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domingo, 11 de julho de 2021

Empoeme-se em Poesia: Navio Fantasma



 
EMPOEMESE/10

Autoria, de Juliana Moroni

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


Navio Fantasma

 

O Passado é um navio fantasma vagando em alto-mar.

 

A Tripulação:

sentimentos desgastados pelo tempo,

caveiras deterioradas pela ação do mar.

 

O Mar:

espiral do tempo

que corrói a carcaça do navio

e sorve as almas dos tripulantes,

arremessando-as ao infinito.

 

Navio inoperante em alto-mar,

encoberto pela neblina,

sorrateiro,

seus corredores são túneis do tempo

por onde circulam os sentimentos desdenhados,

traiçoeiros e imortalizados,

esperando uma chance

de voltar ao tempo presente.

 

Navio fantasma vagando em alto-mar,

bandeira à meia-haste,

trêmula,

sacolejada pelo vento incessante,

frio e esfoliante

que desloca a neblina para o oeste,

na longa noite erma

a fluir pelas entranhas dos seus sonhos mais profundos.

 

A Neblina:

exílio de pensamentos torturantes

que evocam cenas angustiantes,

cortina que encobre o passado

e dissimula os sentimentos que,

lentos,

esbarram nos corredores do navio,

procurando qualquer fenda

por onde possam trespassar,

açoitar os sonhos

e asfixiar a esperança

de quem remou para longe do passado.

 

Pancadaria!

Os tripulantes se digladiando

pelos corredores lúgubres do navio.

Esbórnia de desavenças,

memórias que se deslocam

através da orgia sangrenta de sentimentos.

 

medroseD!

Golpes desferidos contra o destino

que, surrado e atordoado,

esgueira-se através da neblina,

cansado e desfigurado,

espreita os pesadelos tormentosos

de quem espera ansiosa

o raiar do dia.



terça-feira, 25 de maio de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Somos todos África" e "Afro-Memórias"

 



 EMPOEMESE/09


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Somos todos África

 

A História da humanidade neste Continente se originou!

Filhos somos da Mãe-África! Tu és, eu Sou!

Reconhecer e valorizar os nossos irmãos africanos é exercer a fraternidade.

Importa valorizar a história deste Continente, berço da humanidade!

Conhecer a cultura e a tradição dos nossos antepassados é exercitar a solidariedade.

ÁFRICA! Berço da Vida! Sua História é motivo de orgulho para a posteridade!

***


Afro-Memórias

 

Emergi das profundezas do Lago Vitória.

As raízes do Baobá sustentaram a minha história.

Os meus ancestrais resgataram a minha memória.

A tribo, meu território, ressalta a minha trajetória.

Sou afro-descendente!

Dos quilombos remanescentes!

Não renego a minha gente!

Dói em minha alma a escravidão que a vida de tantos irmãos fez deplorar!

Os senhores contemporâneos ainda querem me acorrentar!

LIBERDADE é o meu lema! Tenho que gritar!

Sou humana, sou negra! Sou filha da Mãe África!

E em seus braços eternamente deixo-me por ela embalar!

***




quinta-feira, 15 de abril de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Autoria"

 



 EMPOEMESE/08


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Autoria

 

De frente ao espelho,

outras caminham em mim.

Desajeitada,

tento me recompor.

Alucinação?

Delírio?

Fantasia?

Miragem?

Sonho?

Volto a mirar-me...

Cada uma em um caminho,

feito Hera

com sua ferradura de sonhos.

Fecho os olhos,

miragem de uma figura entrecortada,

baixa definição.

No espelho, agora, só o vácuo,

recorte de um corpo inerte,

vazio, sem essência.

Alucinação?

Volto a mirar-me...

E me vejo pelo espelho.

Há outras presas em mim,

multidão de mulheres invisíveis,

perdidas em labirintos,

ilusória a nitidez,

projetada no espelho.

Almas presas em mim agonizam.

Volto a mirar-me...

