheres, poetisa surgiu trazendo um efeito de separação do poeta, figura do escritor exaltado e reconhecido, da mulher que escrevia versos que rimavam. Isso é tão curioso que, por volta de 1945, quando Otto Maia Carpeaux elogia Cecília Meireles, ele a chama de "grande poeta", não poetisa. Além disso, as palavras na língua portuguesa que terminam em -iz ou -isa são normalmente derivadas do seu masculino, sem o qual elas não existiriam.

Atualmente, tanto poeta quanto poetisa são aceitas e utilizadas para denominar mulheres que escrevem poemas, tornando essa escolha de nomes mais sutil. Eu, particularmente, prefiro poeta.

Para finalizar minhas reflexões, trago um poema de minha autoria que foi escrito no semestre em que estudei um pouco sobre a voz da mulher na literatura. Nele, tento expressar em versos a ironia curiosa das vozes das cantigas de amigo e de outros textos literários.


O poeta é um fingidor
E finge tão completamente
Que faz leitor acreditar que é dor
A dor que nem sente


E se fala de amor
Como não fingir como outrora?
Tal qual um galante trovador
Que diz que é na voz da mulher
Que se canta a cantiga de amigo
Escrita por aquele senhor


E o que sabem os homens mais
Da mulher como escritor
Ou seria escritora
Porque “Writer” no português tem gênero
Mas que importa, não é mesmo?
Se tudo um dia vira
Sopa de letras ao vento.
– Será que vira?





quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

EDITAL I TOMO DAS BRUXAS: DO VENTRE À VIDA/2022


* Baixe o Edital Enluaradas, clicando na imagem da aba direita do blog.

EDITAL I TOMO DAS BRUXAS: DO VENTRE À VIDA/2022


REALIZAÇAO: ENLUARADAS SELO EDITORIAL

 

ORGANIZADORAS: Marta Cortezão & Patrícia Cacau

 

Caldeirão:

 

"a caça às bruxas precisa ser conhecida como fenômeno histórico – do passado e do presente; mulheres são perseguidas, torturadas, aprisionadas e assassinadas hoje como resultado direto ou indireto de práticas que ditam sua função e aquele que seria seu papel apropriado no sistema capitalista e patriarcal. Assim, é preciso compreender as condições que permitem, favorecem e implicam a sujeição das mulheres em diversas sociedades. Se o campo moral, dominado ideologicamente pelo machismo, influencia o imaginário daqueles que condenam as mulheres, deve-se ter em mente que ele também possibilita que a perseguição extrapole atos simbólicos e individuais e se revele enquanto violência sistêmica.

[...]

Mesmo que mulheres tenham mais voz hoje, nem sempre suas vozes ecoam. Barreiras são impostas pelo machismo nos espaços de luta, ao mesmo tempo que o conservadorismo político se levanta contra o feminismo. Parte do esforço da mulher está em ser ouvida, em não ser silenciada. A resistência é coletiva e atual. Não somos apenas “as netas das bruxas que vocês não conseguiram queimar”. As perseguições ainda existem.

(Sabrina Fernandes, Sobre Mulheres e caça às bruxas, in Mulheres e caça às bruxas, de Silvia Federici, p. 18-19)

 

Com a finalidade de divulgar a escrita poética da Literatura Contemporânea do Feminino, DE LÍNGUA PORTUGUESA, o Enluaradas Selo Editorial, convida, via edital, às autoras a participarem da nova aventura poética intitulada: I TOMO DAS BRUXAS: DO VENTRE À VIDA/2022.

 

1. Coletânea de textos poéticos de TEMÁTICA LIVRE: serão aceitos poemas de versos livres e/ou de forma fixa, como aldravia, haicai, poetrix, trovas, soneto, balada, rondó, sextina, entre outros.

