sábado, 4 de fevereiro de 2023

PROCESSOS DE ESCRITA: KRENAK, O MENINO DOS BRAÇOS COMPRIDOS

 

PROCESSOS DE ESCRITA: KRENAK, O MENINO DOS BRAÇOS COMPRIDOS 

POR TERESA CRISTINA BENDINI

Meu oitavo Livro Infantil, "Krenak, o menino dos braços compridos", lançado em janeiro de 2022 pela editora Letra Selvagem, foi uma das muitas produções literárias espalhadas por todo o mundo, motivadas por uma catástrofe de dimensão incalculável: A Covid-19, que vitimou cerca de 700 mil brasileiros e outros tantos milhões pelo mundo.

Essas produções tornaram-se registros preciosos por falar de uma calamidade planetária. Contos, romances, poesias, crônicas e livros infantis como o meu, surgiram inspirados pela pandemia de Covid 19. Elas vão narrar os efeitos na pisquê humana, contando através dessa vasta produção, as mazelas causadas por ela  no mundo todo. Escrever esse texto foi como se eu me curasse, como se eu me libertasse do medo, da raiva contida, da desolação que me causou não poder ver meus filhos bem de perto, por não poder abraçá-los, senti-los fisicamente.  Enfim, senti que estava produzindo uma literatura para expressar a dor de uma humanidade inteira, toda ela vítima de uma doença desconhecida, que provavelmente só foi possível devido a um sistema econômico predatório, destruidor de biomas e ecossistemas. 

Krenak é um indiozinho, um curumim. Ele percebe que seus braços crescem, toda vez que tenta abraçar algo. Mas ele quer curar o mundo com seus abraços. Eu estava distante dos meus filhos, e sentia falta de abraçá-los. E essa dor não era somente a minha, era a de todas as mães, pais, parentes, amigos. Enfim, eu queria falar disso. Abraçar é uma experiência uterina, quando eu abraço meus filhos, é como se eu os devolvesse para o meu útero. Eu queria colocar todas as crianças nele, elas estavam assustadas, perdendo avós, tios, pais, irmãos. O útero é um local aconchegante. Eu quis inventar um lugar de calma, de utopia, de recomeço, de encantamento. Esse lugar era o abraço. Dessa constatação nasceu o texto. Mas também de uma questão importante: A questão ambiental. Ela me chegou através do pensamento de um ambientalista famoso. Ailton Krenak e seu livro "Ideias para adiar o fim do mundo". Um livro que eu considero crucial para se compreender a problemática ambiental do Brasil e do mundo. É uma leitura imperdível. Como estávamos isolados, o jeito foi se encher de livros, de música, de arte. Daquela que estava disponível. O livro de Ailton Krenak deu concretude ao meu. Seu pensamento cheio de argumentos, veio de encontro à minha sensação de indignação. Então o menino Krenak, é o próprio Ailton, que com seus bracinhos compridos, leva para o mundo sua mensagem curativa. O indiozinho também propõe no meu texto, um outro modelo de existência, já em andamento. Esse modelo se baseia na sabedoria indígena.

As ilustrações do livro são de Carolina Latorre

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Teresa Cristina Bendini é poeta, nascida em Taubaté, SP. Escreveu oito Livros Infantis e um de Poemas. Seu último Livro: "Krenak, o menino dos braços compridos", escrito durante a pandemia, faz alusão ao urgentíssimo texto: "Ideias para adiar o fim do mundo", do ambientalista e pensador indígena, Ailton Krenak.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

PROTAGONISMO FEMININO: A POETA INDÍGENA ELIANE POTIGUARA RECEBE TÍTULO DE DOUTORA HONORIS CAUSA PELA UFRJ

PROTAGONISMO FEMININO|06 

PROTAGONISMO FEMININO EM FOCO: A POETA INDÍGENA ELIANE POTIGUARA É PREMIADA COM O TÍTULO DE DOUTORA HONORIS CAUSA PELA UFRJ 


A poeta indígena Eliane Potiguara é Doutora Honoris Causa pela UFRJ No dia 22 de novembro de 2022, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) concedeu o título de Doutora Honoris Causa a uma ex-aluna ilustre: a escritora indígena brasileira Eliane Potiguara. A autora nasceu em 1950, na cidade do Rio de Janeiro, no seio de uma família indígena desaldeada e cursou Letras na UFRJ, no início da década de 1970.

A literatura indígena contemporânea, compreendida como a produção literária dos intelectuais indígenas brasileiros na atualidade, vem se tornando bastante expressiva a partir das últimas décadas e tem na figura de Eliane Potiguara uma importante precursora. No contexto da produção literária da autora percebe-se uma escrita voltada para o universo feminino em que se destaca a afirmação das diferenças, em contraposição ao modelo hegemônico.