Cacos de espelhos,

imagens múltiplas,

eu com fardos de outras humanidades.

O espelho é um retrato descrente

de um eu sintetizado.

Em mim pulsam vidas alheias,

imagem recortada de um pré-moldado.

Fantasia?

Volto a mirar-me...

O espelho não me cabe,

é um falso moralista.

Há outras faces ocultas

vivendo dentro de mim.

Nesta imagem postiça projetada no espelho

nunca vou me encontrar.

Miragem?

Volto a mirar-me...

Este espelho social

não detém a liquidez.

Carrego outras mulheres

feridas de mortes com simples beliscaduras.

Meu espelho é marginal.

Acordo com os acordes do sol

(inexpugnavelmente).

Miro os meus caminhos de pedras,

cacos de nós no espelho.

Sonho?

Não!

Uma imagem autoral.


(Livro: Asas do inaudível em luzes de vaga-lume/2019)






sexta-feira, 9 de abril de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Meu feminismozinho de merda"



 EMPOEMESE/07

Meu feminimozinho de merda, de Jalna Gordiano

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Meu feminismozinho de merda

 

O meu feminismozinho de merda

Me deixou chegar até aqui viva

Depois de algumas humilhações, umas bofetadas na cara

O meu feminismozinho de merda

Me fez escapar de um clitóris arrancado

De ser estuprada pelo marido

O meu feminismozinho de merda

Apelidou-me de puta e sapata

Enfiou meu pé na lama

Não me permitiu um CASAMENTO DE SUCESSO

O meu feminismozinho de merda

Não deixou o pastor ungir meu rabo, não me fez santa

Me fez mãe solteira, mãe de

Dois filhos de pais diferentes

O meu feminismozinho de merda

Me tirou de dentro do ônibus do estupro coletivo

O meu feminismozinho de merda

Me esfriou de uma morte do fogão

Não me deixou parada num salão enquanto alguém cozinhava meus miolos

Não me fez a rainha do lar

Não me cobriu com o manto da purificação

O meu feminismozinho de merda

Me desnudou, abriu meus olhos

Me tirou do plástico e me fez carne

Para chorar todas as lágrimas das mulheres espancadas,

Queimadas, arrastadas para o mato,

violadas por madeiras que vararam suas bocas ao lado de suas filhas.

Muito obrigada senhores,

digo não às formas de sucesso  social.

Até aqui tem me salvado o meu feminismozinho de merda.





terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Mulheres enluaradas"




Poema/06


Mulheres Enluaradas, de Isa Corgosinho

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


No dia que o Sol se escondeu de seu próprio fogo e calor

a Lua se fez presente irradiando de suas crateras refulgente luz de cristal

As mulheres puderam passear pelo mundo

recobrindo os continentes

com suas vestes de peles

os cinco cantos do mundo

acalentados

por imensa ciranda de mãos mantras

Mulheres bailaram

em conluio

com estrelas e Lua

Nesse dia (anoi) tecido

as mulheres fiaram

algodão e nuvens

teceram quasares

constelações 

Bordaram

relevos rochosos, vales

cantaram os sons inaudíveis dos pássaros

Pintaram formas e volumes 

esculpiram, moldaram espécies de flora, fauna extintas

Troncos grossos

brotaram 

alastraram-se

bichos ínfimos, gigantes

espalharam-se pelo planeta

Lavaram

oceanos foram filtrados pelos mantos de águas-vivas

olhos vazantes das Iemanjás nuas

A atmosfera planetária recebeu os bafos sincronizados

pulmões de oxigênio


arfavam dos peitos provedores de leite e mel

Entre as pernas das mulheres

os fornos produziram pães 

sorrisos de bebês 

borboletas

Era o dia das mulheres enluaradas

seus versos encarnados curaram os homens

da sede de fogo

da fome de guerra

da loucura da ambição

do destino sangrento de super-homens

Quando a aurora nasceu

mulheres e Lua recolheram-se

em ninhos aconchegantes de corujas e cotovias

Era chegada a hora

infância primeva

o mundo

renascia

nas barras douradas do dia!




sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Repagino"



 

Poema/05

 

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Repagino

 

Eu sangro letras,

choro palavras,

rio frases.

