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terça-feira, 26 de outubro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Dilercy Adler

 


EMPOEME-SE EM POESIA/20


Poemas de Dilercy Adler

Leitura de Marta Cortezão

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


ESPAÇO FEMININO


Espaço mulher

mulher no espaço

espaçonave espaço cósmico

       cômico espaço...

                          inusitado

das normas

            do corpo

                    do sexo

                 do leite materno

que eterno sangra

do peito

a jorrar boca a dentro

do homem!

(In: Crônicas e Poemas Róseos-Gris. São Luís: Estação Produções, 1991, p. 11)

*-* 

 

REPÚDIO AO ESTUPRO

                 

Estupro

violência maior

pra com a mulher

violência maior

pra com o sexual

violência maior

pra com o bom do amor!

 

estupro

aberração maior

do desejo menor

encarnação do desamor

do ódio

em lampejos de sadismo

e de horror!

 

estupro 

a negação do afetivo

   na carne

a negação da sedução

   no desejo

a negação do sublime

   no sexo 

a negação do homem

   e da mulher

 

seja ele concreto

seja ele simbólico

... o meu repúdio!


(In: Crônicas e Poemas Róseos-Gris. São Luís: Estação Produções, 1991, p.84.)

*-*

Assista ao vídeo da poeta Dilercy Adler fazendo as leituras dos poemas de sua autoria: "Espaço Feminino" e "Repúdio ao estupro".






terça-feira, 12 de outubro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poema de Margarida Montejano


EMPOEME-SE EM POESIA
/19



Leitura de Marta Cortezão

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RELEITURA EM MEIO ÀS BRUMAS


Toco-me. Examino seios e mamilos.

Cenas que se repetem frente ao espelho.

Vejo-me lúcida e real. Vincos e sulcos marcam meu rosto,

desenham nele minhas experiências, minhas dores e amores.

Tento decifrar o meu ser e ponho-me a escrever quem eu sou. 

Retrato-me. Rascunho um poema de mim e um texto assim me desvela. 

Sou ela. Sou eu. Menina, moça, mulher. Assim me revelo 

na imagem e semelhança da grande senhora.

Viajo às terras de Avalon e, como uma ninfa, me deito 

e me entrego às festas da natureza.  Nas brumas, enxergo. 

Sou a natureza.


Percebo-me. Releio-me:

Sou a louca do dia

quando defronto-me com injustiças.

Brigo. Grito e saio em defesa do que acredito ser certo.

Sou a loba da noite

quando, em insônia, perambulo pelas ruas 

à procura de respostas às incógnitas da sorte.

Sou a santa que vela pelos incautos e puros. 

Oro por eles em silêncio sem que me vejam.

Sou a devassa que diz as regras, 

quando o machismo impera.


Sou a  deusa que se dá sem reservas, 

pois o amor é doação.

Sou a madrasta que diz não,

quando a regra é dizer sim.

Sou a lágrima sincera,

o sentimento profundo.

Sofro como mãe, a dor do mundo

e na morte, sou a vida.

Sou a dor, a lágrima. O riso livre.

As regras das meninas

que chegam sem dar aviso.


Sou o viso na inocência

cambaleante da adolescência.

Sou a ancestralidade

da mãe, da filha, da prima,

da tia, da avó.

Sou mulher

que não remedeia, faço tudo por inteiro.

Sou, em essência divina,

Deus traduzido 

no corpo, na alma

e na veia.


Sou a deusa de toda hora

para toda obra, porque…

sabedoria é também senhora!

Sou poesia, canção

e a entonação das sereias.

Sou lua cheia, minguante e nova,

cresço e encanto em cada fase.

Sou eu, sou você, somos nós

numa só voz e, de mãos dadas, seguimos

juntas, na caminhada.

Somos a estrada, a surpresa e a alegria da chegada.


Somos o tudo e o nada. 

Somos a contradição, mas somos nela o amor.




terça-feira, 28 de setembro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Mariana Teixeira

 



EMPOEME-SE EM POESIA/18


Poemas de Mariana Teixeira

Leitura de Teresa Bendini

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ATO FALHO


a pessoa

que inventou o amor

cometeu

um ato falho

 

fez a dor de ferro

e o coração de barro

***

 

CELA

 

me prenderam

num corpo

de gente

 

numa gaiola

de pele

 

por dentro

sou pássaro.