[foto do Facebook da autora]
A poeta desenvolve uma escrita que se impõe contra o silenciamento secular das subjetividades indígenas. A literatura de autoria indígena tem essa vantagem de apresentar conhecimentos não estigmatizados a respeito das culturas dos povos originários pois possibilita a expressão individual e coletiva dos próprios indígenas.

Na condição de intelectual orgânica – sua produção literária não se distingue de sua atuação de militante do Movimento Indígena, Potiguara promove, no conjunto de sua obra, uma série de rupturas em relação aos padrões clássicos de textualidade, de linguagem e de pressupostos, tanto teóricos quanto epistemológicos. As principais publicações de Eliane Potiguara são: A Terra é a Mãe do Índio (1989); Akajutibiró: terra do índio potiguara (1994); Metade Cara, Metade Máscara (2004); Sol do Pensamento (2005) e-book; O coco que guardava a noite (2012); O Pássaro Encantado (2014); A Cura da Terra (2015). Diversas antologias produzidas no Brasil e no exterior. Potiguara também costuma publicar textos em seu site, nas páginas, Instagram, perfis no Facebook, e em grupos que administra nos espaços virtuais.

[foto do Facebook da autora]

Esse reconhecimento vem como honraria para a intelectual que, em sua longa jornada no campo da escrita autoral, já enfrentou inúmeros desafios e foi, muitas vezes, silenciada, aviltada e até violentada em sua condição de mulher indígena que não se cala diante das injustiças e das incoerências. Seu livro Metade cara, metade máscara, referenciado pelo eminente escritor indígena Ailton Krenak como um livro totem, representa um libelo contra a opressão aos povos indígenas, sobretudo às mulheres indígenas.

Eliane Potiguara é uma autora que escreve com as suas ancestrais. A partir de um jogo polifônico, ela resgata as vozes das matriarcas indígenas. A escritora realça a importância da convivência com as mulheres de sua família, como a mãe, a avó e as tias-avós, para a sua formação como escritora. De acordo com ela, porque narravam suas histórias indígenas de forma mágica e envolvente. E a partir dessas narrativas, a poeta promove reflexões sobre os enfrentamentos das mulheres indígenas em trânsito, sua solidão e os preconceitos dos quais costumam ser vítimas. Dessa forma, seus escritos denunciam a violência, o racismo e a intolerância da sociedade.

Nos versos de seu poema: Fim de minha aldeia:

 

Tenho medo das coisas que falo

Que mais parecem profecias

De tudo mais que falei

Hoje estou tão só, triste e descontente

Perdi o meu amor

Perdi minha razão

Dói-me profundo

Profundamente meu coração.

Choro intranquila, sofro a desgraça

Vivo o desamor na solidão

E por onde passo

Há só lembranças, tristes lembranças

De uma aldeia acabada.

Eu tenho medo das coisas que falo

Que mais parecem profecias

Pois de tudo, tudo que falei

Hoje estou sofrida, amargurada

Perdi minha essência

Grito traída, canto a trapaça

Sou a própria tristeza

Transformei-me numa constante ameaça.

Agora não rio, não sonho

Não suporto mais nada

Uma dor aguda me sufoca, me maltrata

É a dor da saudade que me mata.

(POTIGUARA, 2018, p. 35).

[foto do Facebook da autora]

Os versos realçam a subjetividade das indígenas exiladas, como a avó da autora – Maria de Lourdes, forçada a deixar a aldeia no Nordeste, de forma violenta, após o desaparecimento do pai Chico Solon. De acordo com relatos da própria escritora, as matriarcas chegaram ao Rio de Janeiro em um navio que carregava imigrantes e enfrentaram inúmeras adversidades.

A cerimônia de outorga do título reverenciou também o poeta popular Carlos Assumpção, personalidade negra brasileira internacionalmente reconhecida. Em solenidade de grande força simbólica, a academia premiou, concomitantemente, uma escritora indígena e um escritor afrodescendente. Dois intelectuais considerados periféricos cujas produções movimentam discursos contra-hegemônicos.

Nessa linda cerimônia, foram ouvidos: o grito de uma guerreira indígena potiguara e um rufar de tambor acompanhado por calorosos protestos de um intelectual negro. A cena revela rupturas em relação ao pensamento abissal moderno. A literatura abre caminhos para a valorização dos saberes populares, dos escritos das mulheres, do povo preto e dos povos indígenas.

[foto do Facebook da autora]

A beleza dessa cena sugere a possibilidade de revitalização do cânone literário tradicional, a partir da apresentação de escritoras e escritores silenciados no interior do sistema literário brasileiro, como é o caso dos intelectuais indígenas e dos intelectuais negros e negras que tiveram suas participações negadas durante a constituição da historiografia literária. Que a literatura possa, cada vez mais, tocar a sensibilidade das pessoas para que superem preconceitos e ódio. Que a sociedade se torne, cada dia, mais harmônica e equilibrada sempre se pautando pelo respeito às diferenças e pela convivência pacífica entre os povos.