 

1.1. Os poemas devem ser INÉDITOS (não publicados em livro) e escritos em língua portuguesa.

 

2. A AUTENTICIDADE DOS TEXTOS enviados é de inteira responsabilidade de cada autora, podendo responder perante a lei do plágio, cópia indevida ou
qualquer outro crime relacionado com o Código dos Direitos de Autor
.

2.1. O Enluaradas Selo Editorial fica isento de qualquer demanda, inclusive da reivindicação dos direitos autorais de terceiros.

 

3. A PARTICIPAÇÃO é ABERTA a todas as autoras que escrevam em língua portuguesa, residentes no Brasil e/ou exterior (Europa).


4. IDADE MÍNIMA da autora para participação na coletânea: 18 anos completos.

 

5. Os poemas devem ser enviados ao e-mail coletaneaenluaradas@gmail.com, em fonte Times New Roman, tamanho da fonte 12, espaçamento 1,5.

5.1. A autora pode fazer sua participação de duas formas: com dois (02) poemas (recebimento de 02 exemplares) ou com um (01) poema (recenimento de 01 exemplar). Poemas de até 25 versos, incluindo título e espaçamento entre as estrofes.

5.2. A formatação da coletânea, formato livro físico, será de 14x21cm e a do e-book seguirá padrão similar ao do livro impresso.

5.3. É importante ter em conta que os versos longos podem ocupar mais de uma linha nesta formatação.

5.4. Poemas pequenos, como aldravia, haicai, poetrix, trovas, equivalem a um (01) poema de 25 versos, portanto ocuparão uma página do livro.

5.5. Poemas que ultrapassem os 25 versos, NÃO SERÃO SELECIONADOS.

5.6. Tipo de arquivo aceito: apenas documento em formato Word (não enviar os textos no corpo do e-mail), arquivos em PDF e/ou imagens serão desconsiderados.


6. Todos os poemas devem apresentar TÍTULO DIFERENTE ao proposto para este edital: I TOMO DAS BRUXAS: DO VENTRE À VIDA/2022.

 

7. DATA PARA ENVIO dos textos: de 10/02/22 a 10/03/22 até as 23h59m (horário oficial Brasília). Havendo necessidade, a data poderá ser prorrogada.

 

8. A INSCRIÇÃO deve ser realizada através do e-mail coletaneaenluaradas@gmail.com. Veja FICHA DE INSCRIÇÃO ao final deste edital, página 7.

8.1. A autora enviará um e-mail com título/assunto I TOMO DAS BRUXAS: DO VENTRE À VIDA/2022 com TRÊS (03) arquivos anexos:

I. A ficha de inscrição, em formato Word, devidamente preenchida, que inclui uma sucinta biografia literária, em terceira pessoa, de até 4 linhas (BIOGRAFIAS MAIS EXTENSAS NÃO SERÃO ACEITAS);

II. O(s) poema(s) da autora, em arquivo Word. É OBRIGATÓRIO que os poemas tenham títulos;

III. Uma foto de rosto, identificada conforme nome na ficha de inscrição, em formato JPG, de alta resolução (FORA do arquivo Word), para a confecção dos CARDS de divulgação.

8.2. A INSCRIÇÃO enviada com os dados incompletos ou fora do regulamento, SERÁ DESCONSIDERADA.

8.3. É de inteira responsabilidade de cada uma das participantes a veracidade e correção dos dados fornecidos às organizadoras da referida coletânea.

8.4. A AUTORA que NÃO FOR SELECIONADA não receberá informação por e-mail por parte das organizadoras.

 

9. Todos os textos enviados serão sujeitos a uma PRÉ-AVALIAÇÃO,
sobre criatividade e qualidade, regida pelos critérios especificados neste edital e todas as autoras selecionadas serão comunicadas via e-mail.

9.1. NOSSOS CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO:

I) – Criatividade na construção do texto poético, do ponto de vista linguístico e literário;

II) – Textos preconceituosos, homofóbicos, racistas ou que usem palavras de baixo calão, serão desconsiderados; já os de temática erótica serão muito bem-vindos;

III) – Estar de acordo com todas as regras de participação deste edital.