***

 

BOTÂNICA


Quando morrer

me deixe em contato

com a terra

quero brotar

e ser

tudo que me foi

podado

***







sexta-feira, 17 de setembro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Poemas de Teresa Bendini




EMPOEME-SE EM POESIA/17


Poemas de Teresa Bendini

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Tenho medo de ser eu 

às vezes.

Tenho medo da minha falta de jeito, desatenção e pressa.

Tenho medo de ser eu 

às vezes.

Tenho medo da minha oscilação, indecisão 

e devaneio. 

Fico horrorizada 

quando dou de cara 

com desilusão e a melancolia.

Como pesam!

Tenho medo de ser eu, às vezes.

Meus bloqueios, complexos, minhas enxaquecas.

Às vezes eu tenho medo do meu medo.

Mas é só às vezes...

quando o dia esta nublado 

e a janela emperra.

***


Eu tenho uma coisa ENORME pra te falar,

uma coisa sem cabimento.

Eu tenho uma coisa ENORME pra te falar...

aos quatro ventos.

Eu tenho uma coisa ENORME pra te falar,

nem vai dar tempo.

Eu tenho uma coisa ENORME pra te falar,

AMOR cá dentro.

***


Temos que parar de fazer de nós... publicidade

Temos que parar de nos ver como celebridade...

quem dá conta de alimentar a boca dessa necessidade?

Vaidade

vaidade..

vaidade..

Vai ver se estou na esquina. 

E não no Instagram Facebook ou Whatsapp.

Vai ser menina.

Brincar de pega, esconde-esconde, amarelinha.. 

Vaidade,

vaidade,

vaidade.

Vai ver se estou

na esquina....

da rua dos bobos

número zero.



quinta-feira, 9 de setembro de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Não há oásis no deserto




 

EMPOEME-SE EM POESIA/16


Não há oásis no deserto, de Cátia Castilho Simon

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Não há oásis no deserto

 

Hoje foi a vez da diarista e outras mais

O jornal anunciou o assassinato de cinco mulheres por seus homens

Outro dia uma juíza foi morta na frente das filhas

Em outros dias, horas, meses, anos,

Agora, agorinha

Por séculos dos séculos, amém e ai de nós

Elas têm se revezado como em uma corrida em meio ao deserto

Uma a uma acredita no oásis e sucumbe:

A bruxa

A frentista

A cabelereira

A advogada

A professora

A escritora

A costureira

A médica

A manicure

E assim vão morrendo de morte matada, todas

Não há filhas nem filhos capazes de salvar daquele que se entende escarnecido, ainda que seja o pai

Era necessário esfaquear dezesseis vezes para que voltasse ao seu lugar

Sucumbir diante das filhas ou filhos é um morrer sem fim,

É cortar o osso e segurar a dor

Doca Street, o assassino de Angela Diniz, morreu aos 86 anos há poucos dias. Morreu de morte natural, 44 anos após o crime, como um justo que nunca foi.


(In: Coletânea Enluaradas I: Se Essa Lua Fosse Nossa. CACAU, Patricia, CORTEZAO, Marta (Org.). Selo Editorial Ser MulherArte, 2021, p. 81)

 




terça-feira, 17 de agosto de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Afronta



 EMPOEMESE/15


Afronta, de Ale Heidenreich

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AFRONTA

 

Faz um “X“ na tua mão!

Não apanhes em silêncio.

Faz um “X“ na tua mão!

Ninguém vê o teu sofrer.

Faz um “X“ na tua mão!

São covardes os que batem.

Faz um “X“ na tua mão!

Mostra “isso“ a todo mundo.

Faz um “X“ na tua mão!

Não somos surdos, cegos, mudos.

Faz um “X“ na tua mão!

 

E se isso não bastar, faz um “X“ no teu grito.

Silencia esse teu medo!

Faz um “X“! Eu repito!

Teu sofrer tem que ter fim.

Acredita em mim.

 

Não dê a carne à faca!

Não dê o corpo ao tiro!

Tem valor a tua vida.

Tem valor a tua fala.

Para tudo há uma saída.