[foto do Facebook da autora]

Que a exemplo da escritora Eliane Potiguara, cada vez mais mulheres sejam reconhecidas, dentro e fora dos espaços institucionais, cada vez mais indígenas, negros e negras sejam reconhecidos e reconhecidas. E que a diferença não seja mais critério de exclusão, mas que possa ensinar o respeito pela diversidade.

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 Para ADQUIRIR as obras de Eliane Potiguara e conhecer mais sobre seu percurso literário, visite o site da autora AQUI.


Referência:

POTIGUARA, Eliane. Metade Cara, Metade Máscara. 3ª ed. Rio de janeiro: Grumin Edições, 2018.

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Heliene Rosa é poeta mineira, professora e pesquisadora das poéticas femininas. Escreve para o Blog Feminário Conexões e publica textos em antologias literárias nacionais e internacionais. Além da produção poética, tem publicações acadêmicas sobre a produção feminina na literatura e articula projetos e eventos de leitura literária.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

LETRAS ICAMIABAS: LANÇAMENTO DO LIVRO "JARDIM DOS SILÊNCIOS", DE SANDRA SANTOS

LETRAS ICAMIABAS|03 

LANÇAMENTO DO LIVRO "JARDIM DOS SILÊNCIOS"

POR SANDRA SANTOS

Lançar-se ao novo, por vezes é assustador, e envolve uma predisposição para encarar o desconhecido. A vida é recheada de escolhas e podemos aceitá-las ou não. Na nossa jornada, nos deparamos com desafios diários, coisas que nos chegam sem que as desejemos, e outras, que apesar de alguns obstáculos, são provenientes de nossos desejos, de nossos sonhos e configuram-se em lutas que almejamos, e para as quais nos preparamos.

Estudar e alavancar uma carreira, (principalmente para as mulheres da minha geração) significava uma verdadeira batalha, e apesar das guerras que travei, veladas ou não, nunca me fizeram desistir dos meus sonhos. Apenas, apenas os adiei.

Iniciei meu voo, e nesse percurso, encontrei esse grupo maravilhoso de mulheres, determinadas, sonhadoras e empreendedoras. Mulheres que cultivam a sororidade, o sorriso, o abraço, e que unidas, abrem caminhos em uma rede de apoio e afetividade. Junto a esse grupo, me senti acolhida, mais forte e capaz.

Lanço-me agora à divulgação de meu primeiro livro – “Jardim dos Silêncios” / gênero – poesia. Certa de que quero continuar a voar, hoje encaro a construção da minha carreira literária, sem amarras e com alegria. Almejo mais... Porque sim. Eu posso, e todas nós podemos.

Meu agradecimento especial ao coletivo Enluaradas por reafirmarem diariamente que estamos no caminho certo. Agradeço também a Nara Fontes por prefaciar a minha obra, e a Ozias Filho, pela imagem e a bela capa.

Agradeço imensamente a oportunidade de participar desse Coletivo, do espaço no Feminário Conexões, e por fazer parte na Antologia “I Tomo das Bruxas – Do Ventre à Vida”.

Livro: “Jardim dos Silêncios” - Editora Viseu (2023)

Disponível em formato físico e e-book – no site da editora Viseu, Amazon, Americanas, Magazine Luiza, Shoptime e submarino.

E-bookAmazon, Apple, Barnes & Noble (EUA), Google, Kobo, Livraria Cultura e Wook (Portugal).

LANÇAMENTO: livro JARDIM DOS SILÊNCIOS, de Sandra Santos

HORA: das 17h às 22h

ONDE: Patuscada - Espaço Cultural - Rua Luís Murat, nº 40 - Pinheiros (São Paulo capital).

Poema presente no livro...

Grito 

Embaixo da minha pele,

mora um grito.

Arranco-o em tacos de carne.

Embaixo da minha pele,

mora um bicho, eu o sinto.

Embaixo da minha pele,

mora um anjo de asa em riste.

Logro que não ouço o grito.

Alimento o bicho.

Observo o anjo,

finjo que não é nada além de um palpite.

No silêncio, o grito escapa,

fragmenta-se o maldito.

O bicho cresce.

O anjo se recolhe.

Eu existo.

