quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|17

 



 Momento com Gaia/17


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Para ouvir o PODCAST clique AQUI. 


Rio interno


há um cântaro de luz nesse ventre

que transborda energia curativa

e ampara nesse temporário lar, vidas 


templo de amor e entrega

brando como água doce 

com musicalidade natural


há um rio caudaloso, secular

morada provisória do amor

santuário do eu superior, imortal


já dormiram na serenidade desse rio 

crianças solares e lunares

e muitas formas de vida


navegam dentro dele

todos os seres do amanhã

guardiões de desejos e utopias


esse lar-aquático e passageiro

não julga nem discrimina

recebe, acolhe, rega e germina


as vezes doa a própria vida

para salvar a semente 

que chega debilitada, desnutrida




LIVROS & ENCANTAMENTOS: A HISTÓRIA COMO GÊNERO FEMININO, POR ROBERTA GASPAROTTO



LIVROS & ENCANTAMENTOS/05


 'HERstory, escreva a sua história!', de Sandra Santos


POR ROBERTA GASPAROTTO


Ao conversar com uma amiga, a escritora Sandra Santos se deu conta de que a palavra HIStory sugere que nós lemos e ouvimos a história a partir do ponto de vista dos homens (já que o pronome possessivo 'his', significa 'dele'). Tendo isso em mente, a autora teve a ideia de contar a história sob o ponto de vista das mulheres, daí o título do seu livro: HERstory, escreva a sua história!

Nessa obra, Sandra faz um tributo às mulheres de sua família, e também, a todos os homens que ajudaram essas mulheres rumo à autonomia.

A autora também cita personalidades que a influenciaram, desde as mais famosas, como Madonna, até as mais anônimas, e , nem por isso, menos importantes.

Saúde, bem estar, envelhecimento, filhos, carreira, pandemia, vários são os assuntos abordados: os dilemas da mulher de hoje, incluindo aí o sentimento de culpa, que, se não trabalhado, nos devora a todas.

Os temas presentes no livro, são costurados com relatos de situações muito pessoais, vividas pela própria autora, sendo que Sandra toma o cuidado para que seus relatos sejam apenas isso: uma forma de repartir sua experiência de vida, sendo que em nenhum momento dita fórmulas que as mulheres devem seguir. Aliás, fórmulas, graças às Deusas, é o que não encontramos nesse livro, até porque, disso, já estamos todas fartas.

Sandra também traz à tona os estereótipos que nos engessam, e, quando o assunto é beleza, a autora faz uma crítica pertinente e interessante: ela, que mora há anos na Alemanha, sentia- se muito incomodada e cobrada quando morava no Brasil, a respeito dos seus cuidados com a aparência, e do que ela deveria fazer. Ao que parece, nos trópicos, somos mais exigidas nesse quesito, e também, exigimos mais, em um ciclo sem fim de controle e cobrança.

Ao fim da leitura, fiquei com a sensação de que a mensagem que está por trás do livro é: seja você mesma, descubra-se, custe o que custar, porque vale muito a pena. Ou, nos dizeres da escritora argentina Ethel Morgan, citada na obra: " o mundo me necessita, mas não como elemento passivo e paciente eternamente inconformada, e sim como fator de cura".





 


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

ELES LEEM ELAS: UMA GUERNICA INACABADA, POR ODENILDO SENA



ELES LEEM ELAS|07

"Uma Guernica Inacabada", de Myriam Scotti 


Por Odenildo Sena


Há livros que fisgam o leitor pelo arranjo envolvente da linguagem simples, despida de grandes pretensões metafóricas. Livros outros há que fisgam o leitor pela engenhosidade da trama, com pontos de intersecção que calam fundo na alma de quem o lê. No primeiro caso, muitas vezes o leitor empreende a travessia se sentindo recompensado, mas ao final do livro é invadido por uma estranha sensação de incompletude, daquelas que o fazem pensar que faltou alguma coisa para fechar aquela jornada. No segundo caso, atraído pelas pequenas pistas que o escritor vai deixando ao longo do caminho, o leitor avança com ambição rumo ao propósito de desvendar a trama, mas ao final se dá conta de que a travessia bem que poderia ter sido menos sofrida, se embalada pelas ondas de uma linguagem gostosa e cativante. É claro que eu estou falando de leitores chatos!