9.2. APÓS SELEÇÃO dos poemas para participação na coletânea, não realizaremos substituições de textos, apenas em casos excepcionais.

10. Para esta coletânea, A PRIMEIRA REVISÃO DOS POEMAS fica sob a
responsabilidade de cada autora, portanto l
eia e releia os poemas antes de enviá-los, vamos primar pelo cuidado e perfeição.


11. SOBRE OS CUSTOS

 11.1 AUTORA RESIDENTE NO BRASIL: a participação com dois (02) poemas, fica estipulada em R$ 180,00 (cento e oitenta reais), com apenas um poema, R$ 100,00 (cem reais). RESIDENTE NA EUROPA: com dois (02) poemas, fica estipulada em 50,00 (cinquenta euros), com apenas um (01) poema, 30,00 (trinta euros).

11. 2. CADA AUTORA RECEBERÁ VIA CORREIOS (BRASIL / EUROPA): 01 (um) exemplar (participação com 01 poema) ou 02 (dois) exemplares (participação com 02 poemas) com taxa dos correios já incluída + 01 (um) Enluaradas’ bag, mais o(s) exemplar(es), caso seja(m) solicitado(s).

 



11.3. O VALOR ABONADO POR CADA AUTORA inclui os custos de leitura crítica de seleção, de ISBN, de diagramação, de catalogação, de designers gráficos, de impressão, de taxa de correios, de embalagem de envio e de eventos promovidos pelo Projeto Enluaradas para divulgação da obra.

11.4. É de inteira responsabilidade de cada autora a INFORMAÇÃO CORRETA do endereço para envio do(s) exemplar(es) discriminado(s) no item 11.2., pois NÃO nos responsabilizamos por informações equivocadas.

11. 5. CUSTO DO EXEMPLAR EXTRA, entrega no Brasil: R$ 80,00 (oitenta reais). CUSTO DO EXEMPLAR EXTRA, entrega na Europa: € 20,00 (vinte euros)

OBS.: A autora que desejar adquirir exemplares extras, favor informar a quantidade na ficha de inscrição.

 

12. As informações para DEPÓSITO BANCÁRIO E/OU PIX serão enviadas à autora por e-mail, quando da seleção dos poemas. Após realização do pagamento, a autora deverá enviar o COMPROVANTE DE PAGAMENTO via e-mail (coletaneaenluaradas@gmail.com), com o assunto COMPROVANTE DE PAGAMENTO, oficializando, assim, sua participação na coletânea.

12.1. A NÃO CONFIRMAÇÃO do depósito estabelece a exclusão da participação.

 

13. A coletânea (com registro de ISBN incluído) terá versão impressa e digital (e-book), esta será de DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.

13.1. A coletânea terá LANÇAMENTO VIRTUAL (II FLENLUA – Festival Literário de Lançamento Enluaradas) e será amplamente divulgada através das redes sociais.

13.2. Postaremos nas redes sociais o card individual de divulgação de todas as autoras participante do I TOMO DAS BRUXAS: DO VENTRE À VIDA/2022.

 


14.  A inscrição/participação, de cada autora, implica na aceitação de todos os itens descritos neste regulamento. Automaticamente, cada autora selecionada autoriza, sem ônus para o Enluaradas Selo Editorial, a veiculação de texto e uso de imagem em todos os veículos das mídias de comunicação com o fim de divulgação do I TOMO DAS BRUXAS: DO VENTRE À VIDA/2022.

OBS.: Qualquer dúvida deve ser encaminhada para coletaneaenluaradas@gmail.com, com o assunto DÚVIDAS.

 

15. LANÇAMENTO: Até 60 dias após o encerramento do edital.

 

16. Qualquer situação não mencionada neste edital será decidida pelas organizadoras da Coletânea.

 

Agradecemos a sua participação e seja muito bem-vinda ao I TOMO DAS BRUXAS: DO VENTRE À VIDA/2022.