 

Sandra Santos 

06/06/2022

Vídeo-Convite de Sandra Santos

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Sandra A. Santos é pedagoga com especialização em Educação Ambiental, ambientalista apaixonada pela natureza e pela vida em todas as suas formas. Hoje aposentada, dedica-se à literatura, escrevendo contos, romances e poesias que giram em torno do universo feminino. Com trabalhos publicados em antologias no Brasil e na Argentina.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

ENLUARADAS/II FLENLUA: O QUE GRITA A SUA POESIA?, POR HELIENE ROSA

LÍRICA, ÉTICA E FILOSOFIA: MULHER, O QUE GRITA A SUA POESIA? - II FLENLUA/2023 - MESA 5

POR HELIENE ROSA 

Heliene Rosa
Escritora, poeta, pesquisadora
A definição do tema: “Lírica, ética e filosofia: mulher, o que grita a sua poesia?”  para a quinta mesa do II Festival Literário Enluaradas – FLENLUA/2023 teve como motivação principal o desejo de conhecer a essência da escrita literária de cada poeta. Assim, cada autora foi estimulada a refletir sobre o seu fazer poético, no contexto de produção do último volume da trilogia do Coletivo Enluaradas: a coletânea I Tomo das Bruxas: do Ventre à Vida (2022).



Diante dessa provocação, a poeta Malu Baumgarten revelou que a sua poesia se consolida na complexidade de ser e de estar no mundo, sob a égide dos desafios e das incoerências humanas na modernidade tardia. A participação virtual da escritora, a partir do Canadá, aconteceu coincidentemente sob um frio intenso. Em relação à sua escrita, é possível perceber intenso lirismo apoiado em uma ética da solidariedade. Intimismo e emoção se aliam para a projeção de ideais que problematizam o que se convencionou chamar de humanidade, sob o prisma do capitalismo selvagem. Nesse contexto, a autora manifesta sua sensibilidade diante do que vê no mundo.  No cenário de seu poema: Carlton e a rua da igreja, declamado durante a live da feira literária, há uma mulher que dança seminua em uma das ruas geladas da cidade de Toronto. Enquanto isso, um homem caminha maltrapilho e sem sapatos, sob o ar gélido de oito graus centígrados. Ambos compõem um espetáculo fantasmagórico presenciado por passantes que se encolhem indiferentes na calçada. A lente de Malu Baumgarten flagra a displicência da sociedade diante da miséria e do caos psicológico presenciados na rua. Há, na semelhança com a temperatura ambiente, neve nos corações, na alma e nos olhos que olham sem ver a dor dos semelhantes. Em versos contundentes, desnuda-se a incoerência nas atitudes de gentlemen e ladies bem-nascidos, bem vestidos e bem nutridos que naturalizam as injustiças sociais pela falta de sensibilidade diante do infortúnio dos corpos que “dançam” na neve. A poesia de Malu Baumgarten grita contra a insensibilidade e os desacertos do mundo.


Com foco no poder que a escrita agrega à trajetória das mulheres intelectuais, Jeane Bordignon, poeta porto-alegrense, celebra a superação gradual do anonimato feminino na literatura quando realça a importância da assinatura das escritoras em suas produções. Ela reafirma o poder das lutas por visibilidade com a publicação de seu livro de poemas O Brado Carmesim (2014). O grito das mulheres, representado em sua escrita poética, revela a força e a sabedoria ancestrais trazidas pelo vento e materializadas no voo/dança das deusas, das fadas, das ciganas e das mulheres que bebem do sol e da chuva, em perfeita integração com os elementais. Em seus versos, a autora celebra a força que a escrita das mulheres reúne para vencer, muitas vezes com palavras até cortantes, a subalternidade feminina. O poema intitulado Cigana-Borboleta, presente na coletânea I Tomo das Bruxas: Do ventre à vida (2022, p.49), evidencia o desejo/necessidade de liberdade das mulheres que rompem com alguns padrões comportamentais, se expressam de múltiplas formas e fogem das convenções, das amarras e dos estigmas sociais. A poesia de Jeane Bordignon grita poder feminino e liberdade.

A liberdade para o exercício do poder feminino por meio da escrita literária não descarta o sublime nem a metafísica. Nesse sentido, a poeta, terapeuta holística e astróloga, Astrid Schein Bender, a TidaFeliz expressa em sua escrita autoral uma conexão intensa com a natureza e reverbera a potência feminina da criação. Ela ressalta o caráter testemunhal de sua poesia a partir da materialização de questões idiossincráticas de sua trajetória como discípula da vida em constante aprendizado. O envolvimento com a terapêutica holística instrumentaliza o olhar dessa poeta a explorar aspectos que transcendem o real imediato e favorecem a abertura para novos aprendizados a partir das e para as artes poéticas. Nos versos de seu poema: Sob um Céu Encantado, presente na coletânea I Tomo das Bruxas: Do ventre à vida (2022, p.190), ela aborda um segredo ancestral de manifestação do ser, em que sonho e revelação se oferecem como opções introspectivas na úmida verdade de um céu habitado por flores mágicas e coloridas. Na tessitura de seu poema, vicejam a alegria e o amor que hoje move a escrita das mulheres, das bruxas contemporâneas que se conectam com o sagrado feminino ancestral para revelar subjetividades, beleza e histórias. A poesia de TidaFeliz grita encantamento e magia.


