quinta-feira, 15 de abril de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Autoria"

 



 EMPOEMESE/08


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Autoria

 

De frente ao espelho,

outras caminham em mim.

Desajeitada,

tento me recompor.

Alucinação?

Delírio?

Fantasia?

Miragem?

Sonho?

Volto a mirar-me...

Cada uma em um caminho,

feito Hera

com sua ferradura de sonhos.

Fecho os olhos,

miragem de uma figura entrecortada,

baixa definição.

No espelho, agora, só o vácuo,

recorte de um corpo inerte,

vazio, sem essência.

Alucinação?

Volto a mirar-me...

E me vejo pelo espelho.

Há outras presas em mim,

multidão de mulheres invisíveis,

perdidas em labirintos,

ilusória a nitidez,

projetada no espelho.

Almas presas em mim agonizam.

Volto a mirar-me...

Cacos de espelhos,

imagens múltiplas,

eu com fardos de outras humanidades.

O espelho é um retrato descrente

de um eu sintetizado.

Em mim pulsam vidas alheias,

imagem recortada de um pré-moldado.

Fantasia?

Volto a mirar-me...

O espelho não me cabe,

é um falso moralista.

Há outras faces ocultas

vivendo dentro de mim.

Nesta imagem postiça projetada no espelho

nunca vou me encontrar.

Miragem?

Volto a mirar-me...

Este espelho social

não detém a liquidez.

Carrego outras mulheres

feridas de mortes com simples beliscaduras.

Meu espelho é marginal.

Acordo com os acordes do sol

(inexpugnavelmente).

Miro os meus caminhos de pedras,

cacos de nós no espelho.

Sonho?

Não!

Uma imagem autoral.


(Livro: Asas do inaudível em luzes de vaga-lume/2019)






MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|32



Momento com Gaia/32



Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



Para ouvir o PODCAST clique AQUI. 


No rancho

Ao ator e dramaturgo Carlinhos Ferreira


o rancho hoje é seu refúgio

trocou o ruído urbano

pela paz da natureza


cada tijolo da construção

edifica lendas e segredos

com o toque de suas mãos


preserva as plantas do cerrado

celebra o desabrochar de cada flor

e alimenta os pequenos saguis


segue os passos de Francisco

que amava todas as vidas

e respeitava os seus habitats


cria os seus próprios vasos

com materiais reciclados

para abrigar outras sementes


de manhã o sol bate a sua porta

como um guardião solidário

para oferecer a sua companhia 


de noite com a janela entreaberta 

a lua seus cabelos acaricia

e o vento brando seu sono vigia




terça-feira, 13 de abril de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|31


Momento com Gaia/31


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



Para ouvir o PODCAST clique AQUI. 


Alma outonal


sentada sobre as folhas 

debaixo de uma árvore seca

observo a nublada solidão


não há barulho de vento

nem pássaro no firmamento

nem ruído de pensamento


parece que o mundo parou

nesse infinito instante

diante da minha presença


com a indiferença do sol

as coisas a minha volta

já não  fazem diferença


sinto-me presa num papel 

dentro de uma foto sépia

registrada sem nenhum rigor


na sabedoria do outono 

paisagem, espera, partida

hora de recomeçar nova vida


não sei onde está a razão 

mas sei que o meu coração

dorme na paz desse chão




domingo, 11 de abril de 2021

Leitura de Lâminas da Mãe Terra para os Ciclos Lunares


 

(Lua Nova, de 11/04 a 19/04)/09


Por Ana Luzia de Oliveira


Sobre o Oráculo Lâminas da Mãe Terra


As Lâminas da Mãe Terra são um oráculo formado por frequências que foram intuídas, apresentando-se em imagem, nome e funcionalidade, representados por Ana Amélia Moura, Ana Luzia Oliveira e Neysi Oliveira, em processo de canalização. 


Suas cartas podem ser interpretadas por seus significados arquetípicos e, também, podem ser tomadas por frequências que nos auxiliam naquilo a que se propõem ativamente.

  


Sua leitura destina-se a fins terapêuticos e de autoconhecimento, para ampliar a consciência das dinâmicas que existem em nossas vidas e dos recursos que temos para solucionar as questões que se apresentam.

 

E a Lua se reNova! 

 E nos chama para a renovação daquilo que já está pronto em nós para ir, preservando-se o que é essencial.