 

SOU DEUSA, BRUXA E MULHER!

 

Siga o perfil @projetoenluaradas no Instagram e faça convite para participar do grupo Enluaradas no Facebook e acompanhe o andamento do I TOMO DAS BRUXAS: DO VENTRE À VIDA/2022.

 

O Enluaradas é um projeto idealizado por Patrícia Cacau (@patricia.cacau) e Marta Cortezão (@mcortezao). Conheça nossos e-books publicados e divulgados em 2021:  http://bit.ly/39CJC37ColetaneaEnluaradas

      https://bit.ly/3bKQ1tBCOLETANEAENLUARADASII

 FICHA DE INSCRIÇAO NO EDITAL DA ABA DIREITA DO BLOG.



sábado, 5 de fevereiro de 2022

LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO, POR CAROLLINA COSTA


LINGUAGEM DO BATOM VERMELHO|03


RESENHA: NA COMPANHIA DE BELA, DE SUSANA VENTURA E CASSIA LESLIE


Por Carollina Costa



Tão importante quanto ter mulheres escrevendo é divulgar a escrita de outras mulheres. A  quantidade de mulheres escritoras reconhecidas como tal tem aumentado com o passar do tempo, mas elas sempre existiram. No intuito de tentar ressaltar a existência e importância dessas mulheres, trago aqui uma breve resenha de um livro que reúne textos de algumas mulheres que ficaram à margem com sua escrita durante muitos séculos, incluindo uma escritora anônima.

Espero que essa resenha possa motivar outras escritoras a buscar mais histórias contadas por mulheres tanto quanto me motiva.


Resenha: Na Companhia de Bela, de Susana Ventura e Cassia Leslie

O livro Na Companhia de Bela: Contos de Fadas por autoras dos séculos XVII e XVIII é fruto de um projeto de pós-graduação feito em parceria pelas pesquisadoras Susana Ventura (USP) e Cassia Leslie (UEL) que reúnem nesta obra alguns contos de fadas das chamadas Preciosas, que foram mulheres autoras do atual gênero de contos de fadas na França entre os séculos 17 e 18. Naquela época não era muito comum e nem aceito —feria o “princípio da modéstia”— que mulheres publicassem livros e fossem reconhecidas por isso, o que fez com que muitas delas fossem apagadas pelo tempo e colocadas à sombra de nomes como Grimm, Perrault e Andersen. Até mesmo as que foram bem recebidas em sua época não tiveram seus trabalhos preservados pelo tempo por não serem consideradas "de qualidade".

Nesse livro, Susana e Cassia reúnem contos europeus que vão desde célebres escritoras, como Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, autora do famoso conto de fadas A Bela e A Fera, até uma homenagem às escritoras anônimas (mulheres que publicavam em coletâneas e não anunciavam seus nomes em suas publicações) com o conto O Príncipe Arco-Íris, noemando a autora de Mademoiselle Anônima.

O conteúdo do livro alterna entre as histórias, breves biografias sobre suas autoras, com destaque para a situação social e política da época em que elas viveram e produziram seus escritos, e informações extras ao fim de cada conto. O livro não é grande em comprimento, mas sua grossura de 286 páginas vem não só dos textos, mas também da ótima qualidade do papel, perfeito para sustentar as belas e detalhadas ilustrações típicas dos contos de fadas. A fonte utilizada nos textos é confortável para leitura, tendo também letras bem grandes e desenhadas para os títulos e apresentação das escritoras.

Diferente dos atuais, era típico dos antigos contos de fadas a existência de fadas boas e más, além da presença de monstros marcantes e finais não tão bonitos. As histórias dessa coleção apresentam monstros e turbulências, porém trazem consigo o consolo dos finais felizes. Também é muito presente nas histórias o folclore da antiga Europa, apresentado em cada personagem. 