Os desafios impostos à expressão das intelectuais e artistas da palavra ao longo do tempo movem a atuação de Heliana Barriga, poeta com 40 anos de dedicação à literatura. Ela é artista musical, Embaixadora das Infâncias e apresentadora do programa infantil A Arte de Ser Criança. Com sua escrita irreverente e combativa, ela burila a palavra viva na ludicidade poética da emoção de despertar para o novo a cada momento. Assim, vem se ocupando com a poesia das infâncias, estimulando a escrita entre as crianças nas escolas. A autora explora o caráter experimental da poesia e o non sense, vive a poesia no cotidiano como emoção. Ela é uma bruxa contemporânea que estreia o dia com poesia e alegria. Nos versos de seu poema: Dibruxa, presente na coletânea I Tomo das Bruxas: Do ventre à vida (2022, p.41), Heliana Barriga interroga essas bruxas diante da materialidade do viver e ressalta a magia necessária às atividades que lhes são inerentes. Nesse exercício, a poeta desconstrói a rigidez da linguagem para alcançar inusitados sentidos, significados pertinentes ao universo versátil das feiticeiras pós-modernas. Ela reitera o elo perene das gerações e a força da ancestralidade que nutre os poderes femininos: “...bruxas novas sempre precisarão das bruxas antigas. As bruxas antigas é que têm as receitas antigas...”. A poeta conduz sua arte para o enfrentamento das questões pontuais pela valorização da cultura, do ensino e o combate às variadas formas de injustiça social. A poesia de Heliana Barriga grita teimosia e resistência.


A plurissignificação da palavra poética e a ambiguidade constitutiva da linguagem se materializam na escrita da poeta, pedagoga e ambientalista Sandra A. Santos. Ela situa a poesia no âmbito da provocação e do acalento, ao ressaltar o caráter comunicativo e a potência do dizer nas entrelinhas que reverbera em cada verso, que – no contexto de sua produção  se transforma em força para as lutas da existência. A arte da escrita poética pulsa em suas veias como um legado parental, ela revela ter tido pai poeta. Assim, seus versos transitam de um lirismo delicado onde borboletas batem asas e beijam flores até a ética das lutas contra todos os tipos de abuso.  A assertividade de sua poesia lembra que somos seres desejantes e, por essa razão, também seres de poder. Essa dinâmica instaura e materializa as batalhas cotidianas contra a palavra vazia. Nos versos de seu poema: Revolução, presente na coletânea I Tomo das Bruxas: Do ventre à vida (2022, p.176), há uma voz lírica exaurida que faz o verbo ecoar no protagonismo da palavra poética. Persistente, essa voz revela sua estratégia: “Só sei lutar com verso”.  A poesia de Sandra A. Santos grita lirismo e revolução.


Os movimentos cíclicos que aproximam os corpos femininos ao corpo da Mãe Terra estabelecem uma identidade de poder para as mulheres que não escapa à produção autoral da poeta Hydelvídia Cavalcante, de Manaus/AM. Ela é professora doutora em Linguística e desenvolve projetos voltados para o falar amazonense. Na expressão lírica da sua poesia, percebe-se o grito pela ética que eleva as vozes femininas nos saberes e poderes necessários à ascensão dessas poéticas e à elevação da estima das mulheres. Nos versos de seu poema: Berço Orgânico da Vida, presente na coletânea I Tomo das Bruxas: Do ventre à vida (2022, p.67), a autora aciona a força do sagrado feminino na criação humana ao reverenciar a figura da mulher em sua justa posição de portal para a terceira dimensão. Reafirmar essa verdade objetiva também é estabelecer uma ética do conhecimento a despeito de quaisquer vinculações filosóficas que intentem sugerir ou legitimar a negação do poder das mulheres na criação, na nutrição e na manutenção da vida. Nas palavras dela: “A natureza anatômica do ser humano mulher / traz em seu cerne a dadivosa iniciação da vida...”. A poesia de Hydelvídia Cavalcante grita amor e feminilidade.

Os desdobramentos da aventura feminina pelos caminhos da escrita autoral vêm revelando que não basta competência intelectual para se sobressair nesse universo. São necessárias diversas estratégias, às quais a poeta Manuela Lopes Dipp se refere, de forma paradoxal. Ela lembra o poder e o perigo da literatura ao reafirmar a seriedade da escrita e requisitar para as mulheres escritoras o direito ao status de profissionais das Letras, com todos os reconhecimentos devidos e merecidos. Ela reafirma, enfaticamente, o labor da escrita e o caráter revolucionário desse ofício. Natural de Porto Alegre/RS e formada em Direito, Manuela Lopes Dipp declara não ser uma profissional do Direito que escreve, mas uma escritora que, entre outras atribuições, atua nessa área. A autora lembra ser indispensável estimular as novas gerações de mulheres para que lutem por esse reconhecimento para a profissão de escritora. Seu poema: Feitiço, presente na coletânea I Tomo das Bruxas: Do ventre à vida (2022, p.116), faz referência ao silenciamento secular das mulheres e às estratégias para manutenção da subalternidade feminina na contemporaneidade. Reposiciona o papel das lutas femininas em favor da extinção das fogueiras  em suas diversas formas e variadas manifestações – para que sejam banidas juntamente com práticas da opressão feminina que são continuamente perpetuadas e naturalizadas nas sociedades machistas. A poesia de Manuela Lopes Dipp grita respeito e reconhecimento.