Por amor, mana, não cala.

Por favor, mulher, reflita!




quarta-feira, 11 de agosto de 2021

EMPOEME-SE EM POESIA: Entre a Palavra e o Gesto/ Eu Nua/ O Copo




EMPOEMESE/14


Vários, de Heliana Barriga

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Entre a Palavra e o Gesto

 

Entre a palavra e o gesto, o tempo.

Entre o gesto e o gesto, a palavra de honra

Desonra a palavra.

Entre a palavra e a palavra

O gesto indigesto.

Entre o gesto e a palavra

Calças curtas!

***

 

Eu Nua

 

Eu nua

Com uma bandeira

Plantada às costas, minhas asas

Vespa sobrevoadora de vômitos urbanos

Trago joias e silêncios

Vícios e ventres

Vísceras e almas.

Acordo flor com hálito de estrela

Almoço fada faxineira

E durmo bruxa com bafo de lança.

***


O Copo

 

O homem se refina e faz o copo.

O homem se orgulha do copo.

O homem presenteia a mulher com o copo.

A mulher se orgulha do copo e do homem.

A mulher sem querer, quebra o copo.

O homem se enfurece, cata o caco, fere o rosto da mulher que vira um caco

E caco fere.




quinta-feira, 29 de julho de 2021

Empoeme-se em Poesia: Resistência!

 



EMPOEMESE/13


Resistência!, de Rosangela Marquezi

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Resistência!

 

Em homenagem à Marielle Franco,

assassinada em 18/03/2018...

 

Era simplesmente Marielle:

lutava por sonhos

lutava por ideais

lutava por amor.

 

Sua luta inquietava...

 

Era necessário calar Marielle:

seus sonhos causavam sustos

seus ideais arrebatavam

seu amor incomodava.

 

Mataram seu corpo...

 

Mas não calaram Marielle:

seus sonhos se tornaram coletividade

seus ideais floresceram nas ruas

seu amor se espalhou nos corações...

 

Sua luta, nossa se tornou!

 

In: HEINE, Palmira; MOTA, Dinha; REIS, Célia. (Orgs).

Espantologia Poética: Marielle em nossas vozes.

São Paulo: Edições Me Parió Revolução/Mulherio das Letras. p. 25.




terça-feira, 27 de julho de 2021

Empoeme-se em Poesia: Possibilidades

 



EMPOEMESE/12

Autoria, de Ana Carolina Coelho

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POSSIBILIDADES

 

Se houvesse espaço minhas experiências seriam tatuagens,

E elas contariam minha história enquanto meu corpo dança...

Se houvesse tempo meus desejos seriam brinquedos,

E eu atrapalhada que sou,

Espalharia pelo mundo minhas diversões...

 

Se houvesse mais um pouco de vida...

 

Se houvesse um pouco mais de nós...

 

O mundo seria um sonho vivido,

A realidade do prazer a cada instante...

 

A vida é um presente mágico,

A maior das brincadeiras,

Fragmento do universo...

 

Se houvesse tempo e espaço e um pouco mais...

 

Não haveria nunca a distância...

 

E somente vida entre nós.


(Do livro “Delírios e Desejos de uma Menina-Mulher”)


Visite a coluna CRÔNICAS DE MÃE - NA REVISTA CLÁUDIA ON-LINE




quinta-feira, 22 de julho de 2021

Empoeme-se em Poesia: Abraço





EMPOEMESE/11

Autoria, de Elisa Lago

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ABRAÇO
 
Queria um abraço apertado
Colado, sem embaraço
Coração com coração
Sentir na troca de energia
A amizade, o laço.
 
Queria olhos nos olhos
Em silêncio ficar
Sentir no abraço apertado
Querença do bem
Sem medo de machucar.
 
Queria um afago nas mãos
Encontro num canto qualquer
Sentir plena segurança
De uma amizade de fé.
 
Queria falar de amor
Palavras com exatidão
Caminhar pela calçada
Sentar num banco de praça
Livre de julgamento e de hipocrisia
Na alma só gratidão.
 
Queria ganhar uma bela flor
Pra enfeitar meus cabelos
Abrir um largo sorriso
Aquebrantar o pesadelo.


(No livro "Versejando")




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