Pois nesses dias me caiu nas mãos um livrinho (no sentido carinhoso mesmo, porque também de leitura rápida) que me encantou pelas duas virtudes ao mesmo tempo: a linguagem simples e envolvente e a trama absolutamente sedutora. Quando bati os olhos nas primeiras linhas do texto, logo abandonei meu espírito de leitor comodista. Dali por diante, deixei-me conduzir pelo prazer da leitura:


“Sofri um AVC. Um infeliz acidente vascular cerebral do tipo hemorrágico. Não voltei mais da escuridão profunda a que fui condenado durante dois meses, até o meu corpo esmorecer por completo a fim de cumprir o ciclo de retornar ao pó.”


Com esta incrível concisão, que cabe em apenas três frases, Myriam Scotti não apenas fisga o leitor, como também traça para ele todo um feixe de expectativas a serem percorridas e vividas até o final do romance, que, a princípio, mas só a princípio, lembra “Memórias póstumas de Brás Cubas”, do velho Machado de Assis. A autora cria uma vertente narrativa bem particular. Concede à personagem principal a prerrogativa de transformar o quarto de uma UTI em um espaço de recorrentes sessões de análise, onde, mediados pelo silêncio dos interlocutores, cada um é terapeuta de si mesmo. É nessas circunstâncias que, embora em estado de coma, o narrador acompanha de sua profunda escuridão um verdadeiro desfile de confissões, desabafos, reconsiderações e arrependimentos que, se nada representam para ele, que não mais retornará do coma, acabam por impactar a vida dos que ficam, como sua mulher, seus filhos, seus pais adotivos, seu irmão e, até aquele momento, seu suposto melhor amigo. Mas esse diálogo, mediado pelo silêncio, como eu afirmei acima, é apenas um pouco do muito que o romance proporciona aos leitores mais exigentes. Ou chatos mesmo.


Por outro lado, além das duas virtudes que a Myriam reúne em seu romance, há uma terceira que merece consideração: a inteligente escolha do título, num simbolismo que perpassa todas as páginas do livro. “Uma guernica inacabada”, em referência à famosa obra de Pablo Picasso, ao mesmo tempo em que pode sinalizar as diversas fraturas, muitas das quais expostas, daquelas vidas que se reencontram na UTI de um hospital, permite também a viagem em inferências que evidenciam a incompletude de suas existências, aflorada naquelas confissões em que, diante de um morto-vivo, não há razão para não dizer a verdade.


Por fim, conhecendo meu espírito comodista de leitor, que exige muita provocação para se animar, posso dizer com segurança que “Uma guernica inacabada”, da Myriam Scotti, é leitura certa para quem gosta de se deixar seduzir por uma linguagem simples e cativante, por uma engenhosa trama na narrativa e por um título inteligente e oportuno.




terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|16




 Momento com Gaia/16


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:


Para ouvir o PODCAST clique AQUI. 


Bailarina


À bailarina flamenca, Wânia Ormond


com a perspicácia da águia

num solo lindamente reinventado

iniciou seu exuberante bailado


entregou-se por inteira à sagacidade

como quem depara-se com o paraíso

corpo-movimento, luz e ancestralidade


a melodia rasga o espaço

com potente sonoridade

e instiga tempos de saudade


o rodopiar da saia é voo de liberdade

num raro convite de inegável oportunidade

a bailarina nos transporta do deserto ao oásis  


seus negros cabelos inspiram a noite

amendoados são seus olhos estrelares 

num surreal encontro com os antepassados


coração pulsante e alma em júbilo

envolvem seu ser inebriado

num arrebatamento de felicidade


frenéticos passos, precisos e alados

ante os meus olhos embasbacados

a transcender a efêmera realidade





sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Leitura de Lâminas da Mãe Terra para os Ciclos Lunares




(Lua Nova, de 11/02 a 18/02)/01


Por Ana Luzia de Oliveira


Sobre o Oráculo Lâminas da Mãe Terra


As Lâminas da Mãe Terra são um oráculo formado por frequências que foram intuídas, apresentando-se em imagem, nome e funcionalidade, representados por Ana Amélia Moura, Ana Luzia Oliveira e Neysi Oliveira, em processo de canalização. 