A síntese das discussões propostas nesse encontro de mulheres escritoras é anunciada pela poética de Rita Queiroz. A poeta da capital baiana também é professora doutora em Filologia com extensa produção literária e competência reconhecida no campo da escrita autoral. Os versos de seu poema: Fervedouro de Sementes, presente na coletânea I Tomo das Bruxas: Do ventre à vida (2022, p.155) resgatam quimeras primitivas, sonhos gestados nos ventres das primeiras bruxas e a força ancestral que vem da alquimia e do gozo. Desejos forjados nas lutas por transformações empreendidas por mulheres em diferentes lugares e tempos: “Na pluralidade de eras...”. Sementes deixadas por bruxas antigas e contemporâneas, deixadas por todas nós que; “Fabricamos o mundo, o tempo, o infinito”. Sua poética resgata a força motriz da ancestralidade no universo das autoras da trilogia, as bruxas contemporâneas que elevam suas vozes na segurança do poder e do conhecimento ancestral: o sagrado feminino que pulsa em cada ventre. A poesia de Rita Queiroz grita vida e plenitude!


A mediação desse potente encontro feminino suscitou reflexões importantes para a minha trajetória como pesquisadora das poéticas femininas. Quando defendi a minha tese de doutorado sobre as poéticas das mulheres indígenas há dois anos, comecei a me interessar por temas que permeiam a escrita das mulheres e, principalmente, por temas que as motivam a escrever e a publicar. Assim, recebo essas provocações como estímulo para a minha constante investigação sobre o tema e também como um grande impulso para a minha produção autoral.

Agradeço às escritoras Patricia Cacau e Marta Cortezão que são as idealizadoras desse importante projeto, pela oportunidade de partilhar desse momento histórico na produção literária brasileira de autoria feminina coletiva. O registro dessas atividades é imprescindível para a historiografia da literatura brasileira, sobretudo no seguimento da produção das mulheres, historicamente apagada pelos cânones tradicionais.

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Heliene Rosa é poeta mineira, professora e pesquisadora das poéticas femininas. Escreve para o Blog Feminário Conexões e publica textos em antologias literárias nacionais e internacionais. Além da produção poética, tem publicações acadêmicas sobre a produção feminina na literatura e articula projetos e eventos de leitura literária.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

PROCESSOS DE ESCRITA: IN(-)VERSOS DO MEU VERSO, POR RITA ALENCAR CLARK


IN(-)VERSOS DO MEU VERSO - A SAGA DO LIVRO AZUL PERDIDO


           Quando recebi o chamado de Marta Cortezão ao presente projeto, de pronto lembrei do meu livro perdido por 25 anos, bodas de prata, portanto; mas para falar sobre ele precisaria retornar ao ponto de retomada da minha escrita, o que ocorreu quando estava concluindo minha pós-graduação em Literatura, Arte e Pensamento Contemporâneo na PUC-Rio, concluída no ano de 2008. Evidentemente, para receber o certificado, precisaria escrever a monografia, e aí estava todo o problema. Voltar a escrever.

Em 2006, quando dei início ao curso, meu casamento estava entrando na primeira e grande crise, 10 anos de um casamento conturbado, mas, de alguma forma, feliz. Dois filhos pequenos e uma filha jovem adulta do primeiro casamento. Dava pra levar, no malabarismo emocional, no foco, atenção plena. Bem, resolvi que estava na hora de retomar minha carreira de escritora, renegada desde que se deu o sumiço do “livro de capa azul” como ficou conhecido na casa paterna. Sim, havia dado ao meu pai, escritor e poeta, a “boneca” datilografada para que fizesse as devidas correções, revisões etc. Ingenuamente, coisa que jamais me perdoei, não tirei cópia, numa era que não havia “nuvem”, nem arquivos de textos confiáveis… foi perdido entre os manuscritos tantos de meu pai quando a família mudou-se para um novo endereço. Nunca mais foi visto nem falado, o “livro azul da Rita” virou tabu, incômodo, inconveniente, prova viva da (des)organização acumulativa que imperava no seio familiar. Por anos não pude falar, tocar no assunto, tive que engolir o choro, “aguar o bom do amor” e seguir em frente. O pai, poeta, constrangido e vencido, nada dizia, sabia muito bem da minha dor, já tendo livro inédito perdido também…dor e desolação. Parei de escrever!