Eu me escrevo

na emoção que sinto

e me leio quando reflito.

 

Repagino,

sonho um verso por insônia

e só fecho o livro

quando termino o capítulo.

 

Um monte de orelhas viradas

marcam as páginas

que sempre revisito.

 

Releitura é o que sou da vida.

 

História que não termina.





 

 


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Olhos de Superação

 




Poema/04

 

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Olhos de Superação 


  Minha alma flutua, 

  Meus pés levitam

  Tento enraizar-me,

  Mas o céu me atrai

  A Lua me chama

  E a desilusão me persegue...

  Ao ver-me assim

  Tão leve e vazia

  Procuro meu coração

  Será que está perdido pelo caminho?

  Ou será que ele me busca e eu o ignoro?

  Sigo pensando e flutuando...

  Os pensamentos me fazem voar

  E o vôo é fuga

  Fujo de mim mesma

  Fujo do que não me agrada

  Fujo do meu coração,

  Coração que me mostra com clareza

  O que realmente vive em mim...

  Não me abandones, coração!

  Não me deixes voar 

  Como um balão sem rumo,

  Perdido na vastidão do céu...

  Enraiza-me novamente

  Enraiza meus pés na terra

  E ajuda-me a florescer,

  Florescer meus sonhos

  Que há tempos busco

  Tornar minha realidade

  Permita-me ser selvagem, ter coragem

  Acreditar em mim e seguir em frente

  Sem desanimar, sem pestanejar...

  Obstáculos sempre existirão

  Que eu os veja com olhos de superação 

  Como mulher forte e autêntica que sou!

 

  Nanda Chinaglia




terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Amor de papel


Poema/03

PARA OUVIR PODCAST CLIQUE aqui

 

Por Fernanda Caleffi Barbetta

 

Disse que queria fazer

amor

comigo,

e eu não sabia que

amor

se fazia,

como se faz um

barquinho

a partir de um pedaço de papel,

em branco,

dobrando e

vincando a folha

entre o indicador e o polegar

até ela ganhar forma.

Não sei se foi

amor

o que fizemos,

mas a folha,

que não é mais branca,

rasgou.





 

sábado, 2 de janeiro de 2021

Miniconto Poético: Paredes




Miniconto/01

Por Lucirene Façanha


Seus gemidos roucos chegavam através da parede. Se afastou da abertura, disposto a levar as últimas consequências seu protesto.

Escutou seus passos lentos, regulares. Nada mais havia a argumentar.

Não podia desfazer a história ou apagar os erros.

Na porta, estacou.

Levantou a cabeça.

Como num filme: o inicio idílico louco de paixão exacerbada. As travessuras. Depois: As viagens. Ausências. Inferno astral.

Olhou em frente. As palavras se movem. Reescreveria sua história. O horizonte além daquelas paredes se abriria para um recomeço.

E foi.



 

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Distopias Utópicas


Poema/01

 

Por VâniaAlvarez

 

Eis que chega

O último dia distópico

De um tudo ou nada

Que nos ensinou a sermos sós

Ensaio desse estranho viver

O medo de morrer

Cidades apocalípticas

Pessoas em escombros

Corações cheios de dor

Andrajos atônitos

E foi assim que escrevemos

O amar à distância

Sem toques efusivos

Sem abraços loucos

Sem palavras de felizes festas

Último dia distópico

E escrevemos com lágrimas e borrões

A poesia do sempre querer

A poesia do agora

Reaprendendo a ser quase tudo!

No modificado instante

Da vida passada a limpo

Aprendemos que somos

Quase nada

Diante do poema que calou-se!




 

Feminário Conexões, o blog que conecta você!

EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS

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