 


Mandacaru. O cacto está protegido pelos espinhos, mas conserva o coração intacto no interior. Podemos enfrentar as situações que nos desafiam e as pessoas que nos magoam com todos os recursos que possuímos, mas devemos ficar atentos para que o nosso coração se preserve e não percamos nossa essência. ReNovar é uma escolha entre tudo o que queremos manter e aquilo que devemos deixar ir para que o novo tenha espaço para chegar. E na luta contra o que queremos enfrentar, devemos ter cuidado para que não nos tornemos nossos próprios antagonistas. Posicionar-se é importante, o bom combate é saudável, mas a sustentabilidade é essencial, tanto do nosso próprio ser, como do ambiente em que queremos viver. Tenhamos cuidado com os nossos próprios espinhos.

 

O que fica? O que vai? O que vem?

 

Desapego. Não temos a maior parte dessas respostas, por isso temos que nos ater apenas ao que podemos fazer, para não nos perdermos em delírios, nem criarmos fantasmas que nos atormentem. O primeiro olhar deve ser sempre para o que realmente importa, a essência sem a qual nos desfiguramos. O restante é prescindível. Toda a vida à nossa volta se reconstrói diariamente. Se há perda e morte em algo que vai, há ganho e vida no novo que chega. Este é o ciclo da vida, da natureza e do Universo e lutar contra ele só nos desgasta. Desapegar não é se livrar da essência e, sim, deixar desprender aquilo que a deturpa. Abrir mão de controlar o resultado é talvez o maior desapego que experimentamos. E a descoberta de que não temos respostas para tudo é o desafio do autoconhecimento e do curso da vida. Entreguemo-nos ao fluxo do ir e vir da Energia Universal confiantes apenas que a nossa essência será preservada em nossos corações!

Aho Mitakwye Oyassin! Obrigada por todas as minhas relações, Ana Luzia Oliveira.

 


sábado, 10 de abril de 2021

MOMENTO COM GAIA: Poesia em tempos de pandemia|30




Momento com Gaia/30


Por Janete Manacá


Esse projeto, de autoria da poeta Janete Manacá, nasceu em 16 de março de 2020, com a chegada da Pandemia causada pelo novo Covid-19. Por se tratar de algo até então desconhecido, muitas pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e síndrome de pânico. Com o desejo de propiciar a essas um “momento poético” no conforto dos seus lares, toda a noite é enviado, via WhatsApp, um áudio com poesias de sua autoria para centenas de pessoas do Brasil e de outros países. E estas são replicadas pelos receptores. Acompanhe o poema abaixo:



Para ouvir o PODCAST clique AQUI. 


Meu pequeno guardião


está sempre junto comigo

brinca com meus pensamentos

acorda-me no meio da noite


faz-me rir de pequenas coisas

dança comigo quando tem vontade

ao som do próprio silêncio


reverencia o sol do meio dia

corre na calmaria da chuva

traz-me alento e confiança


ri das minhas piadas sem graça

beija as plantas do quintal

dialoga com libélulas e cigarras


envia recados pela ventania

toma água do sereno da noite

conversa com as rosas todo dia


caminha sobre o arco-íris

quando quer brincar no céu

depois descansa sobre as asas


sua companhia é imprescindível

sem ele eu não sobrevivo

meu anjo, guardião do meu sorriso




sexta-feira, 9 de abril de 2021

Empoeme-se em Poesia: "Meu feminismozinho de merda"



 EMPOEMESE/07

Meu feminimozinho de merda, de Jalna Gordiano

Para ouvir o podcast, clique AQUI.


Meu feminismozinho de merda

 

O meu feminismozinho de merda

Me deixou chegar até aqui viva

Depois de algumas humilhações, umas bofetadas na cara

O meu feminismozinho de merda

Me fez escapar de um clitóris arrancado

De ser estuprada pelo marido

O meu feminismozinho de merda

Apelidou-me de puta e sapata

Enfiou meu pé na lama

Não me permitiu um CASAMENTO DE SUCESSO

O meu feminismozinho de merda

Não deixou o pastor ungir meu rabo, não me fez santa

Me fez mãe solteira, mãe de

Dois filhos de pais diferentes

O meu feminismozinho de merda

Me tirou de dentro do ônibus do estupro coletivo

O meu feminismozinho de merda

Me esfriou de uma morte do fogão

Não me deixou parada num salão enquanto alguém cozinhava meus miolos

Não me fez a rainha do lar

Não me cobriu com o manto da purificação

O meu feminismozinho de merda

Me desnudou, abriu meus olhos

Me tirou do plástico e me fez carne

Para chorar todas as lágrimas das mulheres espancadas,

Queimadas, arrastadas para o mato,

violadas por madeiras que vararam suas bocas ao lado de suas filhas.

Muito obrigada senhores,

digo não às formas de sucesso  social.

Até aqui tem me salvado o meu feminismozinho de merda.





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