Apesar do tamanho, minha leitura foi rápida por conta das páginas ilustradas. Recomendo a leitura para quem quiserem conhecer algumas escritoras da antiga Europa e seu folclore.



POESIA NA REDE: AMOR EM TEMPOS PANDÊMICOS, POR FLAVIA FERRARI

 

POESIA NA REDE|04


A M O R   E M   T E M P O S   P A N D Ê M I C O S

                                                                                                 Por Flavia Ferrari


Como canta Marisa Monte, “Amar alguém não tem explicação/Não há como conter o furacão” *. O amor se impõe, entra pelas frestas, escancara portas, cria janelas, mas como vivenciar o amor em tempos de distanciamento social? Observamos que no início de 2020, quando a pandemia chegou e nos isolou, famílias foram separadas dos encontros costumeiros, namoros foram desfeitos ou, em alguns casos, foram transformados em casamento. A situação da pandemia hoje, apesar de gravíssima, tornou o cotidiano mais presencial, tanto por conta da disponibilidade da vacina, como pela necessidade econômica, social, política e psíquica da humanidade. Esta retomada foi acontecendo aos poucos e hoje temos os lugares públicos abertos e funcionando quase em sua totalidade, apesar do avanço da variante Ômicron e aumento nos casos de internação pelo mundo afora.

            Mas e os novos amores, as novas paixões, os encontros, as separações? O que mudou? Alguém postou na rede social que para um primeiro encontro presencial é necessário compartilhar previamente o comprovante de vacinação, afinal, decidir encontrar alguém pela primeira vez, estando sem máscara, não é uma decisão tranquila. Há os que relataram que terminar um relacionamento por telefone ou por vídeo diante da impossibilidade de um encontro presencial é mais fácil, apesar de toda frieza que a virtualidade traz. Os encontros amorosos e sexuais virtuais na pandemia foi descoberta por muitos que não usavam a internet para este fim e a estimativa é que o uso de aplicativos de relacionamento durante a pandemia tenha aumentado cerca de 400% no Brasil**. Talvez os encontros virtuais permaneçam em alta, mesmo depois da pandemia, e um primeiro encontro presencial seja algo a ser plasmado a dois com muita antecedência e se torne um grande passo para o relacionamento. Ou, talvez, depois de tanto navegar, as pessoas desejem mesmo sair por aí e dar ao acaso a oportunidade de presentear as pessoas com a presença do outro.

            Em tempos de (des)encontros virtuais, escrevi o poema abaixo, sobre o desfecho de um relacionamento, que compartilho com vocês:

 

Desencontro – Flavia Ferrari

 

Já não quero receber teu abraço

Meu corpo ressente

Este corpo que recentemente é só meu

Não há toque virtual

 

Às vezes evito teu olhar

Ele me assusta e me desafia

Acho que me desestabiliza

E fecho a câmera

 

Reconheço teus esforços

O máximo esforço

Vejo teu apreço, recebo tua ansiedade

Sua vontade de estar comigo

Mesmo quando finge querer ir embora

E se desliga

 

Você quer me ensinar

Me falar tudo

Me educar e me formar

Quer minha escuta e minha atenção

Entretelas

 

Quer meu corpo presente

Toda aproximação

Quer meu gosto

Minhas histórias

Fazer de mim o coringa da sua ficção

E caímos

 

Já não posso mais ser o alimento do teu ser

Talvez ainda te ame

Mas não te quero mais

Fim da chamada

*_*    *_*   *_*    *_*


Referências:

 *Música “Amar alguém”, Marisa Monte/ Dadi/ Arnaldo Antunes, 2011.

** Disponível em https://www.google.com.br/amp/s/www1.folha.uol.com.br/amp/treinamento/2021/10/relacionamentos-online-disparam-na-pandemia-ouca-podcast.shtml. Acesso em 31/1/2022.




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EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS

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