Foram anos de negação e isolamento, da escrita bem dizendo, porque a vida “de fora” bombava, explodia em aliterações, antíteses e plot-twists! Dez anos, especificamente, dez anos me recusando a escrever. Acho que por isso, depois da explosão da primeira crise conjugal, resolvi voltar a estudar, queria retomar de um ponto que julgava ser a minha grande recompensa, me reconhecer como escritora, afinal. Foram 18 meses de luta contra o machismo e a intolerância de meu marido, que entre sabotagens emocionais e ironias, alegava que jogava dinheiro fora com esse “cursinho de pintar porcelana”, como ele gostava de referir-se a minha especialização. Na verdade, tinha ciúmes, talvez uma ponta de inveja da minha coragem; por posse, queria-me recatada e do lar, eu queria correr com os lobos…assim fui levada pelo perigo, pela determinação e coragem. Morava na Barra, a PUC, na Gávea, tinha o Pires e o Baixo Gávea, tinha a liberdade de interagir fora da bolha. Todas as 3as. e 5as. estava lá, firme, não me deixei intimidar. A filha mais velha fazia Direito noturno, também na PUC, íamos juntas, uma farra deliciosa, inesperada, fazer faculdade junto com a filha! Não preciso dizer das brigas e confusões, armadas pelo marido possessivo, que precederam as minhas saídas de casa. Mas, com filhos cuidados, alimentados e supervisionados por uma eficiente babá, o mundo, naquelas noites de terça e quinta, era meu, só meu!

Fiz amizades intensas com colegas e professoras, deixei o medo de escrever de lado e me joguei nas narrativas, contei histórias, fiz poesia, li muito, descobri universos inexplorados e inóspitos, faz parte, não lemos apenas o que gostamos, fui confrontada, exigida, resgatada, enfim, quebrei a casca embrutecida que esmagava minha sensibilidade adormecida e rompi a crisálida.

Não raro precisava passar fins de semana imbuída em trabalhos acadêmicos, prazos e apresentações, numa dessas ocasiões já no final do curso, prestes a entregar a monografia, prestes a ter um “passamento”, como dizia minha avó quando queria nos assustar: “...fiquem quietos, parem de brigar, senão a mãe de vocês vai ter um passamento!”, entrei em pânico, achei que não daria conta diante às demandas, mas não tive o tal do “passamento”. Naquele estado catártico encontrei uma bolha de referência para respirar, lembrei de Clarice Lispector, estava lendo a sua biografia… lembrei, especificamente, da foto dela com a máquina de escrever no colo, o cinzeiro ao lado, a folha de papel engatilhada no rolo, o olhar lânguido e, imagino, o caos a sua volta! Vamos, eu disse a mim mesma, se ela conseguiu você também consegue! Para isso servem as referências, tinha que acreditar naquilo, era minha única chance. Terminei o manuscrito.


[arquivo da autora-com os pais]
Naquele ano, 2008, meu pai ainda estava bem e ajudou-  me com algumas partes do texto, na verdade achei um meio de resgatar uma história que era dele também, afinal o título do meu ensaio/monografia era “Milton Hatoum - Um breve olhar pelo Oriente-Amazônico”, a narrativa travava um diálogo entre "Relato de um certo oriente" de M. Hatoum e a obra “A casa do tempo” de outro poeta Amazônico chamado Jorge Tufic também, como Hatoum, de origem Libanesa. Essa busca e reminiscências ocuparam muitas das nossas tardes, a alforria concedida pelo marido que me deixava em paz, era uma brisa suave que invadia minha existência naqueles momentos…ríamos, meu pai e eu, das histórias contadas por Tufic, história de juventude, ambos eram amigos-irmãos, saíram de Manaus juntos aos 20 e poucos anos para descobrir o mundo, pelo bem e pelo mal, pela poesia de certo, fizeram história e hoje são Imortais da Academia Amazonense de Letras. Em contrapartida, contava-lhe das aulas que havia tido com Milton Hatoum na UFAM, em uma Manaus dos anos 80. Ele, empolgado, só dizia: “mas minha filha, isso é uma obra de criação… tem que ser publicado!” – Calma pai, ainda preciso concluir a monografia…e tirar 10! Não sabíamos, mas esse foi nosso último momento juntos, inteiros, vibrantes, onde a poesia que corria nas nossas veias vazava para o papel, derradeiramente. Ele se foi em 2011, mas desde 2009 a vida drenava-lhe as forças do corpo, o mal de Parkinson tirou-lhe o prazer da escrita à mão, assim como o prazer daqueles 3 chopes à beira mar. Tirei 10, concluí a “pós” e o livro foi publicado pela editora do Tufic, que cheio de gratidão, providenciou tudo. Não teve lançamento, a doença dele agravou-se, idas e vindas ao hospital, cirurgias delicadas, tudo foi feito…ele se foi levando os últimos versos de um soneto inacabado, uma quadra de decassílabos, ditados em transe pelo efeito da morfina…transcendeu.

Rita Alencar Clark com Milton Hatoum/arquivo autora

Rita A. Clark e filhos/arquivo autora

Voltei a escrever com fúria e dor, fiz versos para rasgar o peito, mutilar a dor, enfrentar a besta nos olhos! Nada podia me parar agora, nem eu mesma. O casamento acabou, os filhos salvaram-se de ver o pior, mas eu não, vi a fúria do homem possuidor e possuído, quase perdi a vida e a razão. Saí de casa com os hematomas, no corpo e na alma, mas levando o que era mais valioso, os filhos, os livros e os gatos, intactos.

Hoje, 12 anos após esses eventos, ainda sinto um torpor pela agressão sofrida em alguma parte recôndita do meu corpo, de vez em quando ela grita, para me acordar, me sacudir. Para não me acomodar.

Lembram do “livro de capa azul” lá do começo? Ele reapareceu durante a pandemia…minha irmã, resolveu abrir caixas de documentos em busca de algo importante e ele saltou do limbo de onde se encontrava, para este espaço/tempo, vindo de algum multiverso. Postou no grupo: “Achei o livro perdido da Rita!” - Obrigada, paizinho!

O livro de capa azul tem título: “In(-)versos do meu verso", título forjado a quatro mãos, antes de viajar pelo incognoscível. Ele foi revisado, atualizado e agora espera a hora de ser publicado, após longa viagem. Despeço-me desta viagem, agradecendo sua companhia, com dois poemas do meu livro-tesouro azul:


Espelho De Alice

 

Um dia tive um sonho

Cavalo solto, crinas ao vento

Luz de luar, luar de sangrar

A guiar-me trôpegos os pés

Bosques meus, tendas minhas

 

Escudo de Perseu oblíquo

Noite travestida de sol

Bocas em notas noturnas

Espelho invertido de Alice.

 

Quem vem me buscar?

Sequestrei-me do sonho

Crime inafiançável, hediondo

Forasteiro de além-pátria!

 

Busquei-me entre os espelhos

Sem me encontrar em nenhum

Estilhaços de mente-cuore

Cinzas de amor destratado

 

E já me tardo na dor...

Vazio de bocas e vozes

Bar aberto, copos vazios

Peitos outrora plenos e meus

Hoje negro e frio acepipe.

* _ *  * _ *  * _ *  

 

Lágrimas na chuva

 

Lá fora

os ventos levantam

Árvores e rios, levam embora

Pedaços de troncos e plásticos vazios

Escoam nossos dejetos os ventos vadios

Lá fora

o frio úmido da solidão

Varre corpos e veias expostos pelo

Caminho encharcado; roupas, calçadas, encostas ocas,

Destratados corações e bocas.

 

E eu aqui, dentro de mim,

Quente e acomodada em meu silêncio

Transbordando em aflição no suave

Encosto de almofadas macias.

Penso... Penso e me incomodo!

Estou sendo poupada de quê?

Para quê? Tenho pena, sim pena!

É triste ter pena, ter pena e compaixão

Não me elevam a posição superior!

Tenho pena de tudo que não faço,

Do meu medo, de não me envolver,

De me conformar...

Tenho tanto medo de ter pena de mim!

 

Lá fora

os ventos sopram fortes ainda

Já arrebataram esperanças e vidas

Já destruíram pontes que ligavam

Caminhos a caminhos de volta.

Lá fora a água que dá origem

Lava e leva embora gente aos cacos,

Destinos interrompidos deixando

Vidas em pedaços como um grande

Quebra cabeças desfalcado,

Rejeitado a sua própria sorte.

 

Lá fora,

como aqui dentro,

Um caos se instala de súbito

E eu sozinha, em silêncio,

Recosto-me no escuro e meto-me

Numa viagem metafísica

De Alice alucinada e real,

E deixo-me ir, em lágrimas,

Encontrar o sono do desassossego.

 * _ *  * _ *  * _ *  

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Rita Alencar Clark, professora de Língua portuguesa e Literatura, poeta Amazonense, contista, cronista, ensaísta, revisora e curadora. Membro do Clube da Madrugada (AM) desde 1987, membro fundador da ALB/AM- Academia de Letras do Brasil/Amazonas e da ACEBRA-Academia de Educação do Brasil. Colaboradora do Blog Feminário Conexões e dos Coletivos Enluaradas e Mulherio das Letras, com participação em diversas coletâneas e antologias poéticas, sempre representando o Amazonas. Tem dois livros publicados: "Meu grão de poesia" e "Milton Hatoum - Um certo olhar pelo Oriente-Amazônico".

Feminário Conexões, o blog que conecta você!

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