Suas cartas podem ser interpretadas por seus significados arquetípicos e, também, podem ser tomadas por frequências que nos auxiliam naquilo a que se propõem ativamente.




Sua leitura destina-se a fins terapêuticos e de autoconhecimento, para ampliar a consciência das dinâmicas que existem em nossas vidas e dos recursos que temos para solucionar as questões que se apresentam.A temporada anda árida nestes últimos tempos. Temos sido instados a seguir na confiança de dias melhores e no auxílio divino que sempre nos ampara. O que será que podemos esperar para este ciclo de Lua Nova?


Sobre as questões que se apresentam neste período como um desafio, quem se revela é...




Abaixo. Essa é a direção das coisas materiais, realizações, conquistas, o prover do dia a dia e nesta posição ela indica que as coisas podem não andar como gostaríamos neste período. Mas cuidado para não vibrarem somente na escassez e naquilo que nos falta, porque há períodos em que esses obstáculos se revelam como uma oportunidade de superação, uma forma de olhar diferente para o mundo, valorizar o que realmente temos além do que olhos veem, descobrir possibilidades para driblar a crise com criatividade e flexibilidade. Abaixo está a terra e terra também é acolhimento, lembrem-se. Desapeguem das culpas e dos castigos. Perseverança e foco na solução.


E quem será que vem nos ajudar?


Círculo. Ele vem com um convite para deixarmos de olhar para fora, de desejar o que está além, de comparar o que se tem com o que o alheio apregoa ter. Não devemos mensurar quem somos pelo que temos, nem o que temos com as expectativas de ter que nos são incutidas. Há inúmeros valores interiores que são valiosos também para o todo e carecem apenas de que nós os validemos, primeiramente diante de nós mesmos. Neste pequeno botão que aguarda desabrochar, já se faz presente a essência da exuberante rosa que vai surgir, só precisamos nos dar conta disso. O necessário, normalmente, é bem menos do que projetamos como objetos de desejo.


Conecte-se com a sua essência, tudo que você precisa já está lá, aguardando a oportunidade certa para se manifestar!


Aho Mitakwye Oyassin! Obrigada por todas as minhas relações.




MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|15




Momento com Gaia/15- (09/02/2021)


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema "Múltipla".

 

Para ouvir o PODCAST clique AQUI. 


Múltipla


A rotina da casa era laboriosa

Ficara viúva muito nova

Com cinco filhos para criar


num tempo que fio de bigode tinha valor

ela conseguia administrar o mundo

com uma eficiência que lhe era peculiar


reinventava a vida todo santo dia

não tinha com quem contar

e ainda inventava tempo para cantar


casebre humilde, chão batido

carregava lenha sobre a cabeça

para manter o fogão de barro aceso


sobre a chapa o bule verde esmaltado

com chá de ervas sempre quentinho

quando dava tempo tinha bolo de fubá


daqueles assados na chapa quente

com brasas incandescentes na tampa

o cheiro espalhava por todo o quintal


a noite chegava de mansinho

ela acendia a lamparina a querosene

com alegria sentávamos para degustar




Empoeme-se em Poesia: "Repagino"



 

Poema/05

 

 PARA OUVIR PODCAST CLIQUE AQUI.


Repagino

 

Eu sangro letras,

choro palavras,

rio frases.

Eu me escrevo

na emoção que sinto

e me leio quando reflito.

 

Repagino,

sonho um verso por insônia

e só fecho o livro

quando termino o capítulo.

 

Um monte de orelhas viradas

marcam as páginas

que sempre revisito.

 

Releitura é o que sou da vida.

 

História que não termina.





 

 


Feminário Conexões, o blog que conecta você!

EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS

  Clique na imagem e acesse o Edital II Tomo-2024 CHAMADA PARA O EDITAL ENLUARADAS II TOMO DAS BRUXAS: CORPO & MEMÓRIA O Coletivo